O anão e a ninfeta
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Book preview
O anão e a ninfeta - Dalton Trevisan
Obras do autor
33 contos escolhidos
Abismo de rosas
Ah, é?
Arara bêbada
Capitu sou eu
Cemitério de elefantes
Chorinho brejeiro
Contos eróticos
Crimes de paixão
Desastres de amor
Desgracida
Dinorá
Em busca de Curitiba perdida
Essas malditas mulheres
A faca no coração
Guerra conjugal
Lincha tarado
Macho não ganha flor
O maníaco do olho verde
Meu querido assassino
Mistérios de Curitiba
Morte na praça
Novelas nada exemplares
Pão e sangue
O pássaro de cinco asas
Pico na veia
A polaquinha
O rei da terra
Rita Ritinha Ritona
A trombeta do anjo vingador
O vampiro de Curitiba
Violetas e pavões
Virgem louca, loucos beijos
2011
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Trevisan, Dalton
T739a
O anão e a ninfeta [recurso eletrônico] / Dalton Trevisan. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Record, 2020.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 9786555870725 (recurso eletrônico)
1. Contos brasileiros. 2. Livros eletrônicos. I. Título. Camila Donis
20-64811
CDD: 869.93
CDU: 82-34(81)
Camila Donis Hartmann - Bibliotecária - CRB-7/6472
Copyright © 2011 by Dalton Trevisan
Capa: Fabiana sobre desenho de Poty.
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Direitos exclusivos desta edição reservados pela
EDITORA RECORD LTDA.
Rua Argentina 171 – 20921-380 – Rio de Janeiro, RJ – Tel.: 2585-2000
Produzido no Brasil
ISBN 9786555870725
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Sumário
O Anão e a Ninfeta
O Sonho
Programa
Maria Bueno
O Terceiro Ovo
Sou Tua!
O Colecionador
Um Ladrão
Soninha
O Velho Poeta
O Hóspede
O Nariz
Corações Floridos
Naná
A Viagem
A Caixeira
Três Gotas de Sangue
Um de Nós
Anjo Bastardo
Marcado
Caquis
A Ninfeta e a Matrona
Uma Rosa para João
O Mesmo
Rute, Meu Bem
O Reencarnado
Broinhas
O Coração
Bipolar
Retalhada
Eu Também
O Caniço Barbudo
O Distinto
De Mal
O Caracol
No Café
Avozinha
O Rosto Perdido
O Escritor
O Jogo Sujo do Amor
O Anão e a Ninfeta
Ele de pé, eu sentado, os dois do mesmo tamanho. Fala comigo, mas não me vê. Só tem olhos (uai! chispas furtivas de volúpia) para as lindas mocinhas da loja. Essas pérfidas que guardam distância prudente da sua mãozinha pequena, mas boba.
Garboso no jeans e tênis incrementado. Seriam da loja de criança? Vigia a passagem da gerente e dela esconde o copinho de café — toma três a quatro, com bastante açúcar.
Um forte, desafia de peito aberto a legião dos bárbaros de Golias. Sacola branca no ombro, correndinho no passo miúdo e rebolante, empinando a nalguinha e — macho não sente frio — sempre de manga curta.
Se esgueira pela cidade, cuidoso de não ser atropelado, pisoteado, esmagado por uma pata de gigante caolho solto nas ruas. Ninguém nunca o desvia — suma vocezinho da frente, e já!
Eu te saúdo, valentão do mundo.
Ó maldito mundo, onde todos — exceto o nosso herói! — têm três metros de altura. Ai, o eterno torcicolo de olhar sempre para o alto. Nas ruas à mercê desses brutamontes que, entretidos com celulares e fones de ouvido, podem já espezinhá-lo — uma folha seca chutada pelo vento.
Ó grandes barões de negócios! Ó míseros caçadores míopes de moscas!
Primo Santuro se chama. Não admite apelido, exige por inteiro o nome. Embora mal chegue à altura da mesa, faz todo o serviço externo da loja, paga as contas no banco, despacha carta e impresso, reconhece firma.
Aprendeu a aceitar o nanismo, sem protesto. Um capricho da natureza? Pois sim. Uma falseta de Deus? Que seja. Arrostaria os rinocerontes das ruas e os mastodontes da vida com as suas diminutas forças e armas — ainda fossem de mentirinha.
Verdade que baixinha a mãe, mas não o pai, alto e bonitão. Por ele desdenhado, que o enjeita e não lhe reconhece a bravura.
— Você é que devia ter morrido. Não o teu irmão Paulo!
Bravura e grandeza. Na sua batalha obscura, não menos épica, um guerreiro impávido colosso, ombro direito curvado ao peso da sacola. O ladrão, ao arrebatá-la, arrasta-o com ela?
Descuidoso, leva o seu dinheiro no bolso traseiro da calça. Se alguém o adverte do risco, já se encrespa:
— Pilantra comigo nenhum se arrisca!
De repente um alvoroço — gritinhos e risos nervosos — na roda de ninfetas, o que foi? não foi? foi o nosso herói que passou.
Tremei, pais de família — Don Juanito sai à caça!
O maior assanhado por moça. E, bobo não é, prefere as bonitas. Com elas gasta o salário, assume dívida, paga juro abusivo. Ai, os banquetes da vida — os mais suculentos! — fora de alcance. Elas,