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Informativo Comentado - TST 244
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E-book110 páginas1 hora

Informativo Comentado - TST 244

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Sobre este e-book

A atividade dos Tribunais de selecionar e publicar seus principais julgados é louvável. Em tempos de busca da concretização do princípio da segurança jurídica e da garantia da formação de uma jurisprudência estável, íntegra e coerente, com o respeito devido aos precedentes vinculantes, faz-se cada vez mais necessário ter uma visão atual da jurisprudência de cada Corte.
As ementas publicadas nos informativos buscam apresentar o entendimento do TST sobre os principais temas que chegam à Corte. A sua análise e observância são ainda mais necessárias, pois a CLT foi alterada recentemente em cerca de uma centena de artigos e será o TST o órgão responsável por uniformizar a interpretação dos novos dispositivos normativos.
As ementas, entretanto, em muitos casos, não apresentam um retrato fiel do que fora decidido ou não expõem a pluralidade de pedidos que frequentemente consta dos processos trabalhistas, razões pelas quais é necessária uma análise mais aprofundada das decisões.
Os comentários apresentados a seguir buscam apresentar, da forma mais didática possível, os conceitos dos institutos citados nas decisões e os fundamentos destas, ausentes das ementas, mas presentes no núcleo das razões de decidir e que devem ser objeto de estudo de todos os profissionais que militam no campo do Direito do Trabalho.
Além do empenho na procura por uma explicação simples, buscou-se uma análise panorâmica da jurisprudência da Corte, com a apresentação de decisões de outros informativos relacionados com o processo analisado e sempre comparando as decisões das turmas com aquelas proferidas pelas subseções de dissídios individuais, que costumam representar o entendimento pacífico do Tribunal sobre a matéria.
Agradeço a confiança depositada pela Editora Mizuno e pelo Dr. Ricardo Calcini, que abraçaram este projeto desde o início. Tentarei retribuir com dedicação máxima.

Lucas Castro
IdiomaPortuguês
Data de lançamento18 de mai. de 2022
ISBN9786555264814
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    Informativo Comentado - TST 244 - Lucas Silva de Castro

    SEÇÃO ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS COLETIVOS¹

    DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA JURÍDICA

    Dissídio coletivo de natureza jurídica. Pleito de natureza exclusivamente cominatória (suspensão das atividades presenciais durante a pandemia de Covid-19). Inadequação da via eleita. Extinção sem resolução do mérito. Efeito ex tunc. Impossibilidade de cobrança de multas e outros consectários. OJ 7 da SDC do TST e art. 241, II, do RITST.

    Conforme já se posicionou a SDC, a excepcionalidade da pandemia de COVID-19 não justifica a utilização de dissídio coletivo de natureza jurídica para a imposição de obrigações às empresas e empregadores além daquelas já previstas em lei. No caso, o TRT da 3ª Região extinguiu o feito sem resolução do mérito, por inadequação da via eleita, cassando a liminar que determinara a suspensão de atividades presenciais dos professores durante 30 dias em face da pandemia do Covid-19. Em casos tais, em que a extinção do processo, sem resolução do mérito, se dá por ausência insanável de pressuposto processual, como no caso de não subordinação do procedimento à lei, com reconhecimento da inadequação da via eleita, por não se ajustar a pretensão aos moldes do dissídio coletivo de natureza jurídica, tal como previsto no art. art. 241, caput e II, do RITST, na Orientação Jurisprudencial 7 da SDC, o exercício da jurisdição não pode gerar efeitos para as partes. Nesse sentido, reconhecida a inadequação da via eleita, a extinção do processo sem resolução do mérito se dá com efeitos ex tunc, não podendo o descumprimento das liminares gerar a aplicação ou cobrança de qualquer multa, nem os empregadores ficarem obrigados pelos ditames liminares quanto à prestação de serviços por parte de seus empregados. Sob esses fundamentos, a SDC, por unanimidade, deu provimento ao recurso ordinário do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Noroeste de Minas Gerais para declarar que a cassação da liminar deferida no presente feito se dá ex tunc, ou seja, desde a sua concessão. ROT-10443-06.2020.5.03.0000, SDC, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, 20/9/2021.

