Homohistória
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Book preview
Homohistória - Lenin Campos Soares
[1]
[2]
[3]
Lenin Campos Soares
HOMOHISTÓRIA:
Antiguidade Oriental
Natal – RN
2015
[4]
_________________________
S655 Soares, Lenin Campos
Homohistória: Antiguidade oriental/ Lenin
Campos Soares. - Natal, RN: LCS, São Paulo:
Clube do Autor, 2015
ISBN nº
1. História. 2. História da Antiguidade Oriental.
3. Homoerotismo. 4. Mesopotâmia. 5. Egito. 6.
Índia. 7. China. 8. Pérsia. 9. Israel. 10. Fenícia.
11. Hititas. I.Soares, Lenin Campos II.Titulo.
CDD
CDU 94(3):055-3
_____________________________________________
[5]
Sumário
Introdução …....................................................... 09
Alexandre Não É Gay: homoerotismo e
homossexualismo, a historicidade de um conceito
Mesopotâmia …...................................................33
O Amor de Gilgamesh
As Leís Assírias
O Manual de Summa Alu
Os Abençoados de Inanna
Os Servos de Ishtar
Egito ….................................................................47
A Contenda de Hórus e Seth
A Pirâmide de Unas
O Livro dos Mortos
As Máximas de Ptah-Hotep
O Faraó e o General
O Amante Misterioso de Akhenaton
A Tumba dos Amantes
O Papiro de Turim
Índia …..................................................................70
A Natureza e o Rigveda
As Virgens do Manu Smriti
Os Vinte Tipos de Panda
O Livro do Desejo
[6]
As Formas dos Deuses
O Terceiro Gênero
O Filho de Duas Rainhas
A Menina Criada Como Menino
Os Dançarinos do Deva
Os Amores de Krishna
O Amor de Aruna e Surya
Os Prostitutos da Mãe de Todos
China …................................................................105
O Pêssego Mordido
A Manga do Imperador
A Dualidade Taoísta
O País das Mulheres
Os Amantes dos Xian
Os Estuprados por Dragões
O Deus Coelho
O Exemplo de Long Yang
A Árvore do Travesseiro Compartilhado
O Rosto de Jade
Os Conselhos dos Homens Bonitos
O Vento Sul
O Favorito do Tigre de Pedra
Pérsia …..............................................................150
Os Homens e os Meninos
Bagoas, o Príncipe dos Eunucos.
Os Homens de Confiança de Ciro
As Respostas de Ahura-Mazda
As Leis Contra os Demônios
Arimã e o Nascimento do Mal
Israel …..............................................................171
[7]
A Destruição de Sodoma e Gomorra
A Guerra Contra Gibeá
O Código de Santidade do Levítico
Os Cães Cananeus
Os Eunucos do Deuteronômio
O Amor de Davi e Jonatas
A Imagem dos Filisteus
O Carinho de Daniel e Ashpenaz
O Incesto de Noé e Cam
A Devoção de Rute à Naomi
Fenícia …......................................................….213
O Senhor das Mulheres
Os Servos do Rei
A Poesia de Cartago
Meleagro e Seus Ratinhos
Os Sacerdotes de Astarté
Hatii …............................................................ 235
Os Filhos Estuprados
Os Rituais Para ser Homem
As Cartas de Amarna
Bibliografia
[8]
[9]
INTRODUÇÃO
Alexandre não é gay!
homoerotismo e homossexualismo, a historicidade
de um conceito.1
O historiador sempre escreveu por
prazer e para dar prazer aos outros.
