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Ciência, Simples Magia Logificada
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Ciência, Simples Magia Logificada

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A carta e o poema que vêm a seguir foram escritos por um grande amigo, colega de medicina, e que vou manter no anonimato. Vou aproveitá-los como uma espécie de prefácio para este segundo tomo da “Ciência, a Nova Religião”, e chamo-o agora “Ciência, Magia Logificada”. Esse foi o desabafo de um colega meu, de um médico honesto, depois de ler a primeira edição ou versão de É a Ciência Uma Nova Religião? (ou Os Perigos do Dogma Científico), Editado pela Editora Civilização Brasileira S/A, Rio de Janeiro, do Sr. Enio Silveira, em 1970. Se antiga versão suscitou bons e entusiásticos sentimentos por parte de muita gente, podem imaginar, amigos, que elogios não merecerá a versão atual, burilada, atualizada e transformada em quatro volumes. Deste modo então escreveu o honestíssimo e nobre colega: Querido Irmão: Tu sabes muito bem que as palavras são apenas veículos dos sentimentos. E que aquela súbita e infinita alegria, que aquela tristeza imensa não podem ser traduzidas pelas palavras, essas fantasmagóricas rainhas. Entretanto..., abusemos uma vez mais: como desculpa, te digo que obedeço ao forte impulso interior. Escrever-te é difícil, não por tua culpa é claro. Antes desta linha, já rabisquei e destruí umas boas dez folhas que tentei iniciar, mas invadido por terrível ambivalência, pensava cá comigo:: Quê queres comunicar a quem sempre te pode ensinar? A verdade é que não consigo conter um grande sentimento de gratidão. Não sei porque, mas só agora, depois de um ano de relacionamento é que te escrevo: talvez porque o intelecto não mais resista com suas clássicas e idiotérrimas perguntas ( O que será que ele vai pensar, etc. ). Desde aquela ocasião em que aquele estudante de medicina angustiado, apalermado e burróide te procurou, até os dias de hoje, muita coisa de notável para mim ocorreu. Hoje, onde havia angústia, há paz; onde havia confusão, há clareza e serenidade. A pedra bruta atirada montanha abaixo girou, girou, chocou-se com outras e após seu giro louco repousou e, para surpresa, viu que estava modelada. Ah, amigo, foste o artista desta transformação! Por isto te sou infinitamente grato. Pela tua imensa capacidade de mergulhar profundamente neste mar de caos que é o mundo moderno – com o perdão da palavra – chafurdar nas imundícies criadas pelos cientistas e, após um trabalho estafante – às vezes não entendo como conseguiste – retirar uma pérola que depositaste nas mãos de muitos, entre os quais estava este discípulo ultra condicionado. Muito obrigado amigo e irmão. Quisera ter podido repartir contigo gota a gota os suores daquela época infernal, daquela angústia notável, os calos nos dedos de tanto bater na velha máquina Remington, os fios de cabelo que deves ter perdido, ou senão brancos, que, por vezes, disfarças de leve. A vida quis, entretanto, que passássemos solitários aquela etapa, que graças a ti, é agora um sonho vivo para mim.. Mas por Deus: Onde estão as bactérias, os vírus e ultra vírus, O mundo microscópico demoníaco, E seu igual o universo científico, Inventados por estes egos filhos da puta? Onde estão o fígado, o baço, os rins O coração, o pulmão, o cérebro, Deus meu? Artimanhas terríveis daquele Que se encanta em dividir, dividir, dividir... A necrose, a cirrose, a leucose, a nefrite A Anatomia Patológica, o câncer, a genética? E a célula, velha madrasta maligna Mil vezes prostituta, mãe de mil demônios? Onde estás? Onde estão? Estão aqui, é claro, ou seja em lugar nenhum... E o cérebro dos psiquiatras? E aquela esquizofreniazinha Que escorregava nas costinhas daquela proteinazinha? E aquela coisinha de ego, Superego, id? Superego... o bom... o bom... Ego – Sou eu! Sou eu!... Eu, quem, panaca! E o Id... Id... Id... Id...---- Idiotas! Onde está aquela criança que não pode apanhar sol! Ou ir na chuva porque recolhe, ou tomar banho porque encolhe? (Elas te agradecem também) Onde foi o que dizia que pólen dava alergia. Maldito seja, e que p
LanguagePortuguês
Release dateSep 17, 2011
Ciência, Simples Magia Logificada

