Discover millions of ebooks, audiobooks, and so much more with a free trial

Only $11.99/month after trial. Cancel anytime.

A história de Rute
A história de Rute
A história de Rute
Ebook274 pages5 hours

A história de Rute

Rating: 5 out of 5 stars

5/5

()

Read preview

About this ebook

A perícia de Chisholm ilumina exegética e teologicamente o livro de Rute para os dias de hoje. Ouvindo atentamente o texto ao interagir com o melhor da erudição, o autor mostra o que o texto significou para o antigo Israel e o que isso significa para nós hoje. Além de seus comentários perspicazes sobre o texto bíblico, ele examina uma série de temas, tais como a tipologia cristológica. Chisholm oferece segura e perceptiva orientação para pregadores e professores que desejam preparar uma série de mensagens ou sermões sobre o livro de Rute, mas os cristãos em geral serão edificados por essa leitura, individualmente ou em grupos de estudo.
LanguagePortuguês
Release dateOct 22, 2021
ISBN9786559890118
A história de Rute

Related to A história de Rute

Related ebooks

Christianity For You

View More

Reviews for A história de Rute

Rating: 5 out of 5 stars
5/5

1 rating0 reviews

What did you think?

Tap to rate

Review must be at least 10 words

    Book preview

    A história de Rute - Robert B. Chisholm Jr.

    Capa

    A história de Rute

    Folha de rosto

    A história de Rute, de Robert Chisholm Jr. © 2016 Editora Cultura Cristã. Publicado originalmente nos Estados Unidos com o título A Commentary on Judges and Ruth© 2013 by Robert B. Chisholm Jr. por Kregel Publications, Grand Rapids, Michigan. Traduzido e impresso com permissão. Todos os direitos são reservados.

    C524h

    Chisholm Jr., Robert B.

    A história de Rute / Robert B. Chisholm Jr.; traduzido por Emirson Justino . _ São Paulo: Cultura Cristã, 2016

    176 p.

    Recurso eletrônico (ePub)

    ISBN 978-65-5989-011-8

    Tradução: A commentary on Judges and Ruth

    1. Comentário 2. Exposição I. Título

    CDU 27-254

    A posição doutrinária da Igreja Presbiteriana do Brasil é expressa em seus símbolos de fé, que apresentam o modo Reformado e Presbiteriano de compreender a Escritura. São esses símbolos a Confissão de Fé de Westminster e seus catecismos, o Maior e o Breve. Como Editora oficial de uma denominação confessional, cuidamos para que as obras publicadas espelhem sempre essa posição. Existe a possibilidade, porém, de autores, às vezes, mencionarem ou mesmo defenderem aspectos que refletem a sua própria opinião, sem que o fato de sua publicação por esta Editora represente endosso integral, pela denominação e pela Editora, de todos os pontos de vista apresentados. A posição da denominação sobre pontos específicos porventura em debate poderá ser encontrada nos mencionados símbolos de fé.

    Logotipo ABDRLogotipo Editora cultura cristã

    EDITORA CULTURA CRISTÃ

    Rua Miguel Teles Júnior, 394 – CEP 01540-040 – São Paulo – SP

    Fones 0800-0141963 / (11) 3207-7099

    www.editoraculturacrista.com.br – cep@cep.org.br

    Superintendente: Haveraldo Ferreira Vargas

    Editor: Cláudio Antônio Batista Marra

    Para meus filhos:

    Doug,

    que sempre gostou de evocar histórias de heroísmo;

    Stephanie,

    que sempre soube como cativar seu pai;

    Jenny,

    que, desde que se juntou à história da nossa família,

    alegrou a nossa vida;

    e Chip,

    que, como o Otoniel de antigamente,

    é um genro capaz que valoriza a sua esposa.

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de rosto

    Créditos

    Dedicatória

    Abreviações

    Prefácio

    Introdução

    Rute 1.1-22 - Demonstração de amor sacrificial

    Rute 2.1-23 - Os acontecimentos mudam para melhor

    Rute 3.1-18 - Um pedido de casamento na eira

    Rute 4.1-22 - Tudo está bem quando acaba bem

    Referências bibliográficas

    ABREVIAÇÕES

    PREFÁCIO

    Quando nos movemos do livro de Juízes para o livro de Rute, uma luz mais clara brilha imediatamente contra o sombrio pano de fundo de uma época moralmente corrupta. De fato, o livro de Rute é uma brisa de ar fresco depois de lermos Juízes. Sua história da preocupação de Deus pelas duas viúvas e da dedicação de Rute pela sua sogra e pelo seu primeiro marido é inspiradora e prefigura o amor sacrificial do Salvador. Trata-se provavelmente do livro mais pregável de todo o Antigo Testamento.

