Estratégia - Unindo Planejamento & Execução: um ciclo sistêmico de implementação, de execução e de retroalimentação da estratégia, que permite a gestores compreender causas e efeitos, e assim literalmente guiar a estratégia no ambiente empresarial
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Estratégia - Unindo Planejamento & Execução - Jerri Sidnei Voos
1. INTRODUÇÃO
O dinamismo mercadológico impulsionado pela redução das barreiras comerciais tem acarretado a necessidade constante de buscar diferenciais capazes de promover alguma vantagem competitiva à empresa frente à concorrência. Nesse contexto, com o desafio que se descortina, emerge a necessidade de as organizações desenvolverem estratégias capazes de proporcionar o valor determinante para que o cliente opte pelos seus produtos/serviços em detrimento de outras. De acordo com as lições de Mcchesney et al . (2013), depois de definida a estratégia, o maior desafio consiste na sua execução.
A capacidade organizacional de tornar realidade a estratégia vem sendo debatida e estudada ao longo dos últimos anos, e na visão de Hrebiniak (2006), fazer a estratégia funcionar é mais difícil do que formulá-la. Nesse sentido, estudos apontam para um imenso gap entre estratégia x execução. Norton (2015) assevera que execução estratégica de sucesso tem sido inatingível para muitos, e que nove de dez organizações falham nessa tarefa. Segundo a reflexão de Zuckerman (2005), a formulação da estratégia é glamourosa, embora infelizmente sua execução frequentemente receba pouca atenção. Portanto, um dos maiores desafios das organizações envolve o desenvolvimento de estratégias planejadas para essa viabilização. O dinamismo do mercado impõe a necessidade de readequação constante, posto que o mundo se transforma, e as coisas mudam - e de modo muito rápido.
Ao observar a volatilidade do mercado, seguramente pode-se perceber que o desafio de executar a estratégia com elevada eficiência, no menor tempo possível, é fundamental para que suas premissas ainda sejam capazes de causar o impacto necessário no cliente. Em seus desafios, encontra-se o de estar atento a todas as mudanças mercadológicas, enfatizando no contexto também as grandes reviravoltas disruptivas que atingem a forma de consumir, o que torna a arte de executar estratégias uma tarefa de grande relevância. ¹As empresas necessitam então ter o entendimento adequado acerca do funcionamento do mercado, de seu segmento e de sua concorrência. Para isso, convém depreender os significados de demanda e mercado (PARENTE, 2000).
Por conseguinte, a questão que norteia este livro se concentra em analisar empresas, e a partir de seus processos e da sua estrutura organizacional, propor um artefato para a execução da estratégia com base em estudos teóricos atinentes à área. Importa destacar que, por artefato, entende-se como algo que foi feito pelo homem, o que abrange objetos artificiais que podem ser caracterizados em termos de objetivos, de funções e de adaptações; também é a organização dos componentes do ambiente interno para atingir objetivos em determinado ambiente externo (SIMON, 1996). Um artefato ainda pode ser considerado como um ponto de encontro, uma conexão entre um ambiente interno (a substância e a organização do próprio artefato) e um ambiente externo, ou seja, as condições em que funciona. Logo, pode ser compreendido como a organização dos componentes internos de uma organização para alcançar seus objetivos de mercado/externo (DRESCH; LACERDA; ANTUNES JÚNIOR, 2015).
1 Gap é o atraso relativo, o descompasso ou a disparidade entre coisas, países, pessoas, níveis financeiros, mentalidades, dentre outros aspectos.
2. EMBASAMENTO TEÓRICO
Neste capítulo, faz-se uma revisão teórica dos principais conceitos relacionados à Execução da Estratégia e seus desdobramentos a partir da Estrutura e dos Processos Organizacionais. São apresentadas algumas das melhores práticas, além de frameworks da Execução que visam oportunizar maior eficiência operacional a partir da escolha de determinada estratégia. O conteúdo passa pela definição do que é Estratégia, a relevância da Execução, evoluindo para a Execução da estratégia a partir da Estrutura e dos Processos Organizacionais, e por fim chegando às referidas técnicas de Execução. Por último, são apresentados constructos, modelos, instanciações ou design propositions já existentes.
2.1 ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL
No contexto da gestão das organizações, e no seu sentido mais amplo, o termo estratégia faz referência à definição do propósito da organização ou, por outras palavras, representa o conjunto de decisões e ações a adotar pela organização que visam proporcionar aos clientes mais valor que o oferecido pelos concorrentes de forma a atingir determinados resultados. Porter (1996), conceitua estratégia a partir da diferenciação com eficiência operacional e foco em vantagem competitiva. A eficiência operacional consiste apenas em realizar as mesmas tarefas de forma melhor que os competidores, geralmente em termos de recursos e tempo. Enquanto a estratégia estaria baseada no conjunto de diferentes atividades agregadas de forma a apresentar um conjunto de valores único. Assim, confundir eficiência operacional com estratégia tende a levar a organização a perder o seu diferencial.
