Mesmer: e o Magnetismo Animal
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Book preview
Mesmer - Ernest Bersot
CIP - BRASIL - CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
154.72
B454m
Bersot, Ernest.
Mesmer e o Magnetismo Animal/Ernest Bersot; tradução de José Jorge. — 1. ed. Rio de Janeiro: CELD, 2016.
184 p.; 14 x 21 cm
eISBN: 978-85-7297-588-9
1. Magnetismo Animal.
I. Jorge, José
II. Título.
W. Gualberto
CRB/7-1288
ODC: 154.72
MESMER E O MAGNETISMO ANIMAL
Ernest Bersot
Do original francês:
Mesmer et le Magnétisme Animal
1ª Edição: setembroo de 2016;
1ª tiragem, do 1º ao 3º milheiro.
Tradução:
José Jorge
Capa e diagramação:
Luiz de Almeida Júnior
Revisão:
Barbara Santos e Teresa Cunha
Arte-final:
Roberto Ratti
Produção de ebook:
S2 Books
Para pedidos de livros, dirija-se ao
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Remessa via Correios e transportadora.
Todo produto desta edição é destinado à manutenção das obras sociais do Centro Espírita Léon Denis.
SUMÁRIO
Capa
Ficha catalográfica
Folha de rosto
Créditos
Primeira Parte - História
Capítulo 1. Mesmer. Seu início na Alemanha
Capítulo 2. Mesmer em Paris
Capítulo 3. Primeiras relações com os sábios
Capítulo 4. Deslon pede uma sindicância à Faculdade
Capítulo 5. O governo nomeia comissões para examinar o magnetismo (1784)
Capítulo 6. Derrota do mesmerismo em Paris
Capítulo 7. O magnetismo nas províncias
Capítulo 8. Última aparição de Mesmer
Capítulo 9. Ressurreição do magnetismo
Capítulo 10. Primeira comissão nomeada pela Academia de Medicina
Capítulo 11. Nova pesquisa pedida pelo Dr. Berna à Academia de Medicina
Capítulo 12. Prêmio proposto pelo Dr. Burdin
Segunda Parte - Questões e Dúvidas sobre o Magnetismo Animal
Capítulo 1. Histórias semelhantes às Histórias do Magnetismo
Capítulo 2. Histórias semelhantes às Histórias do Magnetismo (continuação): Tremedores das Cévennes
Capítulo 3. Histórias semelhantes às Histórias do Magnetismo (continuação): Convulsionários de Saint-Médard
Capítulo 4. Histórias semelhantes às Histórias do Magnetismo (continuação): Exorcismos de Gassner
Capítulo 5. Diversos julgamentos desses fatos
Capítulo 6. Condições para acreditar nos fatos
Capítulo 7. Explicação dos fatos
Capítulo 8. Poder das causas naturais
Capítulo 9. Estados extraordinários do corpo
Capítulo 10. Estados extraordinários da alma; exaltação das faculdades intelectuais
Capítulo 11. Resumo
Capítulo 12. Conclusão
Primeira Parte
HISTÓRIA
Capítulo 1
Mesmer. Seu início na Alemanha. Tese sobre a influência dos planetas. Encontro com o padre Hell e com Gassner
Mesmer nasceu em 1734, na Alemanha; dizem uns, em Viena, outros, em Weiller e, ainda outros, em Mersebourg.
Em 1766, doutorou-se em Medicina na Faculdade de Viena. O tema de sua tese era: Da Influência dos Planetas sobre o Corpo Humano.
Como os planetas influenciavam uns aos outros e como o Sol e a Lua influem em nossa atmosfera e nossos mares, ele concluiu que esses grandes corpos também influem nos corpos animados, particularmente sobre o sistema nervoso, por meio de um fluido muito sutil, que em tudo penetra.
E, da mesma forma, como, sob essa influência, se operam no mar um fluxo e um refluxo, também há, nos corpos animados, uma tensão e uma retração, como nas marés.
Esse fluido sutil, agente geral de todas essas mudanças, assemelha-se, por suas propriedades, a um ímã e, em consequência, se chamará magnetismo animal.
Em 1774, Mesmer foi ao encontro do padre Hell, jesuíta, professor de Astronomia, que, estabelecido em Viena, curava enfermidades por meio de ferros imantados. Ele havia curado, especialmente, uma senhora de uma doença cardíaca crônica e ele próprio se curou de um reumatismo agudo.