    Pregar é importante para mim, de modo que desenvolvi este texto tendo em mente pastores e professores. Uma explicação exata e relevante da Bíblia precisa responder a três perguntas importantes: (1) Qual era o significado do texto no seu antigo contexto israelita? (2) Quais princípios teológicos emergem ou são ilustrados por uma análise temática do texto? (3) Como a mensagem do texto é relevante para a igreja? Neste livro tento responder a essas perguntas por meio de um processo de três passos: (1) começo com uma rigorosa leitura exegético-literária do texto, que traz à tona as ênfases temáticas de cada unidade literária. Esse tipo de análise produz uma ideia exegética para cada unidade que captura de modo sucinto a mensagem da unidade no seu contexto cultural-histórico. (2) No passo dois, ultrapasso os limites do texto que está sendo estudado e desenvolvo uma ideia teológica para cada unidade literária. Essas ideias teológicas expressam os princípios ou verdades permanentes que estão enraizados no texto e que são relevantes para o público atual. (3) No passo três, desenvolvo trajetórias homiléticas a partir da ideia teológica da passagem. Essas trajetórias começam dos panoramas temáticos que refletem a mensagem geral do livro. Seguir as trajetórias possibilita-nos produzir uma ou mais ideias de pregação para cada unidade literária. Se esse processo for feito com habilidade e sensatez, o público poderá ver como o texto antigo produz os princípios e como eles, o público, tanto individual quanto corporativamente, podem e devem se apropriar dos princípios em sua própria experiência e na vida da igreja.

    O livro inclui minha própria tradução de Rute. A tradução é uma versão ligeiramente revisada da que preparei para a NET Bible. Quero agradecer à Bible.org e ao seu diretor executivo, Michael Garret, por permitirem que eu usasse o trabalho que fiz para a NET Bible. No texto, arranjei a tradução num formato que talvez possa parecer estranho aos leitores. No entanto, penso que o arranjo é útil porque reflete a estrutura das frases do texto hebraico original. Distingo os três elementos importantes de uma narrativa: (1) frases principais, (2) frases desconectadas (realçadas em negrito) e (3) citações (ou falas). Todas as frases principais e desconectadas na estrutura da narrativa são classificadas. As frases dentro de citações não são analisadas; as citações são simplesmente identificadas por itálico. Explico o método de classificação em mais detalhes na introdução.

    Em sua maior parte, a análise do texto se baseia no texto hebraico tradicional. Com algumas notáveis exceções, não interajo com as várias versões ou forneço avaliações críticas extensivas do texto. Para esse tipo de abordagem, remeto os leitores a obras mais técnicas, como a WBC Commentary, de Frederic Bush, sobre Rute.

    Escolhi usar um método literário-teológico que é sensível às estratégias e técnicas literárias do autor e que procura identificar a mensagem teológica do texto. Escolhi não usar métodos diacrônicos especulativos que procuram isolar alegadas fontes e reconstruir a suposta evolução do texto. Uma vez que não estamos em posição de traçar a evolução literária do texto com nenhum grau de certeza, preferi me concentrar na forma canônica do livro e entender suas várias partes dentro dessa estrutura literária. Acredito que o livro, quando examinado na sua forma canônica, é uma obra unificada. Esse tipo de abordagem é preferível a métodos diacrônicos porque lida com o texto como o temos e, consequentemente, não é suscetível a nenhum tipo de fantasias especulativas que abundam na história da alta crítica bíblica.

    Ao apresentar minha conclusão interpretativa, dialogo com outros livros que um pastor ou professor possa estar consultando. De fato, na introdução, incluo uma lista das obras mais úteis juntamente com uma breve apreciação. Sabendo que os pastores mais ocupados nem sempre têm fácil acesso a periódicos, também interagi com muitos estudos especializados. No entanto, terminei minha pesquisa, em sua maior parte, em 2010, quando enviei o trabalho para a editora. Portanto, aqueles que estiverem a par das pesquisas sobre Rute observarão que não dialogo com os materiais mais recentes.

    Quero agradecer a várias pessoas pela ajuda e incentivo que me deram. Ao longo dos últimos trinta anos, tenho ensinado sobre o livro de Rute no Dallas Theological Seminary e beneficiei-me grandemente do discernimento de um grande número de alunos. Expresso minha gratidão a David Howart, que organizou o texto. A crítica construtiva, as perguntas incisivas e os discernimentos valiosos de David aumentaram a qualidade do meu trabalho. Também agradeço ao meu amigo Jim Weaver, que trabalhou na Kregel Academic, pelo seu incentivo ao longo dos anos e pelo seu compromisso em tornar este trabalho útil para os pastores. Agradeço também a Dennis Hillman e Paul Hillman, da Kregel Academic, que acreditaram no projeto e o acompanharam até à publicação. Agradecimentos especiais a minha esposa Deb, a meu filho Doug e a minha filha Stephanie, pelo apoio moral e pela alegria que me proporcionam. Cada um deles demonstrou o tipo de amor sacrificial e incondicional que faria Rute e nosso Salvador sorrirem.

