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Um Breve Estudo Do Poder
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Um Breve Estudo Do Poder

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Por definição, a sociologia estuda o comportamento humano em relação ao meio que vive, considerando os mecanismos que interligam os indivíduos nas várias condições e tipos de agrupamento. Este estudo tem o objetivo de discorrer sobre os vários aspectos do Poder almejado e exercido pelo ser humano, e verificar se sua aspiração pode ser qualificada como um sentimento de desejo inerente ao ser humano. O texto aborda sua existência na Política, na Religião, na Família, nas Finanças, no Ensino e em outras atividades da humanidade, sempre no intuito de compreender sua ação nas sociedades de ontem e hoje.
LanguagePortuguês
Release dateAug 2, 2017
Um Breve Estudo Do Poder

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    Um Breve Estudo Do Poder - Marco A. Stanojev Pereira

    Introdução

    O que é o Poder?

    Não gramaticalmente falando, mas em seu sentido prático, no dia-a-dia das pessoas, nos governos das civilizações, na concepção individual das humanidades.

    Vários pensadores e estadistas resumiram alguns de seus aspectos em frases célebres, como o presidente norte-americano Abraham Lincoln, que disse: "Quase todos os homens são capazes de superar a adversidade, mas, se se quiser pôr à prova o carácter de um homem, dê-se-lhe Poder; o filósofo alemão Friedrich Nietzsche afirmou: O homem perde o Poder quando é contagiado pelo sentimento de piedade; o filósofo grego Fedro vaticinou que: Os humildes sofrem quando os Poderosos combatem entre si; o cientista Albert Einstein equacionou que: A tentativa de aliar a prudência e o Poder, foi coisa que só raramente e por pouco tempo teve sucesso"; entre outros.

    Ao pensar em discorrer sobre o tema, li algumas obras sobre o assunto e, assim como quando nos debruçamos no estudo da religião e mitologia podemos nos perder em uma selva de folhagens luxuriantes, ao estudar obras sobre o Poder achei-me numa selva tenebrosa, cuja promessa de saída encontrei em Russell, na sua abordagem sobre os desejos intelectuais do ser humano, cujos maiores são o de Poder e o de Glória.

    Poder e Glória, eis no que redunda a busca desenfreada de quem é débil, psicologicamente falando, no qual para manter-se e subsistir no Poder este pobre ser se utiliza de meios muitas vezes pouco ortodoxos, ou em outras palavras, lança mão da violência física e moral sobre seus comandados, sejam estes chamados de súditos, fiéis, soldados, cidadãos, alunos, funcionários, clientes, esposa (o), filhos, etc.

    Quanto a Glória, podemos pensa-la examinando-a em duas vertentes: a procurada e a natural. As duas têm o seu valor, mas a verdadeira somente pode ser isenta e fielmente creditada caso o ego responda à consciência, que é um juiz incorruptível, quando esta lhe pergunta:

    - "Faz isso para a tua glória ou para a glória de Deus? Quando a questão é religiosa.

    - "Faz isso para a tua glória ou para a glória de teu País? Quando a questão é cívica.

    - "Faz isso para a tua glória ou para a glória do bem geral? Quando a questão é social.

    - "Faz isso para a tua glória ou para a glória de .......? Para qualquer outra questão.

    Na Glória procurada, os fins justificam os meios, os quais sempre são o do dolo moral, ético, financeiro, físico, etc., praticados contra aqueles terceiros que o detentor vê como simples massa de manobra para atingir seus objetivos.

    Já a Glória natural é fruto dos acontecimentos que envolvem o trabalho, a vida, os meios de atuação da pessoa, em resumo, o exemplo pela prática. A Glória natural procura o beneficiado, sem este se utilizar de meios quaisquer para conquista-la, além dos seus méritos próprios.

    O Poder é a expressão exterior do ego, e a Glória procurada é a recompensa que o débil está convencido ser merecedor. Nesta, a Glória é de sua propriedade pessoal, jamais é compartilhada na totalidade entre o detentor e o conjunto de pessoas e acontecimentos que valida seu Poder e o conduz aos louros da glória. Por exemplo, as conquistas militares são conhecidas pelo nome do comandante, não dos soldados; o prêmio Nobel é conferido ao pesquisador chefe, não aos pesquisadores assistentes, muito menos aos seus alunos de pós-graduação.

    Raras vezes pude ver um detentor de Poder não exacerbar em seus atos na história contemporânea, pior ainda quando consultamos alguma biografia histórica, onde observamos como a sensação de Poder, de fazer coisas que o populacho não pode, inebria.

    Depois da primeira guerra mundial as democracias entraram em risco em grande parte dos países europeus, cedendo lugar ao Poder totalitário na Alemanha de Hitler, na Espanha de Franco, na Rússia de Lenin, na Itália de Mussolini, em Portugal de Salazar, no Japão de Hirohito e no Brasil de Vargas e dos Militares, entre outros Poderes com o sufixo istas.