Chandler (1962), acrescenta que a estratégia corporativa é a determinação de objetivos de longo prazo, as ações a serem tomadas e os recursos necessários para atingir os objetivos estabelecidos.
Chandler e Porter pertencem à escola do posicionamento, que considera a estratégia como um processo racional e analítico, que pode ser calculado e analisado numericamente visando o benefício em longo prazo. Ainda segundo a perspectiva clássica, a análise racional, o planejamento detalhado e a objetividade nas decisões corporativas são aspectos críticos para o sucesso das empresas no ambiente competitivo.
Neste sentido, Porter afirma que uma estratégia empresarial orientada para o aumento da competitividade diz respeito a ser diferente, a deliberadamente escolher um conjunto diferenciado de atividades para fornecer um conjunto único de valor.
Desta forma, em primeiro lugar, é preciso que a organização seja capaz de adotar um posicionamento único, uma estratégia única, e selecionar o melhor conjunto de atividades e projetos para melhorar seu posicionamento no mercado ou atingir a visão planejada. Concluída esta etapa, mesmo tendo definido a melhor estratégia possível, ela só poderá gerar resultados positivos caso a empresa a execute com sucesso, ressaltando assim, a importância da execução.
2.2 A RELEVÂNCIA DA EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA
Dentre a grande competição a que as empresas estão expostas, executar com sucesso a estratégia é fator de grande relevância e possivelmente a grande diferença entre empresas bem-sucedidas x malsucedidas, uma vez que pensamentos, planejamento, sem ação não passam de sonhos, uma miragem daquilo que poderia ser no futuro.
Conforme Kaplan e Norton (2009, p. 3), "Em sua pesquisa global de 2006, The Monitor Group, interrogou altos executivos sobre suas prioridades. A número um, por ampla margem, foi a execução da estratégia. Ainda conforme Kaplan e Norton (2008, p. 3),
O Conference Board, em sua pesquisa de 2007, relatou que a prioridade mais importante para os executivos era excelência na execução".
Mesmo com esta crescente consciência por parte de empresas, executivos e gestores a respeito da importância da execução, ainda há uma grande lacuna nesta área. Ao longo das últimas décadas, 60% a 80% das empresas ficaram muito longe de alcançar os objetivos definidos em seus planos estratégicos (KAPLAN; NORTON, 2009).
Reconhecendo este gap e aliando a isto a globalização, a chegada e consolidação da era digital, o que acelerou mudanças e trouxe profundos impactos na forma de se relacionar com cliente e a maneira como estes consomem, torna-se ainda mais relevante para as empresas dominar a competência de executar a estratégia, uma vez que o dinamismo do mercado gera alta necessidade de eficiência para com a execução. Bossidy e Charan (2010), destacam que o mundo está passando por uma profunda mudança – o mundo dos negócios está sendo redesenhado. Vivemos em um mundo onde grandes mudanças podem ocorrer de um dia para o outro e no qual muitas coisas que antes eram consideradas normais podem permanecer em constante mutação. Esse novo contexto traz ainda mais dificultadores para a execução e faz com que esta seja mais importante do que nunca. A execução eficiente não apenas assegura a utilização eficiente dos recursos, como também proporciona a retroalimentação necessária para que a companhia possa se ajustar a todos os tipos de mudanças que ocorrem nos mercados em que estão inseridos.
De acordo com Bossidy e Charan (2010, p. xii) A boa execução não apenas garantirá a sobrevivência de uma empresa em tempos difíceis como também poderá melhorar significativamente suas chances de sucesso à medida que o ambiente continua mudando
.
Portanto, reconhecer a importância da execução assim como executar com excelência é o grande desafio de qualquer organização após definida a estratégia. Dada à relevância de executar de forma eficiente a estratégia e exposto o quanto isto ainda é desafiador, se evidencia a necessidade de entender melhor quais fatores contribuem para o sucesso da execução de uma estratégia.
2.3 A EXECUÇÃO DA ESTRATÉGIA COMO UM MODELO
A ênfase precisa ser mudada de criação da estratégia para execução da estratégia. As empresas necessitam de uma estratégia sólida, mas a vantagem competitiva reside na perfeição de executar a estratégia melhor que seus concorrentes.
Segundo Delisi (2000), execução estratégica é um modelo rigoroso, que é necessário para executar. As ações requeridas em cada passo devem ser cuidadosamente pensadas, talhadas para a