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O anão e a ninfeta
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O anão e a ninfeta
Ebook109 pages1 hour

O anão e a ninfeta

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About this ebook

Com seu estilo inconfundível, Dalton Trevisan prova, mais uma vez, por que é considerado um dos maiores contistas brasileiros contemporâneos. Vencedor do Prêmio Portugal Telecom 2003 com Pico na veia e do prêmio Clarice Lispector da Fundação Biblioteca Nacional 2008 por O maníaco do olho verde, foi finalista do Portugal Telecom com seus últimos livros, Violetas e pavões (2010) e Desgracida (2011). Avesso a entrevistas, o recluso escritor curitibano coleciona uma legião de fãs que cresce proporcional a sua aparente timidez. Quanto mais se recusa a aparecer, mais ansiosos por sua próxima obra crítica e público se tornam. Toda informação sobre o autor é breve e autônoma, retalho que se une a outros para formar uma peça homogênea ― tal como muitos de seus livros. Em O anão e a ninfeta, seu novo livro de contos, o enigmático escritor volta a desfiar sua linguagem mordaz e diálogos incomuns, ao abordar as várias facetas da condição humana.A consagrada ironia cortante, o erotismo intenso e o habitual sarcasmo de suas histórias estão presentes em 40 contos inéditos, como o que dá título ao livro. Um grato presente para os fãs e, para os que ainda não conhecem o estilo peculiar do Vampiro de Curitiba, uma excelente iniciação à obra de um dos mais renomados escritores nacionais.
LanguagePortuguês
PublisherRecord
Release dateJun 23, 2020
ISBN9786555870725
O anão e a ninfeta

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    O anão e a ninfeta - Dalton Trevisan

    Obras do autor

    33 contos escolhidos

    Abismo de rosas

    Ah, é?

    Arara bêbada

    Capitu sou eu

    Cemitério de elefantes

    Chorinho brejeiro

    Contos eróticos

    Crimes de paixão

    Desastres de amor

    Desgracida

    Dinorá

    Em busca de Curitiba perdida

    Essas malditas mulheres

    A faca no coração

    Guerra conjugal

    Lincha tarado

    Macho não ganha flor

    O maníaco do olho verde

    Meu querido assassino

    Mistérios de Curitiba

    Morte na praça

    Novelas nada exemplares

    Pão e sangue

    O pássaro de cinco asas

    Pico na veia

    A polaquinha

    O rei da terra

    Rita Ritinha Ritona

    A trombeta do anjo vingador

    O vampiro de Curitiba

    Violetas e pavões

    Virgem louca, loucos beijos

    2011

    CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE

    SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    Trevisan, Dalton

    T739a

    O anão e a ninfeta [recurso eletrônico] / Dalton Trevisan. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Record, 2020.

    recurso digital

    Formato: epub

    Requisitos do sistema: adobe digital editions

    Modo de acesso: world wide web

    ISBN 9786555870725 (recurso eletrônico)

    1. Contos brasileiros. 2. Livros eletrônicos. I. Título. Camila Donis

    20-64811

    CDD: 869.93

    CDU: 82-34(81)

    Camila Donis Hartmann - Bibliotecária - CRB-7/6472

    Copyright © 2011 by Dalton Trevisan

    Capa: Fabiana sobre desenho de Poty.

    Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

    Direitos exclusivos desta edição reservados pela

    EDITORA RECORD LTDA.

    Rua Argentina 171 – 20921-380 – Rio de Janeiro, RJ – Tel.: 2585-2000

    Produzido no Brasil

    ISBN 9786555870725

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    lançamentos e nossas promoções.

    Atendimento e venda direta ao leitor:

    mdireto@record.com.br ou (21) 2585-2002.

    Sumário

    O Anão e a Ninfeta

    O Sonho

    Programa

    Maria Bueno

    O Terceiro Ovo

    Sou Tua!

    O Colecionador

    Um Ladrão

    Soninha

    O Velho Poeta

    O Hóspede

    O Nariz

    Corações Floridos

    Naná

    A Viagem

    A Caixeira

    Três Gotas de Sangue

    Um de Nós

    Anjo Bastardo

    Marcado

    Caquis

    A Ninfeta e a Matrona

    Uma Rosa para João

    O Mesmo

    Rute, Meu Bem

    O Reencarnado

    Broinhas

    O Coração

    Bipolar

    Retalhada

    Eu Também

    O Caniço Barbudo

    O Distinto

    De Mal

    O Caracol

    No Café

    Avozinha

    O Rosto Perdido

    O Escritor

    O Jogo Sujo do Amor

    O Anão e a Ninfeta

    Ele de pé, eu sentado, os dois do mesmo tamanho. Fala comigo, mas não me vê. Só tem olhos (uai! chispas furtivas de volúpia) para as lindas mocinhas da loja. Essas pérfidas que guardam distância prudente da sua mãozinha pequena, mas boba.

    Garboso no jeans e tênis incrementado. Seriam da loja de criança? Vigia a passagem da gerente e dela esconde o copinho de café — toma três a quatro, com bastante açúcar.

    Um forte, desafia de peito aberto a legião dos bárbaros de Golias. Sacola branca no ombro, correndinho no passo miúdo e rebolante, empinando a nalguinha e — macho não sente frio — sempre de manga curta.

    Se esgueira pela cidade, cuidoso de não ser atropelado, pisoteado, esmagado por uma pata de gigante caolho solto nas ruas. Ninguém nunca o desvia — suma vocezinho da frente, e já!

    Eu te saúdo, valentão do mundo.

    Ó maldito mundo, onde todos — exceto o nosso herói! — têm três metros de altura. Ai, o eterno torcicolo de olhar sempre para o alto. Nas ruas à mercê desses brutamontes que, entretidos com celulares e fones de ouvido, podem já espezinhá-lo — uma folha seca chutada pelo vento.

    Ó grandes barões de negócios! Ó míseros caçadores míopes de moscas!

    Primo Santuro se chama. Não admite apelido, exige por inteiro o nome. Embora mal chegue à altura da mesa, faz todo o serviço externo da loja, paga as contas no banco, despacha carta e impresso, reconhece firma.

    Aprendeu a aceitar o nanismo, sem protesto. Um capricho da natureza? Pois sim. Uma falseta de Deus? Que seja. Arrostaria os rinocerontes das ruas e os mastodontes da vida com as suas diminutas forças e armas — ainda fossem de mentirinha.

    Verdade que baixinha a mãe, mas não o pai, alto e bonitão. Por ele desdenhado, que o enjeita e não lhe reconhece a bravura.

    — Você é que devia ter morrido. Não o teu irmão Paulo!

    Bravura e grandeza. Na sua batalha obscura, não menos épica, um guerreiro impávido colosso, ombro direito curvado ao peso da sacola. O ladrão, ao arrebatá-la, arrasta-o com ela?

    Descuidoso, leva o seu dinheiro no bolso traseiro da calça. Se alguém o adverte do risco, já se encrespa:

    — Pilantra comigo nenhum se arrisca!

    De repente um alvoroço — gritinhos e risos nervosos — na roda de ninfetas, o que foi? não foi? foi o nosso herói que passou.

    Tremei, pais de família — Don Juanito sai à caça!

    O maior assanhado por moça. E, bobo não é, prefere as bonitas. Com elas gasta o salário, assume dívida, paga juro abusivo. Ai, os banquetes da vida — os mais suculentos! — fora de alcance. Elas,

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