Georges Duby
Tencionamos aqui discutir a emergência do
conceito de Homossexualismo e observar se seus usos
são adequados à História, principalmente pensando
se pode ser aplicado ao passado, diante de tantos
trabalhos que têm utilizado o termo. O uso deste
conceito é comum em História. Livros como o de
Kenneth J. Dover, A homossexualidade na Grécia
antiga (1978) ou o livro de Colin Spencer,
Homossexualidade: uma história (1995), além de um
capítulo no livro de N. Vrissimtzis, Amor, sexo e
casamento na Grécia Antiga (2002), dedicado a
Homossexualidade feminina; e artigos publicados em
revistas especializadas em História como o artigo de
Philippe Áries, Reflexões sobre a história da
homossexualidade (1979-1980) ou de Rachel Correia
Lima Reis, Homossexualidade e política nas comédias
1
Este capítulo foi primeiramente publicado na revista
ArtCiência.
[10]
de Aristófanes (2002) 2 demonstram que o emprego
da expressão Homossexualismo/Homossexualidade é
bem comum, todavia nem sempre com a atenção que
o emprego de tais concepções necessita.
Para tanto, dividimos esta introdução em três
partes. Primeiramente nos voltaremos a pensar como
o corpo se tornou espaço de poder, sobretudo nos
séculos XVIII e XIX, como o corpo foi controlado,
reprimido ou evidenciado, e como tal poder cria uma
sexualidade; em seguida nos deteremos na formação
de
identidades
a
partir
da
sexualidade,
principalmente no século XIX, quando surge a palavra
Homossexualismo; e após estas considerações,
proporemos
a
observação
destes
conceitos
contemporâneos para a Antiguidade, tentando
responder se existiram homossexuais no mundo
antigo.
O sexo e o gládio.
As pesquisas sobre o sexo e a sexualidade
foram introduzidas na ciência histórica a partir da
década de 1960, dentro das discussões originadas
pelos movimentos feminista e homossexual e da
revolução sexual que se inicia neste período 3, mas
2
DOVER, Kenneth. A homossexualidade na Grécia
antiga, ARIES, Philippe. Reflexões sobre a história da
homossexualidade In: Sexualidades Ocidentais, SPENCER,
Colin. Homossexualidade: uma história, VRISSIMTZIS, N.
Amor, sexo e casamento, REIS, Rachel Correia Lima,
Homossexualidade e política nas comédias de Aristófanes In:
Hélade.
3
ENGEL, Magali. História e sexualidade.
[11]
tomou impulso após a introdução de novos objetos
de pesquisa com a chamada Nova História no meio
historiográfico, a partir da historiografia francesa e
depois disseminada em boa parte do Ocidente, em
diversos graus. Autores como Jacques Le Goff, Michel
de Certeau, Georges Duby e Emmanule Le Roy
Ladurie, entre outros, passaram a pensar a produção
histórica (seus métodos, objetos e problemas) numa
escala maior. E coisas que antes eram desprezados
pelos historiadores - não possuíam uma História –
passaram a ter um papel importante em várias de
suas intrigas, utilizando a expressão de Paul Veyne.
Ganharam, então, o status de objeto. Tornaram-se
dignos de observação. "O amor, a paixão, o corpo, o
desejo, as emoções, a doença, a loucura, enfim,
novos temas ou antigos objetos vistos através de
novos olhares" 4.
No livro Faire de l’histoire, organizado por
Jacques Le Goff e publicado na França em 1974 5,
como uma tentativa de sistematização das idéias que
a Nova História tinha proposto, o corpo ganha um
capitulo na terceira parte do livro. Ele é
problematizado. Funda-se o corpo como objeto
histórico. De autoria de Jacques Revel e Jean-Pierre
Peter, e com o título: O corpo: o homem doente e sua
história, logo nas primeiras linhas do artigo somos
advertidos: "Vivemos sem possibilidade de refletir
sobre as aventuras de nosso próprio corpo. Sua
evidência familiar e enganadora determina-lhe uma
topografia positiva (diz-se natural), que, por sua vez,
4
Idem. p. 297.
5
Este livro foi publicado no Brasil com o título
História, em 1995.
