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Flores de Inverno
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Flores de Inverno

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É sobre a beleza resiliente, sobre a intensa resistência que conforma a vida, que Filipa Amaral escreve em "Flores de Inverno". Nasce entre as suas poesias um manifesto contra a desumanização provocada pela exaustão e a ignorância e, simultaneamente, um apelo ao que de belo permanece entre nós. Ante o questionamento e reflexão exigidos por cada um dos seus textos, a poeta apresenta-nos a busca pelo que é estável e perene num mundo dominado pela efemeridade e azáfama. Em 76 poemas livres, Filipa Amaral fala-nos "dos sorrisos francos, mãos generosas, esperanças grandes" numa exploração da sua maneira de ver, sentir e dizer. Presta homenagem aos "homens francos" que "dançam ao sol e ouvem música nos ares que cada vez mais poucos escutam". E evoca a coragem de permanecer, em nós, as flores resilientes que enfrentam e superam o mais inóspito inverno.
LanguagePortuguês
Release dateJul 14, 2021
ISBN9789899069022
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    Flores de Inverno - Filipa Amaral

    I

    Desde sempre a pergunta por fazer, o alçar do véu, iluminar a alma com verdade, suportando corajosamente a consequência

    — desde agora —

    Desde sempre o abraço ao raio de luz, o calor da certeza, a transparência invés da máscara baça, da dissimulação profícua

    Desde sempre o ímpeto da audácia, recuando perante brejos sujos tantas vezes fingidos de lagos celestiais, onde só o faro que o tempo apura, desvenda o fundo putrefacto

    — desde agora —

    Desde sempre a inocência, o fervor da espontaneidade, o voo e sabor de ar respirável longe de vermes e coisas mortas

    Desde sempre o sorriso crescente, o olhar generoso, os sabores das estações em ciclo harmónico

    Desde sempre a discreta lágrima rolada na carnação suave, tão oposta aos ásperos desprazimentos e desenganos

    — desde agora —

    II

    Parece-me que o mundo cada vez mais venera o gesto e a palavra em gatilho-anzol de interesse, esquece logo o que não convém, num trôpego atropelar de vaidades.

    E são já tantos os tronos similares em insolência e altivez que enfada de verdade o olhar claro, sequioso de vistas únicas.

    III

    Que faço aqui?

    Ainda não descobri.

    Tanto para ser, sentir, saber.

    As minhas âncoras são balões.

    O que me prende e me faz perder

    É

    O que também me faz sonhar e entender

    Que assim sou:

    Livre, dentro de um labirinto.

    IV

    Quando andamos à procura de respostas, lá vem a vida e muda-nos as perguntas.

    O

    [in]constante

    [im]previsto

    [im]previsível.

    V

    Pedra dura versus efémera flor

    A pedra ganha e esmaga sempre mas não sabe que a flor ganhou primeiro.

    A flor abriu-se ao sol, dançou na brisa,

    Perfumou e doou anónima cor ao mundo,

    Enfeitou cabelos, deleitou sorrisos, poetizou amores, trouxe Primaveras.

    VI

    O Homem-Carvoeiro, o comboio a vapor: foram cerca de 480 meses, 14.600 dias, 116.800 horas de suor e fagulhas, de ardor constante e fuligem negra, de cansaços e dores silenciadas, de uma vida dedicada a enterrar pás na massa negra incandescente alimentícia para que os

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