Transresistência: pessoas trans no mercado de trabalho
By Caê Vasconcelos and Filipa Pinto
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Pessoas trans e travestis muitas vezes enfrentam dificuldades dentro do espaço familiar. Do lado de fora, sua exclusão persiste na ausência de direitos básicos como saúde, educação, moradia e trabalho. Este último, claro sintoma de nossa transfobia estrutural, é o tema que costura os perfis aqui reunidos.
Não há dúvidas que ser uma pessoa trans no Brasil é resistir. Daí o título Transresistência. Escrito pelo jornalista Caê Vasconcelos, este livro pretende contribuir para a visibilidade de pessoas trans e travestis, indo contra a corrente conservadora – incluindo uma vertente do feminismo – que insiste em invalidar sua existência e humanidade.
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Book preview
Transresistência - Caê Vasconcelos
Em memória
de Rosiléia
(1969-2017),
minha mãe,
que me
proporcionou
chegar aonde
estou hoje.
Trans tem T de trabalho
Apresentação
1Das ruas para os museus
2Ativista LGBT+ perdeu um rim em ataque transfóbico
3Do lar cristão à cozinha de uma hamburgueria LGBT
4Intersecções: negro, trans e periférico
5Dois contra o mundo: um amor transcentrado
6Roteirista preta, transfeminina e da quebrada
7Corpo como resistência no trabalho
8Pronomes neutros, por favor
9Homem trans não, boyceta
10 Primeira vereadora intersexo do Brasil
11 Mulher mais votada do país, negra e travesti
12 Psicólogo, músico e o que mais ele quiser
13 Transresistência, a minha história
J
aqueline Gomes
de Jesus1
Trans
tem T
de tra
balho
Ironia: vai trabalhar, travesti.
Bianca Kalutor (2017, p. 6)2
Apresentar-se num departamento pessoal com roupas femininas e documento masculino é certeza de porta na cara!
Cláudia Wonder (2008, p. 25)3
Otrabalho é uma categoria central na formação da identidade humana, na construção da cultura em que nos tornamos quem somos e quem podemos ser. Quando trabalhamos, transformamos a nós mesmos, as pessoas que nos cercam e o nosso mundo.
Mas a história do trabalho não é uma história de liberdade. Escravidão e exploração da mão de obra nos marcam desde os primórdios da humanidade. Ainda hoje não vivemos em uma sociedade que garante oportunidades iguais para todos, especialmente no mundo do trabalho.
Ao focarmos a população transgênera, não dá para evitar o tema da empregabilidade. Ele está imbricado na expressão da transfobia enquanto manutenção da condição marginalizada das pessoas trans, em especial as travestis e mulheres trans, as quais, historicamente, estão fadadas ao trabalho informal, particularmente a prostituição.
Ao contrário do que pensam algumas pessoas, falar de trans é falar de trabalho. Falar de travesti é falar de trabalho. Muito trabalho. Pessoas trans sempre trabalharam, e muito. Mas qual trabalho? O informal. O precarizado. Aquele que se enquadra nas categorias mais estereotipadas, voltadas à exploração do nosso corpo como instrumento de trabalho. Nós como mercadoria.
E foi esse trabalho, tornado indigno pela hipocrisia hegemônica, legalizado, porém desregulamentado no Brasil, que trouxe toda a dignidade para várias gerações de pessoas trans! Garantiu a diária na casa, o pão com manteiga de manhã, o almoço e às vezes a janta, a roupa e o silicone.
Foi com a prostituição que as nossas antepassadas travestis, mesmo desvalorizadas e oprimidas, tornaram-se mães, criaram famílias, desenvolveram linguagem e cultura próprias, valorizaram o corpo trans, foram educadoras impedidas de acessar as escolas4, salvaram muitas de nós da solidão, da fome e da morte que chega antes dos 30 anos — quando ainda morremos, assassinadas pelo feminicídio ou pelo impedimento de acesso à saúde integral nos serviços públicos5.
A culpa pela situação precária das pessoas trans não é do trabalho sexual em si, pois ele é um sintoma da transfobia estrutural que enfrentamos sistematicamente.
O Estado brasileiro precisa se responsabilizar pela ausência de políticas públicas que garantam trabalho formal para a população trans6. Pouquíssimas são as iniciativas existentes, tirando as protagonizadas pelas próprias pessoas trans, como as plataformas TransEmpregos e TransServiços, ou programas governamentais, como o Trans + Respeito (antigo Projeto Damas), da Prefeitura do Rio de Janeiro, e o excelente TransCidadania, da Prefeitura de São Paulo, o mais abrangente e com maior impacto em termos quantitativos e qualitativos.
