Estranhos Mundos: A Jornada dos 6 Clãs
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Book preview
Estranhos Mundos - Caique Benacci
Lembranças
Uma tempestade se aproximava de Suzano, mas Gabriela como sempre, não se preocupou com a chuva, contanto que pudesse sair ao ar livre. Enquanto encarava a janela de seu quarto, sentia a brisa gélida de uma noite de verão comum. Comum para os outros, pois a sensação de liberdade que o vento trazia enquanto seus cabelos balançavam levemente como se dançassem uma melodia cósmica era consolador, dado em vista os últimos anos em que passara em luto.
Enquanto curtia seu momento, olhou para praça em frente seu apartamento e viu o misterioso homem que sempre estava estático em frente ao prédio dela pela noite. Ele parecia olhar para Gabriela. Ela havia chamado a polícia várias vezes, com medo de ser atacada. Mas sempre a diziam que era coisa de sua cabeça. Pelo visto ela era a única que conseguia vê–lo. Ela ignorou aquela sensação, era apenas uma coincidência ele olhar para sua janela. Apenas uma coincidência. Repetia para si mesma enquanto fechava as cortinas.
Ela logo se aprontou para ir à praça, fazer uma caminhada como costumava fazer todos os dias desde que se mudara do elétrico centro de São Paulo. Sua noite decorria normalmente. Todas as noites depois de chegar do escritório onde trabalhava ela gostava de ter aquele tempo para espairecer e de quebra ainda ficar em forma. Definitivamente estava funcionando, suas curvas eram deslumbrantes. Ainda lembrara de seus tempos de bailarina onde era invejada por todas as suas colegas.
Ela saiu de seu prédio, desejou boa noite ao seu porteiro e foi fazer sua caminhada, onde notou que o homem assustador não estava mais lá, isso a deixou aliviada. Pouco antes de voltar para casa ela avistou uma senhora idosa que se sentava no banco da praça todos dias. Naquela noite ela parecia estranhamente incomodada com a presença de uma moça de preto que estava ao seu lado, conversando com a velhinha.
Gabriela logo se aproximou para saber o que estava acontecendo. Ela sempre se compadecia de pessoas indefesas.
– Tudo bem por aqui senhora? – Perguntou.
– Está tudo ótimo, moça! Não que seja da sua conta. – Ironizou a mulher de preto sem sequer olhar para Gabriela. – Você pode ir agora. Só estou conversando com a minha querida avó.
Envergonhada, se retirou desculpando–se pelo mal-entendido que acabara de ocorrer, mesmo ainda desconfiando que algo estava errado ali. Ela nunca havia visto ninguém com a senhora do parque, mas deixou de lado esse pensamento e voltou para sua casa.
Já era cerca de 21PM e Gabriela estava exausta. Tomou um banho e se preparou para dormir. Sua cama era ao lado de uma janela que lhe permitia ter um panorama da cidade. O zunido do vento entre as frestas que entrava nas noites frias sempre deixava ela calma e lhe dava sono, mas ela precisava de um copo de chá, pois sem ele não pregaria os olhos.
Ela preparava um chá de camomila quando o vapor morno subiu sobre suas narinas trazendo lembranças. Se lembrara de sua mãe, que havia falecido fazia 8 anos naquela data, em um trágico acidente, e como ela sempre fazia um delicioso chá para ela antes de dormirem.
Você está em um lugar melhor. Eu sei disso! Pensara ela, quando se deu conta de que já se passara 5 minutos e ela parecia ter se perdido em seus pensamentos por apenas alguns segundos. Quando olhou para o fogão seu chá já estava pronto. Pensar nessas coisas não trarão a senhora de volta.
Ela se dirigiu para a cama, finalmente tomou seu chá noturno e logo adormeceu.
Mais um dia de tédio... Pensava Gabriela enquanto se preparava para ir ao trabalho.
Naquele dia ela decidiu dar uma passada no parque, pois precisava de ar fresco. As coisas no escritório estavam colocando uma imensa pressão sobre ela e sua sala era tão abafada e apertada que ela jurava que havia sido usada como cativeiro por um psicopata algum dia.
Chegando ao parque, a brisa do vento batia contra seu rosto, a luz do sol parecia especial, parecia trazer energia.
Enquanto ela rodeava as extremidades do parque em direção ao seu trabalho, que ficava poucas ruas à frente, foi abordada por um homem de jaqueta de couro, cabelos azuis. Cabelo azul, sério?! Quem é esse doido? Pensou Gabriela.
Seus cabelos eram singularmente bem cortados no estilo que jovens hoje em dia usam, ele usava óculos escuros. Fumando, o homem ficou parado na sua frente.
Quem usa uma jaqueta de couro nesse sol?! Gabriela ria internamente.
– Oi Gabi. – O homem parecia amigável, mas ela estava assustada com a abordagem porque ele parecia estranhamente nervoso.
Como ele sabe meu nome? Pensara Gabriela enquanto analisava o homem.
Ela então se tocou de aquele era o homem que sempre a vigiava por sua janela.
– Precisamos ir logo. Precisamos encontrar os outros! – Indagou o homem.
– Perdão Senhor, mas nos conhecemos? O senhor não é o homem que vem ao parque todas as noites?! – Depois destas perguntas, o homem tirou os óculos, deu um trago em seu cigarro e olhou fixamente para Gabi. Ela não demonstrou estar intimidada e firmemente continuou. – Desculpa, mas estou atrasada, eu devo ir agora. E com o perdão da sua palavra você parece um louco.
Ela apertou o passo, vislumbrando o local onde trabalhava à sua frente, porém o homem a acompanhava de perto.
– Eu esqueci do lance da memória Gabi – Disse o homem. –, como pude esquecer que você não lembra de nada?! Isso é um tanto irônico na verdade. Eu não lembro que você não se lembra
.
O homem agora parecia distraído com o que acabara de falar e ria sem parar.
De misterioso, aquele homem passou a ser assustador para Gabriela, então ela continuou seu caminho antes que o homem falasse mais alguma besteira, ou pior, tentasse fazer algo de errado com ela. Ela avançou de passos rápidos para quase uma corrida, enquanto verificava se o homem à seguia. Porém, não havia mais sinais dele. A corrida dela foi interrompida por um grande esbarro em uma mulher. A mulher era a idosa que ela via todos os dias enquanto caminhava pelo parque. Logo, ela ajudou a senhora a se levantar.
– O que está acontecendo para estar tão apressada minha Jovem? – Cochichou a senhora.
Gabriela achou no mínimo estranho, pois mesmo vendo a senhora todos os dias, a idosa nunca dirigira a palavra a ela.
– Um homem estranho está me perseguindo senhora, é melhor ir na outra direção. Ele é lunático! – A velha deu um leve sorriso e se aproximou dela.
– Não se preocupe, acho que vi alguns guardas do outro lado do parque, ali perto da esquina. Vamos chamá-los!
Enquanto iam em direção da esquina, Gabriela, ainda em choque avistou os guardas, e então se despediu da senhora, pois