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Oriundi: Memórias entre dois continentes
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Ebook82 pages1 hour

Oriundi: Memórias entre dois continentes

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About this ebook

A diversidade cultural do povo brasileiro é diretamente relacionada ao fenômeno migratório: em sua história, por várias razões político-geográficas, estrangeiros desembarcaram no Brasil em busca de melhores condições de vida. Entre 1884 e 1959, houve uma maciça emigração italiana. As plantações de café prosperavam e necessitavam cada vez mais de mão de obra em quantidade superior à existente. A população era no geral demasiada pequena, para um território muito grande. Ademais, a vinda de trabalhadores assalariada, assim se esperava, proporcionaria desenvolvimento às cidades e ao comércio, a geração de serviços de infraestrutura, com crescimento para o país. Pouco antes, o Reino de Itália havia passado pelas guerras de unificação. Com o fim destas, sua economia encontrava-se debilitada, com altas taxas de crescimento demográfico e desemprego. Foi em tal contexto que ocorreu a chamada 'grande imigração'. Somente na cidade de São Paulo, que tem cerca de 11 milhões de habitantes, quase 6 milhões têm origem italiana, ou seja, 55% da população local. Para se ter uma ideia, é interessante comparar com a maior cidade da Itália - Roma, que hoje conta com aproximadamente 3,8 milhões de pessoas, ou seja, menos italianos que a cidade sul-americana.Os italianos nascidos fora da Itália são chamados oriundi (oriundos; em português). Entre eles estão filhos, netos, bisnetos, trinetos, etc., de imigrantes e são jure cidadãos, baseado no conceito jus sanguinis (direito de sangue), em que todos aqueles que têm origem italiana são igualmente italianos natos, assim como os nascidos em território italiano. No Novo Mundo contrasta-se então com o jus soli (lei do solo) da América. O Brasil abriu seus braços aos imigrantes e os imigrantes, por sua vez, conseguiram sobreviver em sua nova pátria. A relação entre italianos e brasileiros foi importante para ambos e juntos contribuíram a fazer do país uma grande nação.Através deste livro, Guilherme Balista compartilha relatos da sua história de família. Reuniu fragmentos e informações presentes nos 'baús' da memória de seus familiares e que escuta desde a infância. Ercolano Gerolamo Ballista e Maria Luigia Frego atravessaram o oceano em busca de melhor qualidade de vida, realizar o sonho de 'fazer a América' e como muitos outros italianos, foram trabalhar na agricultura. São detalhes tão ricos que não podem ser perdidos. As lembranças de sua família são traduzidas nesta obra e transforma-se, assim, em patrimônio que agrega valor a cada um de seus componentes e, em geral, a todos os italianos e oriundos.
LanguagePortuguês
PublisherBibliomundi
Release dateMay 6, 2022
ISBN9781526020413
Oriundi: Memórias entre dois continentes
Author

Guilherme Douglas Balista

Guilherme Balista é pastor batista e jornalista. Ítalo-brasileiro, classe 1991, estudou comunicação e depois do bacharelado em teologia, especializou-se em ciências sociais. É tradutor juramentado para italiano e português e autor do livro “Oriundi: Memórias entre dois continentes” (2020). Atualmente, mora em Roma, Itália.

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    Oriundi - Guilherme Douglas Balista

    ORIUNDI

    Memórias entre dois continentes

    Guilherme Balista

    Bibliomundi

    Direitos autorais

    Direitos autorais © 2020 Guilherme Douglas Balista

    Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

    Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperação, ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão expressa por escrito do autor.

    Capa: Guilherme Balista

    Diagramação: Guilherme Balista

    Revisão: Daiane Fontanelli

    www.guilhermebalista.com

    Publicado no Brasil por:

    Bibliomundi

    Av. das Américas, 500 - Bloco 6 - Sala 201 - 22640-100 - Rio de Janeiro - RJ

    1ª edição: 2 de janeiro de 2020

    Dedico esta obra a todos os Ercolanos e Marias que atravessam o Atlântico em busca de uma vida melhor. Aos meus ancestrais, que trabalharam de sol a sol para sustentar suas famílias.

    À família Balista/Ballista. Aos meus avós, pais e irmãos.

    À revisora, minha companheira, Daiane Fontanelli.

    Um agradecimento especial a amiga, Rosalie Gallo y Sanches, ex-presidente da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura (ARLEC) e a Biblioteca Nacional Central de Roma.