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    Ciência, Simples Magia Logificada - Ernesto Bono

    Blog e e-mail do Autor

    http://blogdoernestobono.blogspot.com/ ebono.ez@terra.com.br

    Obras do Autor

    É A CIÊNCIA UMA NOVA RELIGIÃO? (Ou Os Perigos do Dogma Científico - 197l - Editora Civilização Brasileira S/A - RIO

    NÓS A LOUCURA E A ANTIPSIQUIATRIA - Editora Pallas S/A – Rio – Editora Afrontamento, Porto, Portugal - 1975 e 1976, respectivamente

    SENHOR DO YOGA E DA MENTE - Editora Record S/A – 1981 - Rio

    ECOLOGIA E POLÍTICA À LUZ DO TAO - Editora Record S/A - 1982 - Rio

    ANTIPSIQUIATRIA E SEXO - (A Grande Revelação) - Editora Record S/A - 1983 - Rio

    OS MANIPULADORES DA FALSA FATALIDADE - Fundação Educacional e Editorial Universalista FEEU - 1994

    A GRANDE CONSPIRAÇÃO UNIVERSAL, - Bonopel Edições - 1994 - Porto Alegre (edição restrita) e Zenda Editora LTDA - 1995 - São Paulo -2a Edição. – Zenda Editorial, 1999, 3a Edição – São Paulo

    O APOCALIPSE DESMASCARADO (Nem Anjos nem Demônios, Apenas ETs) – Editora Renascença – 1997 (edição restrita de 500 volumes) - Renascença - 1999 - Porto Alegre - 2a edição.

    AIDS, QUEM GANHA QUEM PERDE - Uma história Mal contada – Editora Rigel – 1999 – Porto Alegre

    CRISTO, ESSE DESCONHECIDO –3a Edição, Ed. Record S/A, 1979, Rio – Editora Renascença, 2000, Nova edição ou 4a Edição – Porto Alegre

    (Tradução) PERCEPÇÃO INTERPESSOAL - Dr. Ronald D. Laing, Phillipson, Cooper - Editora Eldorado - 1974 - Rio

    (Tradução) KUNDALINI, A ENERGIA EVOLUTIVA DO HOMEM - Gopi Krishna - 1980 – Editora Record S/A - Rio

    O LADRÃO E SALTEADOR DA MENTE HUMANA - Parar Este Falso Mundo – (livro 1) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    TRANSMUTAR ESTE FALSO MUNDO - Parar Este Falso Mundo – (livro 2) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    KUNDALINI, O FOGO ESPIRITUAL - Parar Este Falso Mundo – (livro 3) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    A FARSA DOS MEIOS DO CONHECIMENTO - Parar Este Falso Mundo – (livro 4) – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    PRISÃO DO TEMPO – Clube de Autores – 2011 – São Paulo

    MANIPULADORES DA FALSA FATALIDADE – Clube de Autores – 2011 – Segunda Edição – São Paulo

    O DESAPARECIMENTO DE NOSSOS FILHOS – 2011 – Clube de Autores – São Paulo

    FILOSOFIA E SABEDORIA DE JESUS – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    SERÁ QUE A CIÊNCIA NOS ENGANA? - (Ciência, a Nova Religião, Primeiro Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    CIÊNCIA, MAGIA LOGIFICADA – (Ciência, a Nova Religião, segundo tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    DISCURSO CONTRA O MÉTODO OU A ANTIDIALÉTICA – (Ciência, a Nova Religião, Terceiro Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    AS BASES INCONSISTENTES DA MEDICINA CIENTÍFICA – (Ciência, a Nova Religião, Quarto Tomo) – Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    UMA REVOLUÇÃO QUÂNTICA - Clube de Autores – 2010 – São Paulo

    JESUS, MESSIAS OU FILHO DO HOMEM? – Primeiro Volume - Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    JESUS, MESSIAS OU FILHO DO HOMEM? – Segundo Volume – Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    JESUS SEM CRUZ – Clube de Autores 2012 – São Paulo

    OS HERDEIROS DO FILHO DO HOMEM – Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    TRES JÓIAS DO BUDISMO - Clube de Autores – 2012 – São Paulo

    ECOLOGIA E POLÍTICA À LUZ DO TAO – Segunda Edição – Clube de Autores 2012 – S.Paulo

