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Frestas de Esperança: A história da separa-ação no amor conjugal
Frestas de Esperança: A história da separa-ação no amor conjugal
Frestas de Esperança: A história da separa-ação no amor conjugal
Ebook186 pages2 hours

Frestas de Esperança: A história da separa-ação no amor conjugal

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"Relações afetivas possuem prazo de validade". Assim o autor inicia sua saga rumo ao autoconhecimento e à superação dos momentos difíceis de um amor que chegou ao fim. Não estamos preparados para lidar com o término de uniões que julgamos duradouras, imutáveis, definitivas e quando constatamos o fim do amor conjugal, acreditamos ser este o final de linha. No entanto, Silvio Rosário demonstra ao longo de um texto fulgurante e provocativo que é necessário vencer o contexto de dor a fim de se chegar ao crescimento pessoal. Neste livro, capítulos dramáticos misturam-se às novas esperanças que se desenham como arco-íris após chuva torrencial. Daí o título do livro: "Frestas de Esperança", pois, em meio ao caos, eis que ela surge vigorosa, discreta, por entre as frestas das nossas incongruências numa clara demonstração de que somos maiores que nossos infortúnios. "Frestas de Esperança" é um livro destinado àqueles que se encontram em algum lugar perdido entre o desencanto e a ilusão após a súbita certeza do fracasso que não ocorreu.
LanguagePortuguês
Release dateMar 13, 2021
ISBN9786586319071
Frestas de Esperança: A história da separa-ação no amor conjugal

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    Frestas de Esperança - Silvio Rosário

    Créditos

    capítulo I

    Mergulhado no caos.

    O início do fim...

    Outro dia fui surpreendido por uma notícia veiculada na imprensa local que me serviu de inspiração na elaboração deste primeiro capítulo. Uma mulher cometeu suicídio – após matar seu único filho de oito anos – por não suportar o término do seu relacionamento conjugal³. Trágico, não é? Talvez seja inadequado iniciarmos o livro com uma notícia dessas. No entanto, não consegui encontrar outra maneira de chamar a atenção para o grave perigo de não compreendermos a dinâmica dos relacionamentos afetivos em nossas vidas. Pois é. As relações entre humanos são dinâmicas e, infelizmente, tragédias iguais a esta são comuns nos boletins policiais devido à incapacidade de compreendermos o caráter transitório dos enlaces conjugais. Sinto dizer, mas relacionamentos afetivos possuem prazo de validade! Por enquanto, limito-me a citar as sábias palavras de uma amiga dos momentos difíceis: laços existem para serem desfeitos⁴. Geralmente o são.

    Trago aqui um trocadilho: os laços não desfeitos correm o risco de serem transformados em nós⁵. Os nós não desatam, é bem verdade, mas também não são dinâmicos e transformam-se em empecilhos que impedem o crescimento. E sem a fluidez necessária, a dinâmica de tais relacionamentos assemelha-se à morte. Por isso, vários enlaces conjugais – transformados em nós eternizados e frios – não funcionam como verdadeiros casamentos. Em verdade, são prisões virtuais que cultivam a dor e a frustração. Infelizmente, os parceiros resistem ao perceberem a triste constatação. Importante lembrarmos isso!

    Iniciar minha história a partir dos piores momentos constituiu-se em recurso estilístico que, de início, evitei utilizar na elaboração deste livro. O medo de ceder às tentações da vitimização e expor, fora da medida, circunstâncias pessoais me fez repensarn estas primeiras páginas. No entanto, durante minhas reflexões me convenci do contrário. Passei a compreender que falar sobre meus equívocos durante o casamento pode ser um importante instrumento para juntos – eu e o leitor – refletirmos sobre as armadilhas do quotidiano das uniões conjugais.

    Não desejo mencionar outra pessoa neste livro além da que se encontra em frente à tela do computador no exato momento em que escrevo este parágrafo, entendem? Talvez seja este o primeiro grande passo para que possamos construir uma bela caminhada de reconstrução pessoal após as agruras vividas num casamento malsucedido. A tentação em falar sobre o outro é grande, mas devemos refrear nosso desejo de nos tornarmos vítimas do processo. Eu devo fazer isso também! Refletir sobre quais foram as implicações pessoais no ocaso do enlace conjugal será muito importante para que você, caro leitor, possa iniciar uma fantástica trajetória de crescimento pessoal que poderá conduzi-lo a lugares inimagináveis, esteja certo.

    Pois bem. Você sabe o que nos conduz a uma união matrimonial? Por que casamos com outra pessoa? Por quais motivos buscamos em nossas vidas singulares a companhia de um parceiro? Parou em algum momento para perguntar sobre o que o levou à união com seu respectivo cônjuge? Não? Pois faça essa reflexão, sozinho, após a leitura deste capítulo. Mas, antes disso, perceba que quando menciono a palavra casamento o que menos desejo aqui é falar sobre formalidades. Não me refiro ao papel passado, mas ao complexo ato de estar com alguém, de estar relacionado sob a perspectiva da afetividade. Saibam que a afetividade é o grande amálgama de qualquer relacionamento conjugal. Seria este afeto o grande fio condutor das nossas atitudes dentro do casamento. Por isso, enquanto houver afeto...

