História da educação no Rio Grande do Norte: o discurso higienista para os grupos escolares na legislação educacional do RN (1908-1925)
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História da educação no Rio Grande do Norte - Hananiel de Souza Amorim
CAPÍTULO 1 HIGIENE E EDUCAÇÃO NO RIO GRANDE DO NORTE: A PESQUISA
1.1 TEMA DA PESQUISA: SUA IMPORTÂNCIA E SEUS RECORTES
Pesquisamos sobre grupos escolares desde a graduação em História (bacharelado), quando analisamos o processo de implantação dessas instituições Rio Grande do Norte e identificamos a presença da higiene em discursos e práticas. Ao final da pesquisa, constatamos que a higiene não se tratava de uma prática isolada. Ao contrário disso, consistia em um discurso abrangente e profundo que se materializava em práticas e representações dos sujeitos da época, afetando a organização dos espaços, a definição do aparelhamento escolar, a organização das atividades diárias e mesmo a maneira como eram tratadas questões de moral e de civismo.
O levantamento da produção historiográfica sobre a relação entre higiene e educação pôs-nos em contato com trabalhos como os de: Carvalho (1989), Menezes (2009), Rocha (2003), Gondra (2000), Vago (2002), entre outros. Os temas estudados por esses autores nos permitiram identificar a possibilidade de estudos sobre o assunto pela disponibilidade de documentação do período para o desenvolvimento da pesquisa.
Assim, contribuindo para ampliar o conhecimento na área da História da Educação, decidimos dar continuidade à pesquisa acerca do assunto, uma vez que os trabalhos acadêmicos existentes não esgotavam as discussões sobre o tema, pelo contrário. Assim, desencadearam o interesse em compreendermos como se organizaram e consolidaram orientações higienistas para os grupos escolares norte-rio-grandenses, no início do século XX.
Dessa forma foi que, mesmo considerando a vasta produção acadêmica sobre os grupos escolares, hoje, no Brasil, consideramos que a complexidade que envolveu as experiências dessas instituições no país, ainda as sustenta como objeto de pesquisa em História da Educação. Com base nisso, analisamos o discurso de higiene para os grupos escolares na legislação educacional do Rio Grande do Norte, no período compreendido entre 1908 e 1925, buscando reconhecer nessas instituições um espaço de materialização das ideias e preceitos higienistas.
Partimos das seguintes questões norteadoras: como o discurso sobre higiene se apresentava na legislação educacional do período? Como o discurso se materializava no espaço físico, no mobiliário e nas práticas escolares? O discurso apresentado na legislação era colocado em prática? A partir do desdobramento dessas questões surgiu a pergunta orientadora da pesquisa: de que maneira a higiene orientou a organização dos grupos escolares do Rio Grande do Norte?
Para darmos resposta a esses questionamentos, delimitamos o período da pesquisa de 1908 a 1925. Ou seja, da criação do primeiro grupo, denominado Grupo Escolar Augusto Severo (Decreto nº 174, de 5 de março de 1908) até mudanças ocorridas nos grupos via definição do Regimento Interno dos Grupos Escolares de 1925 (Ato nº 51, de 15 de maio de 1925).
Nesse trabalho, o principal diálogo foi com as fontes provenientes da legislação: leis, decretos, relatórios de inspetores, regimentos e outros documentos normativos. Segundo Faria Filho (1998), a legislação constitui uma prática ordenadora e instituidora das relações sociais e como uma fonte discursiva de intervenção social e produção de práticas, que está presente nesta nas reformas educacionais empreendidas no período republicano.
No tocante à contribuição da legislação como fonte documental para interpretação do passado, compartilhamos do pensamento de Le Goff (1996), segundo o qual, todo documento é fruto de escolhas e intenções de quem o elabora. Segundo o autor,
O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou, segundo as relações de forças que aí detinham o poder [...] o documento não é inócuo. É, antes de mais nada, o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziu, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio. O documento como uma coisa que fica, que dura, é o testemunho. O ensinamento (para evocar a etnologia) que lhe traz. Deve ser em primeiro lugar analisado, desmistificando- lhes o seu significado aparente (LE GOFF, 1996, p. 545-548).
Trabalhando o documento como fonte, compartilhamos também do pensamento de Foucault (2008), que diz:
O documento, pois não é mais, para a história, essa matéria inerte através da qual ela tenta reconstruir o que os homens fizeram ou disseram, o que é passado e o que deixa apenas rastros: ela procura definir, no próprio tecido documental, unidades, conjuntos, séries, relações (FOUCAULT, 2008, p. 7).
Essa compreensão é necessária, pois ao encontrarmos, reunirmos e selecionarmos as fontes que são viáveis para o desenvolvimento do nosso trabalho de pesquisa, as transformamos em documentos e monumentos que apresentam a leitura de uma época e indivíduos que escreveram, legislaram e regulamentaram sobre assuntos e instituições do período delimitado. E a partir da leitura desse material disponível e coletado que podemos realizar uma análise crítica e escrever nosso trabalho.
1.2 OS GRUPOS ESCOLARES NO BRASIL E NO RIO GRANDE DO NORTE
Os grupos escolares foram instituições implantadas no Brasil, inicialmente, no estado de São Paulo no final do século XIX, espelhado no modelo de escola graduada existente na Europa e nos Estados Unidos, sendo, posteriormente, esse novo modelo de escola primária, expandido para os demais estados do país (SOUZA,