Sistema de Proteção a pessoas ameaçadas de morte em Mato Grosso: do depoente especial aos programas de proteção
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Sistema de Proteção a pessoas ameaçadas de morte em Mato Grosso - Marcia Cristina Ourives da silva
Dedico essa dissertação aos meus amados pais, Mauro Pinto da Silva e Maria Ribeiro Ourives, pelo apoio, incentivo e amor sempre a mim ofertado.
SISTEMA DE PROTEÇÃO A PESSOAS AMEAÇADAS DE MORTE EM MATO GROSSO: DO DEPOENTE ESPECIAL AOS PROGRAMAS DE PROTEÇÃO
Recebi o convite de Márcia Ourives para apresentar este trabalho de conclusão de mestrado como um presente... e como uma grande responsabilidade.
Márcia e eu nos conhecemos a partir da atuação junto ao Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas – PPDDH. Eu, na coordenação da Equipe Federal do PPDDH e Márcia, na Ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Mato Grosso. O que foi um primeiro contato institucional para desenvolver ações e articulações institucionais em favor das lideranças ameaçadas no estado do Mato Grosso, evoluiu para vários diálogos institucionais; trocas intensas e culminou em admiração mútua na lide cotidiana de ocupar espaços estratégicos na defesa dos direitos humanos no Brasil.
Assim, honrada pelo convite de Márcia, quero te convidar a conhecer a riqueza desta obra que se ocupa em desvelar dados sobre o contexto dos Programas destinados à proteção de pessoas pelo Estado Brasileiro: o Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte – PPCAAM; o Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos¹ – PPDDH e o Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas – PROVITA; além do Serviço de Proteção ao Depoente Especial, mediante cuidadoso levantamento de informações e acurada análise contextual do impacto e dos desafios da execução destas Politicas no Brasil entre os anos de 2011 e 2016, adentrando as especificidades do Estado do Mato Grosso e a interface com a Segurança Pública e as redes formadas pela Sociedade Civil Organizada.
A obra permite ao leitor conhecera execução de Programas de Proteção em diversas sociedades e afunila o tema ao analisar os dados desta execução no Brasil de forma crítica, a partir da prerrogativa constitucional do respeito aos direitos e garantias fundamentais e do respeito aos direitos humanos universalmente reconhecidos; e do dever do Estado Brasileiro de implementar políticas e mecanismos eficazes para a proteção de pessoas em situação de risco e/ou ameaça.
Embora baseado em dados colhidos entre 2011 e 2016 onde muito se avançou na implementação dos Programas de Proteção, é um texto que se torna atual, diante do complexo cenário social e político brasileiro, que nos demanda especial cuidado e atenção no acompanhamento das políticas de proteção e defesa dos direitos humanos.
Boa leitura!
Maria Elisa dos Santos Lopes
1 A partir do Decreto nº 9.937, de 24 de julho de 2019, o PPDDH incorporou em sua nomenclatura oficial os comunicadores e os ambientalistas. O nome passou a ser, desde então, Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Estado de Mato Grosso.
Aos professores, técnicos e colegas do Curso de Mestrado em Política Social.
À minha orientadora Profa. Dra. Irenilda Ângela dos Santos pelas orientações, atenção e compreensão na caminhada para a elaboração desta dissertação.
À Prof. Dra. Arlete Benedita de Oliveira pelo incentivo e amizade demonstrados ao longo dos anos desde a graduação nos anos 90.
Ao Prof. Dr. Luiz Augusto Passos pelas valiosas contribuições na banca de qualificação e da defesa.
À Prof. Dra. Liliane Capilé Charbel Novais pelas indicações de leitura e contribuições significativas na banca de qualificação.
Ao Prof. Dr. Almir Baleiro, pela presteza e contribuições na banca examinadora e pelos primeiros passos na pesquisa.
À Coordenação dos Programas Federais de Proteção à Pessoas Ameaçadas e à Coordenação da Equipe de Monitoramento dos Programas, que sempre ofertaram informações e auxílio.
A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram e incentivaram minha caminhada. Sobretudo a DEUS, por me amar quando mais preciso e quando menos mereço, iluminando meu caminho e me fortalecendo a cada passo.
