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Vórtex: modulações na Unidade Dinâmica
Vórtex: modulações na Unidade Dinâmica
Vórtex: modulações na Unidade Dinâmica
Ebook152 pages2 hours

Vórtex: modulações na Unidade Dinâmica

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About this ebook

"Vórtex: modulações na Unidade Dinâmica" é um livro que emerge a partir do que chamamos transaberes. Nelson Job pesquisou as relações entre filosofia, ciência, arte e mística, tanto no âmbito histórico, conceitual e prático. Dessa pesquisa emergiram os transaberes, um campo contínuo que promove as ressonâncias ao longo desses saberes enquanto um trampolim rumo ao impensável, ainda que com prudência e inspirado por uma Ética. Os transaberes habitam uma egrégora cujas modulações te acolhem ao abrir estas páginas. As mais belas vibrações.
LanguagePortuguês
PublisherEdite
Release dateMay 19, 2021
ISBN9786586850116
Vórtex: modulações na Unidade Dinâmica

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    Book preview

    Vórtex - Nelson Job

    Dinâmica

    NELSON JOB

    VÓRTEX:

    modulações na Unidade Dinâmica

    Logo Edite

    © 2021 Nelson Job

    Todos os direitos reservados.

    Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sem autorização do detentor do copyright.

    Copidesque e preparação de texto

    BR75 | Clarisse Cintra

    Revisão

    BR75 | Magda Carlos

    Imagem de capa

    Blue Round (2015), de Paloma Carvalho Santos

    Capa

    BR75 | Luiza Aché

    Projeto gráfico e diagramação

    BR75 | Luiza Aché

    Produção editorial

    BR75 | Clarisse Cintra e Silvia Rebello

    Produção de ebook

    BR75 | Telmo Braz

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    Angélica Ilacqua CRB-8/7057

    J59v

    Job, Nelson

    Vórtex: modulações na unidade dinâmica/Nelson Job. — Rio de Janeiro: Edite, 2021.

    ISBN 978-65-86850-11-6

    1. Filosofia 2. Ciências 3. Espiritualidade I. Título

    21-1169

    CDD 100

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Filosofia 100

    Todos os esforços foram efetivados para a obtenção das autorizações de uso e cessão de direitos. A reprodução das obras se deu de acordo com o que permite a Lei 9.610/98. Aos autores que não conseguimos identificar ou contatar, pedimos que manifestem sua aquiescência e nos comprometemos a sanar este lapso em eventuais edições futuras.

    Vem, vem, tu que és alma

    da alma da alma do giro!

    Vem, cipreste mais alto

    do jardim florido do giro.

    Rumi

    Sumário

    Capa

    Folha de rosto

    Créditos

    Dedicatória

    Nas vertigens do vórtex

    Vórtex 1. Transaberes

    Vórtex 2. Unidade Dinâmica

    Vórtex 3. Vórtex

    Vórtex 4. Anarquia Sagrada

    Vórtex 5. Vortexa

    Vórtex 6. Exercícios em Vórtex

    Vórtex 7. Modulações

    Notas

    DANÇAR-SE

    Nas vertigens do vórtex

    Vem, não houve nem haverá

    jamais alguém como tu.

    Vem e faz de teus olhos

    o olho desejante do giro.

    Rumi

    Ao longo da dança cósmica: assim emerge este livro.

    Vórtex – modulações na Unidade Dinâmica é composto de sete vórtexes:

    Transaberes: aqui desenvolvemos o nosso campo de experiência, as relações ao longo de sabedoria e vida.

    Unidade Dinâmica: a soma de todos os vórtexes.

    Vórtex: aqui conceituamos o vórtex em si.

    Anarquia Sagrada: a expressão política do vórtex.

    Vortexa: a vila em que se conjura uma sociabilidade em transaberes.

    Exercícios em vórtex: os aspectos mais pragmáticos do vórtex, como apreendê-lo e torná-lo cada vez mais íntimo.

    Modulações: nessa vertigem final do livro, que serve de trampolim para vertigens além dele, fazemos um vórtex que abriga o livro Vórtex inteiro, o impulso que leva o livro para além de si.

    O que menos importa é a ordem. Intua por onde começar, pois a intuição é nossa bússola e a alegria é nosso meio.

    Desejamos-lhe vertigens e alegria!

    VÓRTEX 1

    Transaberes

    Vem, a fonte do sol se esconde

    sob o manto da tua sombra.

