A Trajetória da Crise Financeira Internacional na Era da Globalização
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A Trajetória da Crise Financeira Internacional na Era da Globalização - Hélio Ricardo ,Moraes Cabral
VENDEM AÇÕES
Compram
D dólares E
INVESTIDOR
INVESTIDOR
US$
DOLAR VALORIZADO
PELO AUMENTO DA
DEMANDA
Consequência
:
bolsas caem
4 – Lucro Extra – Ao pressionar o dólar, o especulador obriga o país a usar suas reservas para atender à demanda sem aumentar as cotações. Mas se as reservas não são suficientes, o governo local tem que desvalorizar sua moeda. Ao mesmo tempo em que força a vista, o especulador faz operações no mercado futuro para garantir um lucro adicional.
Se a vista o dólar vale uma unidade da moeda local, o investidor compra o dólar, por exemplo, a US$ 1,30 no mercado futuro e lucra porque sabe que a moeda pode chegar a US$ 1,50.
5 – Os Dólares Vão Embora - Com os dólares nas mãos, os especuladores pode sair do país-alvo para aplicar seu dinheiro em qualquer lugar do mundo. Com a fragilidade da economia asiática, os investidores tendem sair das economias emergentes e aplicar emmoedas ou títulos de países desenvolvidos. Por isso, as taxas de juros nos Estados Unidos caíram e o dólar se valorizou.
6 – Juros Repetem Sistema – Outra forma de ataque especulativo é com os juros. O investidor aposta que o país-alvo será obrigado a aumentar as taxas para evitar a saída do capital ou para controlar atividade econômica, por exemplo. Assim, ele pode operar no mercado futuro pressionando as taxas da mesma forma que faz com o dólar.
INVESTIDOR
US$
Câmbio para moeda local
$
Aplicações
PÁPEIS
Com operações no mercado futuro, o investidor obriga o governo a aumentar os juros para manter o capital no país.
CAPÍTULO 7
O Sistema Financeiro Asiático
Segundo os estudiosos dos Tigres Asiáticos, a crise nos países da Ásia, já estava para ocorrer há pelos menos dois anos. A estagnação da economia japonesa, o modelo de crescimento centrado nas exportações e o crescente déficit em contas correntes foram osprincipais responsáveis pelo ataque especulativo que assolou os mercados dos países do Sudeste da Ásia e se alastrou pelo mundo. Os governos dos países asiáticos até que tentaram controlar suas moedas, mas não conseguiram segurar o ataque especulativo. O que eles tinham que preservar, é o sistema financeiro de seus países e não permitir a quebra do sistema. Nesse caso, é melhor deixar os especuladores queimar os dedos – disse o professor Couto Canuto do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).
Essa posição faz parte da estratégia dos governos asiáticos para tentar se livrar de vez da ciranda especulativa. Em 1995 o Bank for International Settlement (Banco de Compensação Internacional) já apontava para eminentes dificuldades financeiras na região, pois havia muitos créditos aplicados de forma especulativa, e a maioria dos investidores sabiam que o negócio estava furado, mas ninguém queria sair antes com medo de perder as taxas atraentes e os lucros altamente vantajosos.
Segundo Canuto, a crise especulativa na Ásia é o resultado do modelo de desenvolvimento da região. Na década de 60, países como Coréia e Taiwan iniciaram sua industrialização com processos de montagem, baseado em mão de obra abundante e barata.
Na década seguinte, foram seguidos por Malásia, Indonésia, e Tailândia. A partir dos anos 80, houve melhoria dos produtos, acompanhado de um aumento de custo dos trabalhadores. Na Segunda metade da década, os Tigres enfrentaram a concorrência daChina, que entrou firme para competir no mercado não qualificado.
Com uma economia baseada na exportação, diz Canuto, as potências emergentes asiáticas sofreram um baque quando o Japão, no início dos anos 90, deixou de ser um dos principais importadores de matérias primas e produtos, uma vez que sua moeda, o yen, perdera competitividade para o dólar. Com a estagnação da economia do principal parceiro comercial da região – a economia japonesa previa crescer apenas 0,5 % em 1997 – os problemas começaram. O primeiro deles foi o acúmulo de déficit em conta corrente. Apesar de continuar chegando os investimentos estrangeiros, eram usados para especulação, principalmente a imobiliária. Por outro lado a frenética concorrência bancária só piorou a situação.
Os asiáticos quebram barreiras para conquistar mercados, e segundo opinião de Arigani, diretor industrial da Kia Motores do Brasil o primeiro resultado seria a diminuição das barreira alfandegárias que os produtos estrangeiros sofrem para entrar no mercado
desses países, com forma de os asiáticos conquistarem novos parceiros comerciais. Esses países ainda estão aprendendo a viver numa economia livre e estável.
Um ataque especulativo acontece quando há internamente desconfiança quanto à capacidade de manter o câmbio. No caso de Hong Kong, essa desconfiança, tinha razões mais políticas do que econômicas: o território acabava de ser incorporado à China, e vinha enfrentando denúncias de corrupção em seu governo.
