Discover millions of ebooks, audiobooks, and so much more with a free trial

Only $11.99/month after trial. Cancel anytime.

O semelhante
O semelhante
O semelhante
Ebook210 pages1 hour

O semelhante

Rating: 5 out of 5 stars

5/5

()

Read preview

About this ebook

Elisa Lucinda. atriz. poetisa. lançou em 1994 o livro "O semelhante". que transformou em espetáculo e percorreu várias capitais brasileiras . No ano de 1997. lançou o CD "O semelhante". Neste disco. interpretou vários de seus poemas e ainda contou com as participações especiais de Miguel Falabela. Mauro Salles. Paulo José. Zezé Polessa. Juliano Gomes e Leandro Braga.
LanguagePortuguês
PublisherRecord
Release dateNov 23, 2021
ISBN9786555874099
O semelhante

Read more from Elisa Lucinda

Related to O semelhante

Related ebooks

Poetry For You

View More

Related articles

Related categories

Reviews for O semelhante

Rating: 5 out of 5 stars
5/5

1 rating0 reviews

What did you think?

Tap to rate

Review must be at least 10 words

    Book preview

    O semelhante - Elisa Lucinda

    Índice

    CAPA

    ROSTO

    CRÉDITOS

    SUMARIO

    DEDICATÓRIA

    ABERTURA

    1. A CADA DIA SEU VERSO

    O POEMA DO SEMELHANTE

    CAPRICHO DE POETA

    A LUA CHEIA DEU NA CARA DELA

    POEMENINA DOS OLHOS

    FETTUCCINE AO GESTO

    FUTURO DE ME LIVRO NA MÃO DA VIZINHA

    COMUM DE DOIS

    O CARRO

    POLE POSITION

    TINHA UMA RIMA NO MEIO DA MOQUECA

    ANJO DE GUARDA E DE PAPEL

    O POEMA DOS COLETIVOS

    PENETRAÇÃO DO POEMA DAS SETE FACES

    VIVER DE POESIA

    BUMBO NO PEITO

    CLÁUDIA NARCÓTICO

    LINHAS DA MÃO

    PRISÃO

    GO HOME...M

    A ESSE PAPO INDO-LENTE

    RENOVAÇÃO DE ALUGUEL

    À OBRA

    SÓSIA

    CONSTELAÇÃO

    2. O AMOR DE DADÁ DAS ÁGUAS

    O AMOR DE DADÁ DAS ÁGUAS

    AMANHECIMENTO

    AMAÑECIMIENTO

    TOUR DA INQUIETAÇÃO

    COBRE

    COR-RESPONDÊNCIA

    ESCOLHA

    FUNDO SEM POÇO

    GATO DE CASA

    INSTRUMENTAL

    LATE ILUSÃO

    MEU REI MAGRO

    MAPA DA MINA

    MEDO

    O CARTEIRO RIU

    PAU DE AURORA

    RECONSTITUIÇÃO

    PARA UM AMOR NA RUA

    RÉVEILLON COM VITOR RODOLFO

    STAR FIX

    SAUDADE

    SAFENA

    TERRA

    TEXTO PARA UMA SEPARAÇÃO

    SEM TELEFONE MAS COM-FIO

    CAMISETINHAS DE VERÃO

    CANTIGA

    UM BONDE CHAMADO SEU BEIJO

    LIGAÇÃO PERIGOSA

    PEIXE NAMORADO

    A VOZ DA RAÇÃO

    3. PLANETA V’ENTRE E CONSAGRAÇÃO DA CRIATURA

    AVISO DA LUA QUE MENSTRUA

    CONSAGRAÇÃO DA CRIATURA

    AS MULHERES GORDAS TOMADAS BANHO

    CHUPETAS PUNHETAS GUITARRAS

    DÁ LICENÇA, BASTIANA?

    QUANTO MAIS VELA MAIS ACESA

    INDICADOR DE LUZ

    Ô MÃE

    O BREU

    SUJEITO BLUES

    ODE DE AMOR AO FRUTO

    CORTANDO CEBOLA

    DEI UM GELO NELA (O poema da geladeira)

    ANÚNCIO

    NO MOMENTO NÃO ESTOU

    CANTO MINADO

    PODE CAFÉ

    SÓSIAS DOS SONHOS

    4. DESCOBRIMENTO DE BRASIS

    ASHELL, ASHELL PRA TODO MUNDO, ASHELL

    ZUMBI SALDO

    COISA MAIS LINDA MAIS CHEIA DE GARÇA

    APETITE SEM ESPERANÇA

    MORRE UM BRASIL

    MATABOLISMO

    MULATA EXPORTAÇÃO

    UM BRASIL FAZ 50 ANOS

    ADOÇÃO

    AU GRATIN

    TOCAI TAMBOR SÃO PAULO

    PERAÍ QUE VOU FALAR COM MAMÃE

    POEMA PRA MINHA NAMORADA

    POR MEA COPA, MEA MÁXIMA COPA

    PROFECIA

    5. DEUS, O CARA

    NO ELEVADOR DO FILHO DE DEUS

    O QUE O SENHOR ACHA

    GOD’S VACATION

    INCOMPREENSÃO DOS MISTÉRIOS

    DEUS RI

    ANEXOS

    SUMÁRIO DE POEMAS

    SOBRE ELISA LUCINDA

    ESPELHO SEU

    AGRADECIMENTOS

    COLOFON

    ELISA LUCINDA

    Guide

    SUMARIO

    CAPA

    CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE

    SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    Lucinda, Elisa, 1958-

    L971s

    O semelhante [recurso eletrônico] / Elisa Lucinda. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Record, 2021.