O livro de Caê Vasconcelos é o símbolo de uma aliança. É uma dádiva. Desbrava os caminhos desse universo de exclusão sistêmica, eivado da criação de condições mínimas de vida pelos próprios excluídos, e marca um lugar não de mera observação, mas, acima de tudo, e devido à empatia do autor, de posicionamento crítico e indicador de novas possibilidades de existência da transgeneridade no mundo do trabalho.
Para além de denunciar e lamuriar essa realidade verdadeiramente dolorosa, Caê se engaja no empoderamento das falas e ações da população trans, representada por aqueles que ele apresenta.
Por isso, sem nenhuma demagogia, convido você, leitor(a), a se embrenhar nesta publicação, que considero necessária, mais do que meramente interessante
, como ocorre com aqueles estudos sobre a realidade das pessoas trans que não rompem o estigma do objeto de estudo e tratam essas existências como um assunto que chama a atenção, mas não reconhece nelas os seus protagonistas e produtores de conhecimento: as travestis, as mulheres, os homens trans e as pessoas não binárias.
E que a sua leitura não se restrinja ao seu pensamento, que ela também o(a) torne um(a) multiplicador(a) dessa mensagem. Que as palavras, mais do que informarem e mexerem com a sua cabeça, o(a) formem, toquem o seu coração. Que você também faça parte da transresistência, promovendo a inclusão e a cidadanização das pessoas trans por meio das palavras e das ações mais cotidianas, fazendo revolução no universo do qual você faz parte, e indo além.
Repudie a ridicularização das vidas trans. Não se considere melhor do que alguém só porque você é cis. Identifique e divulgue oportunidades de trabalho formal nas quais as pessoas trans possam exercer seus talentos e capacidades, sem se limitarem ao padrão estereotipado que se lhes costuma impor enquanto trabalhadores.
Esse é o sentido real da solidariedade, como princípio dos movimentos sociais, e da empatia, como capacidade de se colocar no lugar dos outros. final
1 Professora de Psicologia do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). Doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília (UnB), com Pós-Doutorado pela Escola Superior de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV Rio). Pesquisadora-Líder do ODARA – Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Cultura, Diversidade e Identidade. Coordenadora do Núcleo de Diversidade – NDIVAS Marielle Franco (IFRJ, Campus Belford Roxo). Autora dos livros Transfeminismo: Teorias e Práticas e Homofobia: Identificar e Prevenir.
2 KALUTOR, B. (2017). Xica Minha Vida. Em: Coletivo Xica Manicongo (Org.), XICA MANICONGO. Mimeografado, 8 p.
3 WONDER, C. (2008). Olhares de Cláudia Wonder. São Paulo: Edições GLS.
4 Recomendo a leitura de JESUS, J. G. (2013). Uma Puta Educadora: Entrevista com Indianarae Alves Siqueira. GÊNERO: Núcleo Transdisciplinar de Estudos de Gênero – NUTEG, v. 14, n. 1, pp. 57-67. Niterói.
5 O Brasil está em quinto lugar em feminicídios no mundo e é o país no qual mais se registram assassinatos de mulheres trans e travestis, o que o coloca no primeiro lugar do famigerado ranking do feminicídio trans. Desenvolvo a análise desse cenário em JESUS, J. G. (2017), Feminicídio de Mulheres Trans e Travestis: O Caso de Laura Vermont. Em: PRADO, D. & SANEMATSU, M. (Orgs.), Feminicídio: #Invisibilidademata (pp. 72-82). São Paulo: Instituto Patrícia Galvão.
6 Eu aprofundo esse debate em: VASQUES, L. (2018). O Estado precisa assumir sua responsabilidade com a população trans
, diz criadora da Frente Trans de Esquerda. Revista Fórum. Disponível em http://www.revistaforum.com.br/o-estado-precisaassumir-sua-responsabilidade-com-populacao-trans-diz-uma-das-criadoras-dafrente-trans-de-esquerda
a
pre
sen
ta
ção
Este livro-reportagem reúne perfis de pessoas trans e travestis que conseguiram fugir das estatísticas. Em uma realidade em que 90% dessas pessoas precisam recorrer à prostituição para sobreviver, por não encontrarem oportunidades de trabalho, é importante mostrar histórias de quem está no mercado, atuando em diversas áreas. A ideia do livro é exatamente esta: contribuir para a visibilidade de pessoas trans e travestis no Brasil, o país que mais mata essas pessoas em todo o mundo.
Para ter uma ideia, em 2020, apesar de passarmos nove meses em isolamento social por causa da pandemia mundial causada pelo coronavírus, 175 mulheres trans e travestis foram assassinadas de forma bruta e violenta. Desses, 29 assassinatos aconteceram no estado de São Paulo. Desde 2017, quando a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais) começou a fazer o levantamento dos assassinatos, São Paulo é o estado onde mais se matam pessoas trans e travestis no Brasil. Além da vida, lhes é tirada a humanidade e, em muitos casos, há um apagamento de suas identidades de gênero, o que reforça a desumanização.
