Direito de participação, de informação e de acesso à justiça: a tutela do meio ambiente
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Direito de participação, de informação e de acesso à justiça - Leandro de Marzo Barreto
CAPÍTULO I. DIREITO À INFORMAÇÃO
1.1 A evolução histórica do direito à informação e sua autonomia em relação ao direito de liberdade
O direito à informação e em especial o direito à informação ambiental ostenta importante princípio informador do sistema jurídico pátrio, sobretudo em matéria ambiental, e que vem sendo positivado nos documentos nacionais e internacionais produzidos nos últimos anos.
É sabido, pela própria evolução histórica do conteúdo referente a informação, que está associado ao conceito de liberdade de opinião, expressão e crença, direito de ١ª dimensão, cujo conteúdo busca estabelecer verdadeiro direito de defesa contra eventuais arbitrariedades de particulares (eficácia horizontal) e das autoridades públicas (eficácia vertical).
Vale o destaque que não se estará a verificar a topologia conceitual da divisão e/ou classificação dos direitos humanos ou direitos humanos positivado, tornando-os fundamentais para determinado Estado, bem como se são suficientes a divisão em gerações ou dimensão, tendo ciência da discussão doutrinária sobre a temática.
O que cumpre ressalvar, portanto, é que será assumida a classificação em dimensões, seguindo a discussão ainda atual na doutrina pátria sobre sua divisão em gerações/dimensões, bem como sobre quais seriam elas, e se restariam esgotados nos de 1ª e 2ª dimensão, ou outros poderiam ser considerados, como os de 3ª, 4ª e 5ª, mencionados no curso do trabalho².
Certo é que, ao se mencionar as gerações dos direitos fundamentais, estar-se-á contextualizando de acordo com a própria evolução conceitual dos direitos humanos e sua positivação na Carta Maior de 1988, não com a intenção de excluir ou mitigar seu conteúdo de direito-garantia, mesmo porque, como se observará, a relação entre os direitos fundamentais é inconteste, e por não raras vezes os direitos fundamentais, de per si¸ tangenciam-se como direito de defesa, ora como direito de organização e procedimento, ora como direitos de participação ou prestação em sentido estrito.
Como originariamente direito de defesa, referido direito fundamental foi inserto na Constituição Federal em diversos incisos, cada qual com um significado próprio e atingido determinado âmbito de atuação normativa, avançando como verdadeiro direito de participação (CANOTILHO, 2009) ou de organização e procedimento (ALEXY, 2009).
Segundo Bonavides (2010), observa-se que os direitos de 1ª dimensão ou geração tem por titular o indivíduo e encontram fundamento de validade geral no direito de liberdade, cujo principal objetivo é a oposição contra o Estado. Sarlet (2015) afirma que, como matriz liberal-burguesa, os direitos oriundos das primeiras revoluções e institucionalização dos Estados modernos, ocorridas no final do século XVIII e início do século XIX, são verdadeiros direitos de defesa, a limitar o arbítrio do Estado.
Seguindo essa classificação de dimensões que englobam os direitos difusos ou de solidariedade, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado seria considerado direito de 3ª ou 4ª dimensão, a depender do autor, o que indicaria que também na proteção do bem ambiental o direito a informações ostentaria um caráter ativo e passivo, no sentido de que as tomadas de decisões geopolíticas devem considerar a proteção, segurança e equilíbrio do meio ambiente, para as presentes e futuras gerações.
Para Silva (2003), o que se pode perceber, contudo, é que inexistia uma concepção autônoma do direito de acesso à informação ou o direito de informar-se, como direito fundamental individual de expressão coletiva. No entendimento do autor, se é certo que a liberdade de informação geral é pressuposto dos direitos de 1ª dimensão, que são os direitos de defesa, [...] há que se fazer distinção entre liberdade de informação e direito à informação. Deste, que não é um direito pessoal nem profissional, mas um direito coletivo, trataremos em lugar próprio
(p. 274).
