Sociedades Secretas
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Sobre este e-book
Nos dias atuais, entretanto, atua de forma mais discreta do que secreta, tendo em vista que há Templos espalhados por todo o país, alguns deles com arquitetura suntuosa, chamando a atenção daqueles que passam. Além disso, as Lojas Maçônicas são incentivadas a ter CNPJ, seus membros dirigem entidades assistenciais e são reconhecidas pelo poder público, o que desfaz a ideia de segredo.
Não obstante esses aspectos, em alguns momentos da história foi necessário trabalhar de forma secreta, como por exemplo, em 1822, quando Dom Pedro I decretou o encerramento das atividades do Grande Oriente do Brasil e o fechamento das poucas Lojas Maçônicas existentes na época e quando Getúlio Vargas instituiu o Estado Novo. Nesses períodos, Maçons não ficaram inertes, mantiveram as colunas dessa Sublime Instituição em pé e permaneceram atuantes, reunindo-se não mais nos Templos, mas em casas ou outros locais que chamassem menos a atenção das autoridades e do público em geral.
Por este motivo, estudar as Sociedades Secretas e suas formas de atuação é um ponto de fundamental interesse para todo Maçom e para aqueles que se interessam por História, comportamento humano e social.
Nesta terceira obra produzida pela Loja Maçônica Amigos da Verdade foram descritos, tanto quanto possível, os mistérios que envolvem sociedades como o Apostolado, A Bucha Brasileira, Illuminati, Carbonária, Cientologia, Opus Dei, Golden Dawn, Ordem Rosacruz, Tradicional Ordem Martinista, Hermetismo, Kabbalah, Sociedade Teosófica, Ordem Secreta de Orange, Ordo Templi Orientis – O.T.O. e Thelema.
Para um Maçom, conhecer as sociedades secretas de onde a própria Maçonaria extraiu alguns de seus elementos é fundamental para sua formação; já para aquele que ainda não foi Iniciado, esse conhecimento é imprescindível para não se deixar levar por promessas que não serão cumpridas ou ilusões que são formadas a partir de alguma ideia ou conceito inexato.
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Sociedades Secretas - Loja Maçônica Amigos da Verdade
O Apostolado
O Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz
Carlos Augusto Roque
Introdução
A participação de membros, da então Proto-Maçonaria Brasileira, em especial os do Grande Oriente do Brasil (GOB), em vários marcos históricos brasileiros é, ou ao menos deveria ser, de amplo conhecimento, tanto para os não iniciados quanto para os já iniciados dessa Ordem, por inúmeras vezes as histórias pessoais desses Maçons se confundem; ou melhor, se misturam à construção da nação brasileira.
Seguem alguns marcos e balizadores históricos que influenciaram, diretamente ou indiretamente, os protagonistas do Apostolado: A Revolução Americana (Independência Americana), 1776; a Revolução Francesa, 1789; a Fuga de Dom João VI, 1807 (novembro) saída de Portugal – 1808 (janeiro) chegada ao Brasil; a Criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, 1815; a Criação da Santa Aliança, 1815; Dom João VI proíbe as sociedades secretas no Brasil, 1818; a Revolução do Porto, 1820; Dom João VI nomeia Dom Pedro I como regente do Brasil e retorna para Portugal, 1821.
Independência!
Existe uma causa: A independência do Brasil! Isso é consenso, mas o caminho a seguir se divide nesse marco; ir pela República ou Monarquia? Essas vias ou vertentes têm seus expoentes, de um lado, Joaquim Gonçalves Ledo, então com 40 anos, que defende a via republicana; do outro, José Bonifácio de Andrada e Silva, com 58 anos, que defende a via monárquica e ao centro desses, temos Dom Pedro I, que está com 23 anos, que compreende a necessidade da independência, mas com os …olhos fitos na coroa portuguesa, que, mais dia menos dia, lhe viria às mãos, não se dispunha a agir contra os seus conterrâneos
, pois a morte de seu pai, Dom João VI, torna-o sucessor direto ao trono de Portugal.
Com a crescente efervescência constitucionalista na sociedade brasileira, que encontra reverberação ou mesmo amplificação dentro das Lojas Maçônicas, o clamor desses que desejam redigir seu próprio futuro e abandonar de vez a tutela e a passiva obediência do passado, seguem gerando conflitos.
Dentro dessa volatilidade, Dom Pedro I, então com 24 anos, escreve ao seu pai, Dom João VI, em 19 de junho de 1822: …Eu ainda me lembro, e me lembrarei sempre do que Vossa Majestade me disse, dois dias antes de partir, no seu quarto: ‘Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros…’
. Dom Pedro I segue dentro desse conselho e aduz que se a independência é inevitável, então, que ele a conduza.
A disputa passional e cada vez mais frequente entre os grupos republicanos e monárquicos dão ao grupo partidário dos ideais de Bonifácio, força para a fundação do Apostolado.
Fundação da Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz
A fim de controlar, vigiar e conduzir os outros protagonistas e desdobramentos da então inevitável Independência do Brasil, Dom Pedro I se insere em duas sociedades secretas, o Apostolado e a Maçonaria e, em ambas, se torna o líder máximo. Sobre a Maçonaria existe uma ascendência maior dos ideais de Gonçalves Ledo; já no Apostolado, a predominância está mais próxima de Bonifácio.
O Apostolado é uma ordem de cavalaria, daí seu título de: A Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz
. Em rápida análise, podemos depurar esse título com a ideia de membros da nobreza que se congregam na forma de uma campanha militar/religiosa (Ex.: Cruzada – Cavaleiros Templários) da Terra de Santa Cruz (do Brasil).
