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Os Crimes da Rua Morgue
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Os Crimes da Rua Morgue

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No conto "Os Crimes da Rua Morgue" ("The Murders in the Rue Morgue"), Edgar Allan Poe conta a história do assassinato brutal de duas mulheres em Paris. Envolto em mistério, o crime tornou-se um grande desafio para a polícia, sendo desvendado apenas por Auguste Dupin, um homem tão enigmático quanto os assuntos dos quais se ocupa. Publicado pela primeira vez em 1841 na "Graham's Magazine", o texto inaugurou a linhagem do conto policial moderno, inspirando outras histórias de detetives que surpreendem interlocutores atentos com o brilhantismo da inteligência dedutiva.
LanguagePortuguês
PublisherMimética
Release dateMay 10, 2024
ISBN9789895620043
Os Crimes da Rua Morgue
Author

Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe was born in Boston in 1809. His parents, both touring actors, died before he was three. He was raised by John Allan, a prosperous Virginian merchant. Poe published his first volume of poetry while still a teenager. He worked as an editor for magazines in Philadelphia, Richmond and New York, and achieved respect as a literary critic. In 1836, he married his thirteen year-old cousin. It was only with the publication of The Raven and other Poems in 1845 that he achieved national fame as a writer. Poe died in mysterious circumstances in 1849.

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    Os Crimes da Rua Morgue - Edgar Allan Poe

    Edgar Allan Poe

    OS CRIMES DA RUA MORGUE

    título original | the murders in the rue morgue

    autor | edgar allan poe

    tradução | januário leite

    capa | mimética

    imagem da capa | john atkinson grimshaw: st. paul’s visto de ludgate circus (1885)

    paginação | mimética

    copyright | 2019 © mimética para a presente tradução

    esta edição respeita o novo acordo ortográfico da língua portuguesa

    As faculdades de espírito que se definiram pelo termo «analíticas» são elas próprias muito pouco suscetíveis de análise. Não as apreciamos senão pelos seus resultados. O que sabemos, entre outras coisas, é que elas são para aquele que as possui num grau extraordinário uma das mais intensas fontes de prazer. Do mesmo modo que o homem forte se regozija com a sua aptidão física e se compraz com os exercícios que põem os seus músculos em ação, a análise orgulha-se desta atividade espiritual cuja função é a de discernir. Sente mesmo prazer nas ocasiões mais triviais em que põe o seu talento em jogo. Apaixonam-no os segredos, enigmas figurados, hieróglifos. Manifesta em cada uma das soluções uma forte perspicácia, que vulgarmente assume um caráter sobrenatural. Os resultados habilmente deduzidos pelo próprio espírito e essência do seu método revelam realmente intuição.

    Esta faculdade de «resolução» é talvez baseada num estudo intenso das matemáticas e, em particular, no mais elevado grau desta ciência, que muito impropriamente e devido simplesmente às suas operações retrógradas se designou análise, como se ela tosse análise por excelência. Porque, em suma, todo o cálculo não é em si uma análise.

    Um jogador de xadrez, por exemplo, faz perfeitamente uma coisa sem a outra, pelo que se deduz que este jogo não é devidamente apreciado quanto aos seus efeitos sobre o espírito.

    Não quero escrever um tratado de análise, mas apenas pôr em evidência, no início de um singular relato, algumas observações apanhadas aqui e ali e que lhe servirão de prefácio.

    Aproveito, portanto, esta ocasião para proclamar que o grande poder de reflexão é bem mais ativo e mais utilmente explorado pelo modesto jogo de damas que por toda a laboriosa futilidade do xadrez. Neste último jogo em que todas as pedras são dotadas de movimentos diversos e estranhos, e representam valores diferentes e variados, a complexidade é tomada — erro bastante comum — por profundidade. A atenção é o principal neste jogo.

    Se enfraquece por um instante, comete um grande erro, do qual resulta uma perda ou uma grande derrota. Como os movimentos possíveis não são somente variados, mas desiguais em «potência», as oportunidades de semelhantes erros são múltiplas; em nove de dez casos é o jogador mais atento que ganha e não o mais hábil.

    Nas damas, pelo contrário, em que o movimento é simples e não sofre senão poucas variações, as probabilidades de inadvertência são muito menores, e a atenção não sendo absoluta e completamente monopolizada, todas as vantagens alcançadas por cada um dos jogadores não podem ser adquiridas senão por uma perspicácia superior.

    Para pôr de parte essas abstrações, suponhamos um jogo de damas em que a totalidade das peças seja reduzida a quatro «damas», e onde naturalmente não há ocasião de se entregar a distrações. É evidente que a vitória não pode ser decidida — se as duas partes são absolutamente iguais — senão por hábil tática resultante de qualquer esforço poderoso do intelecto. Privado de recursos vulgares, o analítico perscruta o espírito do seu adversário, identifica-se com ele e muitas vezes descobre num relance o único meio — um meio algumas vezes absurdamente simples — de o induzir a um erro ou de o precipitar num falso cálculo.

    Por muito tempo se citou o whist pela sua ação sobre a faculdade de cálculo: e conheceram-se homens de uma grande inteligência que pareciam ter um prazer incompreensível e desdenhavam o xadrez como um jogo frívolo. Com efeito, não há nenhum jogo análogo que

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