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Exilados na pátria: o tratamento de "alienados" no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, 1903-1979
Exilados na pátria: o tratamento de "alienados" no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, 1903-1979
Exilados na pátria: o tratamento de "alienados" no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, 1903-1979
E-book302 páginas3 horas

Exilados na pátria: o tratamento de "alienados" no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, 1903-1979

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Sobre este e-book

O Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB) foi qualificado como "Sucursal do Inferno", "Porões da Loucura", "Campo de Concentração Nazista" e "Holocausto Brasileiro". Essa mesma narrativa declarou que "a história comporta outras histórias". Desse modo, Exilados na Pátria apresenta um contraponto a esse "Discurso Denunciativo" que aponta o CHPB como fonte de todas as mazelas da psiquiatria mineira. Ao tomar o CHPB de forma isolada, a narrativa delatora descontextualizou a complexidade do CHPB enquanto um nó na rede de atenção psiquiátrica do Estado de Minas Gerais. Além disso, o discurso denunciativo corroborou para ocultar o itinerário dos "alienados" desde a origem até o "derradeiro destino", Barbacena/MG. O analisado se inicia em 1903, ano em que se instalou a Assistência a Alienados de Minas Gerais, e vai até 1979, quando se realizou o III Congresso Mineiro de Psiquiatria. Quem eram os sujeitos internados no Centro Hospitalar entre os anos de 1903 até 1979? Como a sociedade brasileira lidou com os sujeitos acometidos pela loucura? Essas foram as questões que guiaram esse trabalho. Para este fim, coletou, analisou e sistematizou-se dados de todos os livros de matrícula de pacientes segurados e de pacientes indigentes recolhidos gratuitamente à assistência a alienados. A partir das categorias: ano de entrada; gênero; cor; diagnóstico; estado civil; idade; ano de saída; tempo de internação e mortes de pacientes, trabalhou com um total de 125.537 registros
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de nov. de 2021
ISBN9786525213101
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    Exilados na pátria - ELIZEU ANTÔNIO DE ASSIS

    1. INTRODUÇÃO

    Esse livro tem por objeto a história do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena¹, considerado um dos maiores hospitais psiquiátricos públicos do Brasil, e que a partir de 1977 passou a ser administrado pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG)². O estudo tem como marco inicial o ano de 1903, quando se deu a instalação da Assistência a Alienados do Estado de Minas Gerais, e vai até 1979, ano em que se realizou o III Congresso Mineiro de Psiquiatria, que contou com a participação do psiquiatra italiano Franco Basaglia. Consta, ainda, que o registro da última saída de enfermos, por alta a pedido, data de 20 de setembro de 1979, reiterando, assim, o marco de análise desta pesquisa.

    A investigação aqui desenvolvida remonta à minha formação acadêmica em Psicologia e a experiência como estagiário na Clínica Serra Verde, entre os anos de 1991 e 1992, em Vespasiano (MG). Em seguida, de 1993 e 1996, dediquei-me à atividade clinica no Serviço de Atendimento em Saúde Mental da Prefeitura Municipal de Bela Vista de Minas/MG (PMBVM) e, de 2001 a 2013, na Rede Substitutiva de Referência em Saúde Mental da Fundação de Assistência Médica de Urgência de Contagem – FAMUC, no município de Contagem/MG. Naquela época, as denúncias contra o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (MG) ainda repercutiam no cenário e provocavam mudanças no modelo assistencial vigente.

    Ao longo da década de 90, o movimento da luta antimanicomial ampliou seu protagonismo tanto no estado de Minas Gerais quanto no restante do país. No estado, a conquista mais significativa foi a aprovação da Lei estadual nº 11.802 (Lei Carlão), de 18 de janeiro de 1995, que dispunha sobre a "promoção de saúde e a reintegração social do portador de sofrimento mental (grifos meus). No mesmo período, tramitava na Câmara Federal o projeto de Lei de autoria do deputado mineiro Paulo Delgado, que redirecionava o modelo assistencial sobre a proteção aos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais. O proje