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Felizes novamente: o amor ultrapassou o tempo e a distância
Felizes novamente: o amor ultrapassou o tempo e a distância
Felizes novamente: o amor ultrapassou o tempo e a distância
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Felizes novamente: o amor ultrapassou o tempo e a distância

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About this ebook

Um amor que transcende o tempo, que torna, a cada novo encontro, um momento singular, numa relação marcada por reveses. Encontros e desencontros emocionados que, mais que dilacerar o corpo, destroem a alma a cada nova partida, a cada nova oportunidade descartada, levando-nos a uma busca sem fim para voltarmos a ser felizes novamente.Eva Derossi mostra o amor em todas as suas formas e possibilidades, sempre fazendo uso de reflexões profundas, inspiradas no mais verdadeiro sentimento. Profundidade e imparcialidade fazem deste romance uma quase realidade, tanto seus personagens beiram o humano, pois em alguns momentos temos a impressão de que várias passagens foram apenas inspiradas na realidade, deixando em nós, leitores, a dúvida se este romance é apenas uma ficção.A autora trabalha os seus personagens com tintas fortes, dando-lhes personalidade e luz própria, fazendo-os caminhar ao nosso lado, para muito além destas páginas, quando finalmente terminam estes momentos de alegria e de dor, porém de muito amor.
LanguagePortuguês
PublisherLitteris
Release dateJul 4, 2019
ISBN9788537404355
Felizes novamente: o amor ultrapassou o tempo e a distância
Author

Eva Correia Machado Derossi

EVA CORREIA MACHADO DEROSSI, nasceu em Portugal. Casada, mãe de dois filhos, é professora por opção, vocação e adoração. Formada em Pedagogia, trabalhou com as cátedras de Filosofia (a qual foi e é apaixonada) e Sociologia. Escreve mensagens padronizadas, personalizadas e cerimoniais. É membro da Academia de Letras e Artes de Mesquita (ALAM). Publicou o livro Amor e Fé Pelas Estradas da Vida, na Quártica Premium.Contato: evaderossi@oi.com.br

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    Book preview

    Felizes novamente - Eva Correia Machado Derossi

    Devoção e vocação

    Depois de um dia estafante, trabalhando sem parar e sem almoçar, somente com um cafezinho que estava acabando de ingerir, ela estava sentada na salinha de um hospital público, sem conforto, com a mobília quebrada, armários sem remédios, sem o mínimo necessário, para atender a pacientes muito pobres. Dra. Ana Maria estava cansada do descaso da saúde pública para com o povo carente, ela amava a profissão, se dedicava integralmente a ela e muitas vezes preteria sua vida para priorizar a de seus pacientes. Não tinha consultório e não queria tê-lo. Ao se formar médica, prestou concurso público, passou em primeiro lugar e começou a trabalhar no hospital, atendia a todos sem distinção; para ela todos eram iguais, sem demagogia nem ideologia. Escolheu essa profissão por adoração, devoção e vocação. Ana Maria era oriunda de uma família muito rica, filha de pais fazendeiros com inúmeras propriedades e casada com um homem também rico, ela tinha dois filhos adolescentes e sentia-se feliz com sua família. Como todo mundo, tinha seus problemas e preocupações, uma das maiores era com seus pacientes pobres que não tinham condições de pagar uma consulta, necessitavam do atendimento público que estava totalmente entregue à precariedade e à irresponsabilidade de alguns governantes.

    Dra. Ana Maria era uma mulher bonita, tinha cabelos louros que brilhavam como raios de sol, seu sorriso era encantador e seu olhar transmitia sinceridade; ela só falava com as pessoas de frente, olhos nos olhos, como se tentasse amenizar um pouco o sofrimento pelo qual estavam passando — muitas vezes ela conseguia só com seu olhar confiante —, detalhista, fazia questão de explicar tudo para a pessoa que a consultava, em caso de dúvidas tinha a maior paciência em elucidá-las. Não ostentava sua riqueza, não usava indumentárias, sequer sapatos ou bolsas de grife, o carro em que andava era popular.

