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Sonhando Acordada: Os Suspenses da Doutora dos Sonhos, #4
Sonhando Acordada: Os Suspenses da Doutora dos Sonhos, #4
Sonhando Acordada: Os Suspenses da Doutora dos Sonhos, #4
Ebook369 pages5 hours

Sonhando Acordada: Os Suspenses da Doutora dos Sonhos, #4

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About this ebook

Depois de quase uma década visitando os sonhos de outras pessoas, Sara Alderson pensou que ela estava em paz com seu dom sobrenatural. Até que uma noite, enquanto assistia o sonho de seu marido, ela viu que outra pessoa estava o assistindo também: uma mulher misteriosa em um vestido vermelho..

A mulher de vermelho continuava a aparecer nos sonhos do marido de Sara e de seus colegas de trabalho. Ela não sabe se a mulher de vermelho está tentando roubar o marido dela, o deixar doido ou até mesmo pior que isso. Tudo que ela sabe é que agora ela possui algo que nunca imaginou: uma inimiga. E a única coisa mais perigosa que uma inimiga que compartilha a mesma habilidade que ela, é uma inimiga que sabe muito mais sobre essa habilidade e como controlar do que Sara.

Sonhando Acordada é o quarto livro de Os Suspenses da Doutora do Sonhos.

LanguagePortuguês
Release dateJan 27, 2021
ISBN9781071585702
Sonhando Acordada: Os Suspenses da Doutora dos Sonhos, #4

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    Sonhando Acordada - J.J. DiBenedetto

    Sonhando Acordada

    Os Suspenses da Doutora dos Sonhos. Livro 4

    por J.J. DiBenedetto

    Outros títulos do autor

    Os Suspenses da Doutora dos Sonhos

    Estudante dos Sonhos

    Doutora dos Sonhos

    Criança dos Sonhos

    Família dos Sonhos

    Sonhando Acordado

    Reunião dos Sonhos

    Casa dos Sonhos

    Sonhos Febris

    Casamento dos Sonhos

    Fragmentos dos Sonhos: Histórias de Os Suspenses da Doutora dos Sonhos

    As Excelentes Aventuras de Betty & Howard

    Uma Coleção dos Sonhos: a coleção de Os Suspenses da Doutora dos Sonhos (livros 1-5)

    Sequência dos Sonhos (Os Suspenses da Doutora dos Sonhos,

    livros 1-3)

    As Aventuras de Jane Barnaby

    Quem Acha Guarda

    Quem Perde Chora

    O Achado de Seu Irmão

    A Coleção das Aventuras de Jane Barnaby

    Bem vindos ao Romance

    Encontrando Dori

    E ainda, disponível em Audiolivros:

    Estudante dos Sonhos

    Doutora dos Sonhos

    Criança dos Sonhos

    Família dos Sonhos

    Sonhando Acordada

    Reunião dos Sonhos

    Casa dos Sonhos

    Férias dos Sonhos

    Sonhos Febris

    Casamento dos Sonhos

    As Excelentes Aventuras de Betty & Howard

    Sequência dos Sonhos (Os Suspenses da Doutora dos Sonhos,

    livros 1-3)

    Quem Acha Guarda

    Quem Perde Chora

    O Achado de Seu Irmão

    A Coleção de Aventuras de Jane Barnaby

    Encontrando Dori

    ––––––––

    Todos disponíveis em:

    www.amazon.com

    e

    www.jjdibenedetto.com

    Direitos Autorais do Texto © 2013-2018 James J. DiBenedetto

    ––––––––

    Todos os direitos reservados

    ––––––––

    Este livro contém material protegido sobre as Leis e Tratados Federais dos Direitos Autorais. Qualquer cópia ou uso não autorizado deste material é proibido. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzido ou transmitido em qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópias, gravações, ou qualquer armazenamento de informações e sistema de recuperação sem permissão expressa em escrita pelo autor.

    Para o meu tio Bobby... e para todos as outras famílias que eu nunca tive a chance de conhecer. Vocês são parte de mim, e eu os agradeço e os amo.