    SENHOR DO YOGA E DA MENTE – Segunda Edição – Clube de Autores 2012 – São Paulo

    Segunda Parte do Livro ou Ciência, Magia Logificada – Introdução

    I – Os gregos antigos e suas especulações – Heráclito, Parmênides, Sócrates, Platão e seus doxa e epísteme – Aristóteles, suas enteléquias e teoria do conhecimento – O Gênesis do judaísmo-cristianismo, explicando a origem material do mundo – Os teólogos do Gênesis assimilando Aristóteles - As bases da ciência moderna – A realidade física em si existe mesmo? E para tal precisaria haver uma ciência para explicá-la? – O mundo subsiste e persiste com o falecimento do observador? – Nenhuma epistemologia poderá ficar estabelecida sem antes o homem conhecer-se a si mesmo, em profundidade – Os como da vida que a ciência estuda e os porquês da vida que a filosofia pretende elucidar – A magia branca dos antigos e a ciência moderna – O homem não surgiu num meio preexistente; homem e meio (pensados e reconstruídos) surgem ao mesmo tempo – A liberdade da opinião leiga dos antigos gregos – O monismo dos filósofos pré-socráticos e o dualismo dos pensadores posteriores – Platão e sua teoria do bom conhecer – Segundo este pensador tudo é doxa ou opinião, mas o real ou epísteme platônico também é – Sócrates com seu só sei que nada sei – O mundo real das idéias de Platão – A posterior primazia dos conceitos aristotélicos, inclusive na Idade Média, graças a Tomás de Aquino e graças à Escolástica – Aristóteles ou a culminância do pensamento dualista na Grécia – A precária e lamentável teoria do conhecimento de Aristóteles que prevalece até hoje – Os vícios da ciência grego-aristotélica foram superados, mas não suas ferramentas, como a memória, o raciocínio, a imaginação, os quais resultam em epistemologia) e geraram vícios piores – A pretensa intangibilidade da lógica-razão aristotélica – Preconceitos bíblicos e gregos serviram como bases axiomáticas da ciência moderna – Os axiomas e enunciados de Aristóteles eram tão certos e errados quanto os da ciência atual – O curto alcance da intelecção humana e as mentiras convenientes da lógica-razão.

    II – Os Pioneiros da ciência moderna – Galileu, Bacon, Descartes, Newton – Descrição matemática do fenômeno ligada a uma ocorrência natural externa - Experimentação laboratorial – Análise do fenômeno – A Experiência da torre de Pisa de Galileu – Geocentrismo ou heliocentrismo, quais dos dois são verdadeiros? – As razões da astronomia nem sempre se coadunam com a vida em manifestação - Método que foi adotado, é o motivo do grande sucesso científico – A razão do total condicionamento humano: Método científico, ou seja, o método experimental, a análise científica, a descrição matemática do fenômeno, a (falsa) prova e as leis científicas – Superando a autoridade dos antigos – A indução que Bacon assentou, a observação e a possível experimentação – As experiências científicas de Galileu – Os pretensos fenômenos da natureza, agora explicados em termos matemáticos – Para Galileu, o Deus verdadeiro dele criava e depois escondia os feitos de sua obra com figuras geométricas e símbolos matemáticos – A matemática pitagórica e platoniana diferia da matemática científica, sim ou não? – As pretensas leis gerais de Newton que regiam a natureza – As vulgares mentiras epistemológicas implicadas na certeza científica e que assim se assentaram: Do fato surge a idéia; a idéia dirige a experiência laboratorial; a experiência julga a idéia – fato real e fato reconstruído e reconhecível – O começo da ciência moderna com as observações e experimentos de Galileu – O pai da ciência moderna estava tão certo e errado como os precursores que ele condenava – O que torna um fato mais plausível do que outro é uma atuação ladina, ou o método científico, e não o bem pensar e conhecer – A análise, a calamidade científica que Descartes introduziu – Penso, logo sou, isso é verdade? - Ou Aqui e Agora ‘eu sou’, e daí depois posso inclusive mal pensar, concluindo tolices ou inferências? – Res extensa e res cogitans, a dualidade cartesiana mentirosa que tudo distorce e superpõe aparências – Teoria geocêntrica e teoria heliocêntrica, duas posturas falaciosas que o pensamento inventou – Reconhecer é poder, e no reconhecer só cabe a mentira, por isso aí o dogma sempre acaba prevalecendo – A repetição científico-experimental do fenômeno não prova nada; impõe aparências superpostas – Mas afinal, os foguetes e satélites estão provando o quê? – Impasse no debate: a verdade se busca como a ciência faz, ou apenas se vivência?

