Industrialização de leites
()
Sobre este e-book
Relacionado a Industrialização de leites
Ebooks relacionados
Industrialização de bebidas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBoas práticas de fabricação para serviços de alimentação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHigiene e conservação de alimentos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIndustrialização de balas, chocolates e confeitos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasProcesso de fabricação de salgados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIndustrialização de frutas e hortaliças Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRotulagem de alimentos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasChocolateiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlimentos para animais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFood service one: planejamento, projeto e gestão em negócios de alimentação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPanificação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIndustrialização de carnes e derivados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasControle operacional de equipamentos na fabricação de bebidas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFundamentos de panificação e confeitaria Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGestão em Unidades de Alimentação e Nutrição da Teoria à Prática Nota: 4 de 5 estrelas4/5Queijos do Brasil e do mundo para iniciantes e apreciadores Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMicrobiologia aplicada à processos químicos industriais Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGestão de pessoas: Princípios para o desenvolvimento humano Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIndustrialização de Pães, Massas e Biscoitos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTreinamento Para Manipuladores De Alimentos: Manual Prático Ilustrado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIntrodução ao Controle de Custos em UAN Nota: 5 de 5 estrelas5/5Confeitaria Nota: 4 de 5 estrelas4/5Ferramentas da qualidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEstudos, Pesquisa e Extensão em Ciências e Tecnologia de Alimentos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLevedura: guia prático para a fermentação de cerveja Nota: 0 de 5 estrelas0 notasProcessos Industriais: Unidade de Extração Supercrítica Nota: 4 de 5 estrelas4/5Sistemas de freios hidráulicos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSistemas mecânicos de veículos pesados e rodoviários Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Avaliações de Industrialização de leites
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Industrialização de leites - SENAI-SP Editora
1. Ciência do leite
Definição
Composição química
Síntese do leite
Características fundamentais
Produção do leite: do campo à mesa
Contaminantes do leite
Principais doenças dos rebanhos bovinos
Ordenha
Armazenamento e transporte do leite
Entrega do leite nos estabelecimentos
Controle de qualidade do leite cru refrigerado
Beneficiamento do leite
Uso de estabilizante citrato de sódio
Determinações físico-químicas e organolépticas
nos leites processados por UHT
Para entender a utilização do leite, é necessário retroceder milhões de anos, quando surgiram os mamíferos. Eles nasciam menos preparados para a competição pela vida e, portanto, eram mais dependentes de suas mães e de sua comunidade para se alimentar.
Um alto relevo achado na Mesopotâmia mostra a ordenha de vacas e o leite sendo armazenado em recipientes de barro, por volta de 3500 a.C. A vaca era adorada na Babilônia e no Egito (2000 a.C.), e ainda é na Índia, onde é considerada um animal sagrado.
O consumo de leite era símbolo de fertilidade para o povo hebreu. Já para os egípcios e os gregos, esse líquido era considerado mais do que um alimento, pois lhe atribuíam também significado terapêutico.
O leite é um alimento primordial, pois representa a primeira experiência degustativa e a primeira relação com o mundo.
É bem possível que a manteiga ou a gordura tenha se separado durante o transporte do leite e o queijo tenha sido obtido quando da utilização do estômago de animais para o transporte desse líquido.
Definição
O leite é um líquido secretado pelas glândulas mamárias, tanto do ser humano como dos animais mamíferos, cujo fim é servir de alimento ao recém-nascido.
O conceito leite
, sem outra especificação, refere-se ao leite de vaca. Caso se trate de outra procedência, é necessário especificar a espécie, por exemplo: leite de búfala, leite de cabra, leite de baleia, leite humano etc.
O leite tem uma composição complexa: é branco e opaco, e também pode apresentar uma tonalidade ligeiramente amarelada, sobretudo quando as vacas se alimentam no pasto.
É uma suspensão, e não uma solução. Nele, as partículas dispersas são estabilizadas na fase líquida, o que faz do leite uma mistura muito interessante, que pode ser classificada como emulsão (glóbulos de gordura dispersos na fase aquosa) ou suspensão (micelas de caseína, proteínas globulares e partículas lipoproteicas). A fase líquida é uma solução de lactose, proteínas hidrossolúveis, minerais e outros microcomponentes.
Composição química
O leite é considerado um dos alimentos mais completos. Possui muitos nutrientes e é de grande importância para a nutrição humana e animal, porém também é um ótimo meio de cultura para microrganismos deteriorantes e patogênicos, sendo necessário um tratamento térmico para a conservação do produto.
Os maiores constituintes do leite são: água, gordura, proteínas, lactose e minerais. A água é o componente de maior proporção no leite, é o meio em que todos os constituintes (sólidos totais) estão dissolvidos ou em suspensão. Encontram-se também, em pequenas quantidades, as vitaminas, as enzimas e outros compostos nitrogenados. Na Tabela 1 é apresentada a composição média do leite bovino.
Tabela 1 – Composição média do leite de vaca
Fonte: AINSWORTH, 1996.
Gorduras
O leite de vaca possui em torno de 35 gramas de gordura por litro. Ela apresenta uma composição complexa: é formada por triglicerídeos, ácidos graxos livres, fosfolipídios e esteroides.
