Manual de Cura e Prevenção Natural da Gripe

Prefácio

O Brasil, segundo o Ministério do Meio Ambiente, possui uma parcela de aproximadamente 20% da fauna e flora do planeta. Este fato confere ao país a posição de número um dentre as nações com maior biodiversidade, além de uma riqueza de valor imensurável quanto às possibilidades de desenvolvimento em vários aspectos, entre eles a saúde. Tal abundância pode ser vista na elaboração de vários produtos e um exemplo de aplicação desses recursos é a produção de fármacos, pois grande parte deles é desenvolvida, direta ou indiretamente, por meio de fontes naturais.

Atualmente, vivenciamos o aparecimento de bactérias cada vez mais resistentes a antibióticos, devido ao uso, na maioria das vezes, inadequado do medicamento. Ademais, a população brasileira está envelhecendo e o perfil de doenças cada vez mais é ligado às condições crônico-degenerativas, que levam ao uso de diversos fármacos. Ainda que sejam essenciais, podem causar efeitos nocivos e até reduzir a qualidade de vida. O objetivo não é parar com o uso de remédios, mas tentar usá-los com mais responsabilidade e procurar opções naturais, sempre que possível, em conjunto com um profissional de saúde.

O livro Manual de cura e prevenção natural da gripe traz, de maneira bastante clara, informações sobre alimentos e plantas medicinais que podem ser utilizados como opção natural para prevenção da gripe e de outras enfermidades. Primeiramente, há um capítulo sobre a predisposição e prevenção, no qual podemos encontrar fatores que acabam provocando o enfraquecimento do sistema imunológico e, consequentemente, deixar o corpo humano mais suscetível a doenças. Nos próximos dois capítulos podemos aprender as técnicas e termos utilizados na preparação de chás e xaropes. Nos últimos capítulos começamos a apresentação de cada enfermidade, os alimentos e plantas mais indicados para o tratamento, além de receitas.

Um aspecto que deve ficar explícito neste prefácio é que o autor do livro, além de um grande incentivador e divulgador da fitoterapia, utiliza a técnica em si mesmo e nos familiares. Diante disso, é inegável a importância de conhecermos as possibilidades que os recursos naturais nos trazem e como podemos usá-los de maneira sábia para a melhoria da saúde em concordância com a medicina baseada em evidências.

Gustavo Santana Santos¹

1 Acadêmico de medicina da UFS – Universidade Federal de Sergipe

Introdução

A ciência enviou homens à Lua, decodificou o genoma humano e clonou ovelhas, mas ainda não dominou o resfriado comum. No entanto, a ajuda da natureza está à mão.

Só existe um meio de nunca contrairmos uma gripe ou um simples resfriado: deixando de respirar e, portanto, de fazer com que aquelas dezenas de vírus sempre mutáveis imponham o seu domínio, ainda que temporário, em nosso organismo.

Que ninguém alimente a doce crença de nunca contrair um resfriado ou gripe, ainda que more no campo, tenha uma alimentação perfeita e hábitos saudáveis de vida ao ar livre. Mas todos podem ter a certeza de que, com o reforço das defesas, esse nosso inimigo constante ficará, na maioria das vezes, apenas rondando-nos e, ao nos atingir, causará menos distúrbios passageiros, será dominado e eliminado com rapidez.

Causado por mais de 100 vírus diferentes, o resfriado comum é a doença infecciosa humana que mais contraímos. E, embora não seja grave, pode ser desagradável e exaustivo. Muitos adultos ficam resfriados de 2 a 4 vezes por ano, mas você pode reduzir a ocorrência dessas doenças – e o tempo daqueles que o acometem – usando uma série de estratégias naturais baseadas em plantas.

O objetivo deste livro é demonstrar tratamentos naturais contra a gripe e outras enfermidades que estejam, diretamente ou indiretamente, relacionadas com a mesma. As plantas são a farmácia da natureza e neste livro, examinamos mais de 70 plantas e alimentos que podem oferecer significativos benefícios médicos contra esses males relacionados com a gripe.

O livro contém duas partes principais, a primeira sob o título de Enfermidades e Tratamentos e a segunda sob o título de Alimentos e Plantas Medicinais. Na primeira parte, temos a descrição da maioria das enfermidades que estão, diretamente ou indiretamente, relacionadas com a gripe e os seus respectivos tratamentos. Os tratamentos estão divididos em Hortaliças, Frutas e Plantas, sendo os dois primeiros, geralmente sucos para prevenção e correta alimentação durante as enfermidades. O terceiro, trata-se dos chás e xaropes para combater esses males.

A segunda parte principal da obra, trata-se de uma exposição de cada uma dessas ervas mais detalhadamente. Então, o objetivo do livro é ser bem didático, o qual você procura a enfermidade do trato respiratório que está te incomodando e escolhe as plantas que vai usar para o tratamento, em seguida, verifica a segunda parte para ter um conhecimento melhor do que está tomando. E para iniciar o livro, apresento dois pequenos capítulos acessórios, o primeiro com dicas para manter o sistema imunológico sempre fortalecido e o segundo para ensinar como fazer chás e xaropes de forma simples.

Predisposição e prevenção

É fato que contraímos mais resfriados no inverno, mas não é verdade que o tempo frio, puro e simples, deva ser apontado como fator imediato que contribui para os surtos desse mal. As mudanças bruscas de temperatura (sair de uma sala aquecida para a rua gelada, por exemplo) é o que provocam, de alguma forma, a abertura das defesas do corpo. Mas o frio, tem também a ver, por criar condições favoráveis para a atuação dos vírus.

