Embaixo D'água
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Embaixo D'água - Perie Wolford
EMBAIXO D’ÁGUA
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Este é um trabalho de ficção. Todos os personagens, nomes, lugares e eventos representados neste livro são produtos da imaginação do autor, ou então utilizados de maneira fictícia. Qualquer relação com pessoas reais, vivas ou mortas, estabelecimentos comerciais, eventos ou locais é inteiramente coincidente.
Índice
Capítulo 1................................................................5
1......................................................................5
3......................................................................12
6......................................................................22
Capítulo 2.......................................................................24
1......................................................................24
2......................................................................26
3......................................................................28
Capítulo 3
Capítulo 4.......................................................................44
1......................................................................44
2......................................................................45
3......................................................................46
4......................................................................48
Capítulo 5.......................................................................49
1......................................................................49
2.....................................................................50
3......................................................................52
4......................................................................53
5......................................................................55
6......................................................................56
7......................................................................56
8.....................................................................60
9......................................................................62
Capítulo 6.......................................................................66
1......................................................................66
2......................................................................66
3......................................................................67
4......................................................................68
5.....................................................................70
6.....................................................................71
7......................................................................76
Capítulo 7.......................................................................78
1......................................................................78
2......................................................................79
3......................................................................83
4......................................................................84
5......................................................................85
6......................................................................86
7......................................................................88
8......................................................................89
9.....................................................................90
10....................................................................90
11....................................................................91
12.....................................................................93
1
Eles finalmente estavam voltando para casa.
O primeiro ano da faculdade pareceu interminável, porém agora eles estavam livres para curtir o verão, voltando para casa; graças ao bom Deus. A superfície azul lustrosa do conversível de Cooper, excessivamente luxuoso, brilhava sob o sol, conforme o carro era guiado pelas estradas costeiras da Califórnia, com Cooper disparando pelo caminho.
Ele estava muito rápido, quase como uma bala descontrolada. Bradley não estava gostando. Mas ele deixou acontecer pois também estava ansioso para chegar em casa. Quanto mais rápido, melhor. Ele apenas gostaria de chegar lá inteiro. Vendo o desconforto de Bradley, Cooper diminuiu um pouco a velocidade, tentando fingir ser um motorista um pouco responsável. O que era uma tarefa árdua para ele, já que ele nunca havia sido um motorista responsável e nem tinha intenções de se tornar um.
O sol era quente a essa hora do dia, queimando as superfícies expostas. Mas o cheiro de maresia era refrescante, especialmente depois de semanas confinados dentro do campus universitário.
Bradley cresceu próximo ao oceano e não conseguia passar muito tempo longe. Qualquer período maior que duas semanas o deixava, geralmente, quase deprimido de saudades. A única exceção foi a viagem para a Flórida, quando Bradley era criança, pois a prima de seu pai faleceu inesperadamente. Isso foi na costa Leste, um pouco diferente da costa Oeste, onde Bradley havia nascido. Entretanto, era a mesma paisagem litorânea por todo o lado. Bradley se sentia mais em casa na Flórida do que no Novo México ou em Oklahoma.
E era pelo mesmo motivo que ir para a faculdade representava um fardo para ele. Ele nunca gostou de viajar, porém as vezes era necessário. Entretanto, ele não odiava Nova York, a Grande Maçã proverbial. Porém ele também não a amava. Era apenas ok.
Bom, ele odiaria a cidade com certeza, se não fosse por Tag, que ele costumava chamar pelo sobrenome, Cooper. Tag sempre lembrava a Bradley de casa, com sua pele perpetuamente bronzeada e seu visual de surfista loiro típico. Se não fosse pela presença de Tag, Bradley provavelmente não teria durado o ano todo. Se não fosse por Tag, ele teria desistido completamente da ideia de fazer uma graduação. De certa forma, ele nem precisava de uma, ou, pelo menos, ele pensava que sobreviveria sem. De qualquer forma, ele pensou em voltar para sua cidade natal depois da faculdade. E não tinha muita produção de filmes por lá.
Tag tinha dezenove anos, assim como Bradley. Eles eram amigos há muitos anos, desde o fundamental dois, ou talvez até antes disso. Tag era uma mistura improvável de nerd e atleta rico, com uma pitada de surfista. Tudo dando em uma combinação esquisita. Mas, que nele, dava certo.
Ele nunca havia jogado futebol americano em sua vida, porém ele tinha um físico naturalmente bem desenvolvido. Quando era mais novo, ele havia feito alguns esportes aquáticos, incluindo surfe, porém nunca o suficiente para serem responsáveis por sua aparência. Ele gostava muito de vestir camisetas de ficção científica; camisetas que serviam perfeitamente em seu lindo corpo definido e, ainda assim, exalavam nerdice – as estampas de Star Trek e Star Wars e etc. Bradley adorava essas camisetas.