Tal direito ganha contornos próprios quando se está a estabelecer seu grau de autonomia em relação aos demais direitos de expressão, opinião e de liberdade de crença e de associação. Considerando que os direitos de defesa se dirigem a uma obrigação de abstenção do Estado, para a proteção da liberdade pública do indivíduo, ou a formalização de uma esfera de atuação do Estado (SARLET, 2015), há que se verificar se o direito à informação insere-se dentro desse conteúdo, exclusivamente, ou se relaciona aos direitos de prestação positiva (em sentido amplo, ai também considerando como direito de participação), ou, ainda, se pode ser considerada um misto desses dois conteúdos dos direitos fundamentais. Dentro do direito ambiental, de seu turno, pode-se verificar que sempre funcionou o direito à informação como princípio estruturador deste ramo do direito, que lhe permitiu a autonomia que se tem hoje, inclusive científica.
Além disso, a Lei de Acesso à Informação Ambiental, Lei n. 10.650/2003, foi promulgada quase uma década antes da Lei de Acesso à Informação, Lei n. 12.527/2011, e a própria Constituição Federal, quando inseriu o capítulo próprio do Meio Ambiente, previu a exigência prévia do estudo de impacto ambiental, a que se dará a prévia publicidade³.
Isto porque, como se verifica, a construção histórico-político do direito de acesso à informação nos documentos internacionais encontrou diversos panoramas que o delimitaram como objeto vinculado ao direito de liberdade, mas que ganham contornos relacionados ao princípio democrático e a efetiva transparência da atuação dos órgãos e poderes constituídos, seja como direito de defesa, ou direito de organização e procedimento.
Assim, de acordo com Machado (2006), é possível entender que há direito autônomo de informação e direito autônomo de informação ambiental, inserido no próprio contexto da estruturação do Estado Democrático de direito. Para esse autor, a informação, a visibilidade, a transparência são conteúdos do mesmo vetor interpretativo do princípio democrático, o que, na compreensão do autor, permitiria entender que
[...] a expressão ‘Estado da Informação Democrática de Direito’ (que) pretende caracterizar a valorização de um dos direitos fundamentais – a informação – que também está ligado aos elementos sociais e econômicos do Estado contemporâneo, na vivência da democracia. Sem informação adequada não há democracia e não há Estado de Direito (p. 49).
Historicamente, portanto, é a partir do direito de liberdade de expressão e opinião que se encontra discriminado, no bojo da Declaração Universal dos Direitos Humanos⁴, no seu artigo XIX⁵, o direito de receber e transmitir informações. Tal direito, contudo, pela sua posição topológica, vem vinculado a ideia de liberdade de expressão e opinião, e seria um corolário dos direitos de defesa relacionados ao exercício da liberdade de expressão e crença.
Como se vê, a declaração situa esse direito relacionado primordialmente a recepção da informação, e sua difusão, no campo do exercício do direito de liberdade de expressão, crença e opinião, seguindo, ademais, os documentos históricos do "Bill of Rigths e a Déclaration des Droits de l’homme et du Citoyen" (MACHADO, 2006, p. 37).
É interessante notar, na construção do direito de acesso à informação, que se verifica um conteúdo passivo e um conteúdo ativo, o que se pode entender pela informação como objeto de difusão de conhecimento e transmissão de conhecimentos, ideias e crenças, e como recebimento dessas informações, através de dados ou documentos, em regra arquivados em órgãos públicos. Essa dupla característica, aplicada ao direito ambiental, tornou possível a exigência legal de apresentação de estudo prévio de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental das atividades potencialmente poluidoras, onde se garante que a informação sobre os efeitos dos empreendimentos seja previamente conhecida, para que a melhor decisão na proteção do meio ambiente seja tomada.
Nessa concepção passiva, isto é, de ser informado sobre determinado dado ou documento, é que se insere a autonomia do direito de acesso à informação, pois o que interesse nem é tanto a difusão ou propagação da informação, mas sim a garantia de todos ao acesso à informação, temáticas que serão abordadas a seguir.
Cumpre observar, contudo, que na construção histórica dos direitos humanos no plano internacional, desde o final da segunda grande guerra, a tentativa era consolidar um tr