CAPÍTULO 8
COMPARAÇÃO DO MODELO ARGENTINO COM O MODELO HONG KONG
A Bolsa de Valores de Buenos Aires registrou no dia 27 de Outubro de 1997, seu pior resultado desde a crise provocada pelo efeito tequila. O mercado argentino despencou 13,72 % fechando a 678,29 pontos e com um volume de US$ 28,9 milhões. A queda foi tão radical que as autoridades da bolsa chegaram a suspender os negócios com vários papéis durante o pregão do dia 27/10/97. Esse foi o terceiro dia consecutivo de queda da bolsa, que acumulou nesse período uma desvalorização de quase 25 %.
O receio durante o dia foi tão grande que relembrou o efeito tequila entre os investidores argentinos. O problema foi que muitos começaram a comparar a situação da economia do país com a de Hong Kong. Os dois dois possuem o câmbio fixo, e tornou a analogia inevitável. Na Argentina, a paridade dólar-peso é garantida por lei e foi usada pelo então ministro da Economia, Domingo Cavallo, para controlar o processo de hiperinflação do país.
O modelo de Hong Kong é muito semelhante ao da Argentina e, em situação de instabilidade, os investidores tendem a atacar as moedas que estejam sobrevalorizadas, o que costuma acontecer nos sistemas de câmbio fixo. Segundo o mercado, há forte saída da bolsa por parte dos investidores estrangeiros, movimento que se repete, com menos intensidade, entre os principais fundos de pensão da Argentina. Por outro lado, os administradores não acreditavam que a comparação entre a Argentina e Hong Kong seria totalmente válida, mas muitos preferiam realizar lucros e esperar para ver como iria terminar as coisas – argumentou Gabriel Milanese, chefe do Departamento de Investimentos da Nación AFJP, um dos maiores fundos de pensão do país.
Diversos executivos, no entanto, correram para tentar acalmar o clima no mercado. O presidente da Bolsa de Buenos Aires, Julio Mcchi, afirmou no dia 27 de outubro de 1997, que não havia justificativa para um movimento tão forte de queda, e segundo ele, a situação da Argentina, encontra-se equilibrada e o país bem mais forte do que estava na época do efeito tequila.
A opinião foi compartilhada por Enrique Ruete, presidente do Banco Roberts, que foi comprado há alguns meses pelo Hong Kong and Shangai Banking (HSBC). Os resulta -
dos das bolsas no dia 27 de outubro de 1997 mostraram uma histeria do mercado, e nada de transcendente aconteceu que justificasse a queda nas bolsas. As perdas foram potencializadas pelos sistemas automáticos de vendas de ações, que inundaram o mercado
com ordens de venda. Ruete descartou ainda a possibilidade de que a crise dos mercados atingiria o sistema financeiro argentino, como aconteceu durante o efeito tequila.
Naquele momento, os bancos do país chegaram a perder cerca de 20 % dos depósitos, e no ano de 1997, a Argentina encontrava-se melhor em todos os pontos de vista:
o sistema é mais sólido; foram criados vários mecanismos de liquidez e com uma presença bem maior de bancos internacionais no mercado.
Argentina e Hong Kong, apesar de estarem em pontos extremos do planeta têm um ponto em comum: o dólar como âncora cambial. As taxas de câmbio são fixas, diferentemente de países como o México, cujo, o valor da moeda flutua ao sabor do mercado fixo, e são obrigados a recorrer as suas reservas para preservar a paridade do dólar.
Os especialistas anteciparam que provavelmente a Argentina se tonaria em fins de 1998, o único dos mercados emergentes a manter uma política de câmbio fixo. O México e a Tailândia já abandonaram esse modelo, enquanto o Brasil que estava numa posição intermediária, com um sistema de bandas cambiais, poderia rever sua política depois das eleições em 1998, para promover uma desvalorização do real frente ao dólar.
Devido a ataques especulativos contra o dólar de Hong Kong, a China, que assumiu a administração da ex-colônia britânica no dia 1º Julho de 1997, teve que injetar uma grande parte de suas reservas de US$ 120 bilhões para evitar uma desvalorização brusca da moeda local.
CAPÍTULO 9
A REAÇÃO DOS INVESTIDORES FRENTE À CRISE ASIÁTICA
Os investidores passaram o dia 27 de outubro de 1997 se desfazendo de posições de risco e procurando aplicações em renda fixa, que não estavam obtendo grandes lucros, mas também evitavam sustos, quando praticamente, às mais de 300 Bolsas de todo mundo despencaram, pois a tentativa generalizada de sair dos mercados de risco provocou um pânico mundial. Não é um fenômeno só da bolsa de valores, pois todos os ativos, não só no Brasil como no mundo inteiro, estavam caindo. O que vai acontecer a partir da crise é uma incógnita. Poucos especialistas se atreveram a prever o que aconteceria com os mercados, pois os investimentos têm dinheiro no planeta inteiro, mas por outro lado com a queda generalizada das Bolsas, muitos administradores reduziriam suas aplicações de risco no mundo todo, levando a uma nova baixa mundial. Esse é um fenômeno chamado de globalização
e, é sem dúvida, um teste de âmbito mundial, mais como não podemos prever o futuro, a saída é ficar em cima do muro, sem ganhar, tentando apenas não perder. Todos os ativos, principalmente as ações, perderam valor no mundo inteiro e houve uma corrida para vender primeiro e perder menos, e quem comprou pode até ganhar dinheiro no futuro, mas durante a crise, não ganha.
