Informativo Comentado - TST 251
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Sobre este e-book
As ementas publicadas nos informativos buscam apresentar o entendimento do TST sobre os principais temas que chegam à Corte. A sua análise e observância são ainda mais necessárias, pois a CLT foi alterada recentemente em cerca de uma centena de artigos e será o TST o órgão responsável por uniformizar a interpretação dos novos dispositivos normativos.
As ementas, entretanto, em muitos casos, não apresentam um retrato fiel do que fora decidido ou não expõem a pluralidade de pedidos que frequentemente consta dos processos trabalhistas, razões pelas quais é necessária uma análise mais aprofundada das decisões.
Os comentários apresentados a seguir buscam apresentar, da forma mais didática possível, os conceitos dos institutos citados nas decisões e os fundamentos destas, ausentes das ementas, mas presentes no núcleo das razões de decidir e que devem ser objeto de estudo de todos os profissionais que militam no campo do Direito do Trabalho.
Além do empenho na procura por uma explicação simples, buscou-se uma análise panorâmica da jurisprudência da Corte, com a apresentação de decisões de outros informativos relacionados com o processo analisado e sempre comparando as decisões das turmas com aquelas proferidas pelas subseções de dissídios individuais, que costumam representar o entendimento pacífico do Tribunal sobre a matéria.
Agradeço a confiança depositada pela Editora Mizuno e pelo Dr. Ricardo Calcini, que abraçaram este projeto desde o início. Tentarei retribuir com dedicação máxima.
Lucas Castro
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Informativo Comentado - TST 251 - Lucas Silva de Castro
SUBSEÇÃO I ESPECIALIZADA EM DISSÍDIOS INDIVIDUAIS¹
RESPONSABILIDADE CIVIL – PLANO DE SAÚDE
Responsabilidade civil do empregador. Acidente de trabalho. Indenização por danos materiais. Obrigação de custeio de plano de saúde vitalício.
Em atenção ao princípio da reparação integral, nos moldes dos artigos 949 e 950 do Código Civil, configura-se possível o deferimento de pedido atinente ao custeio de plano de saúde vitalício em favor de empregado vítima de acidente de trabalho, que tenha acarretado a incapacidade permanente para o exercício de seu ofício ou profissão, quando ficar comprovada nos autos a necessidade de tratamento médico de forma prolongada. Trata-se de obrigação decorrente do dever legal de reparação de dano material sofrido em decorrência do trabalho desenvolvido em prol do empregador. Entretanto, no caso concreto, sequer foi especificado qual seria o tratamento médico indispensável ao empregado e tampouco ficou demonstrada a necessidade de cuidados médicos permanentes, o que torna inviável a condenação pretendida. Sob esses fundamentos, a SBDI-1, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial e, no mérito, negou-lhe provimento. TST-E-RR-907-68.2012.5.05.0493, SBDI-I, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 10/3/2022.
1De acordo com o art. 78, II, a, do Regimento Interno do TST, compete à Subseção Especializada em Dissídios Individuais I julgar os embargos interpostos contra decisões divergentes das Turmas, ou destas que divirjam de decisão da Seção de Dissídios Individuais, de súmula ou de orientação jurisprudencial.
Responsabilidade Civil
De acordo com o art. 7º, XXVIII, o empregador tem responsabilidade subjetiva pelos danos sofridos pelos empregados em virtude de acidente de trabalho. O STF decidiu ainda que é constitucional a responsabilização objetiva do empregador nos casos que envolvam atividade exposta a risco especial.
O tribunal fixou a seguinte tese no julgamento do RE 828.040, com repercussão geral: O artigo 927, parágrafo único, do Código Civil é compatível com artigo 7º, inciso 28 da Constituição Federal, sendo constitucional a responsabilização objetiva do empregador por danos decorrentes de acidentes de trabalho nos casos especificados em lei ou quando a atividade normalmente desenvolvida por sua natureza apresentar exposição habitual a risco especial, com potencialidade lesiva e implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros da coletividade.
O princípio da reparação integral impõe que todos os danos causados sejam reparados, uma vez que a multiplicidade de ofensas decorrentes de uma mesma conduta não afasta a cumulação das indenizações devidas.
O acidente de trabalho e as entidades mórbidas que a legislação equipara a acidente de trabalho provocam danos de natureza material, moral e estética, dentre outros. De acordo com Sebastião Geraldo de Oliveira, o dano material é o prejuízo efetivo sofrido pela vítima, causando por consequência uma diminuição do seu patrimônio, avaliável monetariamente
(Indenizações por Acidente de Trabalho ou Doença Ocupacional. 8 ed. São Paulo: LTr, 2014. Pág. 243).
