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Radical Brewing: receitas, contos e ideias transformadoras em um copo de cerveja
Radical Brewing: receitas, contos e ideias transformadoras em um copo de cerveja
Radical Brewing: receitas, contos e ideias transformadoras em um copo de cerveja
E-book981 páginas7 horas

Radical Brewing: receitas, contos e ideias transformadoras em um copo de cerveja

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Sobre este e-book

Este livro apresenta uma provocadora celebração dos 12.000 anos da arte de fazer cerveja. Com mais de 90 receitas completas e uma fartura de informações úteis tanto para iniciantes como veteranos experientes, Radical Brewing coloca o leitor em contato com algumas das cervejas mais exóticas – e deliciosas – do mundo.

Ricamente ilustrado e cheio de contos fascinantes do universo cervejeiro, este é um livro sobre cerveja como nenhum outro. Do misterioso ao exuberante, do arcaico ao futurista, Radical Brewing representa a paixão e vitalidade que faz da cena cervejeira dos EUA uma referência para o mundo todo.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de mai. de 2022
ISBN9786584915039
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    Radical Brewing - Randy Mosher

    A PRÁTICA DE FAZER CERVEJA EM CASA É TÃO ANTIGA QUANTO A PRÓPRIA CERVEJA, PROVAVELMENTE, DE UNS 12 mil anos atrás.

    Alguns acadêmicos sugerem que foi a ingestão de substâncias psicoativas que levou à criação da consciência humana. Esta visão pode ser inusitada, mas substâncias químicas psicoativas tiveram um papel de destaque em muitas das primeiras religiões. No cristianismo, o principal ritual de comunhão gira em torno da ingestão de dois materiais transformadores, um deles – o vinho – com conhecidas propriedades psicoativas.

    Minha visão excêntrica sobre o nascimento da civilização é apoiada por alguns cientistas de verdade. Eu imagino os nômades tribais como amantes incondicionais da liberdade, com o estilo de vida destemido dos motociclistas modernos, durões o suficiente para encarar a realidade brutal da natureza. Seria o pão fresco, por mais agradável que seja, suficientemente atrativo para trocar uma Harley por uma enxada e juntar-se à extenuante vida de agricultor? Na minha opinião, não é. Inclua na jogada uma cerveja refrescante e relaxante para suavizar as dificuldades da vida e, bom, aí podemos conversar.

    Eu ainda argumento que a natureza lubrificante do álcool permite que as pessoas coexistam na densidade esmagadora das cidades. Isso é tão verdade hoje como era na Ur dos Caldeus.

    A cerveja sempre foi moldada pela geografia e pelo clima. Cada espécie de grão se adapta melhor a uma determinada zona climática, com o trigo preferindo climas mais amenos, enquanto centeio e aveia abundam nas rigorosas regiões do Norte. A cevada é bem resistente, mas precisa de um solo mais rico que centeio ou aveia. O lúpulo também é sensível à latitude, pois precisa de dias de verão com uma certa duração para ativar a produção de cones. Cada erva, fruta ou qualquer outro ingrediente tem seu habitat ideal, e, antes de existir o transporte fácil de mercadorias, cada bebida tinha o gosto da sua flora local.

    Apesar disso, boa parte do padrão de popularidade da cerveja desafia qualquer explicação. Por que o Egito e boa parte do antigo Oriente Médio eram tão loucos por cerveja, enquanto gregos e romanos começaram cedo com o vinho e não o largaram mais nos últimos três mil anos? Foi por causa de algum desenvolvimento tecnológico que os permitiu armazenar e desfrutar do vinho durante o ano inteiro? Teriam sido apenas as massas imitando os luxuosos hábitos etílicos da elite, e depois o desejo de apegar-se à cultura do império decadente muito tempo após sua glória? Ou foi só porque, quando você tem uvas, vinho é praticamente a coisa mais fácil de se fazer com elas?

