O Mundo, Perdido o Prumo ou Particular Mausoléu Em Dias De Chuva E Ventania!
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Um livro que transita em diferentes formatos de escrita, acolhendo poemas e composições, para repercutir histórias presentes em nosso cotidiano. Versos de protesto e de leitura da sociedade são convites para você refletir com a obra do escritor Macário Ohana Vangélis.
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Book preview
O Mundo, Perdido o Prumo ou Particular Mausoléu Em Dias De Chuva E Ventania! - Macário Ohana Vangélis
Sete poemas esparsos
Favelas dos meus amores
e de todas as cores
Sobe o morro, Macumba
Contente dum dia de batente!
No caminho, mentalmente
Um blues compõe
Pro seu ruivo amor
Socorro!
Linda e ruiva
Socorro!
Numa esquina
Desponta
Sob nuvens lilás
Chumbo e ouro
Murmurando:
Macumba! Macumba!
Vermelho belo
Pôr do sol!
Da auriverde
Janela
Dum barraco
Um nostálgico sax
Chora
Sua melancolia!
19/10/2016
Racismo institucional ou
o câncer nosso de cada dia
Tá no jornal todo dia... Tá explícito nas passarelas...
Tá estampado no OUTDOOR! Tá na buzina dos carros...
Tá embutido nas novelas!
Tá no grito das igrejas!
Tá nos olhos do indigente!
Tá na escola! Tá na creche!
Tá na força da grana...
Tá nos planos políticos...
Tá no Êxodo eterno...
Tá deitado em seu leito...
Tá dentro de sua casa...
Tá dentro de você!
Tá te observando no espelho...
Tá no engodo da chama...
Do que orgulhosamente
Mentem e chamam: Revolução!
Porém, você finge não ver.
Não se intromete.
Não se compromete.
Não quer nem saber.
3/11/2016
Anti as velhas missões e os novos missionários
Com que direito viestes invadir minha calçada, minha morada?
Com que direito pisais com brutos pés de lama e concreto
Minhas crenças, minhas divindades, minhas raízes?
Não. Não temo nem aceito em minha Aldeia
As imposições dos vossos Senhores dos Exércitos, vossos Sanguinários Tiranos, vossas Graças e Aleluias, vossos hipócritas Embaixadores da Paz.
Meu deus é O TEMPO e minha mãe, A NATUREZA.
Não creio em divisões da Magia...
Negra? Branca? Quem inventou tais aberrações?
Tudo é magia. Pura magia, tudo no mundo. Sábia e mágica A Natureza.
Ocultos, os seus Mistérios.
Com que direito viestes inocular em nós vossas vergonhosas culpas, vossas expiações
Vossas repugnantes heranças?
Vosso triste e ultrajado deus morto chora ainda a memória de seu mísero Filho
Inutilmente supliciado.
Com que direito fazes uso da divina língua da Serpente
Para, camaleonicamente arvorando-vos, de deus, filhos diletos,
À força de Ferro e Fogo, ocultando habilmente vossas faces hediondas
Numa coletiva hipnose propagais avalanches de doentias ideias de Hegemonias, louvando
Hinos de intolerâncias, preconceitos, racismos, eugenias?
Com que direito forçais a toda prova impor-nos a glorificação e o temor de vossos
Senhores das carnificinas e das guerras, vossos velhos Tratados de Rendições, Redenções
e de Paz nunca dantes respeitados, sequer honrados?
Não, senhores. Recusemos a submetermo-nos ao vosso Fogo Amigo, e ao vosso Fino Trato.
Podeis furtar nossas terras, nossas crenças, nossos trabalhos, nossos orgulho até.
Podeis cobrir com o brilho sujo do vosso ouro o claro massacre de nossas olvidadas etnias
e nossos ancestrais…
Podeis invadir, olhar, colonizar escravizar, porém jamais podereis apagar nossa história,
Jamais comprareis nossas almas.
Enterrai nossos corações na curva de um rio tal qual fizestes e fazeis ainda com
As nobres raças primeiras dos Estados Sumidos da América.
6/12/2016
Um antigo menino dentro da noite veloz
O último grande poeta apaga a luz do abajur
Olha em torno… Sorri.
Cerra as cortinas dos olhos. Fecha as janelas da alma
E adormece...
Dentro da noite veloz, o antigo menino,
pedalando febril sua velha bicicleta,
corre alegremente pros seios da Grande Mãe!
A infância novamente estende os braços
Sorri