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A professora da alfabetização: suspense baseado em evidências científicas - semifinalista prêmio ABERST melhor thriller
A professora da alfabetização: suspense baseado em evidências científicas - semifinalista prêmio ABERST melhor thriller
A professora da alfabetização: suspense baseado em evidências científicas - semifinalista prêmio ABERST melhor thriller
Ebook241 pages3 hours

A professora da alfabetização: suspense baseado em evidências científicas - semifinalista prêmio ABERST melhor thriller

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About this ebook

Quando Juliana é inesperadamente nomeada para ensinar na escola municipal, o primeiro dia de aula começa com um bilhete de boas-vindas anônimo. Conforme Juliana trabalha, os bilhetes tornam-se cada vez mais críticos em relação às suas práticas pedagógicas, exigindo que ela ensine seus alunos a ler e escrever em um tempo impossivelmente curto. À medida que a pedagoga enfrenta o desafio, ela descobre os segredos de ensinar leitura e escrita usando estratégias de consciência fonológica baseadas em evidências. Mas alguém está observando cada passo seu, e os bilhetes anônimos tornam-se cada vez mais sinistros. Juliana conseguirá descobrir quem está por trás dos bilhetes e completar sua missão pedagógica antes que seja tarde demais? Com suspense e intriga, a história de Juliana certamente conquistará os corações de educadores e estudantes de pedagogia que desejam aprender a alfabetizar ensinando com os sons das letras. Se você gostou de "A Menina que Roubava Livros" de Markus Zusak, ficará cativado pela jornada de Juliana para superar os desafios da alfabetização. Compre agora antes que o preço mude!
Semifinalista do prêmio ABERST - melhor livro de suspense (Thriller) 2023!
"Uma história de suspense sobre como superar os desafios da alfabetização. Deve ser lida por todas as professoras e estudantes de pedagogia"
"Você vai aprender a alfabetizar de forma lúdica, utilizando as práticas mais eficazes que foram descobertas pela neurociência e pelas pesquisas cognitivas e educacionais"
"Uma leitura engajante, que vai motivar e enriquecer quem deseja ensinar crianças, jovens e adultos a ler e escrever"
LanguagePortuguês
Release dateApr 8, 2022
ISBN9786599721410

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    A professora da alfabetização - Americo Amorim

    1

    A professora sentia aquele gostinho de novidade no caminho para a primeira aula na nova escola, mas ela não sabia que logo iria experimentar algo que não era nada doce. Juliana avistou a rua do colégio, em breve desceria do ônibus. Não bastasse estar quente naquela manhã, andar de coletivo não era fácil, mas ela decidiu que seria uma boa ideia economizar dinheiro por algum tempo, afinal de contas, como sempre dizia, sacrifícios são necessários.

    Imersa em um podcast, por um triz não perdeu a parada. Desceu agitada, quase esbarrou em algumas pessoas com quem cruzou na calçada e enfim viu de perto o prédio branco e azul onde trabalharia. Instantes depois, ela já se encontrava na sala.

    Sentou-se na sua mesa e respirou fundo, repetiu para si mesma que se sairia muito bem, era mais do que competente para trabalhar com as crianças. Começou a acomodar objetos pessoais e logo se deparou com um pedaço de papel dobrado dentro da gaveta de cima. O primeiro reflexo foi o de acreditar que se tratava de lixo, esquecido ali por desleixo de alguém.

    Curiosa, olhou com atenção o papel antes de jogar fora, e percebeu que era um bilhete dirigido a ela. Outra vez Juliana se viu agitada, tirada de sua tranquilidade regular, teve um pressentimento sobre aquela mensagem antes mesmo de lê-la:

    Estimada Professora,

    Seja bem-vinda! Espero que você faça um bom trabalho e que todas as crianças estejam lendo e escrevendo textos no fim do ano.

    Cinco dias antes, Juliana estava profundamente feliz. Finalmente fora chamada pela prefeitura para assumir seu cargo depois de passar no tão sonhado concurso público.

