Revisão E Cancelamento Da Súmula Vinculante
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Revisão E Cancelamento Da Súmula Vinculante - Priscilla Cruz Bueno
INTRODUÇÃO
O presente trabalho versará sobre a revisão e o cancelamento de súmula vinculante, introduzida no texto constitucional pela Emenda n.º 45/2004.
A revisão e o cancelamento têm o escopo de modificar o entendimento consubstanciado no enunciado da súmula, quando esta perder sua eficácia pela mudança de entendimento; se tornar ineficaz para o propósito que foi criada; ou perder o objeto. Assim, após reiteradas decisões contrárias ao disposto na súmula, esta será submetida ao procedimento de revisão ou cancelamento.
Como método de pesquisa, será feita, inicialmente, uma abordagem do assunto partindo de premissas gerais. Portanto, desde o contexto histórico de surgimento da súmula vinculante, ressaltando as suas características e peculiaridades. Em um segundo momento, esmiuçando o tema, serão analisadas as hipóteses de revisão e cancelamento, assim como o seu procedimento constitucional, legal e regimental. Em seguida, discutir-se-ão os prováveis efeitos da revisão ou do cancelamento de súmula vinculante.
Os capítulos serão divididos na seguinte ordem: 1) Súmula vinculante: noções gerais; 2) Revisão e cancelamento de súmula vinculante; c) Os efeitos da revisão e do cancelamento da súmula vinculante. No primeiro capítulo será demonstrado o contexto histórico em que surgiu a súmula vinculante; o procedimento para sua edição; os legitimados a proporem a edição; a matéria que será objeto de seu enunciado; e em qual contexto não será aplicada. Já no segundo capítulo serão analisados o conceito e a diferenciação de revisão e cancelamento; quando serão utilizados; qual o procedimento de revisão e cancelamento de súmula vinculante. Finalmente, o último capítulo expõe os prováveis efeitos da revisão e do cancelamento; em quais situações será cabível a ação rescisória.
Desse modo, o trabalho faz questão de ressaltar a importância dos institutos da revisão e do cancelamento da súmula vinculante para impedir o engessamento da jurisprudência e para possibilitar que o entendimento consubstanciado em súmula sempre esteja de acordo com a evolução do pensamento jurídico, o que irá garantir a autoridade do Supremo Tribunal Federal e assegurar uma maior credibilidade no Judiciário.
1 SÚMULA VINCULANTE: NOÇÕES GERAIS
No Brasil, a inserção da súmula no nosso ordenamento jurídico ocorreu no dia 28 de agosto de 1963, após enorme trabalho da Comissão de Jurisprudência composta pelos Ministros Gonçalves de Oliveira, Pedro Chaves e Victor Nunes Leal, este último seu relator e grande mentor, passando a vigorar no dia 1º de março de 1964 no Supremo Tribunal Federal.
"Sob o rótulo Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal, elas ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro por meio de emenda ao regimento interno do Supremo Tribunal Federal e passou a vigorar a partir de 1964".¹
O que havia motivado o Supremo Tribunal a adotar o instituto da súmula era fazer dela um método de trabalho
que buscasse acelerar o julgamento de causas sobre as quais o tribunal já havia manifestado reiteradamente em um mesmo sentido, além de introduzir um sistema oficial de referência dos precedentes judiciais e distinguir a jurisprudência firme da que se achava em via de fixação.²
A súmula concebida levou outros Tribunais Superiores, com respaldo na autorização do Código de Processo Civil de 1973, a adotar semelhante técnica com o escopo de estruturar a jurisprudência, técnica, esta, cada vez mais valorizada e adotada em todos os ordenamentos jurídicos.³
"Não há dúvida que a súmula representa uma ruptura com a dogmática tradicional, que sempre gravitou, no Brasil e nos países filiados à tradição romano-germânica (civil law), em torno da norma legislada".⁴
A adoção da súmula vinculante foi uma tentativa de buscar uma solução eficaz para diminuir os inúmeros processos que versavam sobre questões repetitivas que estavam congestionando o Supremo Tribunal Federal, o que também impedia que os Ministros pudessem analisar mais detidamente outras questões de maior complexidade.⁵
As súmulas sem efeito vinculante, que foram editadas antes da EC n.º 45, conquanto hajam contribuído enormemente com a simplificação da fundamentação jurisdicional decisória (pela síntese que representavam – e representam – da jurisprudência consolidada pelas Cortes), não solucionaram os problemas de insegurança jurídica, de morosidade e de divergência jurisprudencial, em razão de não serem obrigatórias. Os magistrados não se sentiam compelidos a adotarem o mesmo entendimento da súmula, o que contribuía para o aumento do número de recursos interpostos.
Todavia, mesmo não sendo dotada de efeito vinculante, a súmula deveria ser seguida por todos os tribunais inferiores, visto que é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, órgão responsável pela última palavra no que concerne a interpretação da Constituição e dos regimes constitucionais anteriores (1946, 1967 e 1969) – quando a