Os portos seguros que buscam os investidores durante a crise, são os mercados de renda fixa de países de economia forte, como por exemplo, os Estados Unidos, desde a semana em que ocorreu a primeira grande queda nas bolsas no mundo inteiro, datada em 23 de outubro de 1997, os juros dos Estados Unidos estavam em queda, de tanto dinheiro que vinha recebendo. Pois assim, no desespero e na pressa de procurar uma aplicação sem risco, as aplicações em títulos americanos saíram na frente e estavam recebendo a atenção dos administradores de recursos mais conservadores. Mas no Brasil, não é diferente, pois quem se assustou com aqueda das bolsas brasileiras correu para as aplicações de renda fixa, ou seja, os fundos de 30, 60 e 90 dias e os Certificados de Depósitos Bancário (CDB).
A situação mundial pode ser resumida numa palavra: o que se chama pânico mundial
, pois é uma Bolsa que cai e puxa a outra em seguida, como o efeito dominó. É um fim que parece não terminar, mas não se sabe onde vai acabar, mas essa tendência de queda evidentemente um dia terá um fim, pois não se sabe quando.
Os investidores americanos estão indo para o porto seguro do mercado de juros, mas segundo alguns especialistas, essas taxas vão cair e o capital voltará as Bolsas de Valores. Já no mercado brasileiro, os investidores ficam sabendo dessas quedas internacionais e perdem a calma, e por outro lado, há muitos boatos circulando criados pelos mercados, e por isso, o investidor houve e não quer arriscar e acaba pedindo o resgate.
As pessoas, que terem calma e paciência vão acabar ganhando com a crise. É necessário ter uma visão de longo prazo. As empresas têm um valor intrínseco, e isso não pode se perder. O investidor precisa levar em conta que ele é sócio dessa empresa, por exemplo, as ações da Telebrás caíram, mas a empresa continua forte.
No Brasil muitos investidores e pessoas físicas, acabam sendo mal orientados pelos gerentes de bancos de varejo, pois saem do mercado, preocupados com as baixas, e acabam perdendo dinheiro. Essa queda é conseqüência da globalização. Depois da crise de julho de 1997, foi mais localizada, mas a de outubro de 1997 acabou se generalizando. Os tigres asiáticos entraram em crise e atingiram outros mercados pelo mundo inteiro. Americanos e europeus têm grandes investimentos na região asiática e, desta vez, a pressão foi maior.
É impossível prever o que acontecerá daqui para frente. Se este processo de queda nas bolsas continuar, isso poderá afetar o câmbio de países emergentes, como o Brasil e as nações da Ásia. O risco dessas quedas é muito maior no Brasil, porque dependemos de capital externo para financiar nossas contas externas. Estamos assistindo a um dramático ajuste da riqueza, ou seja, os países estão diminuindo o valor das ações, e por outro lado, os investidores estavam buscando os títulos públicos americanos, porque são os mais seguros do mundo, e isso poderia provocar uma brutal elevação dos juros.
Esta queda em todo mundo, se deve a uma especulação de moedas. No Brasil não houve o risco de ataque especulativo em grande escala, ou seja, de os investidores ficarem inseguros e retirarem o dinheiro do país. Se isso tivesse de acontecer, teria ocorrido, quando foi detonado o processo de queda na Bolsa de Hong Kong.
O país mais vulnerável na América Latina, é a Argentina por dois motivos: o câmbio lá é atrelado ao dólar e Carlos Meném, presidente da Argentina, não foi reeleito e, é o tipo de mudança que agita o mercado. Assim como vemos os países da Ásia como um bloco só, os investidores estrangeiros nos vêem como um bloco único. Portanto, temos de torcer para que não ocorra um ataque especulativo na Argentina.
Não podemos entrar nessa onda generalizada de pânico, especialmente em relação ao real, pois não existem evidências de que a moeda brasileira tenha sofrido um ataque por parte dos especuladores. O mercado mundial de ações e não o mercado de moedas, é que foi punido, quando os Estados Unidos tentaram corrigir no dia 27 de outubro de 1997, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York. Os bônus da América Latina têm demonstrado até mais resistência do que se esperava, em circunstâncias como que essas que o mundo está enfrentando agora. Além disso, não podemos nos esquecer de que Hong Kong acabou de passar por uma mudança de regime, com sua devolução a China, no dia 1° de julho de 1997. A moeda da ex-colônia britânica está muito vulnerável ainda, pois esse caso, entretanto, não é o caso do real
.
CAPÍTULO 10
ANÁLISE DE GALBRAITH EM RELAÇÃO ÀS BOLSAS
O economista canadense naturalizado americano John Kenneth Galbraith, disse que a queda do preço das ações em Wall Street era em parte previsível
, e lamentou que os mercados, estejam desconectados da realidade econômica. Segundo ele, o que os investidores fazem é um movimento de busca de lucro, sem levar em conta a situação econômica de cada país.
O que ocorreu é inerente à natureza dos mercados, e em particular à natureza dos mercados financeiros. Os preços sobem, as pessoas querem uma oportunidade de enriquecer, correm para os mercados. Isso acaba provocando uma nova alta, e o ciclo continua até o inevitável afundamento – declarou o economista à rádio inglesa BBC.