A fundação do Apostolado ocorreu em 2 de junho de 1822. A data não ficou a cargo do destino. Foi escolhida por ser um dia antes da convocação de Dom Pedro e redigida por Bonifácio, para a Assembleia Constituinte¹, que iria redigir uma Constituição para o Reino do Brasil antes da declaração da Independência (sendo essa considerada uma das vitórias dos partidários da via republicana, liderada por Ledo). O Apostolado se reunia, a princípio, nas salas do Quartel-General do Comando das Armas – Rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, onde treze associados assinaram a ata de fundação e firmaram o juramento. Destes, os quatro primeiros são: Dom Pedro de Alcântara, José Bonifácio de Andrada e Silva, (Luís Pereira da) Nóbrega (Sousa Coutinho) e Joaquim Gonçalves Ledo.
Iniciação no Apostolado
Para iniciar no Apostolado, o paisano, denominação do não iniciado, tinha seu nome proposto em uma palestra. Essa deveria informar às outras de suas aprovações e rejeições, a fim de evitar que um mesmo paisano fosse proposto ou rejeitado em mais de uma palestra. Após o processo de escrutínio e com a aprovação, o paisano era iniciado no grau de recruta
e prestava o seguinte juramento:
Juro aos Santos Evangelhos guardar escrupulosamente o segredo do meu grau, não comunicando à pessoa alguma paisana qualquer coisa, que na qualidade de Recruta me for confiada, nem tão pouco instruir alguém do sinal, senha e contrassenha correspondente. Juro obediência aos meus superiores na Ordem. Juro finalmente promover com todas as minhas forças, e à custa da minha vida, e fazendo a Integridade, Independência, e Felicidade do Brasil como Império Constitucional, opondo-me tanto ao Despotismo que o altera, como à Anarquia que o dissolve. Assim, Deus me ajude.
O juramento, processo sempre cercado de muita solenidade e esse sempre igual ao grau do compromisso assumido, demonstra os ideais da sociedade que o recruta recém-iniciado deverá se incutir. Como idealizador
do Apostolado. José Bonifácio, provavelmente, trabalhou e/ou coordenou a redação desse juramento. Cabe lembrar que ele viu de perto as ações e resultados da Revolução Francesa nos anos em que estudou e morou na Europa. Bonifácio está decidido, pela constância e vitalidade dos cargos e sua sensação de segurança/continuidade que esta traz à nação em longo prazo, diferentemente de Ledo que batalha pela temporalidade dos cargos e fim da hereditariedade desses. Essa dicotomia entre os dois (Ledo e Bonifácio) resume bem os sentimentos da época.
Reconhecer um Camarada
O agora recruta tomava conhecimento dos sinais, toques e palavras para reconhecimento dos camaradas (membros) da Ordem, bem como de sua estrutura organizacional e hierarquia. Conforme os registros das atas, a adoção de um pseudônimo ou nome histórico, era uma prática adotada entre os membros dessa sociedade. "Embora distinto da Maçonaria, o Apostolado parodiou-lhe o arcabouço, a liturgia, o juramento, o fraseado, os graus e os toques e sinais", destaca Carlos Rizzini, no artigo Dos Clubes às Lojas Maçônicas, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Dentre os sinais de identificações, os camaradas assinavam suas iniciais e/ou pseudônimos precedidos de pontos em forma de quincôncio² e traziam por distintivo um laço amarelo, conforme descreve Alexandre Mansur Barata em sua tese: Maçonaria: Sociabilidade Ilustrada e Independência.
Organização
O sistema de Graus, hierarquia que os membros possuíam, consistia basicamente em: 1o – Recruta; 2o – Escudeiro e 3o – Cavaleiro. A estrutura organizacional era dividida em: Apostolado: poder central, composto pelos membros mais importantes, em número de doze, que tinham por função dirigir as ações da Ordem e legislar sobre o funcionamento das palestras, Palestra: Similar a uma Loja Maçônica e Decúria³ : menor unidade dentro da sociedade.
Já os cargos administrativos se dividiam em: Arconte-Rei⁴ : Líder máximo, ocupado por Dom Pedro I, com o pseudônimo de Rômulo; Cônsul / Lugar Tenente, ocupado por José Bonifácio, sob o pseudônimo de Tibiriçá. Na Palestra a administração era formada por um Caudel (presidente), um Inspetor, um Secretário, um Síndico e um Tesoureiro. Barata destaca também que:
Em fevereiro de 1823 a Palestra existente se dividiu em três: 1a – Independência ou Morte, que se reunia entre os dias 01 e 10 de cada mês; 2a – União e Tranquilidade (homônima a uma Loja fluminense do Grande Oriente do Brasil), entre os dias 11 e 20 de cada mês; 3a – Firmeza e Lealdade, entre os dias 21 e 30 de cada mês.
Para efetiva realização de seus ideais, bem como defender e ajudar a propagar as ideias dessa sociedade, estabeleceu-se a obrigação pecuniária de 640 réis mensais para cada membro, o que representa um valor em torno de R$78,72⁵, atualizado em 2020.
Ordens, ações e estudos do Apostolado
Destaca-se entre algumas ordens expedidas pelos Apostolados, a de janeiro de 1823, direcionada às Palestras, que exigiam dos seus camaradas que examinassem escrupulosamente a possibilidade de que indivíduos estivessem se reunindo em sociedades que se julgam