    Finalmente, todo o louvor é devido àquele que nos libertou da escravidão ao pecado por meio do seu amor sacrificial e da sua obra expiatória.

    Robert Chisholm

    Setembro de 2013

    INTRODUÇÃO

    Em nossa Bíblia, o livro de Rute está localizado depois do livro de Juízes. Seguindo a mesma ordem dos livros apresentada na Septuaginta, essa localização faz sentido porque os acontecimentos registrados em Rute ocorreram durante o período dos juízes.[ 01 ] A referência a Davi no final de Rute faz uma transição entre Juízes, que no seu epílogo declara que Israel precisava desesperadamente de um rei, e 1Samuel, que fala sobre o surgimento da monarquia em Israel e a consequente escolha de Davi para governar a nação.[ 02 ]

    Na Bíblia Hebraica, o livro de Rute não está localizado nos Profetas Anteriores (Josué, Juízes, Samuel, Reis); em vez disso, ele aparece na terceira seção do cânon, os Escritos, como um dos cinco Rolos (ou Megilloth).[ 03 ] Em algumas edições (cf. BHS), ele aparece como o primeiro dos Megilloth, logo depois de Provérbios, provavelmente porque Rute serve de modelo da esposa virtuosa descrita na conclusão de Provérbios (observe , mulher virtuosa, tanto em Rt 3.11 quanto em Pv 31.10). Contudo, o posicionamento do livro dentro dos Escritos não é fixo. Outras tradições colocam o livro no início dos Escritos, antes do livro de Salmos, ou como o segundo dos Megilloth, depois de Cântico dos Cânticos.[ 04 ]

    GÊNERO LITERÁRIO DO LIVRO DE RUTE

    Desde o surgimento da crítica da forma do Antigo Testamento, os estudiosos atribuíram vários rótulos de gênero ao livro de Rute, incluindo lenda popular, romance curto e conto.[ 05 ] Essas designações com frequência parecem arbitrárias, e aqueles que as propõem em alguns momentos impuseram sobre o texto uma noção preconcebida de gênero, em vez de deixar que a evidência interna do texto falasse por si mesma. Quando se examina o livro, ele parece ser um conto histórico.[ 06 ] Tanto o prólogo quanto o epílogo sugerem que ele registra acontecimentos históricos. O prólogo coloca o livro dentro do período dos juízes (1.1), enquanto a genealogia do final (4.18-22) liga um dos seus principais personagens (Boaz) à família histórica que aparece nos registros genealógicos antigos de Israel (cf. 1Cr 2; Block, 1999, p. 602). O livro é relativamente curto (85 versículos) e possui os sinais clássicos de uma ficção — cenários, estrutura do enredo, caracterização de personagens e pontos de vista variados.[ 07 ]

    Depois de examinar cuidadosamente a estrutura do enredo e os personagens do livro, Bush (1996a, p. 46) o chama de um conto edificante que contém um enredo baseado num problema (p. 37). Logo depois da descrição do cenário, o problema é apresentado e, então, desenvolvido. Ele pode ser resumido como a morte e o vazio da vida de Noemi, resultantes da perda do seu marido e dos seus filhos (p. 39). Com a introdução de Boaz na história, o plano segue rumo a uma resolução, mas não sem complicações. A resolução chega com o nascimento de Obede e o reconhecimento de que ele servirá como o protetor de Noemi (p. 39-40). Contudo, para Bush, o propósito abrangente do livro é retratar a qualidade dos seus personagens, não a situação ou a sequência de acontecimentos (p. 42). Ele sustenta que o livro apresenta Boaz, Rute e Noemi como personagens exemplares e como modelos a serem imitados pelos leitores. Como tal, a história tem o propósito de edificar, bem como de informar e entreter (p. 46).

    Bush está correto quanto à função edificadora da história — Boaz e especialmente Rute são certamente personagens exemplares. Contudo, ele exagera em sua colocação em relação à Noemi (p. 45-46). No caso dela, há um desenvolvimento significativo da personagem à medida que ela deixa de ser uma mulher amarga, cheia de desespero, e torna-se uma avó satisfeita. Ao longo dessa trajetória, sua visão de Deus também muda, quando ela se dá conta de que Deus é seu defensor, não seu adversário. Essa mudança nas circunstâncias e na perspectiva de Noemi é central na trama e atrai a atenção para um tema importante dessa história: a preocupação de Deus pelo necessitado e o livramento deste. O rótulo de conto edificante pode ser restritivo demais, porque deixa de enfatizar o tema da redenção e a natureza teocêntrica do livro.