    Esclarecimentos quanto à Nova Versão

    Para os que já leram a primeira edição de meu livro: "É a Ciência uma Nova Religião?" (ou os Perigos do Dogma Científico), ou tomaram conhecimento da mesma obra publicada pela Editora Civilização Brasileira S/A, Rio, em 1971. Esta edição foi reescrita pela terceira vez em 2001-2002. Ficou impecável. O livro original de É a Ciência uma Nova Religião foi desdobrado em quatro volumes, é totalmente novo quanto às respostas fornecidas, mantendo-se só semelhante quanto às perguntas feitas, originalmente.

    A presente versão da segunda parte do livro original da ciência..., a qual rebatizei com o título Ciência Magia Logificada?, foi muitíssimo ampliada, modificada, melhorada e corrigida. Só não foi atualizada porque a verdade está livre de atualizações temporais.

    Da edição anterior, praticamente só mantive o espírito da verdade que nela já estava manifesto, mantendo também as perguntas originais, respondidas agora com novas vivências, bem mais aprimoradas e bastante menos vulneráveis. Quanto ao tamanho da obra original, devo salientar que tecer um criticismo necessário e sadio contra o edifício científico, e que é da altura do Monte Everest, só podia resultar num alentado volume que tive que dividir em quatro tomos, o quarto dos quais o amigo leitor tem em mãos. O grande tamanho da obra original foi impossível evitar, daí sua partição em quatro livros...

    De mais a mais, quero chamar a atenção; que, em suas origens, quando da elaboração do grande livro original, efetivamente existiu um inquiridor – Bombastus cujo nome verdadeiro prefiro não citar porque hoje é figura importante e muito mais extremado do que o rapaz daqueles tempos – e que, dialeticamente, desafiou-me até as últimas conseqüências, no melhor dos sentidos, é claro; nunca, portanto, por inimizade ou por um espírito adverso gratuito. Bombastus era e é uma pessoa inteligentíssima e correta. Suas perguntas, interessantes e oportuníssimas, muito amiúde se aproximam da própria lógica extremada e autofágica que, nós, ainda bem jovens, desenvolvemos reciprocamente contra certos extremismos e dogmas da ciência moderna. Em alguns trechos, contudo, meu opositor ou Bombastus desempenhou o papel de um verdadeiro advogado do diabo; mais a favor do materialismo científico do que contra, o que torna a leitura do livro instigante e envolvente.

    Na atual versão desta quarta parte, modifiquei um pouco a redação original das perguntas feitas, mas só no que se refere à sintaxe e à construção das frases, não quanto ao desafio primordial em si. Acho ter conseguido dar uma certa melhorada, tornando o diálogo muitíssimo mais inteligível, fácil de assimilar. Também é verdade sim que acrescentei certas perguntas curtas, ou mesmo alguns trechos esparsos, de minha própria autoria, mas não com o propósito de atrair brasas para a minha sardinha. Bem ao contrário, esses acréscimos e retoques para melhor, em nada prejudicaram o espírito do diálogo que ocorreu de fato entre Bombastus e Teofrastus. Se antes a obra era boa e não poucos críticos reputaram a primeira versão ou edição total do livro de excelente, ou ainda, se ela representava uma verdadeira revolução cultural para o seu tempo, esta nova versão da segunda parte ganhou infinitamente mais, e vai inclusive fundamentar o que por aí está se chamando de a nova era. em sua autenticidade, esta última nada tem a ver com essa manobra suja, político-econômica e religiosa ou falsa nova era, e que está em total andamento para fazer prevalecer a nova ordem mundial.

    Por conseguinte, amigo leitor, por favor, não pense que todo o diálogo deste segundo tomo (ou quarta parte) foi inventado por mim. Não seria assim tão masoquista. E o desafio "ciência versus verdade" ou "intelectualismo puro versus sabedoria autêntica" simplesmente resultou nestes livros. Pelo menos 70% do conteúdo das perguntas foi efetivamente formulado por Bombastus, em diversos debates gravados, e que depois transcrevi.