Além do genocídio da população trans, que também faz parte do extermínio da população negra, já que, segundo a Antra, em média 80% das vítimas fatais são negras, pessoas trans e travestis enfrentam dificuldades no espaço educacional e familiar, onde são, muitas vezes, violentadas, expulsas e impedidas de manter seus laços afetivos. Com esse histórico, grande parte delas tem dificuldade de conseguir espaço no mercado de trabalho, pois as vagas exigem formação. As dificuldades também aparecem em situações corriqueiras para a cisgeneridade: usar o banheiro, receber afeto e ser respeitada por ser quem é.
Já parou para pensar quantas pessoas trans e travestis trabalham com você? Quantas pessoas trans e travestis fazem parte da sua vida de alguma forma? Infelizmente, nenhuma
ainda é a resposta da maioria das pessoas, principalmente as cisgêneras. É por isso que ser uma pessoa trans ou travesti no Brasil é resistir. Daí o nome Transresistência.
O livro que você está lendo agora mudou a minha vida. Comecei a escrevê-lo no início de 2017 e finalizei a primeira versão em maio daquele mesmo ano. Em junho, apresentei a ideia do projeto, com algumas histórias que você vai ler nas próximas páginas, como um Trabalho de Conclusão de Curso para obter meu diploma de jornalista. Quando escolhi esse tema, é claro que eu queria provocar mudanças. Mas não imaginei que a maior mudança seria interna: me entender como uma pessoa trans.
Nele, me propus a contar a vida e a trajetória de pessoas trans e travestis que escaparam das estatísticas de marginalização, morte e abandono e conseguiram uma vaga no mercado de trabalho, sem ser a prostituição, um dos únicos espaços que o sistema permite que esses corpos ocupem. Uma coisa muito importante: este livro não é um manifesto contra a prostituição. Pelo contrário, desejo que essa profissão seja reconhecida e que todas as profissionais do sexo sejam respeitadas e protegidas.
Naquela época, o nome do livro era um pouco diferente: Transresistência: Histórias de Pessoas Trans no Mercado Formal de Trabalho. Entre 2017 e 2021, quando finalizei a escrita, muita coisa mudou. Vimos a ascensão da extrema-direita e do fascismo, impulsionada pela eleição de homens cis, hétero, brancos e conservadores, que chegaram ao poder pelo voto.
Com isso, o ódio às pessoas vulnerabilizadas aumentou. Registramos uma explosão no número de assassinatos de jovens negros nas periferias, em que os algozes fazem parte do braço armado do Estado, e assassinatos de pessoas trans e travestis nas esquinas e dentro de casa. Também vimos o mercado formal de trabalho, aquele da carteira assinada, cada vez mais distante da realidade brasileira, com a aprovação da reforma trabalhista e a crise provocada pela pandemia.
É neste Brasil que vemos a necessidade de dizer que vidas trans importam, que vidas negras importam. Este livro é um manifesto para que todas as pessoas trans e travestis possam escolher como e com o que vão trabalhar. E para que o fato de ser uma pessoa trans, atuando em sua profissão escolhida, não seja um risco de vida para essas pessoas.
Você notará que o território escolhido foi a Grande São Paulo. Como o projeto nasceu do meu TCC, eu precisava estar no mesmo território das pessoas perfiladas. Para fazer um perfil, é necessária uma longa entrevista, quando não mais de um encontro. Por isso todas as pessoas retratadas moram ou moraram em São Paulo.
O que eu não esperava era que durante o processo de reescrita e edição desta nova versão do livro, repaginado, com novas histórias, incluindo a minha, viveríamos uma pandemia mundial, que obrigou a população a ficar em casa em isolamento, algo que muitas pessoas trans e travestis já vivenciam, desumanizadas e excluídas do espaço social. Assim, algumas das entrevistas dessa segunda etapa foram feitas por chamada de vídeo. Três das pessoas perfiladas eu nem sequer conheci pessoalmente – espero entregar este livro em mãos para cada uma delas.
Aqui você encontrará pessoas trans e travestis que são universos inteiros, as conhecerá por completo, desde os momentos mais difíceis até os mais bonitos de suas vidas. Perceberá que cada pessoa trans é única, apesar das semelhanças, que cada transição é única. Conhecerá pessoas trans binárias e não binárias, mulheres e homens trans, travestis, pessoas transmasculinas, boycetas. Toda a pluralidade do que podemos ser. Então, pessoa leitora, peço apenas uma coisa antes de começarmos essa jornada juntes: leia com afeto e com amor.
Espero que o livro mude a sua vida assim como mudou a minha. Não necessariamente se entendendo uma pessoa trans, ok? Mas que, a partir dessa leitura, você, que é cis, perceba o seu privilégio em um mundo que é cisnormativo e passe a ser aliade da nossa luta, que está longe de ter um fim.