Eis, na verdade, os fatores que predispõem à maior frequência de gripes e resfriados:

1) O mau funcionamento dos intestinos;

2) A carência de vitaminas ou alguma disfunção do seu metabolismo em decorrência de causas intrínsecas – o que vem a dar na mesma coisa;

3) A sobrecarga da dieta com substâncias formadoras de toxinas ou a insuficiência de frutas e verduras, grandes fontes daquelas vitaminas que estão sempre a postos colaborando no equilíbrio do metabolismo;

4) A falta de exposição do corpo ao Sol durante algumas horas diárias;

5) A má ventilação dos ambientes, que cria condições favoráveis à propagação de vírus;

6) A má respiração do tecido epidérmico, ou por causa de impurezas que ele gera ou devido ao excesso de roupas durante o inverno.

Desdobrando estes seis pontos, os transformamos nas onze normas básicas para evitar ou combater, com energia e rapidez, na pior das hipóteses, esses inimigos sempre à espreita que são os vírus dos resfriados e gripes:

1) Evite deitar-se tarde ou dormir além do que seu organismo exige;

2) Não abra mão do seu banho de Sol diário durante meia hora, no mínimo, porque a exposição da pele à luz estimula a formação de vitamina D – e esta é também necessária à boa saúde, fator-chave contra qualquer tipo de infecção;

3) Faça todos os dias um exercício leve, mas vigoroso durante vários minutos, porque a transpiração abre os poros e facilita a eliminação dos resíduos nocivos;

4) Adote um regime que o faça ir ao banheiro pelo menos 2 vezes ao dia. Para acelerar o processo a princípio, consuma mais melaço, farelo, ameixa seca, mamão e figos;

5) Diminua ao máximo os alimentos pobres em sais minerais e vitaminas;

6) A simplicidade deve prevalecer na última refeição diária, que precisa ser leve para não sobrecarregar o organismo;

7) Tenha sempre na mesa do almoço uma salada de folhas com cenoura ralada, aipo e tomate, ricos em sais minerais e nas duas vitaminas que mais ajudam a combater as infecções: A e C;

8) No desjejum, dê preferência ao iogurte e às frutas de que dispuser em cada temporada. Reforce o café da manhã com germe de trigo, ótima fonte de vitaminas para aumentar a resistência orgânica. E se adicionar levedura de cerveja ao germe de trigo, você terá um alimento riquíssimo que fortalecerá o seu sistema imunológico e te deixará pronto para um dia produtivo;

9) Ainda no desjejum, para beber, prefira um suco natural ou água de coco ao invés de outras bebidas. Nunca beba refrigerante pela manhã, muito menos bebidas alcoólicas. Beba um suco de limão ou laranja, cujo teor de vitamina C é elevado, ou algum outro suco de frutas frescas, os quais eu cito vários neste livro. Outra excelente opção também é vitamina de banana, que pode ser feita junto com outras frutas como maçã, mamão, entre outras;

10) Não coma tanto. Está provado que o organismo não precisa de todo o alimento que lhe fornecemos. Todo excesso é danoso – e isso vale também para nossos hábitos alimentares;

11) Beba muito líquido diariamente. Beba água de coco regularmente, principalmente quando apresentar algum sintoma relacionado com a gripe, ela pode ser consumida pura ou misturada com suco, substituindo a água mineral.

Como preparar chás

O consumo de chá teve origem na China, possivelmente por volta de 2700 a.C. Pode ter começado quando as pessoas, por motivos de higiene, passaram a ferver a água antes de bebê-la e depois, a tornaram mais saborosa adicionando folhas de chá. No Japão, a bebida foi introduzida no século XIII pelo monge zen-budista Eisai, que escreveu: O chá tem um poder extraordinário de prolongar a vida. Muitos estudos científicos modernos sugerem que ele estava certo.

Segunda bebida mais consumida no planeta depois da água, o chá certamente contém compostos benéficos à saúde. Mas como preparar seus próprios chás de ervas e de frutas? Seguem algumas dicas e instruções:

Raízes, talos e cascas demoram mais tempo para cozinhar do que flores, folhas e ramos. Por essa razão, devem ser cozidas separadamente. À medida do possível, deve-se evitar preparar o chá em vasilhame de alumínio ou ferro. Durante o cozimento, os utensílios desprendem fragmentos que se misturam ao chá, alterando a composição. Utensílios esmaltados, de louça ou de barro são os mais recomendáveis. Depois de pronto, o chá deve ser armazenado em utensílios de vidro, de barro ou de louça.

Não se deve preparar chá em grande quantidade e armazená-lo para utilização durante vários dias. Com o decorrer do tempo, pode haver fermentação. O ideal é preparar a porção necessária para consumo no mesmo dia.

Existem várias maneiras de preparar chá:

TISANA: Acrescentar ervas à água fervente, tampar o vasilhame e permitir a fervura por mais cinco minutos. Em seguida, desligue o fogo e aguarde alguns minutos antes de consumir o chá.

INFUSÃO: Dispor as ervas no recipiente e despejar água fervente sobre elas. Tampar e deixar a infusão em repouso. Folhas e flores devem permanecer em repouso durante 10 minutos; talos, raízes e cascas, durante 20 a 30 minutos.

DECOCÇÃO: Despejar água fria