Grabrailth, com 89 anos (ano 1997) testemunhou o grande crash da Bolsa de Nova York, em 1929, disse que o sistema atual alimenta um abismo perigoso entre a economia real e o mercado acionário. Essa crise não tem muito a ver com a economia.
A especulação na Bolsa de Nova York tem uma existência própria, não leva em conta apenas a situação econômica, afirma ele, é um dos grandes erros do sistema
.
Segundo Galbraith, mesmo com uma recuperação do mercado acionário, a queda acentuada das bolsas registrada no dia 27 de outubro de 1997 (segunda-feira), terá conseqüências para a economia americana e para a dos outros países, isso porque, entre um quarto e um terço da população dos Estados Unidos têm algum interesse nas bolsas de valores. Segundo ele, uma redução das vendas de produtos como; automóveis, televisores, casas e outros é uma perspectiva que deve ser considerado. Isso significa uma redução na atividade econômica, podendo chegar a uma recessão.
Gralbraith uma das figuras mais importantes da economia deste século, se diz contra a noção de globalização
aplicado à economia. Segundo o economista, não pode ser global um sistema que tende a excluir de sua propriedade cerca de dois terços da humanidade.
Seguidor das idéias de John Maynard Keynes, Galbraith também gosta de falar da perversidade do sistema capitalista. Em seu livro A Sociedade justa
, o economista diz que a inflação passou a ser considerada por grande parte dos dirigentes, como a ameaça central ao desempenho dos sistemas econômicos em geral.
O economista John Kenneth Galbraith, disse que não há relação alguma entre os mercados acionários e a economia real, porque segundo ele, os preços das ações sobem, as pessoas ficam atraídas por isso, e querem ganhar dinheiro. Então os preços sobem mais, justificando as expectativas dos investidores. Este processo acontece sem que haja relação entre os preços das ações e a economia, até o dia de um grande crash, ou uma grande crise.
Então todas as pessoas que estavam no mercado acionário tentam achar uma explicação racional para a crise. Segundo Galbraith, a relação entre as crises de 1929 (crash), 1987 (segunda-feira negra) e a crise de 1997, foi basicamente a mesma, pois as pessoas vêem uma chance de ficar ricos e compram papéis, o que faz o preço subir, o que é substancialmente o processo especulativo que também se viu no século XVII na Holanda no começo do século XVIII , em Paris, e é o processo que ocorreu em vários momentos durante o século nos Estados Unidos, com especulações centradas nas estradas de ferro, e também as grandes especulações de 1928 e 1929 e de 1987.
As conseqüências da crise financeira para os Estados Unidos e para o mundo, foi o efeito depressivo na economia, com recessão dando-se início em 1998. As pessoas que estavam muito ricas descobriram de um dia para o outro que não estão mais, e esse fato terá conseqüência no mercado imobiliário e no automobilístico, entre outros. Terá efeito na demanda por consumo em geral, porque entre um terço e um quarto dos americanos, por exemplo têm algum interesse nas bolsas de valores.
Galbraith disse ainda, que a crise deverá provocar algum efeito recessivo também na América Latina, mas acredita que as economias da região estão suficientes fortes para resistir. Em relação ao Brasil, é um país que agora têm futuro próprio, pois não está subordinado ao que acontece nos Estados Unidos ou em outros países, e não descarta o fato de que o Brasil poderá ter problemas, mas o gênio brasileiro é conhecido por conseguir sobreviver aos problemas. E disse também que a globalização é uma palavra que se tornou moda entre as pessoas que não têm mais no que pensar. Não muda os fundamentos, é apenas um processo injusto, porque exclui os pobres.
CAPÍTULO 11
COMPARAÇÃO ENTRE AS CRISES DE 1929, 1987 E 1997.
Na Biblioteca do Congresso de Washington estão armazenados mais de três mil títulos para pesquisa, relatando o lado humano da Grande Depressão, como foi chamada a longa crise econômica, que seguiu o crash da Bolsa de Nova York em outubro de 1929.
O empresário Humbert Donald Barret, 36 anos, dono de uma indústria de autopeças e fornecedora da Ford Motor Company, apostou na Bolsa de Valores, tudo que havia acumulado e empenhado com o sistema on margin, dando como garantia seus bens móveis e imóveis, Barret foi um dos seis mil investidores da New York Sotck Exchange, a Bolsa mais ativa do mundo naquela época ( 1929 ), situada na Lendária Wall Street, que entre quinta-feira 29 e sexta-feira 30 de outubro de 1929, perderam tudo o que tinha e o que não tinham também. As operações on margin de fato realizaram-se com o investidor pagando em dinheiro apenas 3 % das ações que ele queria comprar, enquanto o restante era coberto com notas promissórias garantidas pelos bens do apostador. Barret empenhou não somente a somente a indústria, as propriedades, os títulos dos clubes, os dois carros pessoais, mas também os objetos de arte que decoravam sua mansão, e as jóias da esposa.