    Sumário

    Prólogo: Casa

    Um: Pista de Downhill

    Dois: O Pesadelo Antes do Natal

    Três: Sobre Noite Passada...

    Quatro: Sozinha em Casa

    Cinco: Desde que Você Se Foi

    Seis: Despertar

    Sete: Ano Novo

    Oito: Emergência!

    Nove: Velho Rabugento

    Dez: Sem Saída

    Onze: Começando do Zero

    Doze: Listras

    Treze: Suspeito Principal

    Quatorze: História de Detetive

    Quinze: Duelo

    Dezesseis: Coma

    Epílogo: Olhe Quem Também Está Falando

    Nota do Autor

    O enredo deste livro era originalmente para ser uma história do livro anterior na série Suspenses da Doutora dos Sonhos, Sonhos de Família. Mas sempre há surpresas no universo da escrita, e o que começou como uma pequena cena que deveria ser um obstáculo no caminho da Sara, encontrando-se em uma cela por uma noite, rapidamente se transformou em algo muito maior.

    Mas eu não me esqueci da ideia da sonhadora maligna e vocês a encontrarão aqui. Sendo tão maligna como ela é, foi muito legal escrever sobre a mesma!

    Eu deveria também acrescentar que este livro acontece entre o final de 2000 até janeiro de 2001. Algumas coisas que vocês precisam saber sobre isso:

    O terceiro milênio começa de verdade em 01 de janeiro de 2001, NÃO em 01 de Janeiro de 2000!

    George W. Bush foi eleito Presidente.

    Missão Impossível 2 e Gladiador eram os melhores filmes do ano (e Gladiador ainda ganhou o Oscar de Melhor Filme)

    Na televisão, Big Brother, Tal Mãe, Tal Filha, CSI (o original que se passa em Las Vegas) e Trading Spaces todos premiados. Barrados no Baile saia do ar.

    Madonna, Britney Spears e U2 detinham as paradas de sucesso do ano.

    O site de relacionamento eHarmony foi criado.

    Mais um lembrete: vocês podem ler tudo sobre a viagem dos pais da Sara para a Espanha na curta história Betty and Howard’s Excellent Adventure, disponível gratuitamente em eBook, e ainda tem um audiolivro narrado pela estrela de Doctor Who: Nicola Bryant (minha escolha para ser Betty Barnes se Hollywood algum dia decidir fazer um filme sobre esses livros).

    Muitos que vivem merecem a morte. E alguns que morrem merecem viver. Você pode dar-lhes a vida? Então não seja tão ávido para julgar e condenar alguém a morte. Pois mesmo os muitos sábios não conseguem ver os dois lados.

    Gandalf, em A Sociedade do Anel de J.R.R. Tolkien.

    Prólogo: Casa

    (15-16 de julho, 2000)

    A última vez que nós nos mudamos, dois anos atrás, foram aproximadamente duzentos e quarenta quilômetros, da Philadelphia para Washington DC. Dessa vez é menos do que meio quilômetro, e ainda assim parece muito mais distante. Eu acho que é assim que nos sentimos quando nos mudamos de um apartamento para uma casa própria.

    Tecnicamente, eu suponho, é mais do banco do que nossa, já que abatemos apenas dez por cento do pagamento. Mesmo com a ajuda dos meus pais, é apenas isso que conseguimos arrumar, isso porque nós quase acabamos com as nossas economias para bancar essa montanha de dinheiro.

    Não é uma casa terrivelmente grande. Há quatro quartos e dois e meio banheiros, o que parece ser bastante. Porém os quartos são pequenos e os banheiros são minúsculos. A sala de estar não é grande o suficiente para receber as amiguinhas do balé da Grace ou a tropa da Lizzie Brown, não há espaço o suficiente na despensa da cozinha para guardar uma compra da semana e o porão quase não merece receber esse nome. Por pelo menos dois anos, muito trabalho terá de ser feito, como fazer os encanamentos voltarem a funcionar e remover todo o carpete da casa, e isso foi apenas o que conseguimos ver até agora. E ainda por cima, não temos dinheiro, tempo e energia para pensar em todo esse trabalho, quanto mais começar a fazê-lo.

