Gestão Socioambiental de Resíduos Sólidos: um olhar sobre Curitiba
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Pré-visualização do livro
Gestão Socioambiental de Resíduos Sólidos - Raphael Rolim de Moura
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO SUSTENTABILIDADE, IMPACTO, DIREITO, GESTÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
AGRADECIMENTOS
Gratidão ao Criador que nos ensina todos os dias e aos (às) companheiros(as) de jornada: família, amigos(as), professores(as) e militantes ambientalistas.
SOMOS TODOS CATADORES
Somos quem faz uso da natureza
Extraímos e transformamos
Exploramos toda a sua beleza
Muitas vezes sem pensar nos danos
Somos todos geradores
A televisão nos faz o pedido
Compre, compre, compre, compre!
Mesmo que isso seja um perigo
Somos todos catadores
Catamos os sonhos de nossa vida
Transformamos em realidade
Aquilo que para a Terra foi perdida
Somos lá da Cooperativa
Antes catávamos no lixão
E após a Lei de 2010
Ganhamos dignidade e união
Somos todos lixeiros
Geramos todo dia muito resíduo sem parar
O mínimo que podemos fazer?
Repensar, Reduzir, Reparar, Reutilizar, Reciclar e Reintegrar.
(Raphael Rolim)
Dedico este livro à minha família, que sempre foi a minha sustentação, e a todos aqueles que trabalham para que as gestões ambientais garantam uma melhoria na qualidade de vida de todos os habitantes deste planeta, começando pelo seu município.
"Qualquer dia, a natureza
Com toda a certeza há de reclamar
Com razão, a atitude do homem
Na Terra com os rios
E os peixes do mar"
(O Homem e a natureza – Blindagem)
PREFÁCIO
QUESTÕES SOCIAIS E PROBLEMAS AMBIENTAIS SÃO INSEPARÁVEIS
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a Humanidade deve escolher o seu futuro... ou formar uma aliança global para cuidar da terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida.
(Carta da Terra)
A maioria das pessoas lúcidas e pensantes, agora percebem que mudanças em nosso meio ambiente estão ocorrendo como resultado da atividade humana.
Vivemos em um mundo onde impera a desigualdade, não sendo diferente a situação do Brasil. A pobreza e a exclusão social, não podem ser esquecidas quando falamos da necessidade de preservação. Não apenas por uma questão ética, mas porque a raiz dos dois problemas é a mesma: um modelo de desenvolvimento que se privilegia o crescimento econômico a qualquer preço, sem levar em consideração a base de recursos naturais, que serve como combustível nesse crescimento econômico e o sustenta, assim como a distribuição das riquezas geradas entre os seres humanos.
Os problemas ambientais estão umbilicalmente ligados aos problemas sociais, a ponto de ser impossível distingui-los e resolvê-los separadamente. A maior evidência é a ocupação de áreas de risco nas grandes cidades do Brasil.
A miséria leva à ocupação/invasão de locais que não deveriam ser habitados, como fundos de vale ou encostas de morro, onde consciente ou inconscientemente os ocupantes contribuem e contribuirão para a degradação ambiental, pelo desmatamento e poluição das águas, pondo em risco suas próprias vidas, devido a ameaça de deslizamentos de terra e /ou enchentes. Agrega-se ao problema, o risco eminente de doenças trazidas pelas águas poluídas e contaminadas pela presença do lixo nelas despejados.
Não há como dissociar o problema ambiental sem se debruçar ao mesmo tempo sobre o problema social. Enquanto existir a miséria e a pobreza absoluta, as pessoas despossuídas continuarão a ocupar essas áreas de risco, inadequadas, pois não existem alternativas e políticas públicas, que minimizem esse grave problema social de moradia.