    Por que nos casamos? Outro dia ouvi de alguém resposta muito convincente e faço questão de reproduzi-la neste momento do capítulo: casamos porque precisamos de testemunhas para nossas vidas. Necessitamos de alguém para compartilhar momentos bons, ruins, alegrias, tristezas, sucessos e fracassos, pois, dentre os animais, os seres humanos possuem a enorme propensão para o convívio social. Em verdade, nada somos sem a presença do outro, porque vivemos para nos relacionarmos. Vivemos a partir, e para, a relação com o outro. Esse é o nosso grande desafio. Viver neste mundo não seria significativo se não conseguíssemos parcerias que validassem nossos atos, nossa existência. Talvez seja este um bom motivo para avaliarmos nossas uniões conjugais.

    Pretendo começar a minha história a partir daí. A necessidade de buscar alguém que testemunhasse minha vida, em algum momento, foi maior do que o orgulho de ser um homem solteiro aos trinta e poucos anos. Àquela altura, possuía uma vida mais ou menos estável: tinha um emprego público, já havia comprado um apartamento e vivia à mercê das afetividades sazonais que apareciam. No entanto, a presença das namoradas em nada abolia a minha solteirice e eu continuava girando em torno de mim e das minhas preferências sociais e simbólicas. No entanto, no recôndito dos meus pensamentos, sentia a necessidade de alguém para testemunhar de perto tudo o que havia conquistado. Acredito que todo homem, de alguma forma, busca ser acompanhado desta maneira sem saber ao certo os desdobramentos de tal busca. Eu também não sabia.

    Aos solteiros de plantão! Sugiro que reflitam muito antes de decidirem estar acasalados com outra pessoa. A decisão não poderá vir a partir de modismos ou, simplesmente, porque seus amigos estão todos casados e você está ficando para trás neste processo. Não se trata de disputa. Saibam disso! Casamento não é apenas status social, não é ranking de competição... Torna-se um estilo de vida. Quando nos encontramos nesta condição, não respondemos apenas aos anseios da coletividade. Talvez seja esta a menor porção a ser atendida. Em outras palavras, decidir casar – ou permanecer casado – precisa implicar num desejo pessoal que envolve você e a outra pessoa. Tão somente isso. Por isso, não case (ou deixe de estar casado) para agradar familiares, parentes ou amigos. As consequências de um passo mal dado em suas dinâmicas afetivas recairão somente sobre você. Lembre-se disso!

    Talvez seja importante colocar tudo em pratos limpos! O casamento exige responsabilidades e mudanças significativas de atitudes, principalmente quando se tem filhos. É também isso que pretendo desenvolver ao longo dos próximos capítulos. Saibam que, por exemplo, meu compromisso com o casamento não se encerrou após o seu término e nós, homens, precisamos pensar nisso antes da decisão de nos unir a outro alguém. Casamento não é renúncia, mas sim, altruísmo, pois, simbolicamente, nos estendemos quando nos unimos a outra pessoa. É como se aumentássemos de tamanho visando o alcance imediato dos envolvidos no matrimônio e isso exige mudança de comportamento. Portanto, se ainda não é possível conceber mudanças na relação com o mundo a partir do casamento, o melhor é não estar casado. Um dos grandes problemas nos relacionamentos conjugais é a tentativa de manter-se fiel à vida de solteiro ao lado da pessoa com a qual se está casado. Não se trata de algo impossível desde que seja devidamente acordado com o outro. Geralmente, os acordos nunca são feitos...

    Estar casado torna-se decisão que reverbera por toda a vida, como ondas provocadas na superfície calma de um lago quando jogamos ali uma pequena pedra. As ondas expandem até o encontro com a margem do lago e, quanto maior o lago, maior será sua expansão. Assim, mesmo que após estarem casados os parceiros decidam pela separação, muitos aspectos da união conjugal certamente afetarão a ambos pelo restante de suas vidas singulares. De certa forma, os padres possuem razão quando proferem a seguinte sentença: O que Deus uniu, que o homem não separe! Isso precisa estar bem claro para aqueles que por ora pensam em juntar os trapos com outra pessoa.

    A união conjugal precisa ser cuidada e priorizada, enquanto for possível e, acredito, todo homem solteiro que pensa em contrair matrimônio deveria refletir acerca do significado de estar prioritariamente com o parceiro. Pensar nisso implica numa mudança de atitudes sociais que deverão se manter ao longo da vida de casado. Dizer sim a alguém – seja de modo ritual ou de maneira tácita – necessariamente, significa negar outras tantas possibilidades de ser e estar no mundo. Pensaram nisso? No entanto, priorizar o parceiro não significa torná-lo exclusivo em sua vida (a isso chamamos suicídio social), mas implica em valorizá-lo em muitos momentos porque ele foi escolhido voluntariamente para estar ao nosso lado. A prioridade deve qualificar uma relação afetiva, não apenas quantificá-la.

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