    Dissídio Coletivo

    Amauri Mascaro Nascimento afirma que o dissídio coletivo é um processo judicial de solução dos conflitos coletivos econômicos e jurídicos que no Brasil ganhou a máxima expressão como um importante mecanismo de criação de normas e condições de trabalho por meio dos tribunais trabalhistas, que proferem sentenças denominadas normativas quando as partes que não se compuseram na negociação coletiva acionam a jurisdição. (Curso de Direito do Trabalho. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. Pág. 769).

    De acordo com o regimento interno do TST, existem as seguintes espécies de dissídio coletivo:

    Art. 241. Os dissídios coletivos podem ser:

    I - de natureza econômica, para a instituição de normas e condições de trabalho;

    II - de natureza jurídica, para interpretação de cláusulas de sentenças normativas, de instrumentos de negociação coletiva, acordos e convenções coletivas, de disposições legais particulares de categoria profissional ou econômica e de atos normativos;

    III - originários, quando inexistentes ou em vigor normas e condições especiais de trabalho, decretadas em sentença normativa;

    IV - de revisão, quando destinados a reavaliar normas e condições coletivas

    de trabalho preexistentes que se tornarem injustas ou ineficazes pela modificação das circunstâncias que as ditaram;

    V - de declaração sobre a paralisação do trabalho decorrente de greve.

    Os dissídios coletivos podem ter natureza econômica, quando tiverem por objeto criar normas e condições de trabalho, através do exercício do poder normativo pela Justiça do Trabalho, ou natureza jurídica, casos nos quais o conflito se limita à aplicação e interpretação de dispositivos legais, convencionais e regulamentares, normas já preexistentes, em torno dos quais há divergência interpretativa entre as partes.

    Existe ainda o dissídio de greve, de natureza mista, pois haverá tanto interpretação de normas, quanto discussões atinentes às condições de trabalho e cláusulas econômicas, com o exercício do poder normativo pela Justiça do Trabalho.

    De acordo com o art. 114, § 2°, da CF/1988, recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

    De acordo com o TST, o comum acordo é pressuposto processual, sendo necessário para a constituição e desenvolvimento válido e regular do processo, havendo extinção do feito sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, IV, do CPC, quando esse estiver ausente, sendo "indispensável à instauração de dissídio coletivo de natureza econômica, mitigando tal exigência apenas quanto à forma, ao considerar suficiente a concordância tácita do suscitado para o atendimento desse pressuposto" (ROT-1001680-65.2016.5.02.0000, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Relator Ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, DEJT 01/10/2021).

    O STF julgou constitucional o dispositivo da Reforma do Judiciário (EC 45/04) que exige a anuência mútua das partes para o ajuizamento de dissídio coletivo trabalhista, por entender que não há nos dispositivos nenhuma violação das cláusulas pétreas da Constituição Federal (ADI 3423, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 02/06/20).

    Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito art. (114, § 2°, da CF/1988).

    Caso concreto

    Sindicato de trabalhadores ajuizou dissídio coletivo de natureza jurídica para a obtenção de tutela de urgência com determinação de obrigação de não fazer, consistente na suspensão das atividades presenciais de professores nos estabelecimentos de ensino durante a pandemia do Covid-19.

    O sindicato buscava, portanto, obter provimento de natureza cominatória e não interpretação de norma autônoma ou heterônoma, específica da categoria por ele representada, sendo o processo extinto com fundamento no art. 485, IV, do CPC pelas seguintes razões:

    1. A Orientação Jurisprudencial 7 da SDC do TST afirma que "não se presta o dissídio coletivo de natureza jurídica à interpretação de normas de caráter genérico, a teor do disposto no art. 313, II, do RITST. O pedido em epígrafe não visa à interpretação de cláusulas de instrumentos de negociação coletiva (acordos e convenções coletivas), mas à aplicação de normas legais de caráter genérico, postulando-se medidas relacionadas à pandemia causada pela Covid-19;

    2. De acordo com a SDC a pandemia do Covid-19 não é justificativa para o atropelo das normas legais e processuais, substituindo-se o julgador ao legislador ou às autoridades locais no estabelecimento de lockdowns ou outras medidas sanitárias, não sendo justificável a utilização de dissídio coletivo de natureza jurídica para a imposição de obrigações às empresas além daquelas previstas em lei;

    3. Nos termos do art. 241, caput e II, do RITST, os dissídios coletivos de natureza jurídica visam à interpretação de cláusulas de sentenças normativas, de instrumentos de negociação coletiva, acordos e

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