Ecos Eternos
By Cris Danois
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Mais um livro de poesia, em pleno século XXI', me dizem por aí e
invariavelmente, me perguntam porquê. Fico sem saber responder
(ou mesmo, sem querer responder como Lia Luft afirma em seu livro
de poesias - A secreta mirada e outros poemas) para não ter um tom
professoral, acadêmico, justificativo, enfim, explicar porque o sol
brilha, ainda que nem todas as manhãs sejam de sol, ou porque a
chuva molha seria o mesmo. A pergunta talvez fosse: por que
escrevemos? Não importa o gênero literário, ou onde escrevemos,
que tipo de plataforma usamos para nos divulgar e nos fazermos ser
lidos, a resposta, em essência será a mesma, creio eu. Somos seres de
linguagem e mesmo que haja muitos tipos de linguagem, a verbal é
por excelência nossa primordial manifestação no mundo. Falamos o
tempo todo, sonhando, lendo, murmurando e também quando
"fazemos" silêncio. Então, eu poderia simplesmente dizer: escrevo
porque falo e falo porque penso e sinto algo que não pode ficar sem
expressão, sem ser manifestado, sem vir à luz. Tem que sair da
escuridão da mente para a luz do verbo enunciado e escrito.
Mas, para não complicar, eu, geralmente, afirmo: escrevo porque não
pinto, porque não componho, porque não faço cinema nem teatro.
Mas isso, sei bem, nada explica do motivo para escrever poesias.
Embora possa citar n poetas da atualidade, inclusive os que já
ganharam prêmios e até o nobel, a poesia tem algo de especial,
diferente, uma singularidade que se impõe à narrativa corrente dos
fatos, do mundo. Poderíamos citar poetas que entraram e saíram de
moda, para mostrar a importância da poesia desde séculos, mas a
permanência e a pertinência da palavra poética é maior que apenas a
palavra falada ou escrita de histórias e fatos. É que a palavra poética é
o reflexo do olhar distinto, qualificado, imperioso sobre o real e se
estrutura de uma forma que deixa um eco no ar.
Cris Danois
Cris Danois é escritora, poeta, artista, filosofa, revisora, faixa preta de Aikido, mestre em PNL, coach, empresária, mãe e sobre tudo humana. Doutora em letras e doutora em filosofia pela UFRJ,já escreveu sobre o trágico, a consciência, a ética, Hegel, o aikido e sobre outros tantos assuntos que permeiam o universo do humano. Lecionou literatura, filosofia, arte, Aikido, conquistou prêmios literários, organizou saraus,encontros e feiras de livro, foi proprietária de uma livraria; possui um vasta obra ainda em pleno desenvolivimento com várias obras inéditas. Como artista plástica ilustrou quadrinhos e obras de vários autores, além das suas próprias, além de desenhar e "aquarelar" frequentemente. Em seu site crisdanois.com e nas paginas das rede sociais pode-se acompanhar seu blog, seus ensinamentos e parte de seu trabalho. Pode ser contactada através do e-mail:cris@crisdanois.com
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Ecos Eternos - Cris Danois
By Cris Danois
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sob os meus olhos de porto de nunca chegar!
Copyright © 2022 by Cris Danois
Texto, Capa e Fotos por Cris Danois
Todos os direitos reservados à autora
CIP- Brasil
____________________________________
C167
Danois, Cris.
Ecos eternos / Cris Danois. – 1 ed. – Nova Petrópolis: RS – 2022.
162 p.(físico)
ISBN:9798201726577
Formato: epub
Requisitos do sistema: Programa ou dispositivo leitor de livro em formato digital EPUB
Modo de acesso:
1.Literatura; 2. Literatura Brasileira; 3. Poesias; 4. Poesia Brasileira;
I. Título; II. Cris Danois
CDD 800 – B869.1
CDU 82 – 1/49
Prefácio:
É fácil dizer-se que não é um grande livro. Mas que qualidade lhe faltará? Talvez a de nada acrescentar à nossa visão de vida
. (Virginia Woolf)
A linguagem é a morada do ser
(M. Heidegger, in: A caminho da Linguagem)
‘Mais um livro de poesia, em pleno século XXI’, me dizem por aí e invariavelmente, me perguntam porquê. Fico sem saber responder (ou mesmo, sem querer responder como Lia Luft afirma em seu livro de poesias - A secreta mirada e outros poemas) para não ter um tom professoral, acadêmico, justificativo, enfim, explicar porque o sol brilha, ainda que nem todas as manhãs sejam de sol, ou porque a chuva molha seria o mesmo. A pergunta talvez fosse: por que escrevemos? Não importa o gênero literário, ou onde escrevemos, que tipo de plataforma usamos para nos divulgar e nos fazermos ser lidos, a resposta, em essência será a mesma, creio eu. Somos seres de linguagem e mesmo que haja muitos tipos de linguagem, a verbal é por excelência nossa primordial manifestação no mundo. Falamos o tempo todo, sonhando, lendo, murmurando e também quando fazemos
silêncio. Então, eu poderia simplesmente dizer: escrevo porque falo e falo porque penso e sinto algo que não pode ficar sem expressão, sem ser manifestado, sem vir à luz. Tem que sair da escuridão da mente para a luz do verbo enunciado e escrito.
Mas, para não complicar, eu, geralmente, afirmo: escrevo porque não pinto, porque não componho, porque não faço cinema nem teatro. Mas isso, sei bem, nada explica do motivo para escrever poesias. Embora possa citar n poetas da atualidade, inclusive os que já ganharam prêmios e até o nobel, a poesia tem algo de especial, diferente, uma singularidade que se impõe à narrativa corrente dos fatos, do mundo. Poderíamos citar poetas que entraram e saíram de moda, para mostrar a importância da poesia desde séculos, mas a permanência e a pertinência da palavra poética é maior que apenas a palavra falada ou escrita de histórias e fatos. É que a palavra poética é o reflexo do olhar distinto, qualificado, imperioso sobre o real e se estrutura de uma forma que deixa um eco no ar.
Para Emil Staiger, que se debruçou sobre o fazer poético, exaustivamente, som e imagem são, em sua origem, enigmaticamente uma só coisa
, como uma espécie de união em que som e imagem estão ligados e não podem ser dissolvidos. E é essa união indissolúvel entre som e sentido que gera a qualidade artística da poesia lírica. Assim afirmamos que o sentido ou propósito de toda poesia é esse: enunciar poeticamente o que não pode ser enunciado de outra forma e daí que cada texto é único e tão sonoramente diferente.
Nosso livro trata da memória das coisas e do sujeito, das recordações e, indiretamente, do tempo, já que não podemos dissociar tempo de memórias e recordações. O tempo presente no poema é diferente do tempo épico ainda mais hoje, absorvido nos romances ou escritos de gênero narrativo. Isso ocorre pois a poesia lírica não trata de memórias propriamente, ou seja, de fatos decorridos no passado. A poesia fala das abstrações do humano, mais ligadas ao sujeito que recorda e escreve do que à memória chamada objetiva ou histórica (ou jornalística): é a recordação que importa e como ela se apresenta, inclusive com toda a sonoridade que lhe é específica.
A maioria das lembranças que se adquire empiricamente, tais como cheiros, gostos, as quais não se arrumam na mente