Suicídio & a brevidade da vida
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Assim, atentar contra a própria vida, se constitui um fracasso existencial! É confessar que fomos superados por ela, ou que não a entendemos como sendo uma passagem rápida, mergulhados na sua dinâmica cheia de polaridades com experiências agradáveis e desagradáveis, até quando o Criador em sua soberania, fechar as cortinas do teatro das nossas vidas terrenas, pois os nossos dias foram por Ele mesmo contados, e então, chegará o momento em que será o nosso último dia!...
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Suicídio & a brevidade da vida - Dorca Guimarães Soares
Dorca Guimarães Soares
Tudo passa rapidamente e nós voamos
Por que então, abreviar os nossos poucos dias na imensa e fantástica história dos homens?
Goiânia-Go
Kelps, 2021
Copyright © 2021 by Dorca Guimarães Soares
Editora Kelps
Rua 19 nº 100 — St. Marechal Rondon- CEP 74.560-460 — Goiânia — GO
Fone: (62) 3211-1616 - Fax: (62) 3211-1075
E-mail: kelps@kelps.com.br / homepage: www.kelps.com.br
Diagramação: Marcos Digues
mcdigues@hotmail.com
CIP - Brasil - Catalogação na Fonte
DARTONY DIOCEN T. SANTOS - CRB-1 (1ª Região) 3294
S676 | SOARES, Dorca Guimarães
Suicídio & a brevidade da vida. - Dorca Guimarães Soares. - Goiânia / Kelps, 2021.
Ebook (epub)
ISBN:978-65-5859-244-0
1. Suicídio. 2. Jurídica-Teológica. 3. Concepção - Psicanalítica. 4. Psiquiatria. I. Título.
CDU: 616.89
DIREITOS RESERVADOS
É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a autorização prévia e por escrito dos autores. A violação dos Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
2021
Celebração da vida
(Fazendo minhas as palavras de Augusto Cury)
"A vida é um espetáculo de raríssima beleza. Contudo, só aprecia quem é capaz de escrever os principais capítulos da sua vida nos momentos mais difíceis da sua história. Tenha coragem de romper com as algemas do medo e caminhar pelo labirinto. Percorra territórios nunca antes explorados. Se as oportunidades não surgirem, cria-as. Faça da sua vida uma poesia e uma grande aventura...
[No] 0 espetáculo da vida
Que você seja um grande empreendedor.
Quando empreender, não tenha medo de falhar.
Quando falhar, não tenha receio de chorar.
Quando chorar, repense a sua vida, mas não recue.
Dê sempre uma nova chance pra si mesmo.
Encontre um oásis em seu deserto.
Os perdedores veem os raios.
Os vencedores veem a chuva e a oportunidade de cultivar.
Os perdedores paralisam-se diante das perdas e dos fracassos.
Os vencedores começam tudo de novo.
Saiba que o maior carrasco do ser humano é ele mesmo.
Não seja escravo dos seus pensamentos negativos.
Liberte-se da pior prisão do mundo:
o cárcere da emoção.
O destino raramente não é inevitável, mas sim uma escolha.
Escolha ser um ser humano consciente,
livre e inteligente.
Sua vida é mais importante que todo o ouro do mundo.
Mais bela que as estrelas: obra-prima do Autor da vida.
Apesar dos seus defeitos, você não é um número na multidão.
Ninguém é igual a você no palco da vida.
Você é um ser humano insubstituível.
["Nunca desista de você...
Seja profundamente apaixonado
pela sua existência"]
Pois a vida é um espetáculo imperdível!
Dedicatória
À todas as pessoas que foram ou estão sendo vítimas de ideações de autoextermínio, independentemente de suas origens ou motivações, no desejo de que este conteúdo seja como bálsamo refrescante para suas memórias, emoções e almas.
À todas as famílias que passaram, passam e infelizmente hão de passar pela dor quase que insuportável da perda de um ente querido pelo trágico ato suicida.
Aos meus familiares e amigos que se foram, vítimas dessa dor profunda, cujas vidas amei, e agora, mais do que nunca, posso afirmar sem julgamento, mas com grande empatia, que os guardo em meu coração, grata pelo que juntos compartilhamos da vida.