    Estava tão ensimesmada que não percebeu a hora passar, assustada, olhou o relógio e pensou: Nossa, já é muito tarde, minha família deve estar preocupada comigo! Ia pegar sua bolsa que não era de marca, mas era sua marca, e quando estava para sair — sempre que alguém a procurava na salinha em que trabalhava e não a encontrava, sabia que estava por perto atendendo, como sempre, a algum paciente —, a enfermeira bateu levemente na porta e falou que tinha uma menina com graves ferimentos precisando de seus cuidados. Sem fazer cara feia ou demonstrar qualquer sinal de aborrecimento, Dra. Ana Maria pediu que a menina entrasse para ser examinada — a garota havia sido queimada pelo padrasto, seu corpinho indefeso estava com muitas queimaduras —, com cuidado e desvelo examinou a criança e pediu que fosse aberto um prontuário para interná-la, pois o seu caso era muito grave. A doutora acompanhou Maria Luíza, esse era o nome da menina, para que ela tivesse o tratamento adequado. Depois de medicada a garota adormeceu e Ana Maria voltou à sua salinha para avisar a mim, mãe de Maria Luíza, que eu poderia dormir na enfermaria com minha filha, pois a menina era menor de idade e tinha direito a acompanhante, e dizer-me sobre o estado dela depois de medicada. Quando a doutora abriu a porta, levantei-me abruptamente, e com os olhos lacrimejando, perguntei: Pelo amor de DEUS doutora, minha filha vai ficar curada, não vai? Salve-a doutora, é o único bem precioso que tenho na vida!

    — Calma senhora, sua filha já foi medicada e está passando bem, vou explicar-lhe que tipo de queimadura ela teve. Conforme sua profundidade as queimaduras podem ser classificadas em quatro graus: Queimadura de primeiro grau: essa queimadura é superficial e atinge a primeira camada da pele, a epiderme, é uma queimadura não exsudativa, ou seja, não dá feridas nem bolhas, é dolorosa, mas regride em poucos dias. A queimadura de segundo grau atinge com mais profundidade causando bolhas (FLICTENAS), é muito lancinante porque há exposição das raízes nervosas que foram atingidas. Queimadura de terceiro grau: é uma queimadura esbranquiçada, com tanta profundidade que atinge os nervos e os ossos. Os tecidos ficam negros e sem vida (Necrose) , a pessoa não sente dor porque as terminações nervosas responsáveis pela sensibilidade à dor também foram queimadas. Nas bordas de uma queimadura de terceiro grau haverá queimaduras de primeiro e segundo grau. Existe também a queimadura de quarto grau, denominada de carbonização, onde há perda total da estrutura e da função morfológica. Felizmente sua filha sofreu queimadura de primeiro grau que é superficial, nada grave, fique tranquila que daqui a alguns dias ela voltará para casa.

    — Que alívio doutora, pensei que minha filha fosse ficar com sequelas. Estou muito grata à senhora por ter assistido e medicado Maria Luíza, jamais esquecerei a dedicação que teve com ela, se todos os médicos fossem como a senhora, as pessoas não morreriam e nem ficariam aleijadas por causa de negligência médica. Agradeço também sua elucidação a respeito dos tipos de queimaduras, pouquíssimos médicos fazem isso, eles devem achar que as pessoas não vão entender suas explanações a respeito do quadro clínico dos pacientes.

    A doutora disse que atendia seus pacientes com desvelo, pois amava sua profissão e se ela tinha feito essa escolha, tinha que dar para todos eles atenção e explicação sobre todas as suas dúvidas.

    Acreditava a doutora que meu semblante era de cansaço devido à experiência de vida e também de profissão; mais pelas agruras existenciais do que propriamente pela labuta diária para sobreviver. Olhei para ela — meu olhar era triste, melancólico, dava a nítida impressão que a esperança estava adormecida há muito tempo e meus sonhos esquecidos —, quando nossos olhares se cruzaram, Ana Maria me transmitiu compreensão e confiança, senti-me aliviada em desabafar minhas mágoas e a revolta que sentia por meu companheiro.