    Ernesto Bono

    Antídoto ao Cientificismo

    Há uns quinze anos atrás, (mais ou menos em 1971), anunciei pelas páginas do semanário Pasquim o aparecimento de uma obra que considerei extraordinária, "É a ciência uma Nova Religião?", de Ernesto Bono. Era extraordinária, em primeiro lugar, porque ousava por em questão a própria ciência, ou seja, o conhecimento científico em si. Era o que se chama de corte epistemológico, um término para a arrogância científica.

    Na ocasião, escrevi sobre o autor e o livro, sendo que este foi publicado pela Editora Civilização Brasileira. Suas idéias tiveram boa penetração em círculos da cultura alternativa, de matizes diversos, em todo o Brasil, mas não obtiveram resposta no mundo universitário, isto é, na cultura oficial. Foi encarado, talvez, como um livro de contracultura, (não o sendo), o que o limitava a um gênero determinado. Em outras palavras: acabou sendo objeto de um preconceito pernóstico.

    Naturalmente, o silêncio sobre o livro permitiu também que ficassem em silêncio suas fantásticas denúncias. Em nosso mundo, o endeusamento da ciência tem conseqüências desastrosas que poderiam ser evitadas se houvesse um pouco mais de bom sentido em relação ao assunto. Tudo neste mundo, em verdade, é impreciso, indefinido, provisório, incerto, relativo etc. inclusive a ciência, que pretende não o ser.

    Ernesto Bono evidenciava o caráter limitado e, mesmo, ilusório do conhecimento científico. A universidade não podia tomar conhecimento dele. Sentia-se ou sentiu-se ameaçada.

    Na época (1970-1971), parecia que estávamos prestes a assistir a um grande despertar espiritual nos países do ocidente. Havia – ou parecia haver – um interesse crescente por valores de uma natureza superior. Tudo estava sendo posto em questão. Nossa cultura passava por uma revisão radical e a perspectiva de uma nova cultura parecia aberta. Não há dúvidas de que foi uma preciosa oportunidade histórica para a libertação das cadeias internas e para o crescimento individual.

    Passados todos estes anos, não houve, porém, nenhum grande despertar espiritual nos países do ocidente. Pelo contrário: mais uma vez prevaleceram e predominaram a obsessão egocêntrica, o fanatismo egolátrico e os valores da vida vulgar. Estamos inclusive num momento em que o progresso tecnológico e a prosperidade material consolidaram sua posição como valores supremos de nossa civilização, sem que nenhuma ameaça alternativa ou libertária coloque em questão a supremacia disso. Os interesses espirituais estão em segundo plano.

    É neste momento que Ernesto Bono informa ter acabado uma nova versão de seu livro, versão ampliada, corrigida, melhorada e rebatizada com o título mais sintético, "ciência, a nova religião".

    Os argumentos são fundamentalmente os mesmos da antiga versão, mas formulados, agora, com mais clareza e eficiência. (As respostas dele são praticamente imbatíveis).

    O que marca o trabalho intelectual desse autor é o seu desconcertante bom senso. Os complexos emaranhados verbais que caracterizam o pensamento ocidental, em todos os seus confusos desdobramentos, não fazem sentido para ele que, simplesmente, os despreza. Para Bono, a mediação intelectual do observador é um desvio (da mente), uma distorção. É uma complicação mental que ele denuncia, e não um refinamento, um requinte, uma elaboração superior, como se pretende, ingenuamente, em nossos círculos culturais mais respeitáveis. Apenas isso mesmo: uma complicação, inútil e doentia, como todas as complicações. Bono não se debate em cogitações vazias. Seus argumentos são diretos, certeiros: nascem da intuição pura, sem mediações inúteis ou distorcentes.

    As chamadas verdades científicas são aceitas pela maioria das pessoas, como um dogma religioso. Trata-se de um fenômeno generalizado de crendice ou superstição

    Essas pretensas verdades supersticiosas são inculcadas nos jovens, graças à inocência deles e falta de defesa e a tal processo monstruoso de deformação intelectual e espiritual, confere-se o nome de "instrução ou educação". Através de tal processo, nossas escolas e universidades geram a estupidez em escala social.

    A verdade é que já fomos longe demais. Os males causados pela concepção cientificista do mundo parecem irremediáveis. Mas talvez nem tudo esteja perdido. Um trabalho de regeneração talvez ainda seja possível. E ele só pode começar com a administração de antídotos poderosos como este "ciência, a Nova Religião".

