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Comportamentos Homônimos
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Comportamentos Homônimos

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About this ebook

Lida com os problemas da infância levados para a adolescência e analisados na fase adulta, observações do dia a dia dos diversos tipos de gente, com seus respectivos problemas.
LanguagePortuguês
Release dateNov 23, 2015
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    Comportamentos Homônimos - Ana Luiza Alves

    O MUNDO VISTO PELOS OLHOS DE

    UMA CRIANÇA.

    Quando eu era pequena tudo era

    muito grande e duvidoso, os dias

    eram incertos, o futuro era muito

    longe, tão longe que não se

    conseguia imaginar onde ele

    ficava, só se ouvia falar, planos não

    se tinha, viver um dia após outro já

    estava bom, ás vezes eu me punha

    a imaginar como seria quando eu

    estivesse grande ,seria bonita? Iria

    me transformar muito?Como eu

    conseguiria sair sozinha? Andar

    sozinha na rua, sem o risco de ser

    roubada, eu iria trabalhar em quê?

    E quando todo mundo morresse,

    será que eu ficaria viva? Quem

    morreria primeiro? Como eu agiria

    quando esse dia chegasse, se

    alguém da minha casa morresse?

    Eu tinha muito medo da morte dos

    meus familiares, quanto a mim

    nunca tive medo, já que eu era tão

    doente quando era pequena, que

    me obrigava a me acostumar com

    a morte constantemente, não tinha

    medo, pois não tinha planos, a vida

    apenas estava se iniciando, e se eu

    tivesse de partir não faria muita

    diferença, eu só tinha muito medo

    de ficar sozinha.

    Eu

    era

    muito

    observadora,

    observava ao máximo o que eu

    pudesse ,pessoas ,lugares, animais

    ,muito curiosa e ao mesmo tempo

    discreta. Eu percebia muitas coisas,

    e uma das coisas que mais me

    chamava a atenção sempre foi o

    céu, como eu gostava de olhar o

    céu, admirá-lo, vigiava as nuvens

    acinzentadas na qual pudesse ter a

    chance de se transformar em

    arroxeadas para negras, pois morria

    de medo de tempestades, isso

    incluía

    ventos,

    relâmpagos

    e

    trovoadas, sempre tive muito temor

    dos ventos, quando acontecia de

    eu ver as manhãs se transformarem

    em noites eu ficava apavorada,

    chorava muito, rezava e pedia a

    Deus para aquilo melhorar logo,

    quando eu via as luzes da rua se

    acenderem aí eu tinha a certeza

    que o mundo estava prestes a

    acabar, na minha cabeça um

    homem

    era

    responsável

    por

    acender aquelas lâmpadas, esse

    homem sabia mais que todo

    mundo, dessa forma ele sabia que

    o pior pudesse acontecer, só depois

    na fase adulta que eu descobri que

    as luzes dos postes tem um

    dispositivo que acendem devido a

    falta de luminosidade do dia, de

    acordo com que vai escurecendo

    automaticamente elas vão se

    acendendo, então o homem que

    sabia mais que todo mundo não

    existia, de certa forma fiquei

    aliviada e frustrada ao mesmo

    tempo, pois o que sempre acreditei

    nunca existiu. Porque ninguém

    nunca me explicou isso, talvez eu

    teria sofrido menos, mais também

    como eu nunca falei a respeito

    desse

    "

    homem",

    ninguém

    adivinharia o que eu estava

    pensando.

    Como as nuvens ganhavam

    formas, eu morava de frente para

    uma grande mata que hoje em dia

    não existe mais, no qual eu

    admirava as suas árvores, me

    imaginava

    caminhando

    por

    aquelas pequenas trilhas, sempre

    achei que ali tinha onça e a

    qualquer momento eu fosse ver

    uma delas passeando, nunca as vi,

    se existia eu nunca soube,na

    primavera a mata ficava linda com

    seus franboyans lilás e rosas

    maravilhosos, logo eu sabia que a

    primavera estava para chegar pois

    tudo ficava lindo e florido, mais de

    tanto eu ouvir que o mês de agosto

    ventava muito,tomei uma certa

    ojeriza por esse mês,e até hoje eu

    não gosto, apesar de dizerem que

    agosto é o mês do desgosto, e de

    certa forma parece que sim, pelo

    menos para mim, esse mês

    geralmente

    é

    pesado

    com

    problemas familiares, coisas que

    não desenrolam, mais quando eu

    era criança esse mês representava

    o mês onde mais haveria de ouvir

    aqueles barulhos ensurdecedores

    de mato se quebrando com fortes

    ventos. Antigamente o dia era

    muito longo, os meses custavam

    demais para acabar, os anos se

    arrastavam, um ano parecia uma

    eternidade, as férias escolares de

    final de ano eram 3 meses, o natal

    demorava demais para chegar, e

    ainda contando com a ansiedade

    para a chegada do Papai Noel,

    demorava mais ainda, na véspera

    de natal eu acreditava tanto que

    ele me visitaria, que eu escutava os

    passos dele dentro de casa

    colocando o meu presente aos pés

    da minha cama, eu cobria a

    cabeça

    para

    que

    ele

    não

    imaginasse

    que

    eu

    estava

    escutando e se arrependesse de

    colocar o meu presente ali, sem

    contar que apesar de saber que

    Papai Noel era uma pessoa boa eu

    tinha medo de vê-lo com medo da

    minha emoção,eu imaginava,como

    olhar para um homem estranho?

