Reflexões de um sujeito à toa
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Reflexões de um sujeito à toa - Adhemyr Fortunato
REFLEXÕES DE UM SUJEITO À TOA
ADhemyr Fortunatto
USINA DE LETRAS
Rio de Janeiro - 2018
Vermelho Marinho————————————————
Reflexões de Um Sujeito à Toa
Autor: Antonio Gaio
Capa: Eduardo Nunes
Diagramação: Página 42 / Marcelo Amado
Revisão: Thereza Christina Franco
Editor-chefe: Tomaz Adour
Usina de Letras
Avenida Gilka Machado, 315 – bloco 2 – casa 6
Recreio dos Bandeirantes - CEP: 22795-570
Rio de Janeiro – RJ
————————————————
Aos Meus Pais.
E para
Alessandra,
Ludmila,
Bianca Silveira,
Neide e
Rodrigo.
E para o Professor Peninha (José Fernandes),
do Jornal Notícias (São Paulo-SP).
E, in memoriam, ao Jornalista Mirinho Volpe (Aldemiro Sicchieri Volpe),
do Jornal Momento Atual (Sertãozinho-SP).
Em especial,
para Nadiane (In memoriam).
Mãos Pequenas,
Pequenas mãos,
Que se comparadas às minhas,
Menores ainda serão!
(Cantiga popular).
Aprendi que, cedo ou tarde,
A inteligência será valorizada.
Aprendi que na vida,
Entre uma das poucas coisas importantes,
A cultura é uma delas.
(Bianca Silveira).
INTRODUÇÃO
O porquê do título desse livro?
Ora, primeiro porque é o título do meu Blog. Segundo, por que...
Um dia (e não vai longe...) li um livro chamado ANDAR A PÉ, em que o autor, nascido e vivido nos EUA, de 1.817 a 1.862, chamado Henry David Thoreau, diz o seguinte:
O homem que escolhe viver na liberdade é superior a todas as leis
.
Fiquei pensando nisso por dias e dias. Se são os homens que fazem as leis, como elas podem ser dispensáveis, pura e simplesmente?...
Então comecei a achar que os homens que fazem as leis, embora escolhidos muitas vezes pelos próprios homens, não atingem nunca o anseio de quem os elevou à categoria de fazedores de lei
.
Logo, ansiei pela busca da liberdade COMPLETA. Pois estar dentro de um carro, pensando bem, não é estar livre. Estar dentro de uma casa, não é estar livre. Estar dentro de um transporte público, nem se fala!
Assim tratei de andar à toa. E sozinho! (Porque também, se você andar acompanhado, não está propriamente livre, porque você não está sozinho com os seus pensamentos...).
Desiludido com os homens eu já estava, mas não de todo, quando descobri um outro livro chamado MÁXIMAS, PENSAMENTOS E REFLEXÕES, cujo autor, o Marquês de Maricá (1.773-1.848) deixou, entre tantos ensinamentos, um assim:
A companhia dos livros dispensa com grande vantagem a dos homens
.
Conclui, afinal, que somente uma boa dose diária de caminhada, de bom humor e ironia (... e de leitura!) nos faz aturar os homens.
Por isso sou uma pessoa que gosto de andar à toa.
Quando me canso, sento em qualquer lugar que encontro, sem qualquer cerimonial. E leio e leio... Mas também observo... E como observo!
E nesta minha existência de sujeito que gosta de observar, de ler e de caminhar à toa pela vida, encontro as mais variadas situações, diante das quais por vezes penso que poderia desvendar o Eu Profundo. Ou seriam apenas mentes multifacetadas? Fatos do subconsciente? Ou apenas desatinos do Eu Profundo?
Destaco, por fim, que muitos destes textos foram publicados no Jornal Notícias, de São Paulo-SP (www.jornalnoticias.com.br), bem como no Link da Usina de Letras (http://www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.php?user=ADhemyr).
Alguns foram gentilmente publicados no jornal Momento Atual, de Sertãozinho-SP.
————————————————
FATOS DO COTIDIANO
————————————————
A MAGIA DO CHOCOLATE
(Inspirado numa pequena, mas importante observação)
Após o que você me disse, lembro que ressaltei que todas as pessoas parecem ter um lado criança em si, que se manifesta de vez em quando, principalmente quando se trata de chocolate... Você sorriu. E eu caminhei então por mais de meia hora, sem papel, caneta e chocolate, e compondo esse texto ‘mentalmente’. Quando cheguei em casa, só foi digitar...
Há mulheres que não gostam até de flores – já vi, – mas ignoro alguma que não aprecie chocolate.
Detecte o chocolate mais querido dela, mas não seja caótico, – não vá perguntando direto; seja sutil, – tudo que se relaciona à chocolate carece de sutileza; não se esqueça.
Mas só dê chocolate a quem você estime (ou ame) muito. E varie, – mulher detesta rotina – embora devo assegurar que dentre todas as rotinas, se fosse para escolher uma, elas escolheriam a inalterabilidade de um chocolate diário, mesmo que fosse sempre o mesmo! Mas há tantos tipos de chocolate, pra quê ficar repetindo?