    Luiz Carlos Maciel

    Prefácio

    Não é fácil traduzir em palavras a inconformidade e o fervoroso impulso que me levou a escrever um livro sobre tema tão delicado como o da inquestionável verdade científica.

    Como ousei levantar a voz contra a ciência moderna, deusa toda poderosa do mundo contemporâneo? Quem me deu esta autoridade de criticar a ciência? E que critério tenho eu para pretender denunciar aquilo que todos aceitam como absolutamente válido e verdadeiro? Balbuciaria eu, ora, por que não recorrer a novos paradigmas que facilitem a possibilidade humana de conhecer vivências autênticas e que inclusive facilitem profundas e acuradas pesquisas!?

    O que me levou, pois, a desendeusar certas obras humanas definitivamente consagradas? Teria sido mera vaidade, ou quem sabe uma tentativa de querer parecer diferente? Não serei um maniático ou um paranóide, como, numa linguagem moderna, costumam argumentar certos indivíduos radicais e desonestos, de mente petrificada? Ou quem sabe se não sou um ateu, um apóstata, um pagão, um demônio, um anticristo, a própria besta do apocalipse, como também certos fanáticos teriam dito outrora, numa linguagem antiga.

    Como neste livro discorro sobre ciência, humanismo, filosofia e, por vezes, sobre religiões, esses seriam os epítetos que me caberiam. Se meu enfoque abarcasse também a sociologia, a política, a economia etc., os mesmos desonestos de todos os tempos, possivelmente me batizariam com os termos de comunista, anarquista, fascista, nazista, burguesão, alienado, reacionário, retrógrado, místico, poeta, filósofo etc.

    No fundo, no fundo, esses hipotéticos contra-ataques pouco interessam, porque, por mais que o intentasse, eu não saberia detalhar os motivos profundos que me levaram a ousar tanto. Poderia dizer que fui impelido por um sentimento de simpatia e amor para com os homens; nesse caso, porém, poderia caber também, uma simples tentativa de auto-engrandecimento. De qualquer modo, não sei até que ponto minhas palavras poderão beneficiar ou prejudicar alguém. Simplesmente sei-e-sinto que alguma coisa tem que ser feita.

    Quem sou eu? Em termos de verdade profunda não passo de um sonho, de uma quimera, de um mero nome e sobrenome. Se a meu próprio respeito mal posso sugerir que EU SOU, que mais é preciso dizer e saber? E se ousei levantar-me contra a deusa toda poderosa do mundo moderno, é porque essa mesma deusa infelizmente agora transformada num poderoso conjunto de organizações industriais-comerciais, interesseiras e mesquinhas, como já tantas outras houve está oprimindo e aniquilando tudo aquilo que o indivíduo tem de melhor em si, ou seja, o EU SOU da mente primeva (subjetivismo) ou a autonatureza em sua condição original (ou objetivismo).

    E que autoridade tinha para escrever o que escrevi de modo crítico? Em verdade nenhuma, malgrado ainda nada impeça que se escreva o que bem se entenda, o mesmo não acontecendo, porém, com a publicação e difusão do que se escreve. Outrora, eu também confiei na ciência moderna bem diferente da ciência eterna e superior, supondo que ela fosse um empreendimento humano, sincero e desapaixonado, que finalmente iria devolver ao homem a paz de espírito e a prosperidade. Entretanto, a paz interna e externa (ou do mundo) nunca esteve tão afastada de nós. A prosperidade material, por sua vez, não passa de uma aparência, de uma grande ilusão para atrair os incautos. A ciência moderna só beneficia os governos e poderosos de todas as latitudes.