    Nestes exemplos, constatamos que a manutenção do Poder se dá pela força física ou pela crença, a força moral.

    Na força física, a garantia do Poder se dá quando o detentor usa de exércitos, leis, perseguições, atos institucionais, impostos, etc., para fazer valer sua autoridade. Na crença, ou força moral, a articulação do Poder se verifica quando seus seguidores, movidos também pelas possibilidades de alçar ao Poder pelas beiradas, criam o mito do salvador, uma imagem divina, impoluta, perfeita, a partir de uma pessoa real e comum, criando-se uma verdadeira crença religiosa e dogmática em torno desta, confundindo em um único ponto a fé humana e divina. É neste mito com que o subordinado, ou o povo, envolve aquele que escolhe ou lhe é apresentado como seu guia, facultando-lhe assim o importante carácter de legitimidade, e passa a defender a imagem comprada com unhas, dentes e sangue, se for preciso.

    Como disse, a história antiga e contemporânea nos traz centenas e centenas de personalidades que usaram desta ferramenta para a manutenção de seu Poder político (seja espiritual, seja temporal, seja temporal/espiritual) a fim de se legitimarem no Poder. Chefes de Estado e Lideres Religiosos lançando mão de criações míticas, criam parentescos e ligações místicas com deuses, profetas e heróis, contudo na vida diária das pessoas comuns, vemos que o mesmo acontece porta adentro dos lares, quando os chefes de família fazem os seus entes tremerem diante de seu Poder, pois dentro de seu castelo ele ou ela são os monarcas.

    É fácil o exteriorizador do ego deter e executar o Poder quando pode contar com cidadãos que são incapazes, por vontade própria ou não, de refletir, sopesar, pensar sobre fatos e acontecimentos do pretérito longínquo e do presente, que colocariam em xeque a posição do líder que seguem. Aliás é esta característica que diferencia o ser humano dos animais, a sua capacidade de pensar continuamente sobre um determinado assunto, e o fato de pensar o coloca no presente dos acontecimentos, tempo este que só existe no pensamento, que o habilita a planear o futuro.

    Acontece que para plasmar o futuro, ou viver o presente, há a necessidade de se construir um saber teórico e prático, um conhecimento, para ter-se argumentos de análise, assim, de um modo grosseiro, como que um construtor de uma casa precisa de tijolos físicos para erguer as paredes, e de conhecimento em edificação para que estas não caiam sobre si ou sobre os que contrataram seu trabalho.

    Construir uma casa e construir um saber requer esforço, dedicação, sacrifício até, o que muitos não estão interessados em fazer, assim delegam criminosamente a responsabilidade para outros, que gentilmente se oferecem para pensar e agir por estes incautos, transformando-se assim em verdadeiras massas de manobras.

    Escondendo-se atrás de uma fina camada de verniz de falsa humildade e humanidade, estas pessoas que se oferecem para pensar por nós, tomam o Poder e o utilizam ao seu favor e contra aqueles que lhe são submissos e contrários, pois o Poder, assim como os sentimentos, adquire o caráter que o caráter humano que lhe inspira lhe confere.

    O Poder seduz como o sexo, também uma ferramenta de Poder, que enlaça e envolve a pessoa, sussurrando nos ouvidos coisas que o ego deseja ouvir, fazendo-o a acreditar que ele, mais ninguém no mundo, é um predestinado.

    Raríssimas vezes vi alguém não aceitar o Poder por acreditar que não o merece, que não é hábil ou não está a altura para manipula-lo, e no momento só me vem a lembrança a negação de Amador Bueno da Ribeira, que ao ser aclamado rei em São Paulo jurou fidelidade ao soberano de Portugal, cuja independência e monarquia haviam acabado de ser restaurada.

    A maioria das pessoas vendem de bom grado sua alma para alcançar o Poder, e traem suas mais íntimas noções de humanidade e moralidade para exercer as diversas atribuições que o comando confere. Traem os pais e familiares, traem amigos, traem colegas de trabalho e empresas, traem o País. E pior, traem a sí mesmos.

    Mas assim como Ghandi, existem outros que no anonimato do dia-a-dia declinam da indicação de cargos e postos diariamente, exceções em uma grande e esmagadora maioria que tem sede de Poder e nenhuma aptidão para os cargos que as facilidades, barganhas, conchavos, entre outros sinônimos, levam inaptos a ocupar posições em que um simples exame honesto e isento de consciência, que já partimos do pressuposto de que não possuem, o demoveria de tal intento. Alias, pelo que temos visto nestes tempos, o que menos pode existir nestes sedentos é consciência, ou em outras palavras, o ego é tão forte e tão grande que faz calar

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