Há até o filme "A Fábrica de Chocolate". Assista! Mas com chocolates à mão. Vai dar vontade.
Agora, se por motivos diversos, você tiver que parar subitamente de dar chocolate a alguém, aí o faça com lentidão e disfarçadamente, – se dava um de dois em dois dias, mude para um a cada quatro dias; se era um a cada quatro dias, mude para oito dias. E assim consecutivamente.
Mas, sinceramente, se é para parar, melhor seria nem ter começado! Pois chocolate não é coisa assim para parar de dar, sem mais nem menos.
Começou...? Que seja para toda a vida!
Bem, acabo por aqui; lá fora o dia está lindo, mais do que ontem. E pensar que amanhã será mais lindo que hoje... Assim como você! Para sempre... (Eu quis dizer: "para sempre espero te dar chocolates").
Ops! Cadê o meu chocolate...?
A MENSAGEM DO ENCANTO
– D todas as coisas q eu gosto, o q me dá + gosto é gostar de vc!
Ele se perguntou, – pra quem vou mandar isso? Leu de novo:
De todas as coisas que eu gosto, o que me dá mais gosto é gostar de você!
.
Pois ele não gostava de ninguém assim que merecesse essa mensagem. Seria bom, pensava, gostar de alguém. ‘Gostar’ era um eufemismo que ele usava para disfarçar a palavra amor, que lhe causava até frisson.
Não tendo para quem mandar aquela mensagem, já ia apagá-la, quando veio a pergunta: "Deseja salvar?". Dando de ombros, salvou em rascunho.
Aconteceu que dias depois ele perdeu aquele celular. E por mais que tentasse, não lembrava onde o deixara. Imaginou que se vissem a mensagem, iriam rir dele, chamá-lo de romântico, babão...
E, enquanto isso, do outro lado da cidade, o celular dele era encontrado no assento de um ônibus, por uma menina da idade dele. Curiosa, ela vasculhou tudo, sem, no entanto apagar nada. Encontrou a mensagem; encantada, pensou, – "Bem que poderia ser pra mim!"... Então ligou para todos os números que encontrou na Agenda. Falou com amigos, colegas, até com os pais dele... Deixou recado com todos para que ele ligasse para o celular dele, que ela achara. Tão logo sabendo, ele ligou. Mal disse alô e se identificou, ela sorriu docemente, e disse:
– Grata por gostar de mim. Também já gosto muito de você!
Admirado, ele não soube o que responder. Marcaram um encontro.
E assim ele descobriu para quem mandar mensagens! Pois vão se casar daqui uns meses. Convidaram-me. E permitiram-me publicar essa estória deles.
TERÇA-FEIRA, 27 DE FEVEREIRO DE 2.063
Teve filhos.
Teve netos.
Bisnetos.
Tataranetos.
Chegou, enfim, aos 80 anos em 2063.
Nunca o esquecera, mesmo porque como haveria de esquecê-lo? Aquele homem que parecia ter vindo ao mundo somente para amá-la!... Caso estivesse vivo agora, em 2063, teria ele 97 anos.
Mas ele tinha ido deste mundo já há 20 anos.
Ela, portanto, aos 80 anos, estava viúva há 20.
Bem, mas voltemos no tempo, bem muito no tempo...
Dois anos depois que ele se foi desta vida, ela ganhou um moderníssimo celular, de um dos filhos. E logo começou a receber mensagens especiais. De início pensou que fossem dos filhos, filhas, netos ou netas, bisnetos; de alguma amiga, perdida no tempo... Mas logo teve que retroceder, pois além do fato de todos negarem com veemência, ficaram furiosos e queriam saber de quem eram aquelas mensagens estranhas.
Ela procurou desconversar; acabou por dizer que nunca mais recebera tais mensagens. Todos sossegaram então. Mas nem por isso as mensagens cessaram. Em verdade nunca cessaram. E tempos depois já vinham assinadas por ‘ele’... Ela silenciou; não contou absolutamente para ninguém. Um dia quando criou coragem, discou para o número que vinha junto às mensagens. Só lhe foi informado "Celular Desligado ou Fora de Área"... Não que tivesse duvidado da morte dele; não, isso não. Ela mesma acompanhou todo o féretro, do começo ao fim. Se fosse uma pessoa impulsiva, teria procurado religiões, curandeiros, adivinhos... Mas não. Guardou segredo. E rezava sempre para ele. Das mensagens não sentia medo, pois eram todas muito amorosas. Corajosa, queria ver até onde iria aquilo.
O tempo passou como tudo passa, mas as mensagens nunca cessaram... Tantos anos!... Tudo ficara tão diferente nestes últimos tempos! Tudo se modernizara
, como diziam, mas aquele amor dele por ela continuava o mesmo, pensava, agora ainda tão bonitinha, velhinha, com 80 anos. Dava para imaginar que ele, nalguma outra dimensão, vivia
de pensar nela todo o tempo; para todo o sempre!
E justo quando ela pensava assim, eis que chegava a mensagem daquele dia:
Terça-feira, 27 de fevereiro de 2063: "A sua pausa e a sua voz são suas características pessoais. Quando Deus a criou, ELE