Pelas beiradas da vida
By Verlu Mendes
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Pelas beiradas da vida - Verlu Mendes
Apresentação do autor
A inspiração nata do autor que desde os seis anos de vida declamava poesias para suas namoradas sem mesmo saber o significado do amor, seus reflexos e suas consequências, passando pela adolescência, quando aproveitava as melodias e jogava suas poesias em cima, assim plagiava sem nenhuma intenção de dar prejuízos aos compositores se essas não saíssem do próprio travesseiro até as janelas de suas amadas. Acreditava que, como os grandes escritores e compositores, teria que entrar em clausuras completas para que os anjos da inspiração em seu peito fizessem morada. Foi preciso sofrer por duas vezes um intenso amor, para que a dor e a solidão participassem da sua jornada. Num desses grandes amores, nasce o pseudônimo: VERLU MENDES, VERLU DE VERA LÚCIA. A oração ao PODEROSO SENHOR, no sentido de organizar-se e conseguir-se tempo, disponibilizar-se para o seu início parecia nunca chegar e atendendo essas orações, um aneurisma cerebral foi permitido por DEUS, obrigando assim conhecer-me a clausura, quietar o facho e receber o Don.
Ostentador de cinco cursos maiores, muito embora alguns deles tenham ficado pelo caminho. Uma semente, ungida e abençoada por DEUS, esse é o meu compêndio, na pretensão da colheita de muitos outros.
Longe de eu igualar-me aos menores mestres do saber e distribuidores de alimentos para alma e espírito. A expressão em poucas linhas de passagens, muitas vezes verídicas, fazendo parte da simplória viagem da minha vida. Hora nenhuma quis magoar ou citar cicatrizes de quem quer que seja, ao contrário, como numa peça teatral, ora sombrio ora cômico, esperando, no fechar das cortinas a reverencia na falsa modéstia, do final, só vejo, os aplausos.
Dos agradecimentos
Acima de toda glória, seja para DEUS.
À Juliana Carla, minha companheira que me serviu durante poucos anos e viu a impotência de um ser vivente, e que a ofereceram estradas desconhecidas, principalmente nos incentivos negativos aos quais ela foi submetida, cortando pela raiz aquilo que poderia ser um grande amor, uma nova geração, viu, sim, de um lado seu o desespero e de outro lado a inércia do meu corpo pela desobediência à cartilha das ciências. Ao SAMU-ANÁPOLIS-GO, pela prontidão e esforços múltiplos no ensejo de salvar uma vida, seus médicos e auxiliares. Aos doutores Paulo Cesar S. Francisco, sua equipe médica, enfermeiras e auxiliares menores, em particular, Doutor Antenor Tavares, pela sua inovação e experiência, acreditando sempre na presença de DEUS, o MEU MÉDICO MAIOR. Aos cuidadores primeiros, EDNA, MARILDA E MARIUCE, que me ensinou que é nas dificuldades que tornamos nossas vidas mais fáceis, ao ROGERIO XAVIER DE CARVALHO, FISIOTERAPEUTA e amigo, que foi o iniciante no tratamento, trabalhando sem ser reconhecido por minha mente adormecida, mas hoje e sempre o meu muito obrigado, à Danielle, com seu jeitinho angelical, minha doutora fisioterapeuta, judiou de mim, assim recuperou-me em tempo recorde. Joyce, cedida pela equipe de fisioterapeutas da UNIEVANGÉLICA, a qual parabenizo pelos convênios dando a assistência a famílias carentes. Meu filho PYTERSSON E SUA ESPOSA LUCIMEIRE, que aproveitaram o pouco tempo que tinham tentando ajudar-me. Minha ex-esposa Maria da Silva, que me suportou por mais de trinta e seis anos e esperou através de orações e jejuns um retorno sem condições de o ser e ainda receber-me aos trapos, conforme palavras de seus próprios lábios, se ainda sujeitar ver-me rondando a sua porta, conforme dissertava, se morávamos no mesmo quarteirão.
Ao meu amigo ADILSON, que repartiu, além do tempo, um cafezinho cotidiano e o papo de companhia diuturnamente, enquanto minhas lágrimas estavam a correr. À TETE, TEREZINHA DE JESUS e seu filho EