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Auxílio reclusão, entenda antes de atirar a primeira pedra: reflexões sobre a fundamentalidade do direito (ao auxílio)
Auxílio reclusão, entenda antes de atirar a primeira pedra: reflexões sobre a fundamentalidade do direito (ao auxílio)
Auxílio reclusão, entenda antes de atirar a primeira pedra: reflexões sobre a fundamentalidade do direito (ao auxílio)
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Auxílio reclusão, entenda antes de atirar a primeira pedra: reflexões sobre a fundamentalidade do direito (ao auxílio)

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Em pleno século XXI, amparados em uma Constituição Cidadã, fundamentada no princípio da dignidade da pessoa humana, tendo por objetivos a construção de uma sociedade justa, livre e solidária, o desenvolvimento nacional, a redução das desigualdades, além da promoção do bem-estar de todos; existam indivíduos, infelizmente, representantes do povo, que atacam com o intuito de derrubar, direitos já consolidados. Não é possível, pois, assistir a essas investidas de braços cruzados. Nasce dessa situação, o anseio de clarear as nuances que encobrem o direito ao Auxílio Reclusão, bem como manifestar, enfaticamente, o desacordo e revolta a qualquer proposta tendente a suprimir tais garantias, especialmente, o direito em questão.
LanguagePortuguês
Release dateJan 11, 2021
ISBN9786580096510
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    Auxílio reclusão, entenda antes de atirar a primeira pedra - Renata Rodrigues Marmol

    Pétrea

    1. ESTADO CONSTITUCIONAL DEMOCRÁTICO DE DIREITO

    A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito, tendo por fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. O poder emana do povo que o exerce por meio de seus representantes ou nos termos da Constituição (art. 1º, da CFRB/88). Todavia, a culminância em Estado Democrático de Direito não se deu de forma espontânea ou imediata, antes, resultou dos movimentos históricos que pretendiam estabelecer um governo de leis e não de homens².

    As deficiências e arbítrios da sociedade política medieval determinaram as características fundamentais, ou elementos essenciais do Estado Moderno, definido por Dalmo Dalari³ como ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território. Assim, marcado pela presença do poder soberano, o Estado Moderno evolui de Estado absolutista, até chegar-se ao Estado Constitucional Democrático de Direito.

    A primeira versão do Estado Moderno foi o absolutismo, fundamentado na origem divina do poder soberano, este último concentrado nas mãos de um monarca, o qual era detentor exclusivo de tal poder, o exercendo sem qualquer dependência ou controle de poderes superiores ou inferiores⁴.

    Visando a reformulação institucional face aos abusos e arbítrios do Estado absolutista, que atuava sem leis, e buscando limitar o poder estatal, surge o Liberalismo. Tal limitação ocorreu em dois aspectos, quais sejam: a limitação dos poderes do Estado (noção de Estado de Direito) e a limitação das funções do Estado (noção de Estado Mínimo). A primeira é referente à submissão do exercício do poder a um conjunto de normas jurídicas gerais. A segunda refere-se a mecanismos constitucionais para evitar os excessos do poder público bem como para assegurar as liberdades fundamentais⁵.

    A preponderância da lei no Estado Liberal, seja para conter o poder do Estado, seja como garantia das liberdades negativas, transformou o Estado de Direito em mero Estado Legal, não se cogitando se a lei é justa ou injusta, mas bastando a elaboração e aprovação pelos canais formais legislativos, e já estaria apta a produzir os efeitos. A ideia se aplicaria ainda à Constituição do Estado, devendo esta ser destituída de qualquer valor ideológico⁶.

    A despeito do surgimento e institucionalização de direitos civis, políticos e direitos de liberdades econômicas, bem como o crescimento de produção, tecnológico, de produção e consequente crescimento econômico, tal modelo de Estado (liberal e legal) não mais se sustentava tendo em vista a misérias que a maior parte da população sofria. Dessa forma, em resposta às demandas sociais, tem-se o desenvolvimento do intervencionismo estatal, buscando regulamentar situações antes próprias da iniciativa privada, como por exemplo, a jornada e segurança de trabalho, bem como assistência aos desamparados, surgindo assim o Estado Social, ou o Wefare State⁷.