    Mas nada disso importa. A única coisa que importa nesse momento é que essa é a nossa casa, e estamos quase conseguindo nos chamar de donos pela primeira vez. É só o Brian e eu; as crianças estão com os meus pais. Nós vamos voltar e pegá-los mais tarde, mas queríamos dar mais uma checada para ter certeza que não haveria nenhuma surpresa de última hora. Eu não quero ter que levá-los para a emergência por causa de um fio exposto ou algo do tipo.

    Brian está do meu lado, mas ele recuou alguns passos e me deixou colocar a chave na fechadura. Você está pronto?

    Eu acho que sim, ele respondeu. Além disso, ele disse com uma risada, é tarde demais para recuar agora. Eles já depositaram o pagamento. Eu inseri a chave, girei, e escutei o barulho da fechadura abrindo. A maçaneta se virou, mas não sem alguma dificuldade - outra coisa para adicionar à lista. E então, de repente, havia uma mão nas minhas costas e outra no meu joelho, e eu solto um grito enquanto sou erguida do chão.

    Eu deveria saber - é claro que o Brian iria me carregar no colo até a entrada. Eu coloquei meus braços em volta de seu pescoço, levantei minha cabeça e o beijei. Ele não chacoalhou ou tremeu quando me beijou de volta; cada músculo de seus braços era igual rocha pura. Ele deu alguns passos pela entrada e adentramos na nossa nova casa. Eu chutei a porta e a fechei; ela fez um barulhão. Brian não me colocou no chão. Ele estava indo em direção - não, ele não estaria indo as...

    Sim, ele estava. Subindo as escadas. Agora eu consigo sentir ele tremendo um pouco, e sua respiração ficando curta enquanto ele dá um passo atrás do outro. Aqueles músculos de rocha estavam enfraquecendo, mas ele ainda me tinha em seus braços, e eu me sentia perfeitamente segura. Não havia lugar melhor na Terra do que em seus braços.

    Ele continuava a subir. Eu não sei como ele conseguia. Ele já estava na metade agora, quando parou por um momento. Eu escutei um estalo e torci para que fosse o degrau, e não seu tornozelo ou joelho. Eu estava certa que ele me colocaria no chão, mas ele reuniu uma explosão de força de algum lugar dentro dele e nós conseguimos terminar de subir as escadas.

    Faltavam poucos passos para chegar até o quarto principal e - Meu Deus!

    Estava completamente mobiliado. Como - quando - eu não conseguia entender...

    A próxima coisa que eu me lembro, era de estar me deitando na cama - a novíssima cama que nunca tivemos. E então ele se deitou ao meu lado, completamente ofegante, seus braços moles por terem me carregado até aqui em cima. Eu o deixei se recuperar por alguns minutos, enquanto eu olhava para o nosso novo quarto.

    Tudo o que tem aqui são coisas que vi em lojas de móveis e amei. Há duas cômodas feitas de um material que eu tenho certeza ser carvalho puro. Há um lindo espelho de comprimento total com armação de ferro e floreios extravagantes no topo. A cama em si é uma queen size. O quarto não é grande o suficiente para ter um king size, mas a armação, assim como o espelho, é feita do mais chique ferro trabalhado. É tudo lindo. 

    Há até mesmo novos lençóis nela. Quando foi que Brian fez tudo isso?

    Os móveis são presentes dos meus pais, Brian falou. Eles ofereceram, e eu me lembrei do que você gostou quando fomos procurar por móveis mês passado. É claro que ele fez isso.

    E você colocou aqui noite passada, após fecharmos o negócio. É o único tempo hábil que ele teria. Ele acenou com a cabeça; era a única coisa que ele era capaz de fazer neste momento. Então era esse o encontro com os rapazes que você não podia perder.  