As gorduras do leite se encontram na forma de glóbulos esféricos e dispersos em emulsão, que são envolvidos por uma membrana (envoltura). O conhecimento da envoltura é importante, pois esta pode influir nos processos industriais. A formação da nata do leite e a produção de manteiga, por exemplo, dependem do estado estrutural da envoltura. Ela pode se alterar com ações mecânicas, como bombeamento do leite, incorporação de ar, refrigeração insuficiente etc., propiciando a saída da gordura que, livre, é atacada por uma enzima (lipase), o que provoca perda da matéria graxa e redução da qualidade dos produtos graxos.
Proteínas
As proteínas do leite são de fácil digestão e contêm aminoácidos essenciais em quantidades e proporções adequadas. O teor de proteína no leite varia de 3,0% a 3,6%. A proteína mais abundante no leite é a caseína – alfa (α), beta (β), capa (κ) e lambda (λ) –, seguida das proteínas do soro (betalactoglobulina, alfalactoalbumina e imunoglobulinas).
A caseína sofre transformações em muitos processos, como na elaboração de manteiga, e representa a fração proteica na massa dos queijos. Ela possui um grupo fosfato que estabelece ligações com o cálcio, proporcionando certa estabilidade. As micelas de caseínas são formadas por: alfacaseína, capacaseína, betacaseína e lambdacaseína. As frações alfa, beta e lambda são de interesse tecnológico, pois determinam a coagulação das proteínas na elaboração de queijo.
As globulinas e as albuminas são proteínas séricas que representam um grupo de compostos que se subdividem segundo a sua capacidade de precipitação com sulfato de amônio. Dentre elas, destaca-se a betalactoglobulina, que em temperaturas superiores a 74°C se desnatura, forma grumos e libera grupos sulfídricos, que são responsáveis pelo sabor de queimado do leite.
Lactose
A lactose é o açúcar em maior quantidade no leite, encontrado em solução no soro. São encontradas também, em pequenas quantidades, a glicose e a galactose. A lactose tem papel fundamental nos processo de acidificação do leite, pois constitui um substrato importante para as bactérias lácticas.
Minerais
Os principais minerais encontrados no leite são cálcio, sódio, potássio e magnésio, além de cobre, zinco, iodo, manganês, molibdênio e cobalto, que se apresentam em pequenas quantidades.
Entre os minerais presentes no leite, destaca-se o cálcio, que é um mineral extremamente importante para o homem, pois está associado à formação de ossos e dentinas e atua como catalisador em determinadas enzimas. Dois copos de leite por dia atendem 60% das necessidades diárias de cálcio para crianças com mais de 1 ano de idade.
Vitaminas
O leite contém vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis. Na primeira categoria estão as vitaminas A, D, E e K; na segunda, estão B1, B2, B6, B12, ácido pantotênico e ácido fólico.
Síntese do leite
A glândula mamária (úbere) é mais ou menos esférica, está localizada na região inguinal, entre os membros posteriores, e divide-se em duas partes, esquerda e direita, por um sulco longitudinal formado de tecido conjuntivo elástico que constitui o ligamento suspensor médio. Existe outra subdivisão dessas duas partes compondo o úbere de quatro compartimentos distintos, cada qual possuindo um teto.
Figura 1 – Anatomia dos ligamentos suspensórios da glândula mamária.
Fonte: EBAH.
O leite é captado do sangue nas células dos glóbulos que revestem os alvéolos e transportado por grossos canais até a cisterna do úbere, onde é armazenado e conduzido para a cisterna do teto.
Figura 2 – Sistema cardiovascular.
Fonte: EBAH.
De cada alvéolo sai um canal finíssimo que se une a outro canal semelhante, originando um canal mais largo. Os alvéolos juntam-se como um cacho de uva, formando o lóbulo. Os canais do lóbulo se unem e desembocam na cisterna do úbere.
Os alvéolos são circundados por vasos sanguíneos e fibras musculares que se contraem, estimulando a liberação do leite para o lúmen alveolar.
Figura 3 – Estrutura física do úbere.
Fonte: EBAH.
A secreção do leite envolve dois processos principais: a síntese (lactogênese) e a excreção (lactopoiese). A gestação promove o desenvolvimento da glândula, preparando-a para a lactogênese, ao passo que o parto desencadeia o processo de secreção.
A lactogênese é o resultado da ação sinérgica ou combinada de diversos hormônios, entre eles a prolactina (hormônio galactógeno), que é produzida pela hipófise. A prolactina é responsável pela secreção do leite e pela manutenção da lactação normal.
O ciclo inicia-se logo após o parto e tem pico do segundo até o terceiro mês, quando a produção diminui significativamente.
São necessários 400 litros de sangue para produzir 1 litro de leite e a quantidade de leite produzida é proporcional ao número de células. Diariamente, o animal é capaz de produzir de 10 litros a 30 litros de leite, sendo a produção estimulada pelo hormônio oxitocina.
Ejeção do leite
O mecanismo de descida ou evacuação do leite produzido é governado por ato reflexo neuro-hormonal. A excitação natural (tátil, visual, acústica) conduz o estímulo à hipófise que, por meio da neuro-hipófise, secreta e coloca na corrente circulatória a oxitocina (cuja produção demora de 19 a 22 segundos). Esta, no úbere, promove a contração das células mioepiteliais, comprimindo as células alveolares e acarretando a expulsão do leite.
Figura 4 – Estrutura das células mioepiteliais.
Fonte: EBAH.
A ação da oxitocina é muito rápida, dura cerca de 10 minutos, daí a necessidade de promover a ordenha rápida e ininterrupta.
Diminuição da produção
Quando o animal está nervoso, agitado ou cansado, a produção do leite é diminuída por