[12]
nos substitui o pensável" 6 . Ou seja, somos avisados
que o corpo foi considerado um objeto exclusivo das
ciências naturais e, como tal, não possuía uma
História, pois suas leis existiam desde "o início dos
tempos". Não mudavam porque eram naturais. Não
havia o que mudar. Mudar as leis do corpo faria com
que ele parasse de funcionar. E como sem mudanças,
não há História. Não havia História do corpo.
Concomitantemente, as discussões sobre
gênero, incitadas pelo movimento feminista, criaram
discussões sobre o local da mulher e do homem na
sociedade e, a partir daí, a discussão dirigiu-se a como
seus corpos são controlados e, sobretudo, como se
dão as relações entre estes corpos. O corpo então se
torna um espaço em que o poder age. O corpo
feminino controlado pelos homens, o corpo infantil
controlado/suprimido pela família, ou mesmo o corpo
social controlado pelo Estado 7.
É então em meio a este campo de pesquisa
que as pesquisas sobre o Homossexualismo vão
surgir. Os homossexuais que, na década de 1960,
"formam hoje um grupo coerente, por certo ainda
marginal, mas que tomou consciência de uma espécie
de identidade: ele reivindica direitos contra uma
sociedade dominante que ainda não o aceita" 8, como
afirma Philippe Áries, iniciam um processo de
reivindicação de seu direito a uma História. Estas
pesquisas pretendem encontrar o Homossexualismo
nos recantos mais antigos da História humana numa
6
REVEL, Jacques, PETER, Jean-Pierre. O corpo: o
homem doente e sua história. p. 141.
7
ARIÈS, Philippe. Op.cit.
8
Idem. p. 77.
[13]
tentativa pueril, é verdade, de perdoar as ações do
presente encontrando-as no passado. Tal produção
torna-se panfletária – pretendendo provar que
homens importantes da História foram homossexuais
– e cria uma idéia, para dizer menos, anacrônica sobre
as relações sexuais e amorosas entre pessoas de
mesmo gênero. Tentando justificar e legitimar as
ações do presente, exatamente o oposto do que a
produção feminista tem construído 9, esta produção
lança o Homossexualismo ao passado. De acordo com
Foucault, "uma de suas primeiras preocupações, em
todo caso, foi a de assumir um corpo e uma
sexualidade – de garantir para si a força, a
perenidade, a proliferação secular deste corpo
através da organização de um dispositivo de
sexualidade" 10. Entendendo-se sexualidade como
todo discurso sobre o sexo e o corpo, discurso esse
que foi construído a partir do século XVIII e, se
firmou, no século XIX.
Neste momento se introduz uma verdadeira
revolução por causa da produção do pensador
francês Michel Foucault sobre o sexo e a sexualidade,
que não foi, definitivamente, como diz Magali Engel,
aceita sem causar polêmica no meio acadêmico 11 .
9
A produção feminista pretende desconstruir o
controle masculino sobre as mulheres, muitas vezes tentando
provar um matriarcado (que atualmente tem sido demonstrado
muito mais um mito feminista do que uma realidade) ou
simplesmente pescando grandes mulheres pela História para
provar a capacidade feminina.
10
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade:
vontade de saber. p.118.
11
ENGEL, Magali. Op.cit.
[14]
"As teses que impulsionaram a história da
sexualidade de Michel Foucault são desenvolvidas em
torno de um eixo básico: a constatação daquilo que
atravessa os tempos e os lugares e a busca incansável
no sentido de desvendar o significado mais profundo
daquilo que aparentemente permanece" 12. Destarte,
podemos entender que ele quis construir uma
história da sexualidade como experiência, e por isso
acabou por concentrar-se na construção de discursos
sobre o sexo, única forma que considerava o sexo
acessível, pois em História é um tanto impossível, por
mais que seja interessante uma história do cotidiano
do sexo, ter acesso as infindáveis experiências
sexuais humanas.