Claro que Tag sabia que Bradley era gay. Bradley contou pessoalmente para ele em sua festa de quinze anos. Ele foi a primeira pessoa com quem Bradley se abriu. E Cooper o apoiava nisso. Afinal de contas, eles eram melhores amigos para sempre. Cooper não conseguia ficar dois dias sem Bradley, ele nem se imaginava alienando seu amigo apenas por sua orientação sexual nada ortodoxa para uma cidade pequena. Até onde Tag sabia, assim era melhor ainda. Dessa maneira, Tag tinha a chance de provocar Bradley de maneira implacável sempre que podia. Com bom humor, claro. Cooper era do tipo brincalhão, sempre com uma piada ou pegadinha pronta. Seu senso de humor era barulhento, mas efetivo. Funcionava no Bradley, pelo menos, mesmo que as piadas fossem as suas custas.
Tag sabia que Bradley gostava de seu corpo, olhando para ele e tal. Ele já havia percebido Bradley espiando várias vezes. Especialmente nos momentos em que ele estava sem camisa, mostrando os músculos. Ou quando ele não vestia nada além de uma toalha, exibindo seu grande volume. Ele tirava vantagens com seu corpo constantemente. Era difícil que Bradley dissesse não a ele, quando ele mostrava um pouco de pele. Não funcionava sempre, mas ele tinha sucesso em 80% dos casos. Isso também dava a Cooper uma compreensão melhor de como garotas adolescentes usavam seus corpos para conseguir o que queriam. Não que ele tenha aprendido muito a partir disso, enquanto babava por uma menina qualquer, atendendo a todos os seus pedidos. Mas, pelo menos, ele sabe que funcionaria se os papéis se invertessem. Cooper também gostava de carinho. Ele não tinha problemas em abraçar Bradley, pular nele como um cachorrinho, acariciar seu cabelo, tocar suas mãos ou usar sua perna de travesseiro, quando os dois assistiam a um filme, que geralmente era de ficção científica. Ele apreciava essas coisas. Dava a ele uma sensação de pertencimento.
Entre os dois, Cooper era o cara enérgico, que pensava sobre as consequências depois e Bradley era o esperto. Esperteza era algo da família de Bradley, aparentemente, já que seus avós eram donos de uma livraria na cidade natal de Bradley, uma cidadezinha litorânea, a 55 quilômetros ao noroeste de Santo Antônio. E ele havia sido criado pelos seus avós. Os pais de Bradley morreram quando ele tinha dois anos, em um acidente de carro infeliz, que matou os dois e que, durante anos, foi um assunto proibido em sua família, seus avós sendo a família. Ele nem se lembra muito de seus pais verdadeiros. Os dois eram cientistas. Do tipo de cientista que gosta de aplicar o conhecimento na prática, de realizar a pesquisa em campo, em vez de num laboratório controlado. Eles geralmente estavam viajando. Era difícil dizer se ele sentia saudades deles. Ele gostava de pensar que não. Porém, as vezes ele precisava admitir que sentia.
Independentemente, seus avós cuidaram bem dele e o deram o gosto pela leitura desde pequeno. É por isso que, ao contrário de Cooper, Bradley apreciava ler um livro ou dois. Cooper gostava mais de videogames, explodindo a cabeça de zumbis e escavando em busca de artefatos alienígenas em planetas não existentes. Porém eles compartilhavam uma paixão por filmes e, consequentemente, fotografia, o que levou a uma escolha de carreira por parte de ambos.
Enquanto estavam na estrada, Cooper ficou tocando aqueles remixes horríveis em 8-bit, sua obsessão insuportável mais recente. Ele olhou para a vista inacreditável do oceano em seu retrovisor, a luz solar espalhada por sua superfície. Ele amava aquela vista, muito mais do que ele gostava das vistas de Nova York, com seus edifícios ridiculamente altos. Edifícios oprimindo uma pessoa com concreto e vidro, multidões onipresentes de pessoas e absolutamente nenhum ar, não quando comparado à costa. Porém, mais do que qualquer coisa no mundo, ele amava aquela cidadezinha litorânea que surgia à frente. Era lá que ele havia nascido, perto do oceano, e ele tinha orgulho de suas raízes. Ele sentia pertencer aqui mais do que em qualquer outro lugar do mundo. E, por ter pais ricos, ele certamente havia viajado para todos os lugares. Porém, aqui era lugar que ele mais amava.