A você querido leitor, que se dispuser a se apropriar deste escrito, como sendo benéfico para sua existência.
Agradecimentos
À Deus, por ter me fortalecido emocionalmente para lidar de forma exaustiva com este tema tão pesado, desgastante, entremeado de angústia, por não se tratar apenas de uma exposição teórica, mas também pela experiência vivencial.
Ao meu esposo, pelo tempo passado no meu quarto de estudo até altas horas da madrugada, privando-o da minha doce
companhia, além de sua disponibilidade pelas constantes trocas de ideias e audições, à medida que escrevia.
À todas as pessoas que me instrumentalizaram através de suas publicações, a desenvolver este conteúdo que julgo consistente, considerando o profissionalismo e compromisso com a vida, por parte de cada um, seja em vida, seja em memoria.
Aos meus amigos colaboradores, que de forma competente e carinhosa se disponibilizaram a dedicar parte do tempo de suas atividades, para enriquecer esta obra:
• Renato Sousa Felipe: pastor evangélico - projeto gráfico artístico da capa;
• Erisval Moura: advogado e professor: revisor do texto;
• Hermon Santos Branquinho: médico clínico geral e especialista em psiquiatria;
• Cristina Maria Gusmão de Moura: assistente social e especialista em saúde mental;
• Elísia Batista Gomes: enfermeira e especialista em saúde mental;
• Jesseir Coelho de Alcântara: juiz de direito
• João Batista Cavalcante: pastor evangélico
Hermon Santos Branquinho*
Por mais que a sociedade contemporânea tenha uma abertura maior em relação à psiquiatria, e demonstre menor preconceito frente às doenças mentais, existem sim, temas no seu universo que ainda são extremamente sensíveis para a população, de maneira que o diálogo sobre eles ainda é muito tímido e sutil, apesar da urgência em debatê-los. Dentre vários que poderiam ser enumerados, o suicídio é, com certeza, o maior deles.
É preciso muita coragem para falar sobre suicídio. É um tema complexo, cuja raiz remonta às mais profundas camadas da vivência humana. Por isso, falar sobre ele demanda primeiramente, uma jornada de auto abertura daquele que procura abordá-lo. Para discorrer sobre tudo que o envolve, se faz necessário despir-se de preconceitos, quebrar falácias que construímos em nossa mentalidade sobre a vida e a morte, confrontar os próprios sentimentos, experimentar empatia ao avaliar o sofrimento alheio e procurar suspender todos os julgamentos e teorias prontas sobre a resposta ideal para o sofrimento íntimo.
Dorca Guimarães, experiente psicóloga e gabaritada profissional no atendimento psicoterápico, fez toda essa jornada com distinta responsabilidade ao escrever esta obra, e nos convida a caminhar em seus passos ao longo de cada página. Ao retomar o histórico de como o fenômeno suicida foi entendido em diferentes períodos de nossa civilização, a autora consegue desmistificar duas falácias recorrentes sobre o tema, que desejo comentar a fim de instigar seu desejo por esta leitura.
A primeira se trata daquilo que eu gostaria de chamar de "a teoria da simplicidade". É recorrente pensamentos ou comentários sobre o suicídio, tentando aplicar ao mesmo, um único significado. Se matou por falta de Deus
, Suicidou-se porque perdeu o emprego e estava endividado
, só comete suicídio quem tem depressão ou tem grandes problemas na mente
, entre outros. Tais comentários são comuns ao se referir à situação de autoextermínio, que estão presentes até mesmo no meio de profissionais de saúde, e traduzem exatamente a falácia de uma teoria de simplicidade sobre o suicídio.
A jornada histórica que Dorca nos proporciona leva-nos à compreensão de que o suicídio é tão complexo, que em diferentes tempos da história, autores distintos o compreenderam de formas também diferentes, demonstrando assim, a impossibilidade de se teorizar o fim da vida em apenas um campo do conhecimento, bem como é improvável ter apenas uma resposta para tal questionamento. Essa complexidade do tema levou cada autor em sua devida época e área de estudo, a compreender o suicido sobre um campo de conhecimento, que no escrito desta autora, podemos comparar cada teoria e aprender o que de mais verdadeiro cada uma nos ensina.