    Gordo? Que vive na neve? Que

    voa, e eu nem sei se ele é morto e é

    alma, ou se ele não morre nunca, é

    imortal, eu tinha medo do quê os

    meus olhos pudessem ver. Quando

    amanhecia o dia e eu me

    deparava com o meu presente

    ficava encantada, num estado de

    felicidade tremendo, os Natais na

    minha casa eram muito animados,

    iam meus primos com filhos e

    maridos, tocava música a noite

    toda, meu padrasto matava porco,

    tinha muita comida e muita bebida,

    a vizinhança adorava a minha

    casa. Quando eu descobri que

    Papai Noel não existia, foi mais uma

    decepção, então os barulhos que

    eu ouvia na madrugada, ou eram

    meus pais, ou imaginação da

    minha cabeça,mais que eu ouvia

    eu ouvia, inclusive até o barulho das

    botas no cimento vermelho eu

    escutava, uma vez cheguei a ver

    pegadas no chão da sala, como

    assim??? Então comecei a imaginar

    como os adultos mentem, e não

    deveriam

    fazer

    isso,

    pois

    desmoronam os nossos castelos de

    sonhos.

    Eu morava num terreno muito

    grande, havia vários animais, eu

    tinha 3 jabutis e uma galinha que eu

    alimentava tanto que acabou

    morrendo de gordura, haviam

    porcos,

    cachorros,

    pombos

    passarinhos mais de 30 presos nas

    gaiolas, no qual desde pequena

    nunca concordei de deixá-los

    presos, já que eram tão lindos, tudo

    acontecia naquele quintal, havia

    várias árvores no qual com o tempo

    eu

    subia

    em

    quase

    todas,

    abacateiro, mangueira, limoeiro,

    goiabeira, jaqueira essa eu não

    subia, pé de paina e grumixama na

    porta da cozinha, essa árvore era a

    minha

    Preferida, lotava no mês de

    setembro de uma frutinha preta

    mais doce que a jabuticaba, já que

    são primas, quando eu aprontava e

    queria correr para a minha mãe

    não me bater eu subia para essa

    árvore eu ficava acima da casa,

    quantas vezes eu via a minha mãe

    passar danada da vida atrás de

    mim e não me achava, eu a olhava

    lá de cima, quando ela se ocupava

    eu descia e me mandava para

    brincar com minhas primas que

    moravam do lado da minha casa,

    eu era filha única até os meus 7

    anos de idade, na maioria das

    vezes brincava sozinha, a minha tia

    tinha 7 filhos , todas tinham essa

    média de filhos, 7 e 8 filhos, eu

    sempre achava muito, já que não

    tinham condições nenhuma, pois

    eram pobres e muita das vezes não

    tinham nem o quê comer, da

    vizinhança da época a única que

    comia o que queria era eu, e tinha

    os brinquedos que eu queria,

    enquanto as crianças brincavam

    com coisas, os meninos não tinham

    um carrinho, as meninas nem uma

    boneca e quando uma delas

    ganhava

    alguma,

    as

    outras

    estragavam e continuavam sem

    nada, mais eu gostava muito

    daquele movimento de casa cheia,

    aquele rebuliço, aquele cheiro de

    pobreza extrema, a hora da

    comida as panelas vazias e a minha

    tia no canto abaixada chorando,

    eu não entendia porquê ela

    chorava tanto, com o tempo eu

    percebi que era a necessidade que

    o meu tio a fazia passar, e as

    mulheres que ele arrumava na rua,

    naquela época os homens eram

    muitos machistas e proviam o

    sustento da família, uns mal e

    porcamente,eu gostava daquela

    vida que não era a minha, muitas

    das vezes comia com eles sentada

    no chão, café ralo com açúcar e

    farinha misturados num copo, isso

    era o café da manhã, eu achava

    muito gostoso, porquê para mim era

    mais para eu me igualar com eles, e

    ser novidade para mim,mais para

    eles era essencial, eu tinha uma

    outra vizinha muito boa que

    também tinha 8 filhos e eu era muito

    amiga da filha mais velha dela que

    era da minha idade, mais ou menos

    uns 10 anos, a mãe dessas crianças

    recebia da LBV isso antes dos anos

    80, mais ou menos 1977, 1978,

    macarrão e leite lata de 5 kg, todo

    mês ela ia pegar, a alimentação

    deles no geral todo dia era angu,

    no fogo de lenha do lado de fora,

    ela sentava num monte de pedras

    na porta da cozinha com a gente e

    colocava leite em pó na latinha

    para todo mundo, e eu também, e

    nos divertíamos muito, riamos muito,

    eu olhava aquele macarrão no

    qual eu nunca gostei, pois era

    grosso e furado no qual em casa eu

    usei

    como

    canudo

    quando

    machuquei

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