    A notícia tinha chegado num momento ótimo, pois algumas semanas antes ela acabara um relacionamento amoroso complicado. Era o início de uma nova fase. Batalhou bastante para entrar na prefeitura e finalmente conseguiu.

    A diretora Ana apresentou a escola inteira, que muito em breve estaria lotada de crianças voltando das férias. Conheceu as salas, o pátio, a secretaria e a quadra esportiva. Deu uma boa olhada no jardim e tentou imaginar como tudo aquilo ficaria quando povoado com crianças agitadas, felizes e barulhentas.

    No mesmo dia que conheceu a escola, foi apresentada às colegas. A professora Odete pareceu indiferente num primeiro momento, mas logo largou os papéis que estava conferindo, abriu um sorriso, e falou:

    — Então você será a minha colega no primeiro ano?! Já pensou em como vai tocar a turma na alfabetização?

    — Sim!! Vamos colocar muito letramento na sala. Vários gêneros textuais, parlendas e muitas rodas de conversa!

    — É isso mesmo, Juliana! Eles vão construir seu próprio conhecimento, cada um no seu ritmo, no seu estilo, sem pular nenhum nível das hipóteses da escrita.

    — Vai ser ótimo trabalharmos juntas! — Despediu-se Juliana.

    Mas aquele otimismo inicial foi cortado repentinamente no primeiro dia de aula pelo bilhete inesperado e anônimo. Antes que Juliana absorvesse a mensagem, o sino tocou e as crianças começaram a entrar na sala, uma a uma. Apesar da estranheza do que acabara de acontecer, foi um momento feliz, era um prazer imenso para a professora ver os rostinhos diferentes e escutar as histórias que contavam. Ela se divertia em imaginar, conforme lidava com as crianças, como era a vida delas fora do ambiente escolar, o que gostavam de fazer, quais eram os seus sonhos.

    Os alunos entraram na sala falando alto e fazendo brincadeiras, até que perceberam a desconhecida na frente da turma. Desconfiados, apostaram em fazer silêncio e entender bem em que terreno estavam pisando. A pedagoga abriu um largo sorriso e se apresentou.

    — Olá Pessoal! Eu sou Juliana, a nova professora de …

    — O nome da minha mãe é Juliana! — disse Aurora.

    — Mentira dela, profa!

    As crianças dispararam a rir e a educadora não se incomodou com a brincadeira. Na experiência dela, as crianças com um espírito irreverente eram capazes de aprender rápido e articular muito bem as ideias e informações.

    Depois foi a vez das crianças se apresentarem. Algumas chamaram mais atenção que as outras. Aurora falava sorrindo, bastante expressiva, gostava de contar piadas. Bruno tinha cabelos grandes e parecia sonolento. Tânia, uma líder natural, fazia com que as crianças tivessem vontade de se juntar em volta dela e ouvir com atenção o que dizia.

    A primeira manhã na nova escola passou rápido e Juliana sentiu um pouco mais de tranquilidade em pensar que o relacionamento com as crianças seria bom. Mesmo assim, o bilhete não saía de sua cabeça. Desde cedo martelava no canto da memória, feito uma enxaqueca. Por que alguém deixaria um bilhete anônimo para uma professora?

    2

    De tarde, Juliana teve bons momentos com a turma da outra instituição onde ensinava. Chegou cansada em casa, tinha acordado muito cedo para não se atrasar no primeiro dia na nova escola.

    Assim como nas últimas semanas, depois que ficou solteira mais uma vez, teve um jantar solitário. Pensou no ex companheiro, mas lembrou que precisava esquecê-lo. Aquele relacionamento foi uma completa perda de tempo.

    Enquanto organizava a cozinha, bocejou algumas vezes. Terminou com a louça e logo dormiu. Ao contrário dos dias anteriores, teve uma ótima noite de sono. Acordou bem pela manhã, com muita energia e nem lembrou mais do tal bilhete misterioso.