De acordo com o art. 402, do Código Civil, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. O que o acidentado efetivamente perdeu configura os denominados danos emergentes e o que deixou de ganhar é conceituado como os lucros cessantes.
Os arts. 949 e 950, do Código Civil, dispõem que no caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido e se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Caso concreto
O trabalhador pleiteou a instituição de um plano de saúde em caráter definitivo, em razão de ter o acidente de trabalho reduzido de forma permanente a sua capacidade laborativa. Alegou que necessita de tratamento médico constante, razão pela qual, em face do reconhecimento da culpa patronal, a empresa deve custear integralmente o plano de saúde a ser instituído em favor do empregado acidentado.
A sentença indeferiu o pedido afirmando que não há norma jurídica que imponha esta obrigação ao empregador, sendo dever do Estado assegurar o direito à saúde, não competindo à empresa sanar a deficiência do atendimento estatal.
O TRT de origem manteve o indeferimento do pedido.
E O TST? Manteve a decisão?
SIM!
Embora nos casos de lesões ou outras ofensas à saúde com o reconhecimento do nexo de causalidade e, nos casos de responsabilidade subjetiva, configuração de dolo ou culpa, surge o dever de reparação integral e a regra prevista no artigo 949 do Código Civil impõe que alcance todas as despesas daí decorrentes, ainda que não identificadas de imediato, sendo o marco final da imputação ao devedor o fim da convalescença, previsto no art. 949, do Código Civil:
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido.
O ofensor deve custear previamente as despesas ou apenas ressarcir o credor?
O TST entende que as despesas de tratamento em razão do sinistro devem ser custeadas pelo responsável até o final da recuperação, não sendo exigida a prévia realização dos gastos por parte da vítima, para posterior ressarcimento, "o que poderia significar até mesmo o esvaziamento do alcance da norma, mormente quando se vislumbra a possibilidade de não ter, ela, condições de custeá-las".
É possível a formulação de pedido genérico nos casos de indenização por danos materiais e danos emergentes?
SIM. "Trata-se de típica hipótese em que é aplicável, posteriormente, a liquidação por artigos, devendo a parte comprovar os gastos médicos relativos ao tratamento após a condenação." (RR-9951900-32.2006.5.09.0655, Relator Ministro Augusto César Leite de Carvalho, 6ª Turma, DEJT 10/05/2013).
O julgado cita precedente do STJ, que dispõe sobre o que deve ser incluído no ressarcimento: [...] todas as intervenções que se fizeram necessárias durante a tramitação do demorado processo e das que devam ser feitas no tratamento das sequelas deixadas pelo acidente, ainda que não possam ser desde logo definidas em número e em valor, o que ficará para a liquidação de sentença. Conforme a perícia, a natureza das lesões exige constantes e periódicas intervenções, até sua definitiva consolidação
(REsp 297.007/RJ, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 14/08/2001, DJ 18/03/2002, p. 256).
O tratamento deve ser custeado pelo ofensor ou pelo Estado através do SUS?
O tratamento deve ser custeado pelo autor da ofensa, pois "o acesso ao serviço público de saúde não desonera o empregador de sua responsabilidade, especialmente quando se considera a notória precariedade do atendimento, em que pese os relevantes serviços prestados à população brasileira. Obrigar o empregado a se utilizar da ineficiente assistência médica estatal para se recuperar de dano oriundo do trabalho prestado em prol do empregador e para o qual este concorreu com culpa, significaria transferir sua responsabilidade para o trabalhador e para o Estado, em rota direta de colisão com o dever de reparação legalmente fixado".
O empregador tem o dever de instituir plano de saúde para o trabalhador acidentado?
DEPENDE. Nos casos em que o trabalhador necessidade de tratamento médico continuado, a empresa responsável deverá custeá-lo e uma das formas é a instituição e manutenção de plano de saúde vitalício ou até o fim da convalescença.
Nos casos em que não houver a comprovação de tal necessidade, entretanto, não há fundamento jurídico para impor à empregadora a obrigação de instituir plano de saúde, especialmente quando exista nos autos apenas a alegação genérica de "tratamento com necessidade de acompanhamento médico".
No presente caso, não houve demonstração da necessidade de tratamento médico continuado, razão pela qual o TST manteve a decisão de indeferimento da instituição de plano de saúde vitalício.