    Surpresa, ele sorriu. Eu não deveria ficar surpresa, mas eu sempre fico. Isso provavelmente é uma coisa boa - se algum dia eu parar de me surpreender em como ele é maravilhoso, eu teria a certeza que ele realmente o é, e eu não quero fazer isso.

    Entretanto, tem uma coisa que eu quero fazer. Ele está deitado, e eu me jogo por cima dele. Ele mal consegue colocar seus braços nas minhas costas. Eu balanço minha cabeça. Não precisa fazer nada. Você já fez muito. Deixe-me cuidar disso...

    ***

    Bem, eu cuidei de algumas coisas. E então Brian encontrou energia suficiente para cuidar de algumas coisas ele mesmo, antes de terminarmos. Agora, estamos deitados um do lado do outro em nossa nova cama, completamente exaustos.

    Não me lembro bem, quando foi que falamos aos meus pais que voltaríamos?

    Brian riu. Meio dia, eu acho.

    Que horas você acha que é? Ainda não tem nenhum relógio aqui, e nenhum de nós estávamos usando um. Eu poderia ver no meu celular, mas está na minha bolsa, e está do outro lado do quarto, pelo menos uns dez passos de distância. Parecia mais dez quilômetros agora.

    Provavelmente já passou de meio dia, Brian suspirou. Tenho certeza que ele está certo.

    Temos que nos levantar, não temos? A mudança vai chegar às três horas. 

    Provavelmente, ele respondeu, e então riu baixinho. Me diga uma coisa. O que você faria caso a cama não estivesse aqui ainda?

    Eu rolei para cima dele, e coloquei uma mão em seu cabelo. Eu poderia ficar nessa cama com ele o dia todo. Você não olhou na mala, não é? Ele sabia o que ia acontecer quando me trouxe até o quarto. Eu não tinha nem ideia que a mobília estaria aqui, mas tinha a mesmíssima outra ideia que ele tinha em mente. Eu queria que nosso primeiro momento nessa casa fosse - bem, nosso primeiro momento em nossa nova casa. Entretanto, achei que terminaríamos no chuveiro. Eu estava preparada para isso. Eu coloquei toalhas para nós dois na mala.

    Ele colocou uma de suas mãos na minha nuca, naquele ponto especial, e pronto. Algum tempo depois, não sei dizer se minutos ou horas, eu escuto sua voz de novo. Eu gosto do jeito que você pensa, senhorita.

    ***

    Nós finalmente tivemos nosso primeiro jantar na nossa nova casa. Há muito trabalho que poderíamos estar fazendo, mas nenhum de nós tem a energia necessária para levantar e fazer qualquer coisa. Nós nem mesmos podemos assistir TV, porque o cabo ainda não foi fixado e o gravador de vídeo cassete ainda está empacotado, em algum lugar entra as dezenas de caixas espalhadas pela casa.

    Brian perguntou às crianças, E então, o que acharam? 

    Eu gostei da nossa casa! Lizzie foi a primeira a responder.

    Eu também, Grace acrescentou, mas vai ser meio estranho ter o meu quarto novamente. Com três quartos para quatro crianças, nós tínhamos uma decisão a fazer. Após pensar bastante, nós finalmente decidimos por dar a Grace e Lizzie um quarto para cada, e deixar Ben e Steffy juntos. Para compensar, os gêmeos ficaram com o maior dos quartos, e a caminha de cachorro da Chrissy ficará lá também.

    Nós iremos repensar isso em alguns anos, quando os gêmeos estiverem na escola primária. Ou então quando formos capazes de mudar para uma casa maior, se a minha clínica continuar a crescer ou o Brian conseguir uma ou duas promoções.

    É realmente grande, papai, Steffy disse. Eu estou feliz que ela pense assim! 

    A casa do vovô Ben é maior, Ben retrucou. Sim, é mesmo. Mas isso é tudo que conseguimos arcar por agora. Especialmente porque é tudo o que Brian conseguiu na hipoteca. Eu não consegui ajudá-lo nisso, porque estarei pagando o que gastei na minha clínica pelos próximos dezoito anos. Mas ele assegurou que nós dois estaríamos no título da escritura da casa. Ele não precisava; eu honestamente não ligo para isso. Mas ele queria ter certeza que nós dois somos iguais e parceiros em tudo. Como se eu fosse – ou pudesse – esquecer disso.