    Chegou na escola e caminhou direto para sua sala. Quando as crianças entraram, fez uma roda de conversa. Perguntou como foi a tarde anterior e passou uma hora inteira interagindo. Depois do intervalo, conversou por meia hora sobre como brincaram no parque.

    — E agora, para terminar a manhã, vamos ler uma história? — A professora falou com empolgação e mostrou as páginas do livro.

    A turma ficou em silêncio...

    — Quem quer fazer a leitura hoje?

    Silêncio ...

    — Vamos lá pessoal! Preciso de alguém para ler comigo.

    — Se você não sabe ler, então libera a gente logo para casa! Ninguém aqui pode ajudar nisso! — Aurora falou a verdade em tom de brincadeira.

    A professora sorriu e disse:

    — Fique tranquila! Eu sei ler um pouquinho. E vocês também vão conseguir em breve...

    — Sim, vamos aprender naquele dia... como é o nome mesmo? O dia de são nunca! — Bruno puxou a gargalhada de toda a turma.

    — Cada criança tem seu tempo e sua forma de aprender, mas todos vocês irão ler e escrever sim! — A professora respondeu rápido.

    — Esquece, professora. Meu irmão é do 3º ano e lá a turma só sabe ler e escrever os nomes completos. A CDF é que consegue ler umas palavrinhas!

    Juliana percebeu que a criança falava a verdade e congelou por uns segundos enquanto processava a gravidade da situação. Reafirmou que todos iriam aprender e começou ela própria a leitura.

    Depois de conversarem sobre a história, a professora se despediu das crianças. Enquanto caminhava para sair da escola, encontrou-se com Odete. Puxou-a discretamente para um local menos movimentado.

    — Odete, queria te perguntar uma coisa. É verdade que as crianças do 3º ano não conseguem ler textos?

    — É triste, né?! Mas isso é normal, Juliana. As famílias são muito pobres, não podem dar nenhum apoio.

    — Os teus vão terminar o primeiro ano como?

    — Metade pré-silábica. Os outros todos silábicos. Em um ano bom, uns dois chegam no silábico-alfabético.

    — Ninguém escreverá alfabeticamente? Meu deus Odete... Isso é normal?

    — É normalíssimo. A alfabetização começa no primeiro ano, mas tem que ser sem pressa. Cada um vai aprender no seu tempo... Fique tranquila. Dê a estimulação com o letramento e eles vão construir do seu jeito — Odete falou com segurança

    Juliana agradeceu pela informação e se despediu, deveria ir para a escola da tarde. Correu até o ponto de ônibus e conseguiu pegar o transporte rapidamente. No caminho, ficou pensando no que Odete falou.

    Como podem não ler e escrever nada no primeiro ano? Na escola da tarde, eles já leem qualquer palavra..., pensou consigo mesma. Mas tem uma grande diferença: é uma instituição privada. Garotos de classe média. Odete está certa. As famílias da tarde estimulam bem mais e por isso as crianças avançam rapidamente — A conclusão chegou rápido na mente dela, que logo passou a pensar no que iria fazer no fim de semana, queria ir assistir ao filme no cinema.

    Na manhã seguinte partiu para a escola bem animada. Lembrou a si mesma de que o novo trabalho era um sonho realizado, ela verdadeiramente desejava ser professora da rede municipal.

    Quando se colocou na rua, viu que o céu estava incrivelmente bonito, quis acreditar que era um ótimo sinal. Pensar nas atividades que faria com as crianças também a trouxe alegria. E aproveitando esse ânimo todo, até lhe ocorreu a ideia de procurar um lugar bom e barato para almoçar no final da manhã, antes de partir para o trabalho da tarde.

    Chegou na escola, cumprimentou todas as pessoas que pôde com seu sorriso simpático: professoras, zeladores e as crianças, que passavam correndo em brincadeiras apressadas e falando alto. Foi para a secretaria pegar o material do dia, mas viu que Joana não estava de bom humor logo que a cumprimentou.

    — Por favor, 10 caixas de massa de modelar — disse a professora.

