Serviço Social e Trabalho Social em Habitação:: requisições conservadoras, resistências e proposições
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Sobre este e-book
Em síntese, o conjunto de artigos desta obra estimula a pensar a política e as dimensões que a subordinam à dinâmica econômica neoliberal, cuja lógica societária mercantil se estende a todas as esferas da vida. E estimula a pensar que compreender essa subordinação é fundamental para desembocar em movimentos e ações na defesa dos direitos, particularmente, no direito à moradia e à cidade.
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Pré-visualização do livro
Serviço Social e Trabalho Social em Habitação: - Rosangela Dias Oliveira da Paz
SUMÁRIO
Prefácio
RAQUEL RAICHELIS
Apresentação
ROSANGELA DIAS OLIVEIRA DA PAZ
TÂNIA MARIA RAMOS DE GODOI DINIZ
Trabalho social em habitação: contradições, convocações e redefinições políticas
ROSANGELA DIAS OLIVEIRA DA PAZ
TÂNIA MARIA RAMOS DE GODOI DINIZ
Espaço urbano, vida cotidiana e a dimensão pedagógica da práxis
ISABEL CRISTINA DA COSTA CARDOSO
Questão ambiental e o direito à cidade: tecendo mediações entre o campo da ecologia política e o serviço social
SUENYA SANTOS
Moradia, mulheres e trabalho social: desigualdades e resistências no acesso ao direito à cidade
MÉRCIA ALVES
Racismo e violência patriarcal em tempos de pandemia na cidade do capital
RENATA GONÇALVES
DEIVISON FAUSTINO
Indígenas e quilombolas no ensino superior: o trabalho social no combate ao racismo institucional e no fortalecimento das lutas em defesa do território
SOLANGE MARIA GAYOSO DA COSTA
MARIA DO SOCORRO RAYOL AMORAS
Remoções de famílias em intervenções urbanas e direito à cidade: convocação para o trabalho social em tempo de destruição de direitos
NURIA PARDILLOS VIEIRA
LÚCIA ÁGATA
Dimensão política da atuação dos assistentes sociais com movimentos de moradia na produção habitacional autogerida
CLEONICE DIAS DOS SANTOS HEIN
TUANE ROSSATTO
Trabalho Social em Ocupações: vivências e possibilidades
CÍNTIA ALMEIDA FIDELIS
IVALOO GIORGE GUSMÃO
Precariedade habitacional no estado do Pará: subsídios para o trabalho do assistente social em tempos regressivos
JOANA VALENTE SANTANA
ANNA CAROLINA GOMES HOLANDA
ROVAINE RIBEIRO
GISELLE DE LOURDES BANGOIM SAKATAUSKAS
ROGÉRIO SANTANA MAUÉS
Território e exercício profissional: o que conhecemos sobre o território onde trabalhamos?
CAROLINE RODRIGUES DA SILVA
BRUNO ALVES DE FRANÇA
Ações governamentais nos territórios e o trabalho social: experiência no munícipio de Osasco/SP
CLENIVALDA FRANÇA DOS SANTOS
FERNANDA G. CARPANELLI
Sobre as autoras e os autores
Créditos
PREFÁCIO
O trabalho no ‘fio da navalha’: novas morfologias, antigas requisições atualizadas ao trabalho social em habitação
RAQUEL RAICHELIS
O convite para prefaciar o livro Serviço Social e trabalho social em Habitação: requisições conservadoras, resistências e proposições
trouxe-me enorme alegria por várias razões.
Primeiro por se tratar de uma contribuição relevante e oportuna em tempos de denegação do direito mais elementar de pertencimento a um ‘território de vida’. Mais ainda em tempos de pandemia, cuja prescrição de isolamento social, única medida segura de proteção à vida, não pode ser cumprida por grande parte da população pela simples razão ou de não ter um chão e um teto para se abrigar; ou pela permanente ameaça de expulsão de suas moradias; ou pelo excesso de pessoas em espaços exíguos e insalubres, que impedem qualquer privacidade e cuidados contra o contágio do novo coronavírus; e forçosamente pela premência da luta pela sobrevivência, por meio de um bico ou do trabalho informal, subcontratado, incerto e mal remunerado.
Como observa Telles¹ (2020), estamos submetidos à ‘lógica das urgências’, não apenas em função da Covid-19 e a premência de iniciativas de apoio e monitoramento do impacto da pandemia nas periferias, nas favelas, nas prisões, nos quilombos, nas comunidades indígenas, mas porque essa lógica das urgências é uma questão permanente numa sociedade dependente, estruturalmente desigual, racista e patriarcal, que em tempos de tragédia social acelera ainda mais o genocídio das populações indesejáveis e descartáveis, especialmente feminina, preta e parda.
Defesa da vida e das possibilidades de vida é a questão colocada no coração dessas movimentações, questão que, bem sabemos, não é de hoje, mas que se reconfigura sob a lógica das urgências, cifra dos tempos que correm e que haverá de se prolongar para além do presente imediato da doença, das mortes e do luto.² (Telles, 2020, p. 3)
Ao contrário do que aconteceu historicamente com o capitalismo nos países centrais, o Estado brasileiro não criou condições para a reprodução social da totalidade da força de trabalho, nem estendeu direitos de cidadania ao conjunto da classe trabalhadora, excluindo imensas parcelas de trabalhadores e trabalhadoras do acesso ao trabalho protegido e às condições de reprodução social. Contudo, embora a precarização do trabalho não seja um fenômeno novo, suas diferentes formas assumem na atualidade novas proporções e manifestações, atingindo o conjunto da classe trabalhadora, e nela também assistentes sociais, como observado nas reflexões que comparecem nessa coletânea.
Mas esse livro é relevante também por se tratar de obra coletiva que reúne pesquisadoras (es) de alto calibre e jovens profissionais e pesquisadoras (es), algumas doutorandas no Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da PUC-SP, com longa trajetória na questão urbana, na política de habitação e no trabalho social, a partir de distintos lugares sociais e institucionais.
Uma terceira razão deve ser creditada aos vários textos que dão voz aos sujeitos, diversos e unos na luta pela vida e pelo direito à moradia. Como afirma uma das autoras, é necessário atribuir centralidade à vida cotidiana da classe trabalhadora e de suas práticas socioespaciais nos territórios de vida, flagrados a partir do lugar da moradia e da dimensão pedagógica da práxis dos sujeitos no sentido emancipador das relações sociais
. Para isso, é indispensável a construção de conhecimento sistemático da realidade do território usado
, nos termos de Milton Santos, onde vive a população e se materializam as políticas públicas, dentre elas as políticas urbanas e de habitação.
E quem são esses sujeitos Nas palavras de Rancière (1996)³, o povo, a plebe, aqueles que não têm parcela
e resolvem estabelecer a política do litígio, produzindo o escândalo de querer falar, de cobrar a sua parte. O trabalho social em habitação é (ou pode ser) uma mediação política estratégica na aliança com aqueles (as) que não têm voz (nem parcela) na esfera pública da cidade (do campo, do quilombo, da floresta, da aldeia), como evidenciam alguns dos textos dessa coletânea, inclusive trazendo ao debate a experiência relevante, ainda que minoritária, de profissionais contratados diretamente pelo movimento social.
E, por último, mas não menos importante, a razão que torna esse livro indispensável é que ele traz à baila o tema do ‘trabalho social como trabalho’, debate nem sempre explicitado em seus fundamentos nos meios profissionais, que implica desvelar as novas configurações do trabalho na contemporaneidade que rebatem no trabalho s