A citação sobre a visão espiritual de Agostinho de Hipona me remete imediatamente à sua obra Confissões
(de longe o melhor livro que já li até hoje em minha vida), e sua célebre frase: "tarde vos amei, oh, beleza tão velha e tão nova". Tal frase abre a sua obra no primeiro capítulo do livro 1 (um), uma obra que na verdade consiste de 11 livros, e Agostinho inicia a primeira linha do primeiro livro já introduzindo aquilo que iremos compreender no livro 10, quando ele completava seus 35 anos de idade, momento em que confessou sua fé cristã e decidiu por ela viver. Como alguém que viveu de forma dissoluta desde seus 16 anos, e colecionou inúmeros erros ao longo de sua juventude, encontrando seu caminho apenas aos 35 anos, Agostinho era alguém que confiava que por mais perdido espiritualmente que um homem pudesse se encontrar, mais cedo ou mais tarde, Deus apareceria ao perdido trazendo-lhe redenção e vida nova.
Durkheim, em 1897, escreveu O Suicídio
, obra aqui relembrada por Cristina Maria Gusmão através de seu escrito, ressaltando a análise do autor para a compreensão do fenômeno suicida. Ele entendeu o suicídio pela ótica social, sua área de conhecimento, compreendendo a influência da coletividade e relações sociais no processo de autoextermínio. Durkheim foi contemporâneo de eventos marcantes do final do século XIX na Europa, que claramente influenciaram sua vida e obra.
Fatos interessantes podem ser relembrados sobre tal específico período histórico e que muito bem se encaixam no teorema de Durkheim; por exemplo, temos dois, bem significativos, que aqui valem ser citados. Em 1894, Durkheim foi contemporâneo do famoso Caso Dreyfus
, inclusive citado em sua biografia. Esse caso se deu diante da acusação e condenação do capitão francês de descendência judaica-alsaciana, Alfred Dreyfus, o qual foi julgado por espionagem e traição ao entregar documentos confidenciais franceses ao exército alemão, em um período em que a disputa entre Alemanha e França pelo território da Alsácia-Lorena se mostrava cada vez mais acirrado. Se analisarmos a história de Dreyfus e o conceito sociológico do suicídio estabelecido por Durkheim, vemos nesse personagem a figura do suicida altruísta que se mata por crenças relativas à uma coletividade.
Outro evento importante, nesse caso ocorrido exatamente em 1897, ano de publicação da obra de Durkheim, foi o caso do incêndio do Bazar de la Charité em Paris, onde centenas de mulheres foram mortas durante um incêndio em um bazar cuja finalidade era ajudar aos menos favorecidos. Dentre vítimas famosas, como a duquesa D’Alençon, mas na sua maioria as vítimas eram desconhecidas, o que nos remete imediatamente aos suicidas altruístas de Durkheim.
Mais ainda, Durkheim baseou sua visão sociológica com base nos seus estudos sobre a taxa de suicídio no meio de protestantes e católicos. Como alguém de origem judia, Durkheim teceu sua crítica à religião cristã, dizendo que a visão cristã tradicional acabou por ser sucumbida pela modernidade, pelos avanços científicos, pela racionalidade de Kant, pelo modo capitalista e a industrialização que trouxeram ao homem uma visão mais individualista de sua existência e de seu papel na sociedade. Assim como a religião entrava em colapso de uma nova realidade, o homem também se suicidaria em meio ao absurdo dessa nova concepção de vida, no qual ele não mais consegue se encaixar.
Com esses dois exemplos, encerro a discussão sobre a primeira falácia. Muito ainda poderia ser dito sobre Frankl, Camus e tantos outros citados brilhantemente neste livro. Mas repassemos agora à segunda falácia, algo que chamo pelo nome de o teorema do pecado e a falta de Deus
Esse teorema
já foi antecipado pela frase Se matou por falta de Deus
. Um pensamento que infelizmente continua como algo cultural em nossa sociedade e em nossa vida religiosa. Apesar do fato da crença de condenação ao inferno para o suicida,