No pequeno espaço de tempo que viu Wall Street afundar de maneira vertiginosa, US$ 15 bilhões sairam das bolsas dos investidores para nunca mais retornar. Em 1929, US$ 15 bilhões representavam uma quantia bastante elevada. Para se ter uma idéia, naquele ano pagava-se US$ 15 pela diária de um apartamento standard do Wordolf Astoria, um dos hotéis mais prestigiados de Nova York. Em 1997, o mesmo apartamento era alugado por US$ 650 a diária, acescidas de impostos e taxas de serviços, excluindo o café da manhã.
O crash de Wall Street não provocou quebra desastrosas, apenas nos Estados Unidos. No Brasil, entre 1929 e 1933, a Westinhouse perdeu 2/3 de suas vendas; as ações da U.S. Steel abaixaram de 100 pontos, do General Motors caíram pela metade, o desemprego atingiu índices super altos, cerca de 27 %. Mas tudo isto não aconteceu de repente, existiam sinais do naufrágio iminente de que o bom da bolsa não duraria para sempre.
Em 1928, a Internacional Comunista – como lembra o historiador inglês Eric J. Hobsbaw em seu extraordinário ensaio Era dos extremos
- tinha previsto uma grande crise econômica, no curto prazo, com a esperança de que ela levasse a um novo lote de revoluções, mas o que ninguém esperava, foi à extraordinária universalidade da crise.
Em 1929, os dicionários ainda não falavam em globalização, mas a quebra de Wall Street acabou provocando um colapso generalizado da economia mundial. Muitos países, inclusive o Brasil com seu café, viram os preços de seus produtos tradicionais
desmoronando em queda livre diante da desistência dos Estados Unidos em formar estoques de produtos primários.
A depressão global deixou rastros profundos até depois da recuperação, no começo de 1934. O desemprego continuou dramático em quase toda a Europa: 17 % na Inglaterra; 18 % na Bélgica; 16 % na Suécia e no resto da Escandinávia. Os únicos dois países europeus que a partir de 1934 conseguiram livrar-se do desemprego, foram à Alemanha nazista de Hitler e a Itália fascista de Mussolini: as ditaduras militarizaram
os desempregados que encontraram trabalho numa acolhedora indústria bélica. Preparava-se a corrida para outro e maior desastre do século: A Segunda Guerra Mundial.
O Crash de 1987, também aconteceu numa segunda-feira. No dia 19 de Outubro de 1987, a Bolsa de Nova York registrou uma queda de 22,6 % maior até que o famoso Crash de 1929, que atingiu 12,8 %. Em 1987, o Dow Jones caiu 508,32 pontos, fechando em 1738,41 pontos. O pânico tomou conta de Wall Street que na semana anterior a queda acumulada chegou a 9,5 %. O dia ficou conhecido como segunda – feira negra
. Eram muitas as supostas razões para o desastre: medo do reaquecimento da inflação nos Estados Unidos, aumento das taxas de juros e um recente ataque americano a uma plataforma de petróleo irariana no Golfo Pérsico.
O movimento descendente arrastou consigo as Bolsas de valores de Londres (-12 %), Tóquio (-2,5 %), Paris (-10 %), Milão (-6,26 %), Frankfurt (-7,1 %) e Hong Kong (-10 %). No bang bang
especulativo, o ouro subiu US$ 17,5 e fechou a US$ 482,75 por onça (31 gramas) no mercado londrino. Também perderam a cabeça, alguns investidores mais sensíveis.
.
Felizmente, apesar das oscilações nos dias seguintes, a Bolsa de Nova York foi pouco a pouco retomando seu crescimento pelos menos até o dia anterior. Foi a partir de então, aliás, que entraram em cena o circuito breaker, mecanismo que suspende as negociações nos momentos de grande queda.
A quebradeira generalizada costuma se prolongar por muitos dias e faz naufragar empresas, bancos e investidores em todo o mundo. Exatamente como ocorreu em 1987 e no dia 28 de Outubro de 1929, quando o mundo mergulhou numa recessão mundial, que durou até 1933 e ficou conhecida como a Grande Depressão.
"Abaixo um relato que retrata as crises nos anos de 1929, 1987 e 1997, mostrando as diferenças entre as crises".
O presidente americano Herbert Hoover declarou o seguinte: Todo o nosso sistema de negócios cairia num só dia se não houvesse um grande senso de responsabilidade moral em nosso mundo dos negócios
. Era o início de 1929, ano do crash da Bolsa de Valores de Nova York. Essa péssima experiência, o outubro negro de Wall Street, palco da grande crise, foi gerada em um contexto de dinheiro e prazer em excesso.
A afirmação do presidente trazia uma grande dose de verdade, embora nem o presidente nem seus ouvintes soubessem até que ponto estava certo. A sonegação de impostos, as fraudes, incompetência e relaxamento generalizado, nunca foi tão grande como nos Twenties
. Os especuladores da década de 20 atuavam normalmente dentro da Lei, mas não faziam caso, ou fingiam não entendê-la. A atitude do Governo foi símbolo deste relaxamento. Ainda que os governantes, Al Smith e Franklin D. Roosevelt tivessem solicitado uma legislação que impusesse limites à Bolsa de Valores de Nova York, permaneceram calados diante do contexto instaurado.