    — Doutora, a senhora me parece uma pessoa tão generosa, além de ser uma médica muito preocupada e dedicada com seus pacientes, que me sinto à vontade para desabafar meus problemas.

    A doutora ouvia atentamente o que eu queria lhe contar.

    — Pode falar senhora, estou aqui não só para tratar doenças físicas como também da alma. Fale-me primeiro o seu nome.

    Mais à vontade e interiormente feliz, comecei a discorrer acerca de minha sofrida história existencial.

    — O meu nome é Maria de Fátima, tenho esse nome, pois minha mãe era muito religiosa e devota de Nossa Senhora de Fátima, graças a Deus segui seus ensinamentos religiosos e é essa fé que me faz superar as dificuldades da vida. Nasci em uma família pobre, mas honesta e trabalhadora, meu pai partiu cedo para a morada eternal, eu era bem pequena e tenho vagas lembranças dele, o suficiente para saber que era um homem bom e trabalhador. Desde menina ajudava minha mãe nos afazeres domésticos e a cuidar de meus seis irmãos, ela era lavadeira de uma família de classe média que tinha um filho de quatro anos, às vezes eu ia com ela entregar a roupa e ficava brincando com ele. Marcelo era uma criança inteligente, carinhosa e obediente. Enquanto eu brincava com o menino, meus olhos percorriam o apartamento de seus pais. Meu DEUS! Uma cobertura bem decorada por arquitetos renomados, com uma televisão em cada cômodo e móveis feitos pelos melhores marceneiros. Ficava na Vieira Souto, em frente à praia de Ipanema. Que vista maravilhosa! Eu, na minha ingenuidade de criança, ficava pensando — mas sem revolta, pois nunca fui revoltada nem invejosa — se eu tivesse pelo menos uma televisão em minha casa para assistir a meus programas favoritos: da Xuxa e do Luciano Huck, (principalmente aquele quadro Lar doce lar, era muito emocionante ver a alegria das pessoas quando suas simples casas eram transformadas em casas com conforto), e para minha mãe ver suas novelas, para fugir um pouco da realidade e viver a fantasia por uns momentos. Desde pequena este pensamento me persegue: Por que uns têm tanta coisa e outros não têm nada? Era interrompida de meus devaneios por minha amada mãe, estava na hora de pegar o trem para voltarmos para nossa modesta casa na favela. Morávamos no Complexo do Alemão, como sempre gostei de me informar a respeito de algumas coisas que não sabia, procurei saber o porquê desse nome e fiquei sabendo que ele foi dado porque um imigrante de origem polonesa era dono de uma vasta fazenda, localizada na zona Norte, e decidiu vendê-la para pessoas que procuravam moradias por preços ínfimos. Por causa do seu sotaque carregado e de sua compleição: alto, loiro e branco, foi lhe dada a alcunha de alemão pelos moradores da localidade. Num dia, antes de irmos embora, a patroa de minha mãe, Vanda — muito amável —, chegou perto de mim e pegou no colo o Marcelo, o menino começou a chorar, pois não queria sair do meu colo, então ela sugeriu que eu dormisse em sua casa. Imagine a minha alegria, dormir naquela casa linda, casa que eu só tinha visto em novelas e na televisão de minha amiga. Minha mãe não se opôs, tinha confiança em Dona Vanda e, deslumbrada, me despedi de mamãe com um beijo afetuoso e de agradecimento. Na hora do jantar, Dona Vanda e seu marido, Dr. Augusto, um médico muito conceituado e um ser humano bastante generoso e sem preconceito, pediram que eu me sentasse à mesa com eles. Envergonhada, sentei-me sem jeito e mais sem jeito segurei os talheres. Eles perceberam o meu acanhamento e falta de hábito em lidar com pessoas endinheiradas e sugeriram que eu ficasse à vontade e comesse como estava acostumada a comer. Nossa! Que comida deliciosa! Diferente de tudo aquilo que eu já havia saboreado; a comida nunca foi tão bem degustada por minha boca. Na hora de dormir, Marcelo quis dormir comigo. Entrei no quarto fiquei parada, olhando sem acreditar que ia dormir num quarto com televisão e numa cama só para mim, já que na minha casa dormíamos todos no chão. Meu DEUS! Era muita felicidade para uma menina de apenas 10 anos, nunca dormi tão bem em minha vida, até sonhei que aquela casa era minha. No dia seguinte minha mãe veio me buscar, outra vez Marcelo chorou e sua mãe perguntou se eu não poderia morar com eles. Eu não estava acreditando naquela proposta, era muito bom para ser verdade! Minha mãe relutou em aceitar, mas Dona Vanda acabou convencendo-a de que lá seria melhor para mim, eu poderia estudar e ter uma vida excelente. Mamãe, apesar de triste, acabou concordando e me deixou ficar. Fiquei tomando conta de Marcelo, meus patrões eram pessoas boas e me tratavam bem. Fui crescendo e continuei morando com essa família, o dinheiro que ganhava ajudava minha mãe e meus seis irmãos. Eu tinha muita vontade de aprender a ler, estava com 10 anos e não era alfabetizada, quando pegava algum livro de meus patrões ficava olhando as letras e pensando o que estaria escrito naquele livro. Então, minha patroa percebeu o meu interesse em relação aos livros e me matriculou numa escola para pessoas de poder aquisitivo alto, perto de onde eles moravam. Que mais que eu poderia querer na minha vida!

