As Primaveras
()
About this ebook
Read more from Casimiro De Abreu
Carolina Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsCarolina - conto original Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Related to As Primaveras
Related ebooks
Charneca em Flor Rating: 0 out of 5 stars0 ratings7 Melhores Contos - Escritoras Brasileiras e Portuguesas - Volume 2 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsIracema Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDa Cor Do Damasco Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsIracema: Conteúdo adicional! Perguntas de vestibular Rating: 3 out of 5 stars3/5Fantasia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsColar De Sementes Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsNocturnos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsVersejos E Outras Sertaníces Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEspumas Flutuantes Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsVersos de Bulhão Pato Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDoces Ardis Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsVivalma Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Cântaro Das Horas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Partida Da Monção Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsTapera Florida Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPapéis Velhos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSempre Haverá Um Novo Amanhã Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsCem Haicais Rating: 5 out of 5 stars5/5Poemitos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLírico Instinto Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsNegro Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Homem Metáfora Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA mensageira das violetas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEnquanto uma estrela me ouvir... Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsNoturnas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEm Chamas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLyra da Mocidade Primeiros Versos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSementes De Palavras Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Livro de Elysa: Fragmentos Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Classics For You
A Odisseia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia hebraica) Rating: 4 out of 5 stars4/5Contos de Edgar Allan Poe Rating: 5 out of 5 stars5/5Dom Casmurro Rating: 4 out of 5 stars4/5Dom Quixote de la Mancha Rating: 5 out of 5 stars5/5A Divina Comédia [com notas e índice ativo] Rating: 5 out of 5 stars5/5Persuasão Rating: 5 out of 5 stars5/5Orgulho e preconceito Rating: 5 out of 5 stars5/5A Metamorfose Rating: 5 out of 5 stars5/5Crime e Castigo Rating: 5 out of 5 stars5/5Arsene Lupin, o ladrão de casaca Rating: 4 out of 5 stars4/5A divina comédia Rating: 5 out of 5 stars5/5MEMÓRIAS DO SUBSOLO Rating: 5 out of 5 stars5/5A voz do silêncio Rating: 5 out of 5 stars5/5O Conde de Monte Cristo: Edição Completa Rating: 5 out of 5 stars5/5Dom Casmurro: Edição anotada, com biografia do autor e panorama da vida cotidiana da época Rating: 4 out of 5 stars4/5Memórias Póstumas de Brás Cubas Rating: 4 out of 5 stars4/5O Príncipe Rating: 4 out of 5 stars4/5Os Irmãos Karamazov Rating: 5 out of 5 stars5/5Mulherzinhas Rating: 4 out of 5 stars4/5Quincas Borba Rating: 5 out of 5 stars5/5Fausto (Portuguese Edition) Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDrácula Rating: 3 out of 5 stars3/5Guerra e Paz Rating: 4 out of 5 stars4/5MACHADO DE ASSIS: Os melhores contos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMachado de Assis: obras completas Rating: 4 out of 5 stars4/5A Felicidade Conjugal Rating: 5 out of 5 stars5/5Campo Geral Rating: 4 out of 5 stars4/5Livro do desassossego Rating: 4 out of 5 stars4/5
Reviews for As Primaveras
0 ratings0 reviews
Book preview
As Primaveras - Casimiro de Abreu
LIVRO PRIMEIRO
Heureux ceux qui n’ont point vu la fumée des fètes de l’etranger, et qui ne se sont assis qu’aux festins de leurs péres!
Chateaubriand.
I - CANÇÃO DO EXÍLIO
Lisboa — 1855
Oh! mon pays sera mes amour
Toujours.
Chateaubriand.
Eu nasci além dos mares:
Os meus lares,
Meus amores ficam lá!
— Onde canta nos retiros
Seus suspiros,
Suspiros o sabiá!
Oh que céu, que terra aquela,
Rica e bela
Como o céu de claro anil!
Que seiva, que luz, que galas,
Não exalas
Não exalas, meu Brasil!
Oh! que saudades tamanhas
Das montanhas,
Daqueles campos natais!
Daquele céu de safira
Que se mira,
Que se mira nos cristais!
Não amo a terra do exílio,
Sou bom filho,
Quero a pátria, o meu país,
Quero a terra das mangueiras
E as palmeiras,
E as palmeiras tão gentis!
Como a ave dos palmares
Pelos ares
Fugindo do caçador;
Eu vivo longe do ninho,
Sem carinho;
Sem carinho e sem amor!
