Saúde na Fronteira Brasil-Venezuela
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Saúde na Fronteira Brasil-Venezuela - Lincoln Costa Valença
APRESENTAÇÃO
A proposta deste livro é compreender os desafios da gestão em saúde em zonas de fronteiras como lugar de intercâmbio internacional, fazendo uma comunicação entre os direitos sociais (e constitucionais), políticos e econômicos. A comunicação interfronteiriça como elemento de construção de laços que entre as populações.
Existe consenso entre pesquisadores brasileiros do tema Saúde e Fronteiras no Brasil, que de fato acontece um importante número de atendimentos de saúde para migrantes advindos de outros países, principalmente, os da América do Sul e no nosso caso, migrantes venezuelanos.
O Sistema Único de Saúde é universal, mas a utilização dos serviços de saúde por estrangeiros pode ser qualificada por meio dos acordos bilaterais, principalmente se entre o Brasil e a Venezuela existisse uma gestão compartilhada da saúde na zona de fronteira.
Nessa obra pretendemos analisar as ações dos Secretários Municipais de Saúde dos 15 Municípios de Roraima sobre a situação de saúde na Fronteira do extremo Norte do Brasil e de que forma o fluxo migratório reorganizou
o desenho do SUS no Estado de Roraima. Assim iremos caracterizar as demandas dos atendimentos a venezuelanos nas unidades de saúde de Roraima entre nos anos de 2017 e 2018.
Através da análise dos relatórios das atividades de formação dos gestores dos municípios de Roraima proposta pela Rede Colaborativa do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde de Roraima poderemos compreender alguns desafios enfrentados pelos gestores locais do SUS.
O surgimento do debate acerca do acesso ao SUS pela migração Venezuela, ganha visibilidade principalmente entre os anos de 2017 e 2018, quando a gestão da saúde nos municípios de Roraima torna-se pauta nacional dada pela urgência das ações diante do contexto de aumento da demanda e da falta de recurso para financiar a saúde do Estado.
Diante da necessidade de olhar de forma estratégica e específica para a realidade do Estado de Roraima, optou-se por analisar, principalmente as ações dos gestores do SUS dos municípios de Pacaraima (Cidade gêmea/Fronteira) e Boa Vista (Capital). Assim, também identificados os atendimentos de prestados a venezuelanos nas unidades de saúde de Roraima entre nos anos de 2017 e 2018. Analisou-se com destaque as respostas dos problemas percebidos pela migração.
Dessa forma, pretendemos nos próximos capítulos, mostrar o comportamento do número de atendimentos em saúde da rede de atenção primária e de atenção hospitalar a migrantes venezuelanos, mesmo com o contínuo subfinanciamento do SUS.
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
INTRODUÇÃO
1 SAÚDE E FRONTEIRAS
1.1 POLÍTICAS PÚBLICAS, REFUGIADOS E FRONTEIRAS
1.2 SIS-FRONTEIRAS
1.3 FRONTEIRAS E DESIGUALDADES EM SAÚDE
1.4 GESTÃO DA SAÚDE PÚBLICA: O SUS EM RORAIMA
2 EVENTOS CRÍTICOS NA ÁREA DE GESTÃO EM SAÚDE E OS ATENDIMENTOS A VENEZUELANOS
3 GESTORES DA SAÚDE PÚBLICA EM RORAIMA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Landmarks
Capa
Folha de Rosto
Página de Créditos
Sumário
Bibliografia
INTRODUÇÃO
Pretende-se compreender os desafios da gestão em saúde em zonas de fronteiras, fazendo uma comunicação entre os direitos sociais, políticos e econômicos que exemplificam a construção da utilização dos serviços de saúde por estrangeiros, por meio dos acordos bilaterais, construídos entre o Brasil e os países limítrofes. Assim, colocam-se três eixos de análise sobre a relação entre direitos e territórios: campo geoeconômico, político-administrativo e sociojurídico, elencando assim, a necessidade de pesquisar as estratégias a partir de experiências concretas.
Este Livro é produto da dissertação de Mestrado em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Roraima na Área de Concentração: Política, Gestão e Sustentabilidade de Sistemas e Programas de Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil e teve como Professor Orientador o Dr Marcos Antônio Pellegrini.
O Sistema Único de Saúde (SUS), em particular o acesso, sempre foi uma fonte de interesse para pesquisas científicas, gerando uma série de questionamentos, em especial quando o acesso ao Sistema acontece nas zonas fronteiriças. Durante a minha trajetória Profissional, nos últimos 15 anos, dediquei meus esforços na perspectiva de colaborar com a garantia dos princípios norteadores dos SUS, os quais, ao longo da pesquisa, funcionaram como um eixo universal.
A intensa imigração observada nos últimos anos em Roraima, principalmente de venezuelanos, as atenções são voltadas para os atendimentos na área de saúde, principalmente em razão do alargamento da demanda e alta necessidade de adaptação do SUS.
O papel dos gestores em saúde frente a esta situação se amplia em termos de responsabilidade, visto a necessidade de conhecimentos específicos para aplicação adequada dos recursos, que são insuficientes com o aumento do número de pessoas que precisam dos serviços de saúde, seja em Pacaraima ou em Boa Vista, em razão de serem os principais municípios a receberem imigrantes. Assim, é desejável que os gestores estejam capacitados para atuar na área e em muitos casos, dos municípios estudados, a rotatividade de pessoas nas secretarias municipais de saúde é muito grande o que pode claramente prejudicar a realização de projetos e a aplicação correta dos recursos públicos.
Esse livro retrata ainda experiência da vivência do Apoiador dos Secretários Municipais de Saúde do Estado de Roraima, da Rede Colaborativa do CONASEMS (Conselho Nacional dos secretários Municipais de Saúde) no Estado de Roraima.
Neste sentido, vamos discutir os conceitos de fronteira e relaciona-os à saúde; apontar algumas definições de políticas públicas e especificar aquelas voltadas à saúde; aprofundar entendimentos sobre os diversos instrumentos para a gestão em saúde no Brasil e no caso em regiões fronteiriças; expor eventos críticos que estão relacionados à gestão da saúde pública em Roraima e analisar atuação dos apoiadores do Projeto Formação Rede Colaborativa para fortalecimento da Gestão Municipal do SUS.
Esclarecer o que levou ao desenvolvimento deste estudo sobre Saúde e a realidade da fronteira amazônica (mais especificamente sobre Gestão do SUS) implicou em retratar parte da minha história profissional.
Portanto, em João Pessoa, iniciei o trabalho como gestor territorial do SUS, sendo responsável por algumas equipes de Saúde da Família, que foram premiadas, a partir de uma pesquisa desenvolvida pela UFSC o tema As melhores Práticas
. Logo depois, migrei para outras atividades como parte da equipe de Gestão da Escola do Governo da Paraíba que trabalhava a Educação Permanente dos trabalhadores do SUS, outros desafios foram surgindo e assumi inicialmente a Coordenação das etapas de Acolhimento do Programa Mais Médicos para o Brasil, que aconteceram em Pernambuco e depois caminhei tendo como norte colaborar com a qualidade do serviço prestado pelo SUS.
Trabalhei diretamente com todos os Gestores Municipais de Saúde do Estado de Roraima, desenvolvendo minhas atividades no COSEMS-RR (Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do Estado