    Eu acho que Chrissy não gostou da casa, Lizzie notou. Nossa pobre cachorra corria de um cômodo para o outro, e ela não conseguiu sentir-se confortável em lugar nenhum.

    É demais para ela se acostumar. Dê a ela alguns dias e ela estará perfeitamente bem, eu disse. Eu tenho certeza que sim. Ela é uma cadela tão boazinha, é difícil acreditar que ela ficará por muito tempo incomodada. Até lá, a ração da mistura das raças Golden Retrivier-Labrador irá servir. Agora mesmo, ela está se coçando na frente da porta, e Brian se levantou para deixá-la sair. Ben, Steffy, venham. Vamos subir.

    Ben foi sem se protestar, mas Steffy hesitou. Grace pode ler para nós? Eu quero Harry Potter!

    Eu ouvi falar desse livro nos últimos anos; parece que toda criança que entra em minha clínica já o leu e amou. Alguns meses atrás, Laurie saiu e comprou algumas cópias - haviam três livros naquela época - para a sala de espera. Eu os ignorei por um tempo, mas a minha curiosidade falou mais alto, e para a minha surpresa, eu gostei. Então eu comprei algumas cópias para Grace, e é claro que Lizzie também gostou deles. Elas ainda não têm nem oito anos, e ainda há umas coisas pesadas no livro, mas nada pior do que quando fiz residência no Hospital para Crianças.

    Tanto Grace quanto Lizzie se debruçaram sobre os livros, e agora tem um quarto livro - acabou de sair na semana passada, mas com toda a excitação pelo filme, eu estou esperando um pouco para comprá-lo. E Grace decidiu que Ben e Steffy iria gostar deles também, então o trabalho de contar historinhas para ninar ficou com ela. Eles já estão na metade do livro. Claro Steffy, se a Grace quiser.

    Eu quero, tia Sara! Nós adotamos oficialmente ela no mês passado depois que o pai dela faleceu; nós agora somos seus pais legais, e ela é nossa filha assim como Lizzie e os gêmeos o são. Mas Brian e eu concordamos - nós não queremos que ela esqueça que ela teve uma mãe e um pai que a amara, e eles sempre serão o papai e a mamãe dela.

    Com a resposta da Grace, o problema estava resolvido. As crianças já estavam subindo as escadas enquanto eu recolhia os pratos do jantar. Quando eu acabar aqui, irei me juntar a eles, e Steffy e Ben já estarão deitados usando seus pijamas. Grace estará com o livro em mãos, enquanto Lizzie estará ao seu lado para fazer os efeitos sonoros e explicar as partes confusas aos gêmeos. Eu vou ficar parada na porta, assistindo, e depois de um tempo, todos eles vão esquecer que estou ali. 

    Eu não aguento; acabei me vendo absorvida pela história também. Eu nem mesmo escutei Brian chegando atrás de mim. Eu só percebi quando seu braço abraçou meu corpo e ele instantaneamente recaiu sobre o dele. Ele não falou nada; nós dois ficamos ouvindo Grace por um bom tempo. Os gêmeos suspiraram de medo quando ela leu que o Harry e seus amigos se encontraram com o cão de três cabeças. E quando Grace descreveu a reação da garota do grupo, reclamando que eles todos podiam ser expulsos da escola de bruxos, ela leu de uma forma que eu suspeitei que ela estivesse imitando o meu tom. Brian me deu uma beliscada, e Lizzie olhou para mim também. Todo mundo entendeu a piada, menos eu.

    Eu forcei um sorrisinho. Mas eu não sou como aquela garota nenhum pouco! Eles são sortudos que eu não sou assim. Se eu tivesse uma varinha mágica e pudesse transformar pessoas em sapos, a casa estaria cheia de coaxos e saltos agora.

