Na Barca do Pensamento Vai a Poesia Vai o Vento
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A velhíssima tradição desse povo vestiu-se nas carnes! Onde, do mesmo berço o poeta foi gerado.
"Obrigado meu povo, eu vos amo!".
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Book preview
Na Barca do Pensamento Vai a Poesia Vai o Vento - David Pereira de Sousa
Agradecimentos
Os meus agradecimentos vão para a minha falecida cunhada, Maria da Conceição, conhecida entre nós como Suzi
... Uma jovem visionária no seu tempo que, desde cedo, viu em mim, o potencial que mais tarde vim a conhecer!
A ti, Suzi, um Obrigado!
Dedico este livro a todos os meus leitores.
Obrigado!
Momento de exaltação da alma,
e, da…
Glória humana.
CALÇADA DA CORTICEIRA
Ai, senhor...!
Que eu morro; à chuva, ao sol,
Ao vento, e ao frio.
O peito estala-se-me de tanto arfar,
E o dia, ainda vai no começo do pavio.
Senhor…
Ajudai-me, ao cimo da calçada a chegar
Raios parta a carqueja, mais o moliço,
Que se me espeta nas carnes! E quebra-me
O siso…e, mais esta vontade de caminhar.
Aí, Jesus…
Que vejo, meus pés a sangrar
E ainda tanto falta, para ao cimo da calçada
Chegar.
Raios me partam, semelhante maldição.
Que se me rompam os pés, que se me
Estale o peito, mas, pelos dois mil reis
Não devo parar.
Em casa, tenho o meu rico menino,
Que grita de fome! O pão, mais o leite,
Para casa tenho de levar.
Calçada da Corticeira…
Pedras pontiagudas e desgastadas,
Desencantai do sofrimento
A miserável criatura.
Desencantai do sofrimento carnal
A pobre carquejeira, que moureja
Na calçada, a sua míngua fatal.
Há memória das mulheres carquejeiras, que na calçada da corticeira.
Foram heroínas da luta, e do sofrimento humano.
Um bem-haja, de gratidão espiritual.
P/lo Autor.
David Sousa…….
O BARQUEIRO…
Figura esguia, de longos braços.
Nas águas do rio, remando.
Cabelos brancos espetados no ar.
Lutando contra o vento.
Na ponta da língua, a rima do calhar.
Rosto engelhado, do tempo agreste.
Olhos baços, no adianto da idade.
Na ponta da língua, sem nada que preste
Na rima, o recordar da mocidade.
O barqueiro da fragilidade.
No rio, vai remando o seu bote.
Por entre a neblina matinal.
Sem que preste a má sorte.
Perde-se-lhe o olhar, da observação.
Do corpo a recolher.
O barqueiro da morte.
Em chegando à margem, assobia.
Na garganta, a secura da frase
Que tem, para dizer.
Nas escadas da padeira
Mostra aos demais, o corpo envolto
Em lençol de morte, nas pedras do cais
Da ribeira, ouve-se murmurar a má sorte.
Ao longe, escuta-se gritos de aflição.
Gritos de loucura, gritos que vêm a correr
Correndo na fúria, de cabelos a voar
No coração, a desgraça de quem se vá encontrar
Na fúria desordenada
Os chinelos, e os tamancos,
Ficam esquecidos, na calçada
Chorando, por quem se tenha, que chorar.
(dedicatória pessoal, ao duque da ribeira.)
P`lo, autor: David Sousa
A UTOPIA DA MENTE
Um dia! sim… um dia.
Talvez, me ofereça, a mim mesmo.
Nem luz, nem escuridão.
Olhei o lado animal.
De todos, elegi o cão.
Sentei-me, no topo da longa mesa.
Avistei a distância real, ao longe,
Escutei, o ladrar do descontentamento.
No corpo, enrolei a mortalha,
Vesti, a manha do canalha.
Almocei na alvorada, do lado cardinal.
Entre toalhas de florestas.
Retalhei, o pensamento.
Feri, a memória do passado.
Fumei, e, bebi, as minhas utopias.
Nada sobrou, que preste,
Não restou, nenhum bocado.
Fiquei inerte, fiquei vazio,
Fiquei, sem conteúdo de vento.
Quem devo apontar, pela má sorte,
Como posso respirar, neste relento
Cuspo, e urino veneno, cuspo para o ar.
Caminho despido da condição,
Nem sei onde o corpo lavar.
Nem mais nem menos que um cão,
Só não sei, como chorar.
Quero ser águia, quero voar.
Voar por entre nuvens,
E, pairar, nas asas do céu
Pico o voo, e rasgo o vento
Mergulho na terra o olhar
Avistando a presa, que devo filar
Não tenho asas, nem sou avião
Desmaio, estou só, adormeço no grito
Da minha solidão.
Toda a utopia… a minha utopia
Colide na tela de tanta fantasia, e
Penetra, na cortina do vácuo.
O vácuo, é escuridão…
Para lá do nada, nada existe
Nada se vê, como nada tenho.
De mim, nada mais resta, seja noite
Ou dia.
Depois de mim, nada mais fica, de igual.
PENSAMENTOS, ILUSÕES.
Sou mais rápido, que o vento de tua rua.
Sou o teu próprio tempo, o tempo de quando
Estás nua.
Chora e grita desalmada…
Destrói as barreiras de cada pensamento.
Golpeia o grito sexual, abafa o grito
Da tua loucura.
Grita, grita contra o grito, o grito contido
Na tua garganta.
Grita por entre os lenções da farsa,
E fantasia-te na masturbação.
Mas não permitas, que a noite e o dia,
Escutem os gritos, e os gemidos.
Da falsa satisfação.
Chora mulher, mal-amada
Chora as lágrimas, da tua visão
Da visão de um corpo de má geada.
Cospe, contra a neblina do tempo.
Cospe, nos lenções do tempo
Desse tempo, da penetração vaginal
SENHORA…
Oh, senhora da pouca sorte!
Arremessa ao rio, às águas do Douro.
Todos os esconjuros da inveja.
E que nas correntes do Norte,
Se veja, o mal, talhado.
Senhora…
Senhora da minha vida,
Senhora de triste fado.
Em teu rosto
Vejo lágrimas a rolar,
Vejo lágrimas, que desfiam
Por entre os sulcos da exaltação.
São lágrimas salgadas e teimosas,
Lágrimas que rolam, por entre caminhos
De esperança perdida.
Que toldam o olhar, de uma vida.
Senhora, amada senhora.
Vejo teus franzinos cabelos,
Esvoaçando ao vento
Do vento, que vem do mar,
Que vento frio e incómodo.
Que talha o teu lamento
Que vento agreste, colhe o desvario
E, nada mais se vê, que preste.
Que olhar ferido! Que olhos observam,
As margens do rio, observando
As ondas, de tanta rebentação.
Que olhos têm senhora! Esse olhar,
De tanta perdição, quando em teu peito
Bate, o irregular, desnorte!
E, quem te vê, tão franzina,
Tão, descuidada, logo ajuíza
É uma mulher do povo, de um povo
Que caminha despido, por entre pedras
Irregulares da calçada, da pouca sorte
Senhora, senhora do nada.
Ergue tua voz, e que a tua