A Construção: Um estudo em branco sobre seres e sociedades fictícias
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A Construção - Fabio dos Santos
A CONSTRUÇÃO
Um estudo em branco sobre seres e sociedades fictícias
A CONSTRUÇÃO
Um estudo em branco sobre seres e sociedades fictícias
FÁBIO DOS SANTOS
Bibliomundi
Copyright by Fábio dos Santos, 2020
Título original:
A construção: Um estudo em branco sobre seres e sociedades fictícias
Capa: Fabio dos Santos
Caracteres: Notebook
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Santos, Fábio dos
A construção: Um estudo em branco sobre seres e sociedades fictícias
/Fabio dos Santos
Maceió: Bibliomundi/Edição do Autor, 2020
74p.
(ficção brasileira)
Ficção. 2. Título. I. Ficção científica brasileira.
II. Ciências Sociais
[Marco Zero 01]
O que irei narrar são ideias gerais, uma iniciativa de pesquisa sobre coisas e seres, de um lugar incomum, ou tão comum que ninguém mais percebe. Dizem dos povos cujas falas são incompreensíveis ou apócrifos. Naquele lugar a linguagem do gesto e do corpo era uma expressão mais valorizada do que a própria oralidade. Os linguistas e os filólogos iriam odiar. Porque, dada a sensibilidade daqueles clãs, as palavras eram espinhos. Elas ecoavam pelos infinitos corredores e antessalas e faziam cicatrizes nas ríspidas paredes na forma escrita.
Falar somente quando não se podia mais utilizar a mímica ou o corpo. Ali, naquele lugar incomum a sensação que se sentia era a de estar ao lado das palavras materializadas misteriosamente.
Por uma questão de método antes de penetrar naquele mundo precisei acertar duas coisas: o fato de estarmos em pleno século XXII e o fato de eles serem raros e únicos. Precisava, ainda, ter mais dois cuidados: o de não oportunizá-los nem assustá-los e o de preservar a minha própria vida. Como corpo estranho
correria constantemente o risco de virar o tão sonhado alimento daqueles seres à margem da forma de vida que arriscaria denominar de viver à luz da pós-contemporaneidade
.
Ademais, de que adiantaria um pesquisador morto? Se alguém me perguntasse algo a respeito sobre se esta é uma questão fundamental – o porquê de decidir-me de estudar uma sociedade ignóbil inexistente
somente pelo fato de poder contribuir para a Ciência e/ou talvez por razões pessoais de minha própria existência como criatura.
A narrativa é um registro de algo que tenha sido e que possivelmente poderia ser. Ou o inverso. Ora descritiva ora reflexiva, ora introspecção, ora prospecção, ora refração, ora prazer; a narração fragmentada é uma decisão minha. Até o procedimento metodológico que tenho por certeza a organização zelará pela verossimilhança dos fatos, embora o caro leitor não espere contar com a Razão, nem com a verdade.
[Marco Zero 02]
Na faculdade prestes a licenciar-me estava meio perdido sobre o que iria pesquisar. Meu orientador tentava de todas as maneiras ajudar-me, mas não vinha ideia alguma que fosse original e que pudesse ser aplicado dentro de uma das linhas de pensamento das Ciências Sociais. O meu contributo em prol delas era uma forma de eu retornar por gratidão por tudo que aprendi, desde os clássicos pensadores aos autores contemporâneos.
Assim, eu sabia de tantos objetos pesquisáveis das teorias e das autoridades; num instante de insight eu poderia aplicar a noção de coletividade e fato social de Durkheim ou arriscar as motivações sobre a ação dos indivíduos sob a perspectiva de Weber; Marx, infelizmente não encontraria lugar ali, ainda. Por que penso ser interessante falar isso, caro leitor, porque, enquanto aprendiz de pesquisador, eu cri haver por aí tantos sujeitos aflitos como eu em querer fazer algo por alguém ou por alguma coisa. Todavia, isso aqui não é um corpúsculo sociológico nem um trabalho de conclusão de curso. É minha aventura por terrenos que pensei inimagináveis e indissociáveis o aprendizado que obtive, pois o curso e os professores haviam me fornecido subsídios e ferramentas científicos suficientes; todavia, queria contribuir muito mais além, doar-me também, de espírito.
Não me esqueci das infinitas horas em que fiquei a perambular pelo campus buscando, observando, sendo tachado de louco, de incompetente, afobado, relaxado, enganador. Quase prestes a ser jubilado veio-me a grande sacada: aliar estruturas e agências de sociedades virtuais e/ou fictícias propondo uma interface entre as Ciências Sociais e Ficção Científica. Poderia depreender toda a obra de Arthur Clark ou Asimov ou de Verne. Queria mais. Muito mais. Estava guloso por saber.
Saiba o leitor que o Tempo transcorria contra mim até que, acidentalmente, pesquisando no Google aplicando o termo sociedades inexistente
encontrei pistas de uma suposta sociedade chamada Construção, localizada em lugar desconhecido, longe de tudo e de todos, ou