    O Estado Social foi um grande passo na evolução da sociedade no sentido de prestação e proteção estatal. Porém, a fragilidade deste tipo de Estado quando da manifestação social residia que tal sistema representava mero paternalismo, o qual poderia facilmente se coadunar com estruturas concentradas de poder, de cunho totalitário e sem legitimidade popular, o que anularia totalmente o escopo de justiça social. E considerando que um Estado de Direito deve assentar-se em três aspectos, quais sejam: liberal, caracterizado pelo controle de autoridade e manutenção dos direitos fundamentais do homem; social, referente à busca de igualdade material e justiça social; bem como a soberania popular, consubstanciada na legitimidade conferida pelo povo; o Estado Social, por si só, não atenderia ao último elemento, a soberania popular, e assim, mais cedo ou mais tarde ruiria. Diante disso, necessário, pois, a composição de um novo conceito de Estado, sendo-lhe agregado o elemento indispensável da soberania e culminando então no Estado Democrático de Direito⁸.

    Para Alexandre de Moraes o Estado Democrático de Direito é definido como a exigência de reger-se por normas democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo, bem como o respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais⁹. Por derradeiro, temos o Estado Constitucional Democrático de Direito, que é para CANOTILHO¹⁰ confirmado por uma lei fundamental escrita (constituição juridicamente constitutiva das estruturas básicas da justiça) e pressupõe um modelo de legitimação tendencialmente reconduzível à legitimação democrática.

    Ainda sobre o Estado Constitucional, Dalmo Dalari ensina:

    O Estado Constitucional, no sentido de Estado enquadrado num sistema normativo fundamental, é uma criação moderna, tendo surgido paralelamente ao Estado Democrático e, em parte, sob influência dos mesmos princípios. Os constitucionalistas, que estudam em profundidade o problema da origem das constituições, apontam manifestações esparsas, semelhantes, sob certos aspectos, às que se verificam no Estado Constitucional moderno, em alguns povos da Antigüidade. Assim é que LOEWENSTEIN sustenta que os hebreus foram os primeiros a praticar o constitucionalismo, enquanto que ANDRÉ HAURIOU é absolutamente categórico ao afirmar que o berço do Direito Constitucional se encontra no Mediterrâneo oriental e, mais precisamente, na Grécia, havendo ainda quem dê primazia ao Egito. Entretanto, o próprio HAURIOU fala no caráter ocidental do Direito Constitucional, explicando, como todos os que admitem o constitucionalismo na Antigüidade, que, com a queda de Roma, houve um hiato constitucional, que só iria terminar com o Estado moderno. Em conclusão, pois, o constitucionalismo, assim como a moderna democracia, tem suas raízes no desmoronamento do sistema político medieval, passando por uma fase de evolução que iria culminar no século XVIII, quando surgem os documentos legislativos a que se deu o nome de Constituição¹¹.

    Assim, a perspectiva atual do Estado é fundada no princípio da constitucionalidade, em que a Carta Magna é a norma suprema do ordenamento, vinculando as manifestações estatais aos preceitos constitucionais¹².

    Destarte, um Estado que se paute pela constitucionalidade, deve obedecer tal princípio em todos os desdobramentos de poder, atuando nos limites pela Constituição impostos.

    1.1. CONSTITUCIONALISMO E A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO

    Desde a antiguidade existem leis que gozam de caráter de superioridade sobre as demais, em Atenas, por exemplo, havia a divisão das leis em Nómos e Pséfisma; tratando as primeiras da organização do estado e exigindo maior solenidade para sua modificação, corresponderia hoje às leis constitucionais; já as segundas, as pséfismas se referiam a assuntos diversos, devendo obedecer e respeitar os nómois, sendo vedado contraria-los, modernamente seriam as leis ordinárias. Em sua obra, A Política, Aristóteles evidencia a distinção entre leis constitucionais e leis outras¹³.

    A lei das XII Tábuas destaca-se entre os escritos consagradores da proteção dos direitos dos cidadãos. Após o direito canônico com as regulamentações eclesiásticas. No entanto as principais declarações de garantias e de direitos dos cidadãos e limitação do poder estatal deram-se de forma mais expressiva no final do século XVIII até meados do século XX¹⁴.

    Desta forma, a famosa Charta Magna Libertatum, assinada por João Sem-Terra em 15 de junho de 1215, assegurando garantias de locomoção, liberdade religiosa, previsão do devido processo legal, etc; juntamente com Pettion of Rigth (1628), o Habeas Corpus Act (1679), o Bill of Rigths (1689), e o Act of Settlement (1701); evidenciam a característica marcante do constitucionalismo antigo com a ideia básica de defesa dos direitos e garantias fundamentais¹⁵.

    Apesar das inciativas de assegurar importantes direitos, essa revolução jurídica ainda não definia ou os organizava sistematicamente. A valorização de leis superiores constitucionais, que se sobrepunham ao restante do ordenamento jurídico, veio acontecer mais densamente com a Revolução Americana após a independência das 13 Colônias em 1776, e a formulação de sua Constituição em 1787. Além dessa, colabora

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