    ***

    Eu ainda não tinha decidido se eu perdoaria Brian ou não. Eu não sou nada como aquela garotinha boba, devoradora de livros que estuda o tempo todo e por qualquer coisinha já vai até a biblioteca e...

    Quem eu estou querendo enganar? Eu sou exatamente como ela, não sou? Ainda não vi onde está a graça, eu disse para o Brian, mas não consigo ficar brava com ele quando estamos deitados um do lado do outro na cama nova que ele comprou para mim, cercada pelas mobílias que eu mais gostei, que por sua vez estão na casa que ele comprou. Talvez seja um pouquinho engraçado.

    Ele se virou para mim, com seus braços me envolvendo. Você é quem me falou uma vez que não precisava aprender a andar de bicicleta porque podia ir à biblioteca a pé e não tinha nenhum outro lugar que você precisasse ir. Isso era verdade.

    Eu coloquei meus braços em volta dele, e me aconcheguei mais perto. Eu acho que isso é pro melhor, eu ronronei. Se eu não fosse tão inteligente, eu não teria te escolhido para ser meu marido.

    "Você me escolheu?" Eu enrolei minhas pernas nas dele, e com as minhas mãos segurei seu rosto. Beijei-o lenta e profundamente, e não o deixei se desvencilhar de mim por um bom tempo. Finalmente, depois de muito tempo, quando sua respiração ficou mais próxima do normal novamente e ele pôde focar seus olhos em mim, ele disse, Ok, você me escolheu...

    ***

    Sara estava em uma sala de reuniões espelhada, em algum lugar alto, com vista para o que ela acreditava ser o Rio Potomac. Era uma sala grande, com uma enorme mesa de reunião que poderia facilmente acomodar vinte pessoas. Nesse momento, apenas metade dos assentos estavam ocupados.

    Era uma divisão de homens de ternos sentados do lado da mesa que estava perto da gigantesca janela, e do outro lado da mesa homens com uniformes - oficiais da Força Aérea.

    Um dos homens era Brian, e no momento em que ela olhou em seus olhos, Sara soube que estava no sonho de seu marido. Ele estava liderando a reunião, fazendo com que todos prestassem atenção em uma tela montada na parede na outra extremidade da mesa. Ele tinha um laptop na sua frente, e agora ele estava mostrando aos participantes da reunião uma apresentação no Powerpoint.

    Sara já tinha visto essa apresentação mais vezes do que podia contar; ela tem sido sua audiência pelas últimas duas semanas, até que ele se declarou totalmente preparado. A prática não foi em vão; em seu sonho, ele estava impecável e sua audiência parecia estar bem impressionada. Rindo, Sara pensou com ela mesma que ele podia literalmente dizer posso fazer isso dormindo.

    Enquanto Sara via seu marido com seu coração cheio de orgulho enquanto a delegação da Força Aérea - incluindo, como Sara notou agora, um General - olhava entusiasmados para a apresentação dele. Mas no meio de seu sucesso, Sara repentinamente sentiu um arrepio, quando alguém abriu uma janela e deixou um ar gelado entrar na sala.

    Mas não havia janela nenhuma aberta, e mesmo se tivesse, era verão; qualquer vento que pudesse ter entrado ali seria quente e calmo. Sara virou-se e viu uma porta de vidro que dava para o corredor se fechando, ainda que ela não tivesse visto ou ouvido ela se abrindo.

    Por um momento, Sara pensou ter visto alguém desaparecendo pelo corredor - uma mulher, ela tinha certeza. Mas ela não parecia muito bem; a única coisa que ela com certeza reparou foi a cor vermelha. Sapatos vermelhos com um vestido vermelho.

    Quando ela voltou sua atenção ao Brian e sua reunião, ela se pegou pensando porque havia uma mulher de vestido vermelho ali, que saiu correndo assim que Sara a notou...

    ***

    Onde é que ela foi? Havia alguém aqui, eu quero - preciso - saber quem ela é, onde estava indo.