    Quando me dei conta de que a ciência moderna, pouco a pouco ia esmagando e sufocando o que de melhor havia (e há) em mim, um alerta íntimo e uma intuição espontânea sussurravam-me a todo momento e me diziam que nem tudo o que a ciência explicava e provava era válido e verdadeiro. E para não sucumbir ao canto da sereia científica, reagi e obriguei-me então a buscar. Objetivamente falando, investiguei com afinco, no intuito de comprovar se minha insatisfação tinha fundamento ou se não passava de um delírio. Valendo-me da intuição que cientificistas lucubradores consideram mera imaginação exaltada, ou servindo-me da apreciação arguta e da lógica extremada – ou uma lógica do pau na brasa, lógica cortante que também se autoconsome – eu comecei a passar em revista serenamente as pretensas provas materiais, supostamente irrefutáveis que a ciência apresentava. Quantos anos perdi buscando e rebuscando, em todas as fontes do patrimônio científico, aquilo que o homem pensante chama de verdade! Quanto sofrimento, angústia, vacilação! Com quanta confusão e contradição me deparei! Quanto tive que lutar contra a minha própria razão enganadora, até vivenciar o contrário; ou seja, que o movimento científico moderno, iniciado na renascença, era apenas mais uma tentativa de sufocar no homem aquilo que ele tinha (e tem) de bom e verdadeiro, sua própria autonatureza, seu caráter ou individualidade verdadeira, o SER em si. E não pensem que, antes de intentar qualquer crítica contra a ciência, não levei em consideração o esforço de certos homens abnegados e sinceros. Estes, de modo ingênuo, pretenderam libertar a humanidade das trevas, do fanatismo e do ignorante obscurantismo em que se encontrava, devido a outros homens mais, fanáticos e mal pensantes, que faziam parte de determinadas organizações religiosas. Entrementes, nessa minha busca, surpreendi e compreendi também que essas trevas, essas intransigências, essa maldade e fanatismos não eram devidos a um excesso de radicalismo clerical, que tanto caracterizou a Idade Média e a Renascença, mas sim a algo mais sutil, mais ladino e sagaz: ou seja, o ego-pensamento no homem – cuidado, não comparar este ego ou este lucubrador interior, incessante falastrão e enganador, com o fantasmagórico ego-pessoa, apontado pela psicanálise, psiquiatria e psicologia acadêmica. Este ego é como uma mancha, como um acréscimo espúrio que todo homem pensante traz e não traz em sua mente, em sua própria consciência absoluta. Claro que eu sempre soube que assim como houve religiosos bem intencionados, da mesma forma houve cientistas que, com as mesmas boas intenções, queriam fazer algo de bom pelo homem. O erro de ambos, contudo, era não se conhecerem suficientemente a si mesmo, em profundidade. Infelizmente, como já acontecera antes, no momento em que a suposta descoberta e a criação do cientista se transformavam em ciência organizada, os bons propósitos do esforço (ou da magia) desapareciam para dar lugar ao sectarismo, à limitação da ação (livre e original) e às sufocações da mente. Os mesmos erros que a humanidade extraviada cometia sob a opressão das organizações religiosas, isto é, não discernir, não entender, não compreender crítica e verazmente por conta própria agora se repetiam sob a influência e o predomínio da organização científica. Como se constatará mais adiante nestes escritos, é o homem em si que, mais uma vez, sozinho, se levanta contra os interesses pecuniários das organizações, com sua venda de prestígios. É a parcela sensível que se levanta contra o pretenso e falso todo pensante-pensado. E quem, como eu, já procurou aprofundar-se no verdadeiro conhecimento, epistemologia, e que nada tem a ver com as invencionices acadêmicas, esse também terá constatado que a organização, seja qual for, não interessa em nada; o que importa é o homem. O que interessa é o ser original feito homem, não a ciência moderna, coletânea de opiniões e provas capciosas de vários indivíduos, coletadas por outros mais. O que importa é a verdade intrínseca a todo homem, que é a sua autonatureza, e não as opiniões que esta ou aquela organização humana coleta, compila, e depois difunde e impõe.

    Este livro preocupa-se mais com o pretenso eu, mau conhecedor (ou ego), que com o suposto fato científico e conhecido. Sobre os pretensos fatos, todos opinam com facilidade e, por causa deles, até praticam atos cruéis ou inadequados a fundamentarem suas opiniões. Como ego-conhecedor ou opinador, contudo, todos se desconhecem por completo.