Existem grandes desigualdades entre os países, e dentro destes, próprios, vários são os motivos, mas um dos principais, são as dívidas externas sufocantes, principalmente nos países ditos do 3º mundo, sendo que estes foram tolhidos de desenvolver tecnologias e como tal, se tem na exploração de seus recursos naturais e de sua mão-de-obra mal qualificada, a única possibilidade de criar produtos que tenham certa competitividade
no mundo globalizado. Pelas razões óbvias, essa estratégia é insustentável e limitada, pois os recursos naturais diminuirão e desaparecerão, não havendo renovação, até porque muitos deles são geologicamente limitados, acelerando o círculo vicioso. Parte significativa das pessoas se tornarão cada vez mais miseráveis, porque terão que optar entre a própria formação e a de seus filhos, ou trabalhar para poder sobreviver desde a infância, que para nós é execrável por todos os títulos.
Ao colocar os pés fora de casa, e olhando atentamente a realidade que nos cerca, seja na sua rua, no seu bairro, perceberá o quanto a questão ambiental está relacionada com a degradação social.
O exercício da representação política envolve critérios absolutos que definem o grau de sensibilidade do homem público, diante dos anseios da comunidade. Conhecer e adotar esses critérios é o desafio que se apresenta no momento em que o Paraná, e muito especialmente sua capital, sofrem profundas transformações de ordem econômica e social.
Curitiba deixa de ser a cidade tradicional, que por muito tempo ostentou a glória de ser uma comunidade muito bem organizada em termos sociológicos, e sofre a metamorfose para metrópole. Uma transformação irreversível, inerente ao processo de evolução dos tempos modernos que, ao lado dos aspectos positivos, traz também o ônus da deterioração social, especialmente nas áreas periféricas, com graves reflexos no equilíbrio do seu processo de urbanização.
Sabe-se que a complexidade atual da vida urbana tem se revelado tarefa árdua para que a administração pública possa ser conduzida isoladamente pelo prefeito, vereadores e seus assessores. Faz-se necessária a mobilização da criatividade e do interesse da população, além do aproveitamento racional dos recursos da comunidade. Essa participação, inclusive, não pode se limitar ao momento do planejamento administrativo, mas deve ampliar-se para as diferentes formas de gestões dos serviços públicos de interesse direto dos segmentos populares de comunidade.
A ação política, que demanda critérios de modernidade para atuar nesse contexto de transformação, deve ser diversificada. É preciso atingir os vários segmentos sociais isoladamente mas com a perspectiva de produzir resultados coletivos. Assim, o centro das decisões político-administrativas deve abster-se de conceitos políticos unilaterais para atuar de forma racional e equilibrada diante da nova realidade que vive a cidade.
A engenharia político-social se conduzida pelos critérios que ensejam a responsabilidade coletiva resultará, com certeza, em medidas de contenção da degeneração do tecido social, e estabelecerá parâmetros para que o equilíbrio do desenvolvimento econômico permita a justa distribuição da renda e atinja os interesses de melhoria do padrão de vida da população.
O planeta Terra, teve um início geológico há bilhões de anos, e certamente terá um fim. A civilização humana é muitíssimo mais recente, mas no ritmo frenético de suas conquistas territoriais e materiais, não se sabe se as futuras civilizações poderão usufruir por longo tempo a herança de um planeta habitável. Portanto, salvar o planeta
é uma expressão tão falsa quanto presunçosa. Diferentemente do que pretende essa bandeira, não é a Terra que está posta em perigo pelos irracionais e drásticos impactos ambientais da atual conjuntura do mundo, como o aquecimento global, a redução da biodiversidade e a degradação dos recursos hídricos, tudo invariavelmente pelo consumismo exagerado. O que está em pauta é a possibilidade de a espécie humana acelerar o processo de sua própria extinção, por atentar contra a biosfera, da qual é totalmente dependente.
A procura incessante da verdade, por meio de uma lúcida pesquisa científica, com toda a dificuldade que o rigor do método impõe ao pesquisador, foi o caminho escolhido. Além da crítica à quase exaustão, que naturalmente há dentro do mundo acadêmico, há a necessidade imperiosa de observar a verdade sem interpretá-la de acordo com a ideologia que se professa.
