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O Deus da Carnificina
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O Deus da Carnificina
Ebook116 pages54 minutes

O Deus da Carnificina

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Annete e Véronique observam a pintura de Francis Bacon na capa do livro de arte sobe a mesa de centro: "Crueza e esplendor", diz uma, "Caos e equilíbrio", a outra completa. Tulipas, clafoutis, cafés, um conflito e dois casais tentando resolvê-lo da maneira mais civilizada possível. Reunidos em um único cenário cujos elementos vão ruindo aos poucos, os personagens passam ao largo de cada tentativa de conciliação, e a ânsia por encontrar o justo equilíbrio e ordenar o caos resulta na exposição implacável da fragilidade, da ira, da incompreensão, de inúmeros pequenos desaforos que fazem pesar o ar do apartamento friamente decorado, sua arena, e chegam ao mais humano e ridículo (também risível) que pode existir em cada um de nós. Na peça O Deus da Carnificina a escritora e dramaturga francesa Yasmina Reza expõe a dificuldade de comunicação que impera entre nós, mesmo em um universo repleto de palavras, talvez justamente por seu excesso. A peça foi adaptada para o cinema pelo diretor Roman Polanski em 2011 e contou com a participação da escritora no roteiro.
LanguagePortuguês
Release dateJun 17, 2021
ISBN9786586683868
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    O Deus da Carnificina - Yasmina Reza

    O deus da carnificina27 DAS ANDEREO deus da carnificina

    DAS ANDERE 27

    O deus da carnificina

    Le dieu du carnage

    Yasmina Reza

    © Editions Albin Michel e Yasmina Reza, 2007

    © Editora Âyiné, 2021

    Tradução: Mariana Delfini

    Preparação: Pedro Sette-Câmara

    Revisão: Paulo Sergio Fernandes, Luisa Tieppo

    Projeto gráfico: Luísa Rabello

    Imagem de capa: Julia Geiser

    ISBN 978-65-86683-86-8

    Conversão para ebook: Cumbuca Studio

    Editora Âyiné

    Belo Horizonte, Veneza

    Direção editorial: Pedro Fonseca

    Assistência editorial: Érika Nogueira Vieira, Luísa Rabello

    Produção editorial: André Bezamat, Rita Davis

    Conselho editorial: Simone Cristoforetti, Zuane Fabbris,

    Lucas Mendes, Vladimiro Boselli

    Praça Carlos Chagas, 49 – 2º andar 30170-140 Belo Horizonte – MG

    +55 31 3291-4164 | www.ayine.com.br | info@ayine.com.br

    Cet ouvrage, publié dans le cadre du Programme d’Aide à la Publication année 2021 Carlos Drummond de Andrade de l’Ambassade de France au Brésil, bénéficie du soutien du Ministère de l’Europe et des Affaires étrangères.

    Este livro, publicado no âmbito do Programa de Apoio à Publicação ano 2021 Carlos Drummond de Andrade da Embaixada da França no Brasil, contou com o apoio do Ministério francês da Europa e das Relações Exteriores.

    O deus da carnificina

    VÉRONIQUE HOULLIÉ

    MICHEL HOULLIÉ

    ANNETTE REILLE

    ALAIN REILLE

    (Entre quarenta e cinquenta anos)

    Uma sala.

    Sem realismo.

    Sem elementos inúteis.

    Os Houllié e os Reille, sentados frente a frente.

    Deve-se sentir de imediato que a casa é dos Houllié e que os dois casais acabaram de se conhecer.

    Uma mesa de centro coberta de livros de arte.

    Dois grandes buquês de tulipas nos vasos.

    Clima de gravidade, cordialidade e tolerância.

    VÉRONIQUE

    Então, a nossa declaração... Vocês farão a de vocês... «No dia 3 de novembro, às 17 horas e 30 minutos, na praça de l’Aspirant-Dunand, após uma discussão, Ferdinand Reille, 11 anos, armado com um bastão, bateu no rosto de nosso filho, Bruno Houllié. As consequências desse ato são, além do inchaço do lábio superior, uma fratura de dois dentes incisivos, com lesão do nervo do dente incisivo direito.»

    ALAIN

    Armado?

    VÉRONIQUE

    Armado? Vocês não gostam de «armado», o que colocamos, Michel, munido, equipado, munido de um bastão, pode ser?

    ALAIN

    Munido, sim.

    MICHEL

    Munido de um bastão.

    VÉRONIQUE

    (corrigindo) Munido. O irônico é que a gente sempre considerou a praça de l’Aspirant-Dunand um lugar seguro, ao contrário do parque Montsouris.

    MICHEL

    É verdade. A gente sempre dizia: o parque Montsouris, não, a praça de l’Aspirant-Dunand, sim.

    VÉRONIQUE

    Veja só. De toda forma, nós agradecemos por terem vindo. Não vamos chegar a lugar nenhum se ficarmos presos numa lógica passional.

    ANNETTE

    Nós é que agradecemos, nós é que agradecemos.

    VÉRONIQUE

    Acho que não há nada a agradecer. Que bom que ainda existe uma arte de viver em comunidade, não é mesmo?

    ALAIN

    Arte essa que as crianças não parecem ter incorporado. Bem, me refiro à nossa.

    ANNETTE

    Sim, à nossa!... E o que vai acontecer com o dente que teve o nervo afetado?...

    VÉRONIQUE

    Bom, não sabemos. Estamos sendo cautelosos com o prognóstico. Ao que parece, o nervo não está completamente exposto.

    MICHEL

    Apenas um ponto dele foi exposto.

    VÉRONIQUE

    Isso. Uma parte foi exposta e outra ainda está protegida. Por isso não vão extrair por enquanto.

    MICHEL

    Estão tentando dar uma chance para o dente.

    VÉRONIQUE

    Ainda assim, o melhor seria evitar um canal ali.

    ANNETTE

    Claro…

    VÉRONIQUE

    Então há esse período de acompanhamento, em que você dá uma chance para o nervo se recuperar.

    MICHEL

    Enquanto isso, vão colocar facetas de cerâmica.

    VÉRONIQUE

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