    Certos homens agrupando-se e constituindo a organização científica, acreditaram que, finalmente, estavam fundando algo que, daí por diante jamais enganaria a humanidade novamente. E dessa maneira, em conformidade a determinados métodos previamente estabelecidos, ou seja, graças ao discurso interior, à intencionalidade e às decisões catastróficas postas em prática acharam que a ciência moderna estava se estabelecendo sobre a verdade mais pura e mais fidedigna. No entanto, eles só não se deram conta que, quanto mais a ciência se enriquecia de opiniões e arremedos dialéticos, provados num nível meramente superficial, ladino e intelectual, mais o próprio homem ia perdendo seus poderes naturais, transformando-se numa marionete, escrava de suas próprias lucubrações e elaborações intelectuais. Tal situação e descuido conseguiram transformar nosso mundo atual num verdadeiro pesadelo, numa verdadeira alucinação coletiva, em nada mais leve e mais suave que tantas outras alucinações pelas quais a humanidade já passou várias vezes e em épocas diferentes. E o pior de tudo é que, atualmente, o conjunto de opiniões científicas, com suas provas enganadoras, nos subjuga a tal ponto que, mesmo que interferisse outra influência insólita qualquer, já não seríamos mais capazes de discernir ou de darmo-nos conta do engano, superando os condicionamentos.

    Em outras épocas, sob a prevalência de outros despotismos intelectuais e religiosos, que sufocavam a livre expressão da inteligência humana, alguns homens atentos e esclarecidos ainda pressentiam em seu íntimo que um dia a verdade voltaria a brilhar em toda a sua plenitude. Depois, porém, surgiu uma pretensa ciência modificada (ou ciência moderna), que tentou libertar o homem de certos condicionamentos anteriores. Esta, em seu começo, sugeria ao homem e depois provava-lhe que ela era a única fonte válida e eficaz para compreender os enigmas da vida. Tanto se empenhou que conseguiu inclusive demonstrar e provar que, fora dela, ou fora da ciência, não havia outra interpretação para isto que chamamos natureza, mundo, universo. A verdade, portanto, era exatamente aquela que ela apresentava e dizia ter provado. E o homem mal pensante, esse eterno bobo e incauto, saindo de um círculo vicioso (ciência aristotélica e escolástica) caía em outro muito pior.

    O extravio do homem nos tempos atuais é tão grande que ele perdeu toda sensibilidade, toda intuição, toda capacidade de questionar-se a si mesmo, para depois interpretar adequadamente o meio. Perdeu a possibilidade de vislumbrar algo novo, algo diferente que consiga esclarecer e apaziguar essa imensa ânsia de conhecer que traz em sua mente, lamentavelmente ego-personificada. Em verdade, o homem nunca se compreendeu a si mesmo e, por isso, nunca fez uso da verdadeira sabedoria. Apenas repetiu com seu raciocínio vulgar tudo aquilo que sempre lhe incutiram na cabeça, num ridículo e lamentável condicionamento mental. Antes, falsos religiosos, com suas crenças e falácias, condicionavam, e matavam o homem original. Hoje, cientificistas ignorantes e materialistas fazem o mesmo.

    O homem escapou da tirania religiosa, política e até mesmo filosófica de antigamente, para deixar-se enlaçar agora pelo mais perigoso despotismo intelectual de todos os tempos: a tirania do absolutismo científico, próprio de cientificistas obtusos e de governantes, políticos aproveitadores e mal intencionados. Obviamente, não incluo nesta minha denúncia os cientistas verdadeiros. Tal visão científica das coisas, e que nada tem a ver com a ciência eterna, não só escravizou o homem, mas também, e principalmente, distorceu e deturpou a simplicidade e a beleza espontânea que existiam e ainda existem em seu meio ambiente. E estas estão sempre prontas a se revelarem a quem as saiba ver-e-sentir, sem tanto pensar.

    A ciência moderna, a partir de suas teses e antíteses pretensamente impecáveis e provadas, através de sua metodologia capciosa em cinco tempos, conseguiu reconstruir artificialmente a própria vida objetivada, reconstruções e distorções essas que já tinham ocorrido ao longo dos séculos, mas não de maneira tão lamentável. Ela conseguiu elaborar uma vida artificial, praticamente infernal, o nosso mundo-cão cotidiano, chegando ao cúmulo de conseguir provar que essa é a única e verdadeira vida, fora da qual não existe outra, a não ser a aniquilação ou o nada que a ciência preconiza. E não só provou, mas induziu a que o homem de todas as latitudes passasse a pensar única e exclusivamente pelo prisma científico, tudo isso resultando numa percepção absurda que atormenta os seres humanos. Sim, porque o que pensamos, isso acabamos mal vendo e percebendo. Por conseguinte, este livro procura também desmascarar o tão exaltado homem de laboratório, forjador de falsas provas forçadas.

    Tanto o entender dos verdadeiramente inteligentes como o atuar mágico (ou a espontaneidade), intrínseco

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