    Apresentação

    Leio desde meus longínquos quatro anos de idade. Aprendi com minhas irmãs a ouvir, escrever e ler, as tarefas mais difíceis do circuito da comunicação. Poucas vezes me surpreendi com narrativas, lidas ou contadas, em filmes ou em áudio. Raras vezes reli textos que me intrigaram.

    Com Guilherme, confesso que precisei reler muitas vezes esta narrativa familiar. Recheada de informações gerais, transborda cultura pelas beiradas das aventuras ligadas à imigração.

    Não posso dizer que tais aventuras sejam únicas. A grande maioria de imigrantes passou pelas mesmas dificuldades, dissabores, problemas e desembocaram na alegria do estabelecimento na nova pátria. Também a grande maioria não conheceu o que fosse a Mérica nem conseguiu fazer a tal Mérica, prometida Canaã da época das grandes ondas imigratórias.

    Neste caso, especificamente, o que desejo ressaltar, porém, é a verve literária deste biógrafo romancista. Seu talento reside em explicar as informações culturais citadas e, acima disso, em criar um ambiente psicológico favorável ao leitor que lê, de cada narrador, a história contada diretamente em primeira pessoa do discurso.

    Esta primeira pessoa, alternando-se a cada personagem, faz que desponte um novo protagonista e, como consequência, uma relação mais próxima entre o narrador e o leitor. Assim, cada capítulo é um novo convite a conhecer outra figura da família e com ela conhecer a mesma realidade segundo a ótica do narrador-testemunha. Precisa-se de talento, para esta técnica e Guilherme o tem de sobra.

    No ano de 2018 coube-me a tarefa de analisar um livro de literatura africana. Mayombe me surpreendeu com esta mesma técnica. Pepetela, o autor, assume várias personalidades de primeira pessoa e consegue, como Guilherme, captar em um caleidoscópio uma gama variada de pontos de vista sobre a situação geral em seu país durante as guerrilhas para a libertação de Angola, até então sob o domínio de Portugal. Aqui, o autor capta com a mesma perspicácia essa gama de pontos de vista a respeito da emigração italiana. Homens simples ganham grandeza de heróis e mulheres valentes demonstram não ter medo do desconhecido, ultrapassando mares e vencendo desafios de novas terras.

    A linguagem desse jovem autor é clara, concisa, direta. Traduz uma realidade também clara, concisa e direta no novo país adotado. Tudo como um resumo da postura necessária ao imigrante que não deve temer absolutamente nada e que está disposto a tudo.

    A vitória, muitas vezes, não se identifica com o sucesso financeiro. Para a cultura italiana, o valor da família bem construída tem peso fundamental. Assim, nessa narrativa, vemos desenvolverem-se subnúcleos familiares sólidos, gerando filhos de caráter substancioso a garantir a continuidade de uma linhagem séria e digna.

    Tem-se, portanto, aqui, a saga de pessoas que conseguiram realizar seus sonhos ao se entregarem à aventura de cruzar o oceano, enfrentar a nova vida e fazer dela o campo fértil para que todos pudessem progredir principalmente no aspecto ético. O dinheiro é volátil, efêmero e irreal; construir a vida é bem mais trabalhoso.

    Os imigrantes que o digam!

    Rosalie Gallo y Sanches (2019)

    Prefácio

    Os italianos nascidos fora do território italiano são chamados oriundi (oriundos; do latim oriundus, derivado do verbo orior, nascer, trazer origem). Entre eles estão filhos, netos, bisnetos, trinetos, etc., de imigrantes e são jure cidadãos, baseado no conceito jus sanguinis (direito de sangue), em que todos aqueles que têm origem italiana são igualmente italianos natos, assim como os nascidos na Itália. Significa que o oriundo tem nacionalidade italiana desde o nascimento, independente de onde tenha ocorrido o parto.

    O número de ítalo-descendentes no mundo é estimado em 70 milhões devido à chamada grande imigração. O Brasil é o país com o maior número de italianos no exterior. Estima-se que hoje haja mais de 30 milhões de oriundos, sendo a nacionalidade estrangeira de maior número.

    Para compreender a imigração é necessário analisar os aspectos durante o século XIX. Na sua primeira metade, o Reino Unido, a potência econômica da época, pressionou fortemente o governo brasileiro a acabar com o tráfico negreiro que

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