Tornando-se professor do Einstein: Seis passos para despertar o genio em seus estudantes
By Erika Twani
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Para mim, ensinar é uma vocação, e isso está longe de ser um clichê. Os professores nos ajudam a desenvolver a capacidade humana de fazer o inimaginável! Mas é preciso estar ciente de que a aprendizagem não ocorre em decorrência da localização geográfica da escola, do currículo, do app que está na moda ou do sistema de notas.
Erika Twani
Erika Twani is a learning enthusiast and an optimist of a better world built by humans with a life purpose. Her philosophy is to simplify complex concepts and make them scalable and useful for everyone, starting with children. Erika is the co-founder and CEO of Learning One to One Foundation. Her organization works with teachers and education leaders worldwide.
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Tornando-se professor do Einstein - Erika Twani
CAPÍTULO 1
SERÁ QUE EINSTEIN ERA
UM MAU ALUNO?
Não existe paixão a ser encontrada quando você se contenta com pouco e aceita que a vida seja menor do que aquela que você é capaz de viver
~NELSON MANDELA
O ano era 1881. A família tinha acabado de se mudar da cidade de Ulm para Munique, ambas na Alemanha, por causa de uma oportunidade de negócios que o Sr. Hermann Einstein e seu irmão Jakob buscavam. A bela casa para a qual tinham se mudado nos arredores da cidade tinha um jardim espaçoso, em que as crianças podiam brincar por horas. O pequeno Albert Einstein tinha 2 anos de idade e mal podia falar. Isso preocupava sua mãe, Pauline Koch, ao ponto de ela levá-lo a um médico, que lhe disse que não havia um diagnóstico específico para sua dificuldade. Aquela era uma criança saudável, só estava demorando a falar.
Albert Einstein aprendia palavras e as repetia o tempo todo. Alguns de seus familiares diziam que ele era devagar, quase parando
. Por outro lado, devido ao seu lento desenvolvimento, ele aprendeu a observar o mundo ao seu redor em muito mais detalhes do que uma criança normal
, habilidade que o ajudaria em sua busca por descobrir como o universo funciona.
Talvez por permitirem que ele se expressasse enquanto sua fala era limitada, o pequeno Einstein tinha tendência a ter surtos de raiva. No mundo de hoje, psicólogos poderiam diagnosticá-lo com um distúrbio de desenvolvimento.¹ Entre outras características, desde muito novo, ele era um inconformista. Além disso, era sem filtro, pouco empático e bastante isolado (não gostava de brincar com outras crianças)—e ainda costumava desrespeitar figuras de autoridade. Quantas crianças assim você já teve em sua sala de aula? Ou, se isso descreve você, não se preocupe: é o seu gênio interior.
Einstein tinha 5 anos de idade e estava doente, de cama, quando seu pai lhe deu uma bússola. Naquele dia, seu estado de saúde pareceu piorar, mas não devido à doença, e sim porque ele estava superempolgado em compreender aquela força invisível que atraía a agulha da bússola para o norte. Aquele dispositivo disparou nele uma paixão por descobrir campos ocultos e seu domínio na natureza.
Quando Einstein tinha 6 anos, seus pais o matricularam em uma escola católica local. A religião era sua matéria favorita, e ele tinha um grande interesse em matemática. Nessa época, sua personalidade continuava a caracterizá-lo a tal ponto que um de seus professores chegou a dizer que ele nunca alcançaria muita coisa
. Ele era o exemplo perfeito de como uma criança distraída se comporta. Outras crianças atormentavam Einstein porque ele era judeu. Brigas e insultos aconteciam frequentemente no caminho para a escola e de volta para casa. O impacto mais significativo desse bullying em sua infância foi a crescente sensação de estar à margem, algo que ele carregaria pela vida toda.