Cooper estava animado pela quantidade de tempo que ele e Bradley iriam ter aqui, durante o verão. Primeiramente, ele sentira muita falta de seu barco. Na verdade, seu barco estava mais para um iate luxuoso de duzentos mil dólares. Mas ele gostava de chamá-lo apenas de ‘barco’. Ele gostava do dinheiro de seu pai, é claro, mas ele não costumava se vangloriar da riqueza de sua família, ou de esfregar isso na cara dos outros (a não ser que alguém o provocasse). Além disso, não era do barco que ele sentia falta; era da sensação de flutuar, de estar em mar aberto; o ar, o sol e, principalmente, a privacidade.
Havia tanta gente em Nova York. Era ridículo em alguns momentos, e ele não estava acostumado. Ele sentia falta de lugares em que a população fosse menor do que mil pessoas por quilômetro quadrado. Lá no mar, as vezes havia apenas uma pessoa (ou menos) por quilômetro quadrado e Cooper amava isso.
Ele abaixou o volume de seu toca CD e cutucou Bradley gentilmente.
Ei, bela adormecida,
ele disse. Bradley abriu seus olhos, sonolento, olhando irritado para Cooper. Ele gostava de dormir na estrada. Estranhamente, esse era o único lugar em que seu sono era profundo; geralmente ele tinha sono leve.
Quase em casa,
disse Cooper animado, encorajando Bradley a acordar. Bradley olhou colina abaixo – apenas três quilômetros a frente estava uma cidade costeira, situada no meio de uma pequena baía reclusa – a faixa arenosa de praia se mesclando ao terreno pedregoso e arborizado. Bradley estava ansioso por passar suas férias de verão em casa, mais do que qualquer coisa.
Quer comer um hambúrguer?
Sugeriu Cooper, com seu estômago roncando. Eles estavam na estrada há horas.
Bradley bocejou e esfregou os olhos. Você vai pagar.
Cooper sorriu.
E não é porque você é rico. E sim porque eu paguei da última vez,
esclareceu Bradley.
Certo,
disse Cooper, ainda sorrindo. Era como se os dois tivessem somente uma carteira. Eles sempre compartilhavam qualquer dinheiro que tivessem e nunca houve uma cobrança de se devolver ou calcular a dívida nem nada disso. Eles só confiavam um no outro completamente. Cooper diminuiu a velocidade, parando em um restaurante de beira de estrada que eles frequentavam quando eram mais novos. Antigamente, eles costumavam atravessar a cidade apenas para comer hambúrgueres.
2
Por estar no topo da colina, o pequeno restaurante, com sua parede feitas de janelas, com vidros alaranjados, tinha uma vista direta do oceano. Os donos do local obviamente queriam capitalizar em cima de sua vista o máximo possível, especialmente com o fluxo constante de turistas interessados. O fato nunca havia passado pela cabeça de Bradley. Você não pensa muito sobre investimentos e retornos quando tem onze anos. Porém agora, aos dezenove, sabendo bem que a livraria de sua família tem estado no prejuízo pelos últimos anos, ele se sentiu ressentido pelo jeito habilidoso com que utilizavam essa propriedade ao máximo.
Alguns clientes costumeiros comiam um almoço tardio, mastigando seus hambúrgueres com os olhos grudados nas reprises passando na TV. Bradley imaginou que aquele não era o horário de pico. Ele estava terminando seu próprio hambúrguer. Cooper havia terminado o seu dez minutos atrás; o garoto engolia a sua comida quase sem mastigar, esquecendo completamente suas maneiras. E agora ele brincava com a câmera digital novinha em folha de Bradley.
Bradley economizara por quase um ano para ela. Ele podia ter pedido a ajuda de Cooper, claro, já que dinheiro quase nunca era um problema para ele, não algo tão insignificante quanto quatro mil dólares. Porém Bradley não quis. Ele quis merecê-la, mesmo que levasse um ano, o que ocorreu. Independente de tudo, valia a pena. A câmera era maravilhosa e ele a amava mais ainda, sabendo quão duro ele deu para obtê-la. Ele sentia que ele merecia de verdade aquilo. E era um sentimento maravilhoso. Ele se sentia orgulhoso.
Cooper também amava a nova câmera, principalmente por suas qualidades técnicas e nem um pouco pelo esforço de Bradley. Cooper planejava utilizá-la bem. Havia um projeto de verão a ser filmado, e eles haviam se inscrito juntos. Cooper já tinha uma ideia específica para aquilo. Ele focou a câmera em Bradley, começando a gravar e ajustando configurações de profundidade (aquelas que te dão o fundo borrado de filmes).
Ei, Bradley, diga oi,
disse ele, animado, focando a