Na época em que a economia americana necessitava de uma direção firme, os presidentes Harding e Coolidge e os congressistas se negaram atuar para conter os abusos. O presidente Hoover limitou-se a fazer advertências. Se com Henry Ford os Estados Unidos entravam em um futuro tecnológico, o país regressava politicamente na época de Grover Cleveland, guiado por presidentes complacentes e legisladores partidários do Laissez-faire
. A política de Cleveland – antiquadra mesmo para os idos de 1890 – não conservou uma conveniente proporção entre tecnologia e economia para a década de 20. A Wall Street estava sem amarras, pois funcionava sem travas legislativas. Não se fez caso das reformas dos progressistas, não houve investigações como as de Hughes e Pujo, que envergonharam aqueles que ocupavam o poder. A falta de controle externo foi apenas um dos fatores que fez tão caóticos os mercados da época. A falta de disciplina interna se não foi de igual, teve maior dimensão.
As corretoras procuravam entre os formandos dos cursos superiores, candidatos adequados para ensinar. O antiintelectualismo já tinha abandonado Wall Street. A venda de valores a um público sem as experiências do meio das finanças exigia certa delicadeza. O comprador tinha que acreditar que o vendedor conhecia um pouco sobre as ações que oferecia. Durante todos os anos da década, Wall Street acolheu muitos candidatos para serem treinados. Depois de algum tempo na iniciação no método, essas pessoas recebiam um telefone, um escritório, uma lista de clientes para desenvolver o trabalho. O mesmo que os antecessores haviam aprendido durante anos, os vendedores da década de 20 assimilavam em poucas semanas. Os antecessores marcados pelos tempos de guerra se inclinaram ao darwinismo social e lutavam para superar seus colegas. Também estudavam cuidadosamente o mercado para conquistar o maior espaço possível. O corretor dos anos 20, na maioria das vezes, precisava de conhecimentos definidos sobre valores e atuava como parte de uma equipe, mas não sonhavam chegar ao auge, senão almejando as maiores comissões ou, no mínimo, com a condição de ser sócio - minoritário. Os novos personagens eram heróis para milhões de especuladores da faixa indicadora de cotizações por duas razões: em primeiro lugar, por contribuir na realização de ideias que aspiravam os especuladores e milionários muitas vezes, cujo comportamento natural era muito admirado.
Além disso, acreditava-se que estes heróis haviam feito o mercado prosperar, tornando possível que a pessoa de poucos recursos que investia centenas de dólares, obtivessem lucros. Isso soava como perfeitamente legítimo para o pequeno investidor. Para eles, as vantagens iam além: se um papel subia e era logo vendido, o vendedor ganhava e o comprador também poderia se tornar rico, pois bastaria aumentar o preço, antes de vender
as ações. A quantia podia se duplicar em aproximadamente um ano. O dinheiro excedente parecia brotar do ar, sem que se perdesse nada. Era como se em Wall Street tivessem inventado uma máquina de fazer dinheiro, entregando-a ao público, que considerava ser completamente moral e digno receber algo por nada. Ofuscadas por essa noção, mais pessoas entraram para o mercado de valores e com mais dinheiro que nunca. As operações de compra e venda fizeram consórcios gigantes como os de Cutten e Livermore. O público acreditava que não podia fazer dinheiro sem ajuda dos manipuladores. De fato, nem Cutten nem Livermore poderiam ter atuado como fizeram sem apoio da massa formada por pequenos investidores. É difícil dizer com precisão quantos participaram da valorização do mercado. Em 1929, havia mais de 20 milhões de acionistas nos livros das companhias americanas. E muitos deles tinham ações em mais de uma empresa, portanto eram contadas várias vezes. Cálculos com base em impostos revelaram um total de nove milhões de acionistas. Esta cifra não inclui os que não declaravam suas entradas e inclui os proprietários de bônus. Um analista acreditava que havia aproximadamente 15 milhões de detentores de valores para uma população de 12 milhões. Levando em conta que uma família é composta de três a cinco pessoas e atribuindo a cada uma, de 45 a 75 milhões de pessoas estavam interessadas no mercado de valores de 1929.
Em 1929, o banco central começou a alertar o público e os bancos membros sobre as especulações, tentando, por meio da influência moral que exercia impedir as compras de ações com margem de lucro. As advertências não tiveram efeito. Mesmo com o aumento dos juros na tentativa de desencorajar os empréstimos. Durante a segunda metade da década de 20, os empréstimos feitos por corretores cresceram de forma tremenda, saltando ainda mais em 1929. Neste contexto, foram evidentes os efeitos de fontes não bancárias de crédito em Wall Street.
A Reserva Federal ao elevar os juros afetou os créditos bancários, mas os corretores e seus clientes acharam que as empresas estavam ainda muito ansiosas em emprestar dinheiro a 20 %. Andrew Mellon, Secretário do Tesouro fixara juros menores para as empresas, com a esperança de que usassem fundos adicionais para os investimentos em novos negócios e equipes, que por sua vez, se traduziriam em mais empregos e um nível de vida mais alto. As previsões de Mellon se cumpriram durante a primeira metade da década. Passado esse período, começaram a mudar.
As empresas se perguntavam por que investir em novos negócios se os rendimentos do mercado de capitais era mais seguro. Uma fábrica nova poderia, quando muito, produzir para obter ganho de 10% ao ano, enquanto em 1929, os empréstimos pareciam garantir de 15% a 20%. Essa motivação foi suficiente para que as empresas invadissem o mercado.