LISTA DE SIGLAS
CBJP - Comissão Brasileira de Justiça e Paz
CDDPH - Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana
CF/88 - Constituição Federal Brasileira de 1988
CGPT - Coordenação-Geral de Proteção à Testemunha
COETRAE – Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo
CONDEF - Conselho Deliberativo Federal do Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas
CONDEL - Conselho Deliberativo Estadual do Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas
CPT - Comissão Pastoral da Terra
CUT - Central Única dos Trabalhadores
DPF/MJ - Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça
GAJOP - Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
MNDH - Movimento Nacional de Direitos Humanos
MPE – Ministério Público Estadual
MPF - Ministério Público Federal
MPT – Ministério Público do Trabalho
MST – Movimento Sem Terra
ONG - Organização Não Governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
PJC – Polícia Judiciária Civil
PF – Polícia Federal
PM - Polícia Militar
PJF - Poder Judiciário Federal
PNDH-1 - Programa Nacional de Direitos Humanos 1
PNDH – 3 – Programa Nacional de Direitos Humanos 3
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPA - Plano Plurianual de Aplicações
PPCAAM – Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte
PPDDH – Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos
PROTEGE - Programa Estadual de Proteção, Auxílio e Assistência a Testemunhas Ameaçadas (Rio Grande do Sul)
PROVITA - Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas
PT - Partido dos Trabalhadores
PTA – Plano Plurianual
SDH/PR - Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
SENASP/ MJ - Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça
SESP – Secretaria de Estado de Segurança Pública
SEJUDH – Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos
SETASC – Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania
SMDH - Sociedade Maranhense de Direitos Humanos
SNJ/MJ - Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça
SPDE - Serviço de Proteção ao Depoente Especial
STF - Supremo Tribunal Federal
TCU - Tribunal de Contas da União
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
INTRODUÇÃO
SEÇÃO I - SEGURANÇA PÚBLICA
1.1.1 A SEGURANÇA PÚBLICA COMO DIREITO FUNDAMENTAL
1.1.2 SEGURANÇA PÚBLICA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
1.1.3 BREVE HISTÓRICO DA SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL
1.1.4 SEGURANÇA PÚBLICA EM MATO GROSSO
1.1.5 SEGURANÇA PÚBLICA, DIREITOS HUMANOS E SOCIEDADE CIVIL
1.1.6 POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA
1.2 DIREITOS HUMANOS E POLÍTICA DE PROTEÇÃO SOCIAL
1.2.1 PROGRAMAS DE PROTEÇÃO COMO POLÍTICA PÚBLICA DE DIREITOS HUMANOS
SEÇÃO II - SISTEMA DE PROTEÇÃO A PESSOAS AMEAÇADAS DE MORTE
2.1 BREVE RELATO DOS PROGRAMAS DE PROTEÇÃO EM OUTROS PAÍSES
2.1.1 O PROGRAMA DE PROTEÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS
2.1.2 O PROGRAMA DE PROTEÇÃO NO CANADÁ
2.1.3 O PROGRAMA DE PROTEÇÃO NA INGLATERRA
2.1.4 O PROGRAMA DE PROTEÇÃO NA ITÁLIA
2.1.5 O PROGRAMA DE PROTEÇÃO NA ARGENTINA
2.1.6 O PROGRAMA DE PROTEÇÃO NA ESCÓCIA
2.1.7 O PROGRAMA DE PROTEÇÃO NA ÍNDIA
2.1.8 O PROGRAMA DE PROTEÇÃO NO QUÊNIA
2.1.9 O PROGRAMA DE PROTEÇÃO NA SUÍÇA
2.2 BRASIL E OS PROGRAMAS DE PROTEÇÃO
2.2.1 SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO DEPOENTE ESPECIAL – SPDE
2.2.2 PROGRAMA DE PROTEÇÃO A VÍTIMAS E TESTEMUNHAS AMEAÇADAS (PROVITA)
2.2.3 PROGRAMA DE PROTEÇÃO AO DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS (PPDDH)
2.2.4 PROGRAMA DE PROTEÇÃO A CRIANÇAS E ADOLESCENTES AMEAÇADAS DE MORTE (PPCAAM)
SEÇÃO III - OS PROGRAMAS DE PROTEÇÃO EM MATO GROSSO
3.1 DESAFIOS PARA IMPLANTAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PROTEÇÃO EM MATO GROSSO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Landmarks
Capa
Folha de Rosto
Página de Créditos
Sumário
Bibliografia
INTRODUÇÃO
O Brasil vem sendo pioneiro na implementação das diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU) presentes na Declaração sobre o Direito e Dever dos indivíduos e em Grupos e instituições que promovem e protegem os Direitos Humanos e as Liberdades Fundamentais. Porém mesmo a Constituição Brasileira de 1988 tendo ratificado em seu texto direitos mundialmente convalidados, isso não vem garantindo a sua aplicação.
Embora as estatísticas dos órgãos de segurança pública mostrem o crescimento dos índices de homicídios, latrocínios, sequestros, roubos, entre outros, conforme demonstra o relatório atlas da Violência – 2016:
"Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em 2014 houve 59.627 homicídios no Brasil ☒ o que equivale a uma taxa de homicídios por 100 mil habitantes de 29,1. Este é o maior número de homicídios já registrado e consolida uma mudança no nível desse indicador, que se distancia do patamar de 48 mil a 50 mil homicídios, ocorridos entre 2004 e 2007, e dos 50 a 53 mil mortes, registradas entre 2008 a 2011.☒ (IPEA e Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Pág. 06 a 18)
Esses índices, retratam o problema, nos quais estas mortes evidenciam que mais de 10% dos homicídios registrados em todo o mundo, são oriundos dos dados de morte no Brasil. Se comparar os dados de homicídios no Brasil do ano de 2012 e 2014, nosso país configuraria na lista de 154 países com dados disponíveis, entre os 14 com maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes, dados alarmantes.
Esta realidade também assola o estado de Mato Grosso, que vêm enfrentando uma fase de pressão sobre as organizações e pessoas que buscam a superação dos desafios socialmente inseridos e, de certa forma a proteção dos cidadãos brasileiros em vulnerabilidade.
O Estado brasileiro deve oferecer proteção aos cidadãos, sejam na condição de vítima, testemunha de crimes, defensores de direitos humanos, ambientalistas, comunicadores e até crianças e adolescentes que são vítimas e/ou testemunhas de crimes e, por esse motivo, ameaçados de