    Descoberta do mundo letrado

    — Empolgada, lá fui eu para a escola. Ao chegar, completamente deslocada de meu ambiente, isolei-me num canto e fiquei observando os meninos e as meninas bem vestidos, já que no primeiro dia de aula, não era necessário ir de uniforme. Todos estavam conversando animadamente, cada qual no seu grupinho, parecia-me que todos se conheciam e tinham o mesmo padrão econômico. Não perceberam a minha presença ou fingiram não perceber. De repente me deu uma saudade imensa de minha mãezinha, minha vontade era de voltar para a casa, lugar das minhas raízes, onde não tinha quase comida, mas tinha amor verdadeiro e sincero. As lágrimas já estavam quase invadindo os meus olhos quando uma menina muito bonita, de cabelos loiros, olhos tão azuis como o mar — e que pureza que eles transmitiam — aproximou-se sorridente. Fiquei comovida com seu sorriso tão sincero, e que dentes bem tratados, reluziam de tão bonitos, os meus, apesar de não estarem careados, precisavam de uma visita ao dentista o mais rápido possível, estava com dez anos e ainda não tinha ido ao dentista. Perguntou meu nome, e eu, mais confiante e engolindo o choro para que ela não percebesse a minha tristeza, lhe respondi: Maria de Fátima, ela disse:

    Olha, o meu nome é Ana Paula, a partir de hoje nos tornaremos amigas e te chamarei de ‘Fatinha’, você deve ser nova aqui na escola, mas não precisa chorar e nem ficar com medo, no começo tudo é difícil, depois que você fizer amizade tudo se tornará mais fácil. Fale-me um pouco sobre você! Contei-lhe uma parte de minha história, tocou o sinal e cada uma foi para sua sala, combinamos de nos encontrar na hora da saída. Receosa, entrei na sala de aula, a professora Elza foi muito compreensiva e paciente comigo, não tive tanta dificuldade em aprender, já que isso era a minha maior vontade, tornei-me uma aluna disciplinada e interessada, com três meses já sabia ler, precisava logicamente aperfeiçoar a leitura e a escrita, mas estava felicíssima por ter desvendado o código das letras e entrar no mundo da leitura e da escrita. Minha mãe estava radiante por eu ter evoluído tanto e emocionada pelos bilhetinhos carinhosos que escrevia para ela. Meus patrões estavam orgulhosíssimos de mim, depois que Marcelo dormia eu ia para o meu quarto estudar, lia vários assuntos tamanha era a minha vontade de aprender, mas na escola continuava sendo excluída por

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