    Era um sonho. O sonho do Brian. E havia uma mulher, uma mulher em um vestido vermelho. Ele estava sonhando com uma mulher. Uma mulher que não era eu...

    Não, isso não está certo. É loucura. Brian nunca, nunca mesmo me deu o mínimo motivo para ter ciúmes, e ele nunca irá. Exceto - eu estava lá no seu sonho, e ele estava escondendo-a de mim. Certo? Eu estava vendo ele fazer sua apresentação, todo mundo da reunião estava focado nele, todos estavam sentados ali, hipnotizados.

    E a porta da reunião aberta. Alguém ali dentro havia aberto. A mulher de vermelho? - sim, definitivamente um vestido vermelho. E seus sapatos vermelhos, com pelo menos cinco centímetros de salto. Não era o tipo do Brian de jeito nenhum - ninguém era, além de mim.

    Mas ela não estava sentada na mesa. Haviam vários colegas do seu trabalho, todos homens, vestindo ternos. E haviam também, vários oficiais da Força Área, todos vestindo uniformes. Ninguém de vestido.

    Até ter. E ninguém pareceu notá-la. Ninguém olhou nem por um segundo para ver quem abriu a porta.

    Brian?  eu agarrei seu ombro, chacoalhando-o para acordar. Era três e meia da manhã, mas eu tinha que saber.

    O quê?

    Você estava sonhando. Agora mesmo.

    Vamos fazer uma pausa, ele murmurou. A maior parte dele estava lá.

    Brian!

    Ele virou-se para mim, seus olhos vagarosamente se focando. Uma pausa, ele murmurou novamente, até que ele finalmente percebeu que não estava no trabalho. Sara? Medo de repente apoderou-se de seu rosto. O que foi?

    Nada, eu disse, rapidamente. Agora ele parecia apavorado. Só - você estava sonhando. Se lembra?

    Ele se virou e olhou para o teto. Eu estava - uh, em uma sala, uma grande sala espelhada. Fazendo - dando minha apresentação. Você sabe, aquela em que eu estava trabalhando.

    Eu sei. Eu estava lá. Agora o medo desapareceu, e foi substituído por confusão. "Você se lembra de quem estava lá?"

    Você não viu? Sara, o que está acontecendo?

    Relembre-me, eu disse calmamente, levando uma mão até seu cabelo, tentando acalmá-lo - e a mim mesmo.

    Ah - meu pessoal. Rick e Alex, Joe e Dave. E havia quatro - não, cinco pessoas da Força Aérea. O General Kelley estava lá, e o resto eram seus ajudantes. Ele se sentou, e eu também. Ele estava me encarando. Sara eu não estou entendendo.

    Nem eu - exceto pelo que estou pensando, e estou com medo de dizer. É impossível - mas é impossível para mim também, e ainda assim o faço. Não havia mais ninguém?

    Não. Só eles, como eu disse.

    Eu estava encarando-o, fitando seus olhos. Tem certeza? Ninguém? Nenhuma mulher em um vestido, um vestido vermelho?

    Ele não tinha ideia do que eu estava falando; eu podia ver em seus olhos. Não. Por que você pensaria...? Seu queixo caiu. Não. Você não está querendo dizer isso, não é?

    Eu a vi, mas você não. Ninguém que estava na sala viu. Do mesmo jeito que ninguém me viu, nem você, nem eles. Do mesmo jeito que ninguém nunca me vê.

    Nós dois ficamos em silêncio por um momento, e então falamos a mesma frase em uníssono: Meu Deus...

    Um: Pista de Downhill

    (22-23 de dezembro de 2000)

    Brian está lá embaixo ajudando Beth e Zach a carregar a vã alugada que estava cheia. Com quatro adultos e cinco crianças, nossa escolha era ou usar três carros, ou alguma coisa que pudesse carregar todos nós, então escolhemos pela vã. Todas as crianças também estavam lá embaixo, exceto pela Lizzie, que me fazia companhia.