Debalde eu olho e procuro...
Tudo escuro
Só vejo em roda de mim!
Falta a luz do lar paterno
Doce e terno,
Doce e terno para mim.
Distante do solo amado
— Desterrado —
A vida não é feliz.
Nessa eterna primavera
Quem me dera,
Quem me dera o meu país!
II - MINHA TERRA
Lisboa — 1856
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá.
G. Dias.
Todos cantam sua terra,
Também vou cantar a minha,
Nas débeis cordas da Lira
Hei de fazê-la rainha;
— Hei de dar-lhe a realeza
Nesse trono de beleza
Em que a mão da natureza
Esmerou-se em quanto tinha.
Correi pr’as bandas do sul
Debaixo dum céu de anil
Encontrareis o gigante
Santa Cruz, hoje Brasil;
— É uma terra de amores
Alcatifada de flores
Onde a brisa fala amores
Nas belas tardes de Abril.
Tem tantas belezas, tantas,
A minha terra natal,
Que nem as sonha um poeta
E nem as canta um mortal!
— É uma terra encantada
— Mimoso jardim de fada —
— Do mundo todo invejada,
Que o mundo não tem igual.
Não, não tem, que Deus fadou-a
Dentre todas — a primeira:
Deu-lhe esses campos bordados,
Deu-lhe os leques da palmeira,
E a borboleta que adeja
Sobre as flores que ela beija,
Quando o vento rumoreja
Na folhagem da mangueira.
É um país majestoso
Essa terra de Tupã,
Desd’o Amazonas ao Prata,
Do Rio Grande ao Pará!
— Tem serranias gigantes
E tem bosques verdejantes
Que repetem incessantes
Os cantos do sabiá.
Ao lado da cachoeira,
Que se despenha fremente,
Dos galhos da sapucaia
Nas horas do sol ardente,
Sobre um solo d’açucenas,
Suspensa a rede de penas
Ali nas tardes amenas
Se embala o índio indolente
Foi ali que noutro tempo
À sombra do cajazeiro
Soltava seus doces carmes
O Petrarca³ brasileiro;
E a bela que o escutava
Um sorriso deslizava
Para o bardo que pulsava
Seu alaúde fagueiro.
Quando Dirceu e Marília⁴
Em terníssimos enleios
Se beijavam com ternura
Em celestes devaneios;
Da selva o vate inspirado,
O sabiá namorado,
Na laranjeira pousado
Soltava ternos gorjeios.
Foi ali, foi no Ipiranga,
Que com toda a majestade
Rompeu de lábios augustos
O brado da liberdade;
Aquela voz soberana
Voou na plaga indiana
Desde o palácio à choupana,
Desde a floresta à cidade!
Um povo ergueu-se cantando
— Mancebos e anciãos —
E, filhos da mesma terra,
Alegres deram-se as mãos;
Foi belo ver esse povo
Em suas glórias tão novo,
Bradando cheio de fogo:
— Portugal! somos irmãos!
Quando nasci, esse brado
Já não soava na serra
Nem os ecos da montanha
Ao longe diziam — guerra!
Mas não sei o que sentia
Quando, a sós, eu repetia
Cheio de nobre ousadia
O nome da minha terra!
Se brasileiro eu nasci
Brasileiro hei de morrer,
Que um filho daquelas matas
Ama o céu que o viu nascer;
Chora, sim, porque tem prantos,
E são sentidos e santos
Se chora pelos encantos
Que nunca mais há de ver.
Chora, sim, como suspiro
Por esses campos que eu amo,
Pelas mangueiras copadas
E o canto do gaturamo;
Pelo rio caudaloso,
Pelo prado tão relvoso,
E pelo tiê formoso
Da goiabeira no ramo!
Quis cantar a minha terra,
Mas não pode mais a lira:
Que outro filho das montanhas
O mesmo canto desfira,
Que o proscrito, o desterrado
De ternos prantos banhado,
De saudades torturado,
Em vez de cantar — suspira!
Tem tantas belezas, tantas,
A minha terra natal,
Que nem as sonha um poeta
E nem as canta um mortal!
— É uma terra de amores
Alcatifada de flores
Onde a brisa em seus rumores
Murmura: — não tem rival!
III - SAUDADES
...1856
Nas horas mortas da noite
Como é doce o