Às pessoas trans e travestis que estão com este livro em mãos, eu desejo muita força para que sigamos vives e vivendo, mostrando toda a nossa potência para o mundo. Só a coletividade pode nos manter firmes e eu lhe digo: você não está só. Nossas conquistas são coletivas e fico feliz demais de ver pessoas como nós chegando ao topo. Lá é o nosso lugar, e nunca deixem que digam o contrário. Somos importantes, você é importante. Não permitam à cisgeneridade tirar o nosso brilho. Lembre: somos mais do que corpos trans. Somos corpos que têm suas personalidades, seus talentos, suas histórias. Corpos capazes de entender que somos muito mais do que nossas identidades de gênero.
Aproveitem a jornada, e obrigado por topar embarcar nessa aventura. Quebraremos o cis-tema juntes!
CAÊ VASCONCELOS,
SETEMBRO DE 2021
1
Das ruas para os museus
LUIZA VIAJOU À EUROPA NA TRILHA DO TRÁFICO SEXUAL E LÁ DESCOBRIU OS MUSEUS. ANOS DEPOIS, TORNOU-SE A PRIMEIRA FUNCIONÁRIA TRANS DO MASP.
Pronomes de Luiza: ela/dela
Às 8h20, pontualmente, ela sai de casa. Da sua rua à Estação Armênia, Linha 1 Azul do Metrô, são 600 metros — cerca de oito minutos. É mais um dia normal de trabalho. O ano é 2017. A estação fica no bairro do Bom Retiro, região que concentra milhares de comerciantes de vestuário nas lojas de preços populares da Rua José Paulino. Também fica a poucos minutos de famosos marcos de São Paulo, como a Estação da Luz, a Pinacoteca, o Sambódromo do Anhembi e o Terminal Rodoviário do Tietê. Da plataforma do metrô, é possível observar a Avenida do Estado, a principal ligação entre a Grande São Paulo e as cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Da mesma plataforma, dá para olhar o Rio Tietê.
Após subir a escada no sentido Jabaquara, são pelo menos 20 minutos até conseguir entrar no primeiro vagão do trem. Em média, só na Linha 1 Azul, que cruza a cidade de norte a sul, o Metrô transporta 1,4 milhão de pessoas por dia, e são considerados horários de pico o início da manhã e o final da tarde. Enquanto os alto-falantes do metrô anunciam a velocidade reduzida dos trens e a circulação com maior tempo de parada entre as estações, o fluxo de pessoas continua constante.
— Ainda bem que sempre saio antes do meu horário. Gosto de chegar tranquila e tomar um café antes de começar a trabalhar.
Seu uniforme é preto e seu Adidas é branco. Sua pele é negra e seu cabelo é loiro. Sua maquiagem é delicada e sua postura é firme. Alta, ela se destaca no vagão lotado. Apesar de morar há pouco tempo na capital paulista, já conhece os truques para se equilibrar no balanço do trem. A situação deveria ser usual, mas, ao longo dos 45 minutos de trajeto, ela não passa despercebida: é alvo de olhares curiosos e caretas. As unhas grandes dificultam o manuseio do celular ao navegar pelo Facebook, refúgio do mundo real que a ajuda a enfrentar o caminho.
Quem a vê tão determinada não imagina a insegurança e o medo que guarda dentro de si. Somente no segundo desembarque, na Estação Trianon-Masp, rumo à Avenida Paulista, ela deixa de ser o centro das atenções. Lá fora, por mais que não demonstre desconforto, acende um cigarro para se acalmar. O relógio marca 9 e 15: meia hora para organizar as coisas até o horário de bater o cartão.
— Ele vai entrar comigo, ok?
Cinco minutos depois, entramos no seu local de trabalho — um museu — e vamos direto para o subsolo, onde fica o vestiário feminino. Após checar a escala, é hora de arrumar tudo para começar mais um dia. Ela aperta o passo para chegar até o elevador. Primeiro andar. Primeira a chegar.
Nas terças-feiras, a entrada é gratuita, e é o dia mais movimentado da semana. Ela liga os televisores da sala da exposição principal e arruma a faixa que será útil caso haja lotação, assim como na semana anterior, quando a exposição recebeu mais de 5 mil visitantes.
Aos poucos, os colegas de trabalho começam a chegar. Todos a cumprimentam com um sorriso no rosto. Alguns de longe, outros com um abraço.
— Bom dia, Lu! Como foi a folga ontem?
São quase 10 horas da manhã, ela vai ao banheiro do lado direito, destinado às mulheres, com a mesma sensação de satisfação sentida na primeira vez. A partir de agora, serão oito horas em pé. O público alcança o primeiro andar do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp, para apreciar a exposição Avenida Paulista.
Hoje Luiza foi escalada para organizar a entrada dos visitantes. Assim que o público chega