    — UAU! Vai construir uma casa?

    — Vou utilizar para trabalhar as ... — Juliana foi cortada.

    — Que exagero! Para que tanta massa? Não posso lhe dar tudo.

    — Mas a prefeitura compra uma caixa por criança ...

    — Quem gerencia o estoque sou eu. Tome 5 caixas. Tchauuu!

    A professora saiu automaticamente, sem entender a razão para toda aquela ironia e rispidez da secretária. Decidiu que depois pensaria naquilo, pois chegou na sala e algumas crianças já estavam lá. Com a turma completa, iniciou uma roda de conversa.

    — Meus queridos, hoje vamos ter uma atividade muito especial. Brincar com as letras do alfabeto!

    — Vamos imitar o Beto? — Januário apontou para Alberto. A professora sorriu e continuou.

    — Quero que cada um de vocês pense em uma letra e faça ela com a massinha — A professora distribuiu 3 tirinhas para cada menino.

    Juliana observou que as crianças só fizeram as vogais. Quando terminaram, ela pediu que modelassem consoantes. Só uma menina começou, o resto do grupo ficou imóvel. Ao mesmo tempo, a professora percebeu que alguém estava na porta. Olhou e viu que era a secretária. O que será agora? Com o astral desabando, foi até lá.

    3

    Quando a professora abriu a porta, não havia mais ninguém. Olhou e percebeu no fim do corredor a secretária entrando na sala dela. Pensou na estranheza do acontecido, mas foi interrompida por Aurora.

    — Nós não sabemos nada dessas tais consoantes.

    — Fique tranquila! Vocês todos vão aprender.

    A professora, então, fez uma roda de conversa com as crianças sobre as letras que elas modelaram e depois as liberou para o parque. No intervalo, foi na secretaria.

    — Oi! Te vi na porta da sala, posso ajudar com algo?

    — Ahhh, não era nada. Queria saber como você iria usar toda aquela massa — a secretária voltou a olhar a tela do computador.

    A professora ficou surpresa com o sorriso irônico, e foi comer seu lanche. Encontrou Odete e contou, preocupada, que apenas uma criança conhecia uma consoante.

    — Isso é normal, minha filha. Cada um aprende do seu jeito e no seu tempo. O que você vai fazer nos próximos dias?

    — Eu tinha selecionado uma parlenda para cada letra, mas acho que vou começar com as consoantes agora.

    — Não tenha pressa. Revise as vogais e depois siga.

    A sirene tocou, elas se despediram e voltaram para as salas. Juliana começou a atividade da parlenda, as crianças estavam apáticas.

    — Vamos lá pessoal, todos cantando juntos!

    — Vixe... mais uma música chata...

    — Ora, e vocês não gostam de melodias?

    — Desde que a gente era bebê é a mesma coisa. Musiquinhas, historinhas... é tudo muito besta. A gente gosta é de assistir desenho no aplicativo — disse Januário.

    A professora ficou sem reação. Depois de alguns segundos, decidiu que prosseguiria com a atividade mesmo assim.

    — Vamos continuar com a nossa parlenda e aprender ainda mais sobre as vogais — tentou motivar os alunos.

    A atividade foi feita sem nenhuma nova surpresa. No fim da manhã, liberou as crianças e tomou o ônibus para a escola da tarde. Pensou na fala de Januário e no comportamento dos estudantes. Refletindo, concluiu que fizeram de conta que estavam gostando daquela parlenda. Fingimento não era bom.

    Na escola da tarde, executou o planejamento do dia sem maiores sobressaltos. No ônibus, indo para casa, pensou que essa era uma grande diferença. No colégio privado, já existia um planejamento. Tinha sido feito muitos anos antes, e era atualizado pela coordenadora e pela professora mais experiente. Na escola pública, Juliana tinha que planejar e fazer tudo sozinha.

    À noite, chegou a colocar no ponto sua série favorita, mas levantou-se para revisar o que faria no dia seguinte. Decidiu inserir uma nova atividade. Pensou em imprimir logo os textos, mas lembrou que estava sem tinta. Teria que pedir à secretária para tirar cópias.