    És dono de mil Vênus

    nos céus desse redemoinho.

    Rumi

    O maior alquimista do século XVII, Sir Isaac Newton, extraiu de suas experiências alquímicas e das forças ocultas o conceito de gravidade. [ 01 ] A grande novidade que Newton trouxe em sua teoria foi o uso da matemática. Assim, milênios de concepções da mística foram transportados para outro saber, que emergiu a partir das experiências em laboratórios alquímicos: a ciência. No entanto, provavelmente por temer a Inquisição, o inglês apenas publicou em vida seus escritos científicos. Os intricados tratados alquímicos e a teologia de Newton foram guardados em um baú e apenas no século XX, através do economista inglês John Maynard Keynes, esse aspecto da obra de Newton foi revelado para o mundo. Essa edição feita em sua própria obra pelo grande alquimista, cujo pensamento plural gerou conceitos que mudaram a história, ironicamente gerou um mundo que passou a entender a Natureza por meio de números e outras representações. A humanidade foi perdendo contato com sua extensão, a Natureza. A humanidade se tornou desencantada.

    No mesmo século XVII, um polidor de lentes na Holanda eliminava toda a possibilidade de deus fora da Natureza, trazendo-o de volta para ela. Já aos 24 anos, Baruch Spinoza foi excomungado pela comunidade judaica de Amsterdã e sua Ética, livro póstumo, constou durante muito tempo no Index de livros proibidos da Igreja. Sua Ética, além de trazer deus para a Natureza, também fazia coexistir no mesmo texto filosofia, ótica e geometria, cujas éticas internas dançam umas com as outras, tornando-o um livro-vórtex. [ 02 ]

    O Iluminismo e a Revolução Científica, emergentes do século XVII, intensificaram essa separação entre humanidade e Natureza. Este livro vai resgatar os saberes ocultos que fazem coexistir mística, filosofia, ciência etc. Assim como Newton e Spinoza, que convidavam a apreender a Natureza, sendo a Natureza, este é o momento de aproveitarmos tudo o que foi feito até então, a ciência moderna, a arte contemporânea, o encontro entre Ocidente e Oriente etc., para promovermos uma malha contínua ao longo dos saberes na Natureza, na vida. É por isso que criamos os transaberes, e este livro foi escrito.

    Nesse sentido, os transaberes emergem de um desejo. Tal desejo é composto por devires que vão além da questão da transdisciplinaridade. Vamos desenvolver esse problema a seguir.

    Apreendemos enquanto disciplina um saber artificialmente isolado, por exemplo, a filosofia, a matemática, a literatura.

    A multidisciplinaridade ocorre quando disciplinas operam uma ao lado da outra, sem se relacionarem, por exemplo, a disposição de disciplinas na escola: os alunos têm aula de ciência, educação artística, educação física, mas sem que elas dialoguem. As membranas das disciplinas, supostamente, mantêm-se impermeáveis umas às outras.

    Entende-se por interdisciplinaridade disciplinas que se misturam, sem abandonar seu campo de domínio original. Por exemplo, a ficção científica pode se alimentar da ciência, mas continua sendo apenas literatura. Outro exemplo é a teoria do campo eletromagnético, que foi influenciada pela filosofia dos primeiros românticos alemães, mas permanece, em seu corpo teórico, sendo apenas física. Em outras palavras, as membranas de proteção de cada disciplina mostram-se permeáveis aos contatos com outras disciplinas.

    No entanto, a transdisciplinaridade emerge da interdisciplinaridade, gerando um campo de conhecimento contínuo, em que as membranas se tornam tão permeáveis que deixamos de identificar as disciplinas em questão. Por exemplo, a obra artística GFP Bunny, de Eduardo Kac, que, ao misturar genes de um coelho com os genes fluorescentes de um animal marinho, conflui assim artes plásticas e biologia.

    Como o próprio nome diz, a palavra disciplina encerra em seu significado certa imposição de como o conhecimento deve se dar. Primeiro se aprende aquela disciplina pura para que depois se possa fazer contato com outra. Por isso, preferimos substituir a palavra disciplina por saber. No sentido de que o conhecimento inexiste fora da vida, da experiência. O conhecimento puro é um recorte que cria uma abstração, como se o conhecimento fosse algo destacado da vida. Essa maneira de apreender o saber foi construída ao longo de mais de dois milênios. Vamos tratar disso adiante, agora nossa atenção se volta para o modo como concebemos os saberes. Quando colocamos conhecimento enquanto saber, já convidamos para a experiência e para vida.

