Logística de transportes internacionais (3ª Edição)
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Organizado em catorze capítulos, o livro aborda a necessidade de conhecer novas estratégias e técnicas logísticas, tendo em vista os efeitos da urgente mudança operacional desencadeados pela pandemia de covid-19.
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Logística de transportes internacionais (3ª Edição) - Nelson Ludovico
APRESENTAÇÃO
Ao iniciar a apresentação da 3ª edição desta obra, me cumpre agradecer à Editora Saraiva pela parceria, desde 2005, na publicação das duas edições anteriores: 2010 e 2015 com novas tiragens em 2012 e um aumento em 2015 e que eticamente, como é de praxe em situações especiais, liberou esta obra para que o autor pudesse dar continuidade e modernizar os temas centrais.
Da mesma forma, quero agradecer à acolhida pela Paco Editorial, da cidade de Jundiaí/SP, representada pelo editor Rodrigo Brito, na publicação da 3ª edição, oportunizando a retomada de uma obra técnica que certamente estará sempre em consulta por exportadores, importadores, empresas de logística, advogados, assessores, consultores, economistas, estudantes de tecnologia, graduação, especialização, MBA, mestrado, doutorado e pós-doutorado das áreas internacionais, com o desejo de podermos publicar novas obras, contribuindo, assim, com a cultura do país.
Pois bem, o comércio mundial sofreu e continua sofrendo nestes últimos dois anos em razão do que é do conhecimento geral: a covid-19 que se transformou em pandemia, tornando a economia de todos os países, sem exceção, algo inusitado; e no Brasil não foi diferente, apesar de que, em 2021, houve um recorde de exportações com aumento de 34% em relação a 2020, com valores de US$ 280,4 bilhões e nas importações um aumento de 14% com valores de US$ 219 bilhões, resultando num saldo positivo de US$ 61 bilhões, num acumulado de US$ 361 bilhões de reservas cambiais.
Mas para que tudo isso ocorresse, mesmo com as dificuldades das empresas que atuam no Comércio Exterior, a logística internacional teve que se reinventar e os operadores logísticos, tão importantes na cadeia de serviços, tiveram grande contribuição tanto para exportadores como para importadores.
Nesta 3ª edição, várias alterações e atualizações ocorreram no/nas:
✓ Capítulo 1. Negócios e operações internacionais
✓ Capítulo 2. Estudos logísticos
✓ Capítulo 3. Procedimentos logísticos internacionais
✓ Capítulo 6. Incoterms 2020 – ICC/Paris
✓ Capítulo 7. Transporte marítimo internacional
✓ Capítulo 10. Transporte aéreo internacional
✓ Capítulo 11. Direito aéreo internacional
✓ Capítulo 13. Sistema Multimodal
✓ Referências bibliográficas
"Nunca sabemos quanto sabemos, pois desconhecemos quanto é o todo"!
Prof. Nelson Ludovico, Ph.D.
CAPA DA 2ª EDIÇÃO
PREFÁCIO
A competência é o desafio imposto pelo processo global às empresas que comercializam seus produtos ou que tenham que se valer da Supply Chain Management, e com isto, quem está na ponta da cadeia produtiva passa a ser o propulsor, através do planejamento estratégico, do que o cliente final deseja, sejam produtos para consumo direto ou serviços.
A história nos revela sobre o desenvolvimento a partir dos anos 80, quando se dá início ao processo global com grandes mudanças no marketing, na indústria, produtos, mercados e, finalmente, nos investimentos. Neste cenário, a logística passa a ser considerada a indústria
que mais cresce no mundo e, sob o ponto de vista estratégico
, pode ser entendida como o gerenciamento do fluxo de bens e serviços, pois tudo o que flui bem está a favor da logística, ao contrário, tudo que não flui ou estanca é contra ela. Um forte exemplo foi demonstrado pela pandemia iniciada em 2020, quando milhares de navios ficaram parados pelo mundo. Como não puderam operar, a consequência foi a paralisação das indústrias por falta de containers em diversos portos: no Brasil, nos EUA (Los Angeles, Miami, Jacksonville, New York, entre outros), na Europa (Rotterdam, Hamburgo, Liverpool, Gênova, Barcelona, Le Havre, entre outros), na China (pelo menos 8 portos com mais de 300 navios sem operar).
Toda essa mudança repentina na vida das empresas que atuam internacionalmente produziu reformulações em seus processos e passou a exigir novas posturas de seus colaboradores, assim como, de seus prestadores de serviços logísticos. Ou seja, mudanças de estratégias foram necessárias para que o lead time seja atendido, independentemente do transit time dos navios.