Vinte anos antes, Lenoble se notabilizara na construção desses ímãs e havia dois séculos que Paracelso recomendara esse remédio contra as dores de dentes.
Mesmer, impressionado com as experiências que presenciava, e achando nesses efeitos a confirmação de suas teorias astronômicas, fundou uma casa de saúde na qual se propunha a tratar as doenças, gratuitamente, pelos mesmos processos.
Magnetizando e eletrizando, ele mandou construir lâminas e anéis imantados que remeteu a seus colegas, em diversas partes da Alemanha, e publicou, nos jornais de Viena, as curas que realizava.
Inúmeras pessoas atestaram que haviam sido curadas de várias enfermidades, entre elas o conselheiro Ostervald, diretor da Academia de Ciências de Munich, atacado de paralisia.
Pouco a pouco, Mesmer se emancipou e quis dispensar os aparelhos do padre Hell. Sustentou a existência do magnetismo animal, essencialmente distinto do ímã, assim como da eletricidade, e renunciou, completamente, em 1773, ao emprego desses dois últimos agentes.
Durante esse tempo, havia tentado curas; debatia-se contra os sábios de seu país, refutando-os numa carta explicativa enviada à maior parte das academias e dos sábios da Europa. Apenas a Academia de Berlim respondeu dizendo que, segundo seu parecer, ele estava sob uma ilusão.
Cansado pelas lutas, viaja à Alemanha e à Suíça. Neste último país ele encontra mais um homem prodigioso que curava as doenças do corpo por um processo extraordinário, diferente do ímã.
Gassner, padre suíço, para curar os males, exorcizava os doentes com bons resultados.
Não se procurava saber se os males eram naturais ou diabólicos. Gassner, por três interpelações e três sinais da cruz, ordenava a Satã que se manifestasse; se não houvesse qualquer resposta, a doença era natural e, então, era tratada com os remédios convencionais. Caso houvesse conclusões, era sinal da presença do diabo e Gassner, com palavras sacramentais e toques de objetos religiosos, o expulsava.
Quando acontecia uma recaída, ele acusava os doentes de, nesse espaço de tempo, terem pecado ou perdido a fé. Segundo essas ideias, ele escreveu, em 1774, um livro: Maneira Piedosa de Viver.
Afastado pelo bispo de Mersebourg, chamado pelo bispo de Ratisbonne, conseguiu prodígios.
O famoso Lavater [1] punha nele inteira confiança; mais tarde divulgou o magnetismo na Alemanha. Mesmer viu Gassner operar, reconheceu as curas e as atribuiu ao magnetismo animal.
Voltando a Viena, Mesmer tratou de uma jovem de 18 anos, cega desde a idade de 4 anos, e afirmou ter-lhe restituído a visão. Como então, após o fato ter sido publicado, por escrito, o pai se apresentou, furioso, a Mesmer, para recuperar sua filha?
Como isto seria possível se essa infeliz foi jogada, de cabeça, contra a parede por sua bárbara mãe
?
Isto não ficou muito claro e a imperatriz ordenou a Mesmer acabar com aquela trapaça
.
Capítulo 2
Mesmer em Paris. Memória sobre a descoberta do magnetismo. Le baquet [2] de Mesmer. La Harpe na selha. Mesmer na casa de Holbach. O tempo favorável ao magnetismo
Mesmer vai para Paris (fevereiro de 1778), onde publica Memória sobre a Descoberta do Magnetismo (1779), livro meio astronômico e meio médico que anuncia a descoberta da panaceia universal.
Contanto que conheça e saiba dirigir o fluido magnético, o médico "julgará, seguramente, a origem, a natureza e o progresso das doenças, mesmo das mais complicadas, impedindo seu avanço e providenciando sua cura, sem qualquer perigo. Ele curará, diretamente, as doenças dos nervos e, indiretamente, todas as demais. A arte de curar chegará, assim, à sua última perfeição. A Natureza oferece um meio universal de curar e de preservar os homens".
Ele encontrou um discípulo bem disposto em Deslon, médico-regente da Faculdade e primeiro médico do Conde de Artois, e o iniciou em sua doutrina; vamos vê-los na tarefa.
No meio de uma grande sala está uma caixa circular, em madeira de carvalho, de um pé ou um pé e meio de altura, e que se chama selha.