    recurso digital

    Formato: epub

    Requisitos do sistema: adobe digital editions

    Modo de acesso: world wide web

    ISBN 978-65-5587-409-9 (recurso eletrônico)

    1. Poesia brasileira. 2. Livros eletrônicos. I. Título.

    21-74124

    CDD: 869.1

    CDU: 82-1(81)

    Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecária - CRB-7/6439

    Esta obra foi anteriormente publicada pela Editora Massao Ohno (1ª edição), Editora Pallas (2ª edição) e pela autora em edição independente (3ª edição).

    Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

    Direitos exclusivos desta edição reservados pela

    EDITORA RECORD LTDA.

    Rua Argentina 171 - Rio de Janeiro, RJ - 20921-380 - Tel.: 2585-2000

    Produzido no Brasil

    ISBN 978-65-5587-409-9

    Seja um leitor preferencial Record.

    Cadastre-se e receba informações sobre nossos lançamentos e nossas promoções.

    Atendimento e venda direta ao leitor:

    mdireto@record.com.br ou (21) 2585-2002.

    ORDEM DO LIVRO

    1. A CADA DIA SEU VERSO

    2. O AMOR DE DADÁ DAS ÁGUAS

    3. PLANETA V’ENTRE E CONSAGRAÇÃO DA CRIATURA

    4. DESCOBRIMENTO DE BRASIS

    5. DEUS, O CARA

    ANEXOS

    SUMÁRIO

    À minha mãe, por toda a poesia

    que a sábia voz de sua alma me soprou.

    Respeitável Público:

    Lembro-me de quando eu tinha onze anos e minha mãe, com sua alma lírica, para distrair meu desejo, que eu já dizia, de ser atriz de cinema, levou-me para um curso de Declamação. Recordo-me de estar sendo levada para o meu destino pelas mãos de minha mãe. Da casa linda da mulher, professora poderosa portuguesa sem sotaque: Maria Filina Salles Sá de Miranda. Tinha uma atriz certamente lá no dentro dela. E muito laquê na armação do cabelo, que era emaranhado encadeado embaraçado propositalmente por baixo pra dar volume, altura. A menina de mim olhava-a de cima a baixo, e a rajada daquele olhar se misturava à casa, com seus tapetes vermelhos que pareciam vir ao encontro dos meus olhos, com a sua cor estupenda: tapetes vermelhos invadiam minha visão como se me anunciassem um futuro, como um bicho, um lugar de coisa viva que me assustava e seduzia. Suas peças raras, suas paredes de livros. O teto tinha pintura como um céu de templo, de catedrais, como um urdimento. Era cênica. Afora as pecinhas de igreja e da escola, eu nunca tinha ido a um teatro antes. Ela era o primeiro teatro de minha vida. Conversaram. Ela me olhou e disse à minha mãe que voltássemos uma hora depois. Ficamos as duas no silêncio sincrônico dos olhares, até que ela se inclinou, elegante, pegou meu queixinho com uma força mansa e disse: Gostei de seus olhinhos grandes verdes e vivos, menina! E eu perguntei: Será que eu vou gostar de declamação? Ela então, moderna: Não dou declamação. Dou ‘Interpretação Teatral da Poesia’.

    Gostei. Aquele título era uma música para mim, e sorri. E entendi. Mostrou-me sua vastíssima biblioteca e disse que eu escolhesse. Peguei um com uma bela capa: Poetas malditos portugueses. Ela me mostrou então, já em página marcada, Cântico negro de José Régio. Foi o primeiro poema que eu disse na minha vida. Começam os recitais. As escrituras dos fatos, as costuras do desejo, essa alfaiataria do tempo foi me transformando em atriz-escritora-poeta. Sempre a palavra a me rondar. Nunca mais pude-quis sair do palco poético.

    Me perguntais tantas coisas: de por que escrevo, de como escrevo, de sobre o que escrevo, de qual o meu processo; se sou poeta, poetisa, feminista, feminina, e não sei o que mais. Acabo respondendo o que me surge na hora. Invento com fé cada resposta para que seja eu a primeira a acreditar, mas no fundo não sei mesmo. Escrevo porque não tem jeito. Escrevo porque é o jeito. O meu jeito de existir. Como uma respiração, como um vício numa embocadura de olhar. Não há descanso, não há final de expediente; há, às vezes, preguiça de pensar assim sempre, de continuar a fazer a ata infinita do universo toda em versos, como uma secretária ocupadíssima de um Deus igualmente ocupadíssimo. A gente dorme, acorda mas não passa. O universo das palavras vira uma civilização, uma raça, um povo simbólico à parte, para fazer a festa das versões. O banquete.

    Este meu livro, O semelhante vem, na verdade, do fato de eu viver hoje entre um recital e outro por esse Brasil. Dizendo esses versos.

    Enjoying the preview?
    Page 1 of 1