    E quanto às nações bárbaras? Os franceses sempre tiveram muitos usos para a cerveja, se não respeito. Até hoje, a França fornece muito da cevada que se tornará as cervejas radiantemente artísticas da Bélgica. Então por que não havia cultura cervejeira na Gália?

    Os alemães sabem fazer um bom barril de vinho. Seria o seu desejo por cerveja uma forma de desprezar a decadência do sul, lembrando-se do seu triunfo sobre o maior império que o mundo já viu? Poderia isso ter acontecido até o final da Idade Média sem uma identidade nacional de verdade? E poderia haver um pingo de ressonância nesta ideia ainda hoje, ou a tradição cervejeira continua viva por puro tradicionalismo?

    Há alguns séculos atrás, as diferenças eram atribuídas às diversas características fundamentais de cada raça: a cerveja era adequada aos holandeses, enquanto Ales sem lúpulo eram as bebidas mais saudáveis para os ingleses, blá-blá-blá. Isso é besteira, é claro, mas a cerveja funcionava como pão líquido, uma parte importante de um sistema nutricional composto por diversas partes interdependentes, e qualquer mudança tenderia a alterar um equilíbrio delicado. Além disso, as pessoas tendem a ser consistentes em seus hábitos, e desprezar estrangeiros. Para dar um exemplo, o lúpulo levou cerca de cem anos até ser aceito na Inglaterra.

    Há um certo modismo agitado em torno de estilos de cerveja na maioria dos lugares, e isso tem também uma influência de cada geração. É claro que nós não temos nenhum detalhe sobre os gostos realmente antigos, mas quando chegamos a cerca de quinhentos anos atrás, vemos as modas na cerveja mudarem duas ou três vezes por século. Sempre tem uma cerveja das antigas, defendida fervorosamente pelos velhos, que levam o estilo com eles quando viram história. A não ser que, como muitas vezes acontece, aquela cerveja que esteja em seus últimos dias seja renovada por uma nova geração ávida a se reconectar com seu passado, ou que apenas deseje aquilo que pensa ser uma nova sensação, o que representa bem a nossa situação atual.

    Gênero e cerveja é outra área de estudo interessante. Existiam deidades da cerveja de ambos os sexos no antigo Oriente Médio:

    O nascimento da cerveja

    Local: uma parte bem fértil do Crescente Fértil, 10.000 a.C. Deve ter acontecido mais ou menos assim:

    "Senacherib, seu preguiçoso filho de um escaravelho! Estou cansada desta porcaria de vida nômade. Nós nunca temos nada bom. Sem mesa de centro, sem cadeira confortável, nem mesmo uma TV! Barracas de lã de camelo, tapetes de lã de camelo, shorts de lã de camelo! Minha vida é uma coceira sem fim, meu marido, e a culpa é sua. Será que a gente não podia sossegar, talvez sair da Ur’s Angels, comprar um daqueles novos sobrados de tijolos de argila que nem os Sil’vahs têm?"

    Aaah, Zoraide, você sabe que eu acabei de comprar para-lamas cromados pra minha Harl’eh-Dav’d-Zon. Olhe como são brilhantes! Este cara do deserto nasceu para rodar!

    Vem, sente-se, coma. Eu comprei aquela nova cevada da Mercearia do Seu Ur. É a última moda. E foi uma pechincha, também. Acho que ela molhou na tempestade do ano passado. Parece que brotou. Fiz um belo mingau com ela de uma receita que vi na Tenda Cláudia. Hummm, bem quentinho.

    Eca! Eu odeio culinária contemporânea. Você sabe que eu gosto é de cordeiro e lentilhas. Tô vazando! Ei galera, vamos nessa, lá pro oásis. Acho que eles tão fazendo bodeburguers hoje.

    VRRRRRuuummm! (Para ser mais preciso, camelos arrancando parecem mais com flup, flup, flup.)

    Enquanto Senacherib e o resto da gangue saiam flupando pelo deserto, Zoraide, frustrada por mais uma tentativa fracassada de domar seu marido d