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Du Rhône

SÃO CERCA DE 200 quilômetros de Vienne, no norte, até Avignon, no sul, dois dos pontos mais extremos da vitivinicultura do Vale do Rhône. Nesse vale entre os Alpes e o Maciço Central, por onde flui o rio Ródano (Rhône), está a segunda maior região vitivinícola da França. Acredita-se que ali nasceram alguns dos vinhedos mais antigos do mundo, resquícios dos assentamentos romanos na área. Repleto de histórias e tradições, o Vale do Rhône, assim como a Bordeaux e Borgonha, tem peculiaridades que tornam seus vinhos únicos.

Muito antes do surgimento das vinhas no Rhône, parte determinante dessa história começa no choque de placas que resultaram no Maciço Central e os Alpes há mais de 300 milhões de anos. Nesse meio, criou-se um vale cuja parte norte tem mais formações graníticas e a parte sul sedimentos marinhos e calcários, pois era coberto pelo mar até que o fechamento do estreito de Gibraltar baixou consideravelmente o nível do que hoje é o Mediterrâneo. Foram os sedimentos marinhos que formaram relevos como as Dentelles de Montmirail e Mont Ventoux, por exemplo, e é essa mistura de solos calcários, arenosos, argilosos etc., que definem o perfil dos vinhos ao longo do rio Ródano.

Romanos e pragas

Acredita-se que as primeiras vinhas na região apareceram ao redor de Marselha, ainda no século IV a.C., com a colonização grega, e de lá se propagaram. A parte norte do Rhône tardou um pouco mais para receber a vitivinicultura, no século I, quando os romanos, navegando pelo Ródano, fundaram a cidade de Vienne e plantaram vinhedos (peças arqueológicas nas redondezas atestam que eles estão entre os mais antigos do mundo). Devido à proximidade com a Itália, o comércio de vinho floresceu na área, contudo, o debacle do Império Romano teve grande impacto, diminuindo consideravelmente a vitivinicultura, especialmente no norte.

Um novo boom dos vinhos do Rhône só ocorreria na Idade Média, com o Papado de Avignon, quando o rei francês obrigou o recém-eleito papa Clemente V a se mudar para a cidade francesa, fato que posteriormente deu origem a um dos grandes cismas da Igreja Católica.Com a presença dos papas no local a partir de 1309, a vitivinicultura voltou a florescer e surgiu a lenda dos vinhos de Châteauneuf-du-Pape – Châteauneuf foi a residência de verão erguida pelo papa João XXII.

Nos séculos seguintes, a região se tornou um entreposto comercial importante e “Côste du Rhône”, então o nome de um distrito administrativo de Viguerie d’Uzès, se tornou famoso pelos seus vinhos. Nomes como Hermitage também se destacaram. A fama era tanta que se tornou um estilo e, durante algum tempo, os vinhos de Bordeaux, por exemplo, chegaram a ser “hermitagés”, ou seja, misturados com Hermitage (Syrah, basicamente) para ganharem mais cor e estrutura.

Em meados do século XIX, “Côste du Rhône” se tornou

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