Pois bem, nota-se nesta terceira edição a expertise e a experiência do autor, que atua como profissional da área internacional há mais de 50 anos, inclusive com experiência em empresas nacionais e multinacionais, além de consultor e assessor / nomeado pela Iata, FedEx, Aprile Seafreight/Gênova, traz no Capítulo 1 importantes orientações e explicações do expressivo resultado no Brasil no Comércio Exterior.
No capítulo 2, o Prof. Ludovico comenta sobre a importância e o entendimento da logística nos processos, assim como, as estratégias, procedimentos e tomadas de decisões.
No capítulo 3 que versa sobre os Procedimentos Logísticos Internacionais, o grande destaque se dá é sobre os estudos em relação às embalagens, acondicionamento e à movimentação das mercadorias, além de oferecer serviços adequados após o estudo dos transportes, para que haja o perfeito sincronismo nas operações.
Já no capítulo 4 destaca e insere contribuições sobre os vários tipos e modelos de paletes, cuidados no manuseio e identificações de acordo com International Cargo Handling Association, tornando esse tipo de embalagem uma padronização que objetiva a maior proteção às mercadorias desde a saída da empresa exportadora até a empresa importadora, esteja ela onde estiver.
No capítulo 5, inovador, a figura do Container foi o ponto de referência. Como não poderia deixar de ser, destacou no Capítulo 6, os novos Incoterms da Câmara de Comércio Internacional/CCI de Paris, que passou a vigorar em 2020. Nos Capítulos 7, 8 e 9 destaca importantes informações sobre as operações marítimas e nos 10 e 11, igualmente, sobre o transporte aéreo.
Em razão do movimento diário entre os países do Mercosul, o Prof Ludovico destaca no Capítulo 12 como são desenvolvidas as operações, destacando o sistema MIC/DTA como um procedimento especial. Com os problemas oriundos da Pandemia citados acima, o Prof. Ludovico inseriu no Capítulo 13 o Sistema Multimodal
, onde comenta sobre a origem e a participação dele na implantação do processo que resultou numa Lei sobre o tema (1998) e, posteriormente, um Decreto (2000).
Finalizando, com o Capítulo 14, a importância dos Agente de Cargas Internacionais e suas atividades nos processos logísticos. Indicações bibliográficas e atualizadas foram inseridas para que os leitores, acadêmicos ou não, possam desenvolver pesquisas.
Isto posto, convém ressaltar, com muita alegria, que o Prof. Ludovico foi estudante da primeira turma do curso Pós-Doutorado da Florida Christian University-FCU / Orlando-Florida, instituição que tenho o privilégio de presidir, onde concluiu, em 2011, com a obra Negócios Internacionais, publicado pela Editora Saraiva, fechando assim um laço de amizade não só acadêmico como pessoal.
Passou a ser nosso professor com aulas nos cursos de Mestrado e Doutorado em São Paulo, Luanda/Angola e nos Estados Unidos, e em 2022 o brilhante professor se auto desafiou a ir para um segundo Pós-Doutorado na FCU, demonstrando que o conhecimento não tem limites, e sem dúvidas é um gerador de energia e vida que transcende a cronologia do tempo.
Ter uma lenda da Logística Internacional como o Prof. Ludovico, muito nos honra.
Desfrute da leitura!
Bruno Portigliatti, J.D
Presidente da Florida Christian University
Orlando - Florida - USA
CAPÍTULO 1
NEGÓCIOS E OPERAÇÕES INTERNACIONAIS
Introdução
A grande importância do comércio exterior brasileiro, refletida na balança comercial dos últimos anos, está representada no saldo de mais de US$ 372 bilhões de reserva cambial no final de 2021, quando, com a mudança da economia mundial em razão da pandemia, o país exportou 34% a mais em relação a 2020, que representou US$ 280,4 bilhões contra um crescimento nas importações de 14%, o qual representou US$ 219 bilhões cuja diferença positiva foi de US$ 61 bilhões, tornando o país que oferece segurança para investimentos internacionais, sejam em logística ou em produções.
Mas, isso não reflete a verdadeira vocação do país como um grande produtor de alimentos dos mais variados tipos de grãos como soja, algodão, milho, café, além de minério, petróleo, pecuária, produtos industrializados desde máquinas, equipamentos, eletrônicos, alimentos e serviços, que poderiam, se os empresários de forma geral tivessem um olhar também para o exterior de forma mais agressiva do ponto de vista comercial, resultar em uma corrente de comércio exterior muito maior do que temos visto nessas duas últimas décadas, aproveitando melhor as oportunidades que a globalização de produtos e mercados oferece.