Os mercados de valores da década de 20 estavam, aparentemente, prestes a atingir um ápice verdadeiro, com base na crescente produção, consumo e distribuição. Todavia, uma análise cuidadosa mostra que as compras a prazo, o estancamento de capitais, a problemática estrutura empresarial, a falta de solidez bancária e de experiência administrativa, os financiamentos duvidosos e a cobiça nascida da fantasia estavam por trás desse mercado em alta.
Nova York – 1929
(resultou em crash)
Pequenos
Investidores Aposentados
Empresários
Operários
A compra das ações era feita diretamente, sem operadores profissionais. A bolsa funcionava independente do resto do mundo.
A Economia
Os Estados Unidos passavam por um momento de euforia no pós-guerra. Houve uma superprodução agrícola e industrial, que foi seguida de uma grande expansão no crédito. Mas o tomador de crédito acabou ficando inadimplente: o comércio não recebia e as empresas também não. A fragilidade do sistema bancário contribuiu para o caos.
As empresas começaram a quebrar. O valor das ações caiu vertiginosamente. A economia americana entrou em colapso.
Bolsa de
Nova York
Indice Dow Jones: - 12,89 % em 29 de outubro de 1929
Nova York - 1987
(resultou em crash)
Grandes Operadores
Bolsa de
Nova York
Os investimentos se profissionalizaram. Um pequeno investidor procurava um operador que aplicasse o dinheiro de acordo com o mercado. Os mercados dos grandes países estavam interligados.
A Economia
A economia americana vinha crescendo, mas o déficit na balança de US$ 15,7 bilhões anunciado em outubro, o receio de um conflito com o Irã, e o déficit público crescente, levaram aos agentes econômicos a acreditarem numa grande alta de inflação, seguida de recessão.
As grandes operadoras começaram a vender ações e houve uma verdadeira corrida à bolsa, com reflexos na Europa e no Japão.
Bolsa de
Nova York
Indice Dow Jones: - 22,69 % em 29 de outubro de 1987
Crise na Ásia - 1997
Acontecimentos que deu início a crise financeira asiática
Bolsas nos Bolsas na Grandes EUA Europa
Investimentos
Bolsas na Bolsas na
America Ásia
Latina
Globalização
Os investimentos se profissionalizaram ainda mais. As operadoras lidam com grandes quantidades de capital e investem indistintamente no mundo inteiro. Os mercados estão interligados por sofisticados sistemas de informação.
Crise na Ásia
Investidores começam a ver problemas no modelo econômico dos países que apresentam déficits crescentes e que têm seu desenvolvimento centrado nas exportações e começam os ataques especulativos.
Grande Investidor Diante da tendência de redução dos lucros
Entra com grande ou de reversão de expectativas econômicas,
quantidade de o investidor sai do mercado vendendo ações
capital e derrubando as bolsas.
Bolsas na
Ásia
De início, o fenômeno é considerado localizado, sem afetar as bolsas.
Hong Kong
Os investidores começam a ter desconfianças quanto ao modelo econômico do maior mercado financeiro da Ásia, que acaba de ser incorporado pela China.
Por se tratar de um mercado forte, a queda tem reflexos em todo o planeta.
Bolsas na Bolsas na
Ásia Europa
Queda Bolsa de
Hong
Kong
Bolsas nos Bolsas na
EUA América
Latina
Retomada
Dois dias depois da queda em Hong Kong, os mercados apresentaram boa recuperação. Isso deve-se em parte à diversificação dos investidores e também dos mercados, o que permite que as perdas nas bolsas de um determinado continente sejam compensados por ganhos em outras regiões. O mercado é sofisticado e têm mecanismos de proteção que evitam perdas maiores: um exemplo são os circuit breakers, que paralisam os pregões quando a queda é muito acentuada.
No século 20, pelos três momentos de crise desafiaram a estabilidade mundial. Em todas as circunstâncias, os estragos não tiveram o impacto global do furacão que devastou economias nos vários continentes, assolando moedas, investimentos e negócios que teve início em 1997.
No crash
de 1929, quando a Bolsa de Nova York teve a queda recorde de 12,8 %, na terça-feira negra
de 28 de outubro, o desespero não atingiu só os investidores americanos. Os efeitos da superprodução industrial e agrícola, além da expansão descontrolada do crédito lançaram o mundo na recessão até 1933, que passou à História como a Grande Depressão
. Esse período crítico teria ainda a hiperinflação alemã da década de 30, e a crise européia do pós-guerra, que exigiu o socorro financeiro do Plano Marshall.
Na década de 70, o mundo foi novamente sacudido, e desta vez, com a crise do petróleo em que o preço do barril quadruplicou – de US$ 2,50 para US$ 10 – em menos de três meses no final de 1973. Os países em desenvolvimento e importadores de petróleo, como o Brasil, pagaram caro pelo fim da euforia da energia barata. Em dez anos, o débito conjunto pulava de US$ 130 bilhões para US$ 650 bilhões.