Com o passar dos anos, Einstein tornou-se extraordinariamente bom em matemática e aprendeu muito por conta própria. Aos quinze, já dominava cálculo integral e diferencial, embora falhasse em qualquer tema relacionado a línguas. Palavras não eram com ele; elas não pertenciam à categoria de coisas interessantes
, pelos critérios dele. Einstein detestava o ensino médio por causa da aprendizagem por repetição que lhe era imposta e pelo fato de os professores não gostarem de ouvir perguntas dos estudantes. Os professores eram a autoridade e a fonte do conhecimento, e os estudantes tinham que respeitá-los como tal. A adoração que a Prússia tinha pela estrutura militar influenciou profundamente a dinâmica escolar, que enfatizava uma disciplina mecânica, comparável à marcha dos soldados nas ruas de Munique.
Se você percebe alguma semelhança entre a vivência do jovem Einstein com o nosso atual sistema público de educação, você está certo. Horace Mann, um reformista da educação americana e promotor da educação pública, visitou várias escolas europeias em 1843. Naquela época, a Prússia era a potência econômica do século XIX e tinha influência política significativa. Como secretário do Conselho de Educação de Massachusetts (o primeiro do tipo nos EUA) e defensor nacional do acesso à educação, Mann propôs a adoção do modelo de educação pública desse reino europeu.
A visão de Horace Mann do sistema de educação pública era melhorar a humanidade; incluir todas as crianças, independentemente de suas origens; não ser sectária; ter um sistema padronizado de treinamento de professores e, acima de tudo, ensinar crianças dentro dos princípios de uma sociedade livre. Essas bases eram nobres, diferentes dos reais (e ditatoriais) princípios de educação da Prússia. É possível que Mann não estivesse ciente dessas diferenças.
A percepção que muitos de nós temos de que algo está errado com o nosso sistema educacional atual é o mesmo sentimento que Einstein tinha quando estava no ensino médio. O notável Dr. Carl Sagan também percebeu um problema fundamental no sistema:
Se você conversar com crianças da pré-escola ou do primeiro ano, verá uma sala cheia de entusiastas das ciências. Elas fazem perguntas profundas! ‘O que é um sonho?’, ‘Por que temos dedos nos pés?’, ‘Por que a lua é redonda?’, ‘Qual é o aniversário do mundo?’, ‘Por que a grama é verde?’. Essas são perguntas profundas e importantes que brotam dessas crianças! Se você conversa com estudantes do último ano do ensino médio, nada disso existe. Eles se tornam passivos e nada curiosos. Algo terrível aconteceu entre a pré-escola e o último ano do ensino médio, e não é só a puberdade
.²
Pergunte a si mesmo: esse adormecimento cerebral ocorreria se tivéssemos o sistema educacional certo?
O Dr. Laurence Steinberg, professor na Universidade de Temple, na Filadélfia, entrevistou 20.000 estudantes do ensino médio nos EUA sobre suas motivações e envolvimento na escola. Um terço deles disse que passava o dia envolvido em algum passatempo ocioso com seus amigos, enquanto negligenciava o trabalho escolar. Quase 90% disseram ter copiado dever de casa de um amigo no ano anterior. Menos de 20% achavam essencial ir bem na escola. Em seu livro Beyond the Classroom (Além da Sala de Aula, sem tradução para o português), Steinberg argumenta que, na base da atual crise na educação americana, estão os problemas de postura, valores e crenças dos estudantes quanto à importância da educação
.³
~ ACESSANDO A CURIOSIDADE INTRÍNSECA E O DESEJO DE EXPLORAÇÃO DAS CRIANÇAS ~
As crianças são projetadas para o sucesso e equipadas para conseguir realizar o que quiserem. A curiosidade e a exploração são um estímulo incondicional para elas, e aprender é uma consequência também incondicional. O sistema de recompensa de seus cérebros funciona para premiá-las quando exploram seus interesses e encontram soluções para suas perguntas. Um bebê aprenderia a andar se tivesse medo de cair? O mundo está aí para que elas possam conquistá-lo! No entanto, logo que uma criança entra no sistema escolar, a curiosidade natural do cérebro para de ser recompensada. Elas começam a viver em função das expectativas alheias e a buscar objetivos vazios. Suas mentes passam a ser condicionadas pela busca da aprovação dos outros, sempre preocupadas com as opiniões de seus círculos. Elas são desmotivadas a explorar qualquer coisa fora do comum. A conexão natural entre curiosidade, exploração e aprendizagem é