    O tema da redenção surge da estrutura em forma de comédia do enredo. Baseando-se na obra de Frye, Grant chama a estrutura do enredo de cômica/ monomítica.∗ Ele acrescenta: Como tal, ele manifesta quatro elementos estruturais literários à medida que o enredo se move da tragédia por meio do antirromance e, depois, da comédia para o romance (Grant, 1991, p. 424). Ele define romance como literatura que retrata uma sociedade humana ideal; alegria e harmonia permeiam a atmosfera (p. 424, nota 1). O livro de Rute alcança esse nível em 4.13-22 (p. 437). Por meio de contraste, o antirromance retrata uma sociedade em cativeiro; há uma clara ausência de alegria e de harmonia (p. 424, nota 1). O antirromance está presente em Rute 1.19b-22 (p. 431). Vai-se para o antirromance por meio da tragédia, que é inerentemente transicional (p. 424, nota 1). As mortes de Elimeleque e seus filhos cumprem essa função no livro de Rute (p. 425). Finalmente, a comédia também é transicional e é o oposto do elemento trágico no aspecto de que ela produz o movimento ascendente do cativeiro do antirromance sem alegria para a liberdade do romance alegre (424, nota 1). A estrutura cômica do livro de Rute começa a se revelar em Rute 1.22b e culmina no capítulo 4 (p. 433). Para resumir, no livro de Rute a tragédia traz o antirromance, mas, no final, o romance é alcançado por meio do elemento cômico.[ 08 ]

    Em vez de permitir que a evidência interna do livro dite sua compreensão do gênero do livro, Berman impõe o rótulo de homilia legal ao livro com base na sua suposta dependência da lei deuteronômica. Ele explica: O livro de Rute constitui uma homilia legal cujo enredo se desdobra de acordo com a ordem sequencial dos materiais legais encontrados em Deuteronômio 24.16–25.10 e é um comentário sobre eles (Berman, 2007, p. 23). Ele fundamenta sua posição na obra de Fishbane sobre a exegese intrabíblica, assim como em estudos de Levine e Goulder sobre o uso da Lei no livro de Rute. Depois de mostrar que os antigos códigos legais do Oriente Médio às vezes usavam concatenação (ou ligação associativa) como artifício estrutural, ele tenta mostrar que as leis aparentemente díspares de Deuteronômio 24.16–25.10 podem de fato ser vistas como uma unidade coesa, tão logo suas estratégias de associação sejam detectadas (p. 24).

    Em seguida, Berman tenta demonstrar que a história de Rute reflete essas leis (p. 27-38). Ele explica a morte de Elimeleque e dos seus filhos tendo como pano de fundo Deuteronômio 24.16 (a proibição de executar um filho pelos pecados do pai ou um pai pelos pecados de um filho), argumentando que a morte deles deveria ser vista como punição divina. A situação difícil de Noemi e de Rute é abordada por Deuteronômio 24.17-18 (que adverte contra a exploração do pobre, incluindo viúvas), enquanto Deuteronômio 24.19-21 (leis que ordenam que algo seja deixado para o pobre durante a colheita) parece ter alguma relevância sobre as ações de Rute no capítulo 2. Berman tem muita dificuldade para integrar Deuteronômio 25.1-4 no esquema que propõe. De fato, ele admite: "Por fim, porém, minha argumentação de que Rute constitui uma homilia legal sequencial de toda a passagem de Deuteronômio 24.16–25.10 dependerá de minha capacidade de integrar [...] as leis sobre açoitamento (25.1-3) e a ordem para não atar a boca do boi enquanto este debulha (25.4) (p. 31). Ele apela para uma leitura de sensus plenior,* ressaltando que tanto a lei do açoitamento quanto a bondade de Boaz para com Rute, conforme expressa em Rute 2.15-16, estão preocupadas com a preservação da dignidade humana. Com relação a Deuteronômio 25.2, seguindo a tradução talmúdica, Berman interpreta a lei de modo não literal como uma referência a não reprimir a satisfação sexual de uma mulher" (p. 36).[ 09 ] Uma vez que isso seja presumido, é bem fácil relacionar a lei às leis que se seguem em Deuteronômio 25.5-10, as quais, por sua vez, têm sido entendidas como o pano de fundo para as ações de Boaz em Rute 3–4.

    A sugestão de Berman, embora certamente um

    Enjoying the preview?
    Page 1 of 1