Segundo o referido autor, no inicio do século
XVIII um discurso sobre o sexo começou a se formar.
Foi, a partir deste século, que dispositivos, antes
inexistentes, começam a se formar para controlar o
sexo. Todavia ao contrário da maioria das pesquisas
sobre a sexualidade, Foucault negou-se a acreditar
que somente existissem dispositivos repressores do
sexo 13. Essa recusa a uma hipótese puramente
12
Idem. p. 302.
13
"Não digo que a interdição do sexo é uma ilusão; e
sim que a ilusão está em fazer dessa interdição o elemento
fundamental e constituinte a partir do qual se poderia escrever
a história do que foi dito do sexo a partir da Idade Moderna.
Todos esses elementos negativos – proibições, recusas,
censuras, negações – que a hipótese repressiva agrupa num
grande mecanismo central destinado a dizer não, sem dúvida,
são somente peças que têm uma função local e tática numa
colocação discursiva, numa técnica de poder, numa vontade
de saber que estão longe de se reduzirem a isso".
(FOUCAULT, M. Idem. p. 17).
[15]
repressiva para pensar o sexo foi duramente criticada
por toda a produção que pensou a sexualidade a
partir da década de 1960. Para Foucault surgem
dispositivos que deixam o sexo e o corpo em
evidência para então permitir o controle sobre
ambos. É no nível do discurso que estes dispositivos
funcionam. E é a esse discurso que ele chama de
sexualidade.
A sexualidade então é o conjunto de
dispositivos discursivos que controlam ou capturam o
sexo e o corpo. Estes dispositivos vão variar
dependendo da época – apresenta-se uma forma no
século XVIII, enquanto outra forma é encontrada no
século XIX – e dependendo também dos objetivos
mais imediatos que se tem para controlar o sexo e o
corpo. Seguindo a linha de raciocínio de Michel
Foucault, para o setecentos, graças à evolução do
Capitalismo, tem-se como objetivo o controle do
corpo e do sexo que envolvia diretamente o controle
da reprodução do Proletariado, para garantir a
manutenção
da
mão-de-obra
e
evitar
a
superpopulação. Para o século XIX, a sexualidade
objetivava a diferenciação entre o povo e a burguesia
da mesma forma que o sangue diferia os nobres do
povo e dos burgueses no século anterior 14. Em
ambos os casos, tudo se resume a uma questão de
poder. Poder oriundo de uma classe dominante 15.
14
FOUCAULT, M. Op.cit.
15
No senso comum e mesmo muitas vezes entre as
ciências humanas é muito comum entendermos que o poder é
sempre oriundo de uma classe dominante, contudo isto
necessariamente não acontece. Na Microfísica do Poder,
Foucault explica que o poder está disseminado em todas as
[16]
Para
cada
objetivo,
estratégias
bem
específicas eram utilizadas. Para alguns momentos a
sexualidade criou uma polícia de enunciados
, em
que são definidos a vizibilidade e a dizibilidade
discursiva, ou seja, quando se pode falar sobre o sexo
e quando se deve calar. Uns discursos são proibidos
de falar. Tabus são criados. Entre pais e filhos, entre
professores e alunos, entre patrões e empregados,
lugares onde não pode haver sexualidade. Não se
pode nem falar sobre ele. Mas podemos falar em
"censura sobre o sexo? Pelo contrário, constituiu-se
uma aparelhagem para produzir discursos sobre o
sexo, cada vez mais discursos, susceptíveis de
funcionar e de serem efeito de sua própria
economia" 16. Muitos tipos de discursos são
estimulados a falar sobre o Sexo. Estes (outros) tipos
de discurso têm acesso livre a ele. A confissão
católica, por exemplo, é incentivada, pois ao falar
sobre os seus desejos íntimos para outro, um padre,
este outro tem a chance de controlar o desejo,
reorientá-lo e modificá-lo. Diários íntimos também
são incentivados a falar, contar sua vida íntima
permite que haja um controle sobre a privacidade
recém-criada da Modernidade. Mas a grande
liberdade, falando do século XVIII exclusivamente
classes sociais. Quando, por exemplo, uma classe se impõe
sobre outra, ambas estão ligadas por relações de poder.