1. Comércio exterior: um bom negócio
A teoria diz que a empresa deve concentrar os esforços de exportação em produtos que reúnam preço, qualidade e prazo de entrega. No entanto, a teoria, na prática, pode ser outra, como provam muitos itens da nossa pauta de exportação.
Na verdade, esse tripé clássico se ajusta de acordo com a situação, pois produtos da moda, por exemplo, permitem preços maiores. Alguns mercados, como o alemão e o suíço, pagam mais por artigos inéditos e de boa qualidade que custam valores expressivos aos consumidores, pois o poder aquisitivo permite.
Até mesmo o aparentemente sagrado item qualidade é relativo; todo mercado comporta consumidores que aceitam produtos de menor qualidade, desde que o preço também seja adaptado ao poder aquisitivo destes consumidores. Chega a ser surpreendente o que certos países importam ou podem importar; a Alemanha fabrica sofisticadas máquinas operadas por computadores, fruto da Revolução 4.0, mas importa tornos mecânicos simples, cuja produção no país é antieconômica em razão do consumo relativamente pequeno.
Por desconhecer negócios com o exterior, muitas empresas apresentam o mais evidente sintoma de ter contraído a doença que ataca a maioria dos novatos: a insegurança, que quase sempre leva a tentar, primeiro, mercados vizinhos, como se a distância fosse o grande problema; para a logística não há distância.
Que mudança a exportação poderá trazer à situação da mercadologia da empresa? Ela aumenta a escala das operações, envolve-a em diversos em vez de trabalhar em um único, e os novos mercados diferem do mercado interno, da mesma maneira que cada um é diferente do outro.
No exterior, os graus de desenvolvimento da mercadologia, os padrões comerciais, a estrutura dos canais de distribuição e muitos outros fatores variam muitíssimo e exigem adaptações da política e das práticas; talvez seja difícil obter informações sobre a natureza dessas diferenças.
Exportar pode parecer um bicho de sete cabeças, mas, se as empresas tiverem gestores preparados e atualizados, certamente não correrão os riscos de passar por experiências negativas que muitos passaram por falta de profissionalização.
Mas comércio exterior não se resume em apenas exportar, pois o grande avanço do país a partir de 1990 com o Plano de Abertura Econômica foi exatamente através das importações quando as empresas, de forma geral, puderam rever seus processos produtivos e adquirirem bens de capital, maquinários em geral, renovando o parque industrial; como reflexo, as exportações cresceram em razão de produtos com melhor qualidade.
Houve basicamente duas frentes em prol das importações: uma delas promoveu a desregulamentação da importação de produtos de consumo no país que estavam suspensos; a outra buscava mudanças na política tarifária, cuja alíquota média de 35% foi diminuída para 20%, com substancial redução para bens de capital, cujas tarifas baixavam para 0% desde que esses bens não fossem fabricados no país.
Não podemos deixar de ressaltarmos o aspecto administrativo, pois tivemos uma verdadeira inversão conceitual sobre os processos de importação quando todas as operações eram controladas pela antiga Carteira de Comércio Exterior (Cacex) do Banco do Brasil e que passou a funcionar eletronicamente através da implantação do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex).
Quanto ao sistema financeiro, houve a simplificação das operações e aprimoramento pelo Banco Central do Brasil que permitiu a fusão das informações através do Sistema Sisbacen
com o Siscomex.
Já sob as questões aduaneiras, houve uma série de medidas de modernização no sistema e uma das mais significativas foi a introdução do módulo Siscomex na importação em 1997, substituindo declarações e guias sob formulários para documentos eletrônicos, o que simplificou substancialmente as operações.
A modernização também abrangeu a ampliação de armazéns alfandegados, ou seja, para mercadorias de importação ou mesmo de exportação com localização no interior do país, tendo em vista a descentralização das atividades dos portos, aeroportos e fronteiras, permitindo, assim, a interiorização das operações.
Mas apesar de todas essas importantes mudanças, o país ainda não se deu conta da importância da internacionalização de suas empresas. O problema ainda reside em uma mudança de comportamento organizacional que ainda não ocorreu, haja vista os valores de nossas exportações e importações, que poderiam ser muito maiores, considerando o potencial na indústria, pecuária, agro