    No dia seguinte, chegou cedo na escola e logo encontrou Odete, que perguntou qual seria a atividade.

    — Vou ler um texto. Vamos conversar sobre a história e depois vou pedir para circularem as letras que reconheceram.

    — Ótimo! É importante trabalhar vários gêneros textuais.

    — Ainda preciso imprimir os textos...

    Odete puxou Juliana pelo pulso até a secretaria.

    — Oi, Joana! Olha, nossa amiga Juliana está necessitando vinte fichas dessa aqui para as crianças dela.

    — Ah, é?! Ok, me dá que eu tiro as cópias.

    Odete agradeceu, se despediu das duas e foi para sala.

    — Então, agora você tem uma embaixadora que comunica seus desejos?

    — Mas eu nem pedi nada, foi ela que me puxou para cá.

    — Deixe de conversa mole. Aqui estão as suas fichas. Tchau! — Joana voltou a olhar para o celular.

    Juliana saiu logo da secretaria. Não estava gostando daquelas interações. Ficou pensando se tinha feito ou dito algo errado a Joana no dia que veio conhecer a escola. Não lembrou de nada. Devia ser alguma implicância besta.

    Chegou na sala. Ainda estava vazia. Começou a distribuir as fichas sobre as carteiras das crianças, queria surpreendê-las quando chegassem. Depois, se sentou calmamente na mesa, abriu a gaveta para guardar a bolsa e, num instante, teve um déjà vu , a imagem do papel branco dobrado lá dentro. Levou alguns segundos observando a folha.

    Outro bilhete? Pensou seriamente em jogá-lo fora sem ler. Aliás, que diferença fazia? Era só seguir com a vida dela e não pensar mais no assunto, mas a curiosidade beliscava, o que mais poderia o segundo bilhete dizer?

    4

    Linda aquela atividade da massinha. Mas as crianças não aprenderam nada novo. Você ainda não percebeu que elas já conhecem as vogais? Até quando vai ficar repetindo coisas que as crianças já sabem? Por gentileza, pare de perder tempo e avance. Eles precisam aprender a ler e escrever.

    A surpresa do bilhete foi interrompida pela chegada da gurizada. Elas viam as fichas em cima das bancas e já começavam a perguntar o que era aquilo. Depois do bom dia, quando Juliana acolhia e conversava com os estudantes, fez a leitura do texto. Em seguida perguntou o que acharam.

    Mais uma vez as crianças responderam sem muita empolgação. A professora então pediu que circulassem todas as letras que conheciam.

    — Alguém aprendeu e marcou alguma letrinha nova?

    — Claro que não, né?! Você não ensinou nada ainda — disse Aurora. A espontaneidade das crianças sempre surpreendia Juliana, mas nesse caso, cortou seu coração.

    A sirene tocou para o intervalo. A professora repassou mentalmente o ocorrido. Ela conseguiu despertar a curiosidade deixando as fichas sobre as bancas e leu o texto. Conversaram, mas já estavam desmotivados nesse momento. Não tinham realmente aprendido nenhuma letra nova.

    A professora se perguntou: devo abandonar as práticas de letramento que aprendi no curso de pedagogia e partir para o ensino tradicional? Preciso sair ensinando cada uma das letras? Diziam que aquilo era mecanicista. A pedagoga não sabia o que fazer.

    Indo para o lanche, encontrou Ana no corredor.

    — Diretora, me diga uma coisa. Você acha que é importante trabalhar o letramento?

    — Claro que sim, Juliana. As crianças precisam praticar o uso social da linguagem.

    — Mas e se elas estiverem evoluindo muito lentamente? Posso ensinar as letras? Talvez os padrões silábicos?

    — Juliana, aqui entre nós. Não me interessa o que você escutou por aí afora. Você pode fazer qualquer coisa na sua sala, desde que suas crianças aprendam.

    A professora achou algo estranho

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