Levianna
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Assim transborda a poesia e a prosa de Anna Creatsoula. Um misto de excessos de sentimentos, excessos de erotismos, excessos de tudo. De vazios, de esperanças, de vícios e virtudes. De camas ardentes ou frívolas. Camas pecaminosas ou virtuosas. Tudo transborda na vida da poeta e na sua genuína compaixão de acreditar nos encontros derradeiros, no verdadeiro amor, em essências plenas, em seres humanos e em deuses míticos.
É o resgate inconsciente, mas consistente de uma Anna um tanto Levianna à procura de si, dos homens que a amaram, dos homens que partiram, e dos homens que ela abandonou sem dó nem pena.
Levianna, com dois enes, é a sua duplicidade em querer ser única e várias ao mesmo tempo. Suas contradições, encontros, desencontros, presenças, ausências.
Seus contos também revelam a decepção de sonhos que seriam possíveis, mas lhe foram roubados. Ou da procura pelo passado em que busca uma parte de seus antepassados, e, no último conto onde homenageia sua avó materna, revela a influência que "Yiayiá" exerceu sobre sua vida e personalidade.
Assim ela se apresenta: uma hora expansiva demais; outra, tímida e encabulada. Como uma flor que desabrocha, mas, em dado momento, sente-se tragicamente esmagada.
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Levianna - Anna Creatsoula
Prefácio
Quando Anna Creatsoula convidou-me para escrever o prefácio de seu novo livro, muito me envaideceu de poder contribuir com parcas palavras. Antes de qualquer coisa, temos em comum a questão da herança genética; sua mãe e meu pai eram irmãos. Eu também gosto de me aventurar no campo das letras, mas confesso minha total inabilidade para escrever poesias e poemas. O que torna estas pessoas tão diferentes dos outros escritores?
Inicialmente, são artistas das letras, isso mesmo, deslizam com suas sensibilidades apuradas transformando a emoção em signos linguísticos, jorrando para o papel uma cascata de emoções materializadas em forma de poesias que retratam o âmago da alma humana expressa de forma única e inigualável.
Conseguem captar com toda força do ser os momentos mais íntimos, vindo a utilizarem-se da alquimia poética para retirar e sorver cada palavra que esvoaça do caldeirão deste processo mágico.
Sem dúvida, os poemas são de extrema beleza e refletem a magnitude da alma de minha prima, condensados e impressos no papel vegetal do qual serviram para veicular sua alma bela e pura.
Fica a dica para vocês, leitores: Procurem sorver cada palavra e pensamento e mergulhar de cabeça neste maravilhoso mundo que Anna Creatsoula pode propiciar-nos com sua pena delicada e Levianna...
Nicolas Theodoridis
Desconstrução
Nasce em mim uma nova mulher:
Guerreira, valente,
um tanto danada,
nada convencional.
Nasce e morre sob a mesma fachada
esta mulher arrojada
que ora é massacrada,
ora idolatrada.
Nasce dos escombros a criatura
que eu queria ser,
mas, não sendo, fiz de mim
a minha sombra,
mastigando e lambendo
o duro osso de roer.
Nem queiram saber de onde vim
nem o que fiz na vida.
O que fiz está feito.
Do que não fiz, perdi a chance.
Façam-me um grande favor
de não acharem que me arrependi
das aventuras insanas.
Sou a maior crítica de mim
e a mais intolerante.
Sentada na varanda,
o mundo todo está sob a minha mira.
Atravessei oceanos revoltos para chegar até aqui:
uma parte fragmentada trouxe de lá;
a outra parte desconstruí aqui
ao tentar ser eu mesma.
Não me venham com sermões!
Edifiquei-me numa base não muito sólida
Para poder me adaptar em qualquer terreno movediço.
Dores
Tenho dores que ninguém sente.
E, se sentirem, não entenderão.
Porque é difícil entender a dor
De quem não tem motivos para sofrer.
Se estou dolorida,
Para muitos é como se fosse uma brincadeira
De criança que finge que se machucou.
Se caio, me levanto!
E se não me levantar,
É porque cansei de subir e descer os mesmos degraus
Que não me