Esta selha contém apenas água e nela diversos objetos, como vidro moído, limalha, etc., ou ainda, os mesmos objetos a seco, sem que sejam eletrizados ou imantados.
A tampa está perfurada com certo número de furos, de onde saem pedaços de ferro encurvados e soltos.
Num canto da sala está um piano e nele tocam diferentes músicas com variados movimentos, principalmente no fim das sessões. Às vezes, há canto. As portas e as janelas da sala são rigorosamente fechadas e as cortinas deixam penetrar apenas uma luz agradável e fraca.
Os doentes, em silêncio, formam várias filas em torno da selha e cada um tem seu pedaço de ferro que, por meio de uma dobradura, pode ser aplicado sobre a parte doente. Uma corda, passada em volta de seus corpos, os une, uns aos outros.
Algumas vezes forma-se uma segunda cadeia com os doentes comunicando-se pelas mãos, isto é, cada um colocando o seu polegar entre o polegar e o indicador do seu vizinho que, então, aperta o polegar que está segurando; a impressão recebida à esquerda se transmite pela direita e circula pela roda.
Todos aqueles que magnetizam têm na mão uma varinha de ferro comprida, com 10 ou 12 polegadas. Aos que pedem para beber, dão água onde se dissolve o creme de tártaro.
Os doentes são magnetizados, ao mesmo tempo, pelos pedaços de ferro, pela corda, pela união dos polegares, pelo som do piano ou pela voz que canta. Além disso, o magnetizador, fixando os olhos sobre eles, passeia diante de seus corpos ou sobre eles sua varinha ou sua mão, desce dos ombros às extremidades dos braços, toca o lugar doente, os hipocôndrios e as regiões do baixo ventre, algumas vezes durante várias horas. "Então, lembra Bailly, os doentes oferecem um quadro bem variado. Alguns são calmos e nada apresentam; outros tossem, cospem, sentem alguma ligeira dor, um calor local ou um calor geral e têm suores; outros são agitados e atormentados por convulsões. Tais convulsões são extraordinárias por seu número, duração e força; algumas chegavam a durar mais de três horas.
Elas são caracterizadas pelos movimentos precipitados, involuntários de todos os membros e do corpo inteiro, pelo aperto na garganta, sobressaltos dos hipocôndrios e do epigastro, pelo tremor e alucinação dos olhos, gritos penetrantes, choros, soluços e risos descontrolados. São precedidas ou seguidas de um estado de torpor e de sonho, de uma espécie de abatimento e até de adormecimento.
O menor ruído imprevisto causa estremecimentos e notou-se que a mudança de tom e de medida, tocados no piano, influía nos doentes, de sorte que um movimento mais vivo os agitava muito e renovava a vivacidade de suas convulsões.
Viam-se doentes que se buscavam com ansiedade e, precipitando-se uns sobre os outros, sorrirem, falarem-se com afeição e suavizarem mutuamente suas crises.
Todos estão submetidos àquele que magnetiza; eles têm bom aspecto num adormecimento aparente; sua voz, um olhar, um sinal os desperta.
Não se pode deixar de reconhecer, nesses efeitos constantes, um grande poder que agita os doentes, domina-os, e do qual, aquele que magnetiza, parece ser o depositário. Esse estado convulsivo é chamado crise.
Os membros da comissão observaram que, no número dos doentes em crise, há sempre muitas mulheres e poucos homens; que essas crises demoravam uma ou duas horas para surgirem e que, desde que uma surgisse, todas as outras começavam, sucessivamente e em pouco tempo."
O mestre dessa multidão, aqui, era Mesmer, vestido com uma roupa de seda lilás ou de qualquer outra cor agradável, passeando sua varinha com uma autoridade soberana; lá, Deslon, com seus ajudantes, que ele escolhia entre os jovens e os bonitos.
As salas onde essas cenas se passavam recebiam, na sociedade, o nome de inferno de convulsões.
Magnetizavam-se, além do homem, objetos inanimados, principalmente as árvores, amarrando-se ao tronco, aos galhos, cordas que os doentes aplicavam em seus males.
Quando era a água que se magnetizava, ela tomava um sabor e uma temperatura apropriados para o doente em crise.
Houve pequenos fracassos; não se conseguia ter bom êxito em todos os casos,