Crônicas coloridas de azul: antes de descobrir minhas cores
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Crônicas coloridas de azul - Paloma Pezzi do Nascimento
ANTES DE DESCOBRIR QUE PODIA COLORIR SUAS CRÔNICAS DE AZUL
Ficou parada pensando se havia algum motivo para ir atrás das cores e mudar o seu mundo cinza. Confusa, não sabia onde poderia encontrar as cores. E nem sabia se queria encontrá-las.
Não sabia se gostaria de conhecer o mundo e as pessoas. Estava confortável parada no mesmo lugar. Sem brilho e sem cor.
Não sabia o que era ouvir uma música e sentir vontade de dançar, não sabia nem se gostava de dançar.
Teve o coração quebrado algumas vezes e isso é uma das razões que a deixou parada no lugar.
Buscava se encontrar em alguns sonhos, mas eles pareciam tão vazios, que não iriam a preencher.
Escrevia para jogar sua dor pra fora, mas suas palavras eram sem cor, ela ainda não havia aceitado o arco íris dentro de si e seguia escrevendo tudo sem brilho e cor. Estava tudo fora do lugar.
VAI FICAR TUDO BEM
Quando caí da bicicleta sem rodinhas pela primeira vez, senti todo o meu corpo arder. Meus pais disseram para eu não desistir de andar de bicicleta só porque levei meu primeiro tombo. E foi o que eu fiz.
Senti meu joelho ralado doer. Mas na semana seguinte só havia uma pequena cicatriz e eu não sentia mais nada. Por que no fim de tudo, vai ficar tudo bem. Sempre fica.
Quando sofri bullying no ensino fundamental, senti todo o meu corpo arder. Minha mãe disse que iria conversar com a diretora da escola. E foi o que ela fez.
Sentia meus olhos doerem quando me escondia no banheiro para chorar. Mas no ensino médio eu não sentia mais nada. Por que no fim de tudo, vai ficar tudo bem. Sempre fica.
Quando fiz o segundo furo na orelha, senti todo o meu corpo arder. Minha mãe disse que eu deveria passar alguma pomada. E foi o que eu fiz.
Senti minhas orelhas doerem e ficarem vermelhas. Mas no dia seguinte não senti mais nada. Por que no fim de tudo, vai ficar tudo bem. Sempre fica.
Com o tempo percebi que é ele mesmo que cura as coisas. E percebi também que o que o tempo não curar você arruma um jeito de adaptar e ao longo dos d(anos) você vai aprendendo a não sentir tanto, por que sabe que no fim de tudo, vai ficar tudo bem. Sempre fica.
LUGAR AO SOL
Eu queria colocar qualquer coisa dentro da minha mochila e sair andando sem rumo, para qualquer lugar, como já deve ter acontecido em algum filme clichê.
Sair cantando que estou livre pra poder sorrir, livre pra poder buscar o meu lugar ao sol
. E eu iria em direção ao sol!
Eu iria sair com o violão nas costas, andando com meu all star desbotado sobre o asfalto quente, em busca do meu lugar ao sol.
A MENINA SEM NOME
Eu sempre fui a menina sem nome
Que na roda de gente a voz some
Quando todos calam a tristeza consome
E quando adormeço a solidão faz morada
Gostaria de dizer que o coração na calada
Da noite também quer sumir
Fugir
Voar pra