O endividamento desses países seria o ingrediente do próximo sobressalto econômico mundial. A moratória mexicana iniciava em agosto de 1982 a crise da dívida, em que o Brasil se incluiria em fevereiro de 1987, quando o presidente José Sarney anunciou a suspensão por tempo indeterminado do pagamento dos juros do débito de quase US$ 110 bilhões. O longo ciclo de renegociação dos débitos com a comunidade financeira internacional teria um termo somente no início na década de 90, mas não as seqüelas.
A crise que iniciou em julho de 1997, derrubando as bolsas, moedas, bancos e empresas no Sudeste da Ásia, não contagiou somente o Ocidente, pois o Japão e a Rússia por motivos diferentes, também foram envolvidas no vendaval, cujos efeitos devem perdurar pelo menos 10 anos.
A seguir, alguns fatos marcantes na economia mundial, causados pelas crises financeiras.
Alemanha
A hiperinflação na Alemanha, na década de 30 com a extrema desvalorização da moeda, os alemães foram obrigados a transportar em cestas volumosas pelas ruas até mesmo as pequenas importâncias em dinheiro.
Rússia
Os russos fizeram fila em São Petersburgo para comprar óleo de cozinha, a população corre aos mercados públicos por temer que os preços dos gêneros alimentícios aumentassem ainda mais, em conseqüência da crise provocada pela desvalorização do rubro, pois num só dia a moeda do país caiu mais de 40 % em relação ao marco alemão.
Estados Unidos
No crash
de 1929, após a queda recorde de 22,8 % na Bolsa de Nova York, americano põe o carro à venda por US$ 100, crise causada por superprodução e crédito fácil lançou o mundo na Grande Depressão até 1933.
Argentina
Na crise do petróleo em fins de 1973, argentinos compraram querosene nas ruas para fugir dos rigores do racionamento. O preço do petróleo que duplicou em menos de três meses, agravando a dívida externa dos países importadores.
México
No México, manifestantes comemoraram a suspensão do pagamento da dívida externa em 1982. A moratória mexicana deu início à crise de mais de dez anos, arrastando todos os países endividados do terceiro mundo.
Brasil
Carlos Langoni, presidente do Banco Central em 1982, em conferência para banqueiros no Plaza de Nova York com o ministro da Fazenda, Ernane Galvêas, expôs as dificuldades do país para saldar sua dívida.
Dilson Funaro, ministro do Governo José Sarney, depõe na Comissão da Dívida Externa do Senado em maio de 1987, ao lado do senador Fernando Henrique Cardoso. Em fevereiro, o Brasil tinha declarado moratória.
Japão
Em Tóquio, Syohei Nozaw, presidente da Yamaichi chora na entrevista coletiva em que anunciou o fechamento de uma das maiores e mais tradicionais corretoras do Japão, no dia 24 de novembro de 1997.
CAPÍTULO 12
O Perfil de Economias da América Latina e da Ásia
A crise que sacudiu as bolsas do mundo, particularmente no Sudeste da Ásia, reforçou o interesse dos investidores internacionais pela América Latina.
Durante mais de uma década, as nações asiáticas foram um modelo de crescimento disciplinado, mas as experiências, as crises e a recuperação da América Latina, por suas políticas macroeconômicas, estão mudando à ponto de atenção internacional.
A política macroeconômica foi o que protegeu os países da América Latina da crise, e por outro lado os países da região e do Caribe precisam, entretanto, de moedas complementares, tais como: a redução de seus déficits e a modernização de seus sistemas regulares para atrair mais investimentos estrangeiros. A crise mostrou que a América Latina está num bom caminho para proteger-se de movimentos bruscas nas Bolsas. Entre os anos 1993 e 1996, os países latino-americanos receberam, em médias US$ 60 bilhões em investimentos, e no primeiro semestre de 1997, as investimentos somaram US$ 45 bilhões.
Segue abaixo o perfil econômico de cada país na América Latina e Ásia, no ano 1997.
México
Rating: BB
Juros internos de curto prazo: 22, 89 %
Desvalorização da moeda: 6,46 %
Inflação / ano: 15,7 %
PIB: 356,7 bilhões
Reservas cambiais: US$ 25,4 bilhões
Balanço de transações correntes / PIB: -1,7 %
Tailândia
Rating: A-
Juros internos de curto prazo: 14 %
Desvalorização da moeda: 53,7 %
Inflação / ano: 10 %
PIB: 152,9 bilhões
Reservas cambiais: US$ 30,4 bilhões
Balanço de transações correntes / PIB: -5,4 %
China
Rating: BBB+
Juros internos de curto prazo: não disponível
Desvalorização da moeda: - 0,56 %
Inflação / ano: 3 %
PIB: 932,9 bilhões
Reservas cambiais: US$ 121 bilhões
Balanço de transações correntes / PIB: + 1,4 %
Rússia
Rating: BB-
Juros internos de curto prazo: 19 %
Desvalorização da moeda: - 5,7 %
Inflação / ano: 14 %
PIB: 454,7 bilhões
Reservas cambiais: US$ 18,5 bilhões
Balanço de transações correntes / PIB: + 2,8 %
Coreia do Sul
Rating: AA-
Juros internos de curto prazo: 12,8 %
Desvalorização da moeda: 14,26 %
Inflação / ano: 4 %
PIB: 478,9 bilhões
Reservas cambiais: US$ 33 bilhões
Balanço de transações