    Eu estou checando meu e-mail uma última vez, torcendo para ter alguma mensagem dos meus pais. Eu sei que estou aguentando bem, mas eles sempre me dão uma forcinha a mais. E é claro, aqui está. Olha Lizzie, eu disse para a minha filha extremamente impaciente. Eu disse que a vovó e o vovô escreveriam antes de ir embora.

    Eu não tinha o telefone de onde eles estavam, e desde que o meu celular estava programado no telefone da casa deles, não sei se eles lembrariam dele. Eu espero que eles lembrem de falar isso no e-mail. 

    Deixe-me ler!

    É bem longo. Tenho uma ideia melhor. Vamos tirar um print, e a gente pode ler dentro da vã, ok?

    Lizzie concordou, e dois minutos depois eu tinha o meu print, minha bolsa e estávamos nos encaminhando para a porta. Quando eu cheguei na vã, eu fiz o que sempre faço quando vou em algum lugar. Primeiro, uma rápida conta para ter certeza se as quatro crianças estavam lá - checado. Depois uma olhadela para ver se a Grace estava com seu medidor de glicose e sua insulina - checado de novo. 

    Uma das primeiras coisas que o Brian e eu decidimos fazer depois que a Grace veio morar conosco, foi colocá-la na responsabilidade de sua diabetes. Pensei que dar a ela alguma coisa para ocupar sua mente todos os dias a faria pensar em algo além da perda de seu pai. E também pensei que a ajudaria a desenvolver seu senso de responsabilidade. Funcionou melhor do que eu imaginei. Eu a mostrei como ela poderia fazer o teste em si mesmo e como tomar as doses, e ela não teve mais nenhum problema e não esqueceu um dia sequer desde então. 

    Eu não perguntei a ela se estava levando sua mochila; eu não quero que ela pense que não confio nela. Mas eu sempre dou uma conferida com o olhar. Eu dei aquela rápida olhada que - eu espero - ela nunca nota. Afinal de contas, eu nunca seria uma mãe tão responsável como eu sou, se eu não desse uma segunda conferida.

    Com tudo e todos ali, eu subi até o meu assento, afivelei o cinto, e começamos a nossa jornada até o Wintergeen Ski Resort, em algum lugar perto das Montanhas Blue Ridge.

    A estrada mostrou-se surpreendentemente fácil, levando em consideração a vã lotada. Por causa das crianças pulando e fazendo perguntas a todo instante, levou mais ou menos uma hora para ler todo o e-mail dos meus pais. Eles estavam amando a viagem; estavam na Espanha, voluntários de uma escavação arqueológica por duas semanas. Eles tiveram a ideia por um artigo de uma revista de uma ex-colega de classe: Jane Barnaby, que morava no final do corredor do dormitório em que fiquei por três anos na faculdade, estava no artigo. Ela trabalhava com a cientista que dirigia um projeto, e a mamãe ficou intrigada pela ideia que pessoas normais podiam se voluntariar e participar de coisas assim. 

    Ela fez sua pesquisa e falou com o papai, e lá foram eles, em sua primeira viagem para fora. É também o primeiro Natal que iremos passar longe uns dos outros, que foi um dos motivos por eu ter topado essa viagem para esquiar. Se não tenho meus pais por perto, pelo menos posso passar meu Natal com a minha melhor amiga e sua família. Não seriam apenas Beth, Zach e seu filho. A irmã da Beth, Maggie, juntamente com seu filho iriam nos encontrar lá, enquanto Laurie e sua namorada Kate, se juntariam a nós amanhã.

    Após ouvir as aventuras do meu pai e minha mãe, decidimos fazer nossa primeira parada. Fiquei agradecida por isso, pois tanto Lizzie quanto Grace estavam curiosas sobre uma coisa que minha mãe relatou no final do e-mail. A mamãe queria saber as circunstâncias que me levaram a pedir para a Jane e sua colega de quarto me ensinar como abrir uma fechadura com um cartão de crédito, e isso não era uma história para menores de dezoito anos. Beth e Brian estavam rindo

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