O autor deste livro, Raphael Rolim de Moura, baseado na significativa experiência adquirida quando exerceu a superintendência da Secretaria Municipal do Meio Ambiente do município de Curitiba, entre os anos 2013-2016 e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente do município de Paranaguá, 2017-2018, com sólida formação acadêmica e política, credenciam-lhe a analisar os principais impactos e perspectivas socioambientais na gestão dos resíduos sólidos no município de Curitiba. Como gestor, sua experiência o respalda a apresentar as estratégias utilizadas na redução de fontes geradoras dos resíduos sólidos, por meio da educação ambiental sustentável, descentralização do manejo, valorização dos catadores e geração do biogás, e propor métodos de planejamento na gestão dos resíduos para a segunda e terceira década do século XXI.
O nosso relacionamento urbano (polis) é a política
, em que juntos estabelecemos critérios de convivência. Quando nós nos tornamos desinteressados e alienados desse processo, surgem os oportunistas, os exploradores de nossa ignorância política, os formadores dos clientelismos que prometem favores
, porque não sabem criar direitos
.
Os direitos são garantidos por leis, que são produzidas pelo poder legislativo
: os favores são frutos da incompetência do legislador que se serve da necessidade humana, para em cima dela, construir o seu poder.
A perspectiva é que Curitiba tenha consciência da necessidade de reversão de valores e se comprometa a enfrentar o grande desafio que o destino lhe impõe para ser, a partir de agora, a metrópole solidária como já fora a tradicional e humana cidade, Capital do Paraná.
Paulo Salamuni
Advogado/Procurador do Município de Curitiba
Vereador de Curitiba (7 mandatos)
Ex-Presidente da Câmara Municipal de Curitiba
Senador da República - suplente
LISTA DE ABREVIATURAS
Sumário
1
INTRODUÇÃO 23
1.1 O PROBLEMA DA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 24
1.1.1 Centros urbanos 24
1.1.2 A visão no município 26
1.2 OBJETO DE ESTUDO 29
1.3 OBJETIVOS 30
1.3.1 Objetivo geral 30
1.3.2 Objetivos específicos 30
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO 31
2
DESENVOLVIMENTO, MEIO AMBIENTE E CONTRADIÇÕES 33
2.1 TEORIAS SOCIOAMBIENTAIS 41
3
POLÍTICAS DE RESÍDUOS: HISTÓRICO, LIMITES E
POSSIBILIDADES 55
3.1 A DÉCADA DE 1960 56
3.2 A DÉCADA DE 1970 57
3.3 A DÉCADA DE 1980 58
3.4 A DÉCADA DE 1990 60
3.5 INÍCIO DO SÉCULO XXI 63
3.6 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PANORAMA INTERNACIONAL 70
3.7 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PANORAMA NACIONAL 72
3.7.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos 81
3.8 GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS – PANORAMA ESTADUAL 81
4
ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS E DESAFIOS PRESENTES
NO DEBATE 87
4.1 ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS, POLÍTICOS E LABORAIS DA
COLETA DOS RSU 93
4.1.1 Os catadores e a política de manejo 93
5
ESTUDO DE CASO DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO MUNICÍPIO DE CURITIBA 99
5.1 CURITIBA: A CAPITAL DO PARANÁ 99
5.1.1 Conceitos e caracterização das décadas de 1980 e 1990 101
5.1.2 Conceitos e caracterização das décadas de 1990 e 2000 103
5.2 GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM CURITIBA 105
5.2.1 Breve histórico do manejo de resíduos 105
5.2.2 O Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos
Urbanos (Conresol) 112
5.3 SISTEMAS DE GESTÃO DA COLETA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 113
5.3.1 Coleta de Resíduos Sólidos Recicláveis 113
5.3.2 Coleta de Resíduos Sólidos Domiciliares comuns 113
5.3.3 Coleta convencional indireta e outros serviços 116
5.3.4 Coleta em pontos de troca (Programa Câmbio Verde) 117
5.4 ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA
GESTÃO 2013-2016 118
5.4.1 Redução na geração