Tanto o dominante em suas estratégias para garantir a
dominação, quanto o dominado ao se relacionar com essa
dominação. Para Foucault, nenhum grupo social age
passivamente. Todos têm ações bem claras para equilibrar
este poder social.
16
FOUCAULT, M. Op.cit. p.26.
[17]
agora, quem obtém é a ciência, uma sexologia
incipiente tem o direito de falar e esta pode formular
sobre o sexo "um discurso que não seja unicamente o
da moral, mas da racionalidade" 17. A ciência, que por
causa do discurso iluminista da Razão ganha o status
de detentora da verdade, passa não simplesmente a
demarcar o que é lícito ou ilícito sobre o sexo, ela
pretende geri-lo, administrá-lo, e fazer funcionar um
sexo que levará o homem a um estado evolucionário
superior. Planta-se a semente da eugenia.
A ciência dirá que o Estado deve interferir na
vida da população. Intervir para garantir que a
Humanidade mantenha-se adiante em seu caminho
evolucionário. Manter a pureza da raça através de
políticas que evitem a miscigenação ou através do
controle do ato sexual. Uma forma se tornará
correta, a que vai gerar "bons e saudáveis filhos para
a Cidade". A ciência então se voltará primeiramente
aos problemas entre o Sexo e a reprodução. Através
da ciência, a sociedade afirmará que seu futuro
depende de como as ações individuais sobre o Sexo
se dão. Condutas sexuais estéreis serão banidas
(comportamentos infantis, a sodomia 18) e o
comportamento sexual do casal, que gera uma
família numerosa, será o objeto das políticas públicas.
O Estado demonstrará seu poder sobre o
sexo criando leis para controlá-lo, o que não quer
dizer que sejam leis contra o sexo. Leis proibindo o
contato sexual entre homens ou entre adultos e
crianças e entre irmãos, ou mesmo leis regulando
17
Idem. p. 27.
18
Que se entende aqui por qualquer tipo de relação
sexual sem função reprodutiva.
[18]
como deve se dar o relacionamento entre homens e
mulheres, definindo, por exemplo, a partir de que
idade é lícito casar-se. Não são leis que
necessariamente oprimem o sexo, elas apenas
estabelecem como ele deve se dar.
A negação da repressão sexual pura e simples
– em que o poder simplesmente proíbe de cima e a
população, sem reações, obedece –, todavia não é
uma asserção muito nova. Psicanalistas já tratam dela
há muito tempo, pois se recusam a acreditar na idéia
de uma energia rebelde a subjugar que apenas a Lei
pode controlar. Para eles, o desejo e a lei (ou o poder
como diz Foucault) se articulam de uma forma mais
complexa, a lei não impõe de cima o que o desejo
deve desejar (perdão pelo jogo de palavras), segundo
a psicanálise este processo é muito mais complexo do
que se imagina. A lei não pode reprimir o desejo,
porque é a lei que cria o desejo. Após a criação da lei
que surge um padrão correto a ser seguido – a lei cria
um desejo –, e, ao mesmo tempo, a lei quando
aplicada cria uma espécie de contra-lei, porque
havendo a lei existem pessoas que insistem em fugir
a ela. E a lei, ou o poder, se fortalece nessas pessoas
que o negam, pois ganha poder ao agir contra sua
negação. E como afirma Foucault, "não se escapa
nunca ao poder, que ele sempre está lá e constitui até
o que se tenta lhe opor" 19. Em outras palavras, o
desejo não é uma lei natural, não é algo intrínseco ao
ser humano. Ele é uma construção social, que a partir
do poder de um