    Ainda existe outro problema. Percebemos que há um enorme descompasso entre discurso e vida. É possível nos encontrarmos com uma proposta de transdisciplinaridade em contradição com a vida, ou seja, é possível uma contradição entre o emissor do conceito transdisciplinar e suas práticas. A todo momento nos deparamos com discursos sobre a Ética de Spinoza (em que a ética se dá no aqui e agora), sendo que os emissores desse discurso vivem uma vida regrada pela moral judaico-cristã (baseadas em regras a priori de Bem e Mal), ou com um clínico que critica a prática de interpretação (transformar o discurso de um cliente em outro discurso de acordo com a sua teoria de aparelho psíquico preferida) em uma palestra e interpretar compulsivamente em consultório.

    Para resolver esses problemas, cunhamos os transaberes, ou seja, a transdisciplinaridade voltada para vida, através da vida. Nesse sentido, todo saber é um transaber, porque o saber por si já evoca uma relação, uma confluência, uma ressonância com outros saberes, com outras práticas vitais.

    A partir dos transaberes, deixamos de conceber que existem, de fato, saberes separados. Por exemplo: os conceitos da física discorrem acerca da Natureza, estão no mundo, sendo assim, a física está no mundo. Vejamos um conceito impreciso, como o de gravidade de Newton, que foi destituído parcialmente, pois a gravidade newtoniana funciona bem no âmbito terrestre, ou seja, é menos preciso, mas ainda possui certa precisão. No entanto, comparada à Relatividade Geral de Einstein – que, com suas curvaturas de espaço-tempo, funciona também além da Terra –, a gravidade newtoniana é menos precisa. Ambas foram concebidas pelo pensamento, que está no mundo, seja o pensamento mais ou menos preciso. Sendo assim, a física, em todos os seus estados, está relacionada com o mundo, como quaisquer disciplinas. Por isso, deixaremos de usar termos que são desnecessários ao nosso propósito, como disciplina e seus desdobramentos multi, inter e transdisciplinaridade, para enfatizar saberes que são concebidos de saída enquanto pertencentes ao mundo, ao cosmos, ou seja, enfatizar os transaberes.

    Já mencionamos o problema do descompasso entre discurso e vida. Tal descompasso tem um lastro na história do conhecimento há mais de dois mil anos. Vamos investigar isso.

    O cosmos nos habita e nós habitamos o cosmos. Somos, por assim dizer, cósmicos. No entanto, o processo civilizacional envolve um longo processo ilusório de dissociação entre nós e o cosmos. Vamos verificar isso historicamente.

    Há uma controvérsia se o processo pré-civilizacional foi, de fato, matriarcal. Vamos partir então do início do processo civilizacional, patriarcal, sobretudo no Egito Antigo. No Egito, filosofia, religião, política, arquitetura etc. eram concebidas em conjunto. O processo de individualização começa a ocorrer na decadência do Império Novo, em torno de 1550 AEC a 1070 AEC, [ 03 ] e a de separação em disciplinas é algo que começa a ocorrer junto com o início da sistematização da filosofia grega, em 600 AEC, momento em que surge o Zoroastrismo no Irã, que, baseado em visões de Zoroastro, populariza o dualismo moral de Bem e Mal absolutos, expresso na figura de deuses. No início das dinastias dos faraós, em meados do Império Antigo, em torno dos anos 2680 a 2190 AEC, emerge a concepção de Maat, deusa da verdade e justiça, que constituía grande parte do pensamento egípcio. Quando se cometia um ato justo, entendia-se que Maat habitava quem cometeu o ato, era uma deusa no mundo, imanente. No Império Novo, legitimando o aumento do poder do faraó, foi se consolidando no Egito a ideia de um deus transcendente, ou seja, um deus fora do mundo sensível, e Maat, subjugada por esse deus, deixa de ser uma deusa que habita o mundo para, no ato de ser justo, se tornar apenas uma aspiração: com um ato de justiça, passa-se, então, a aspirar Maat. Esse processo vai culminar na criação de um individualismo, como já nos referimos, e uma moral que vai influenciar o pensamento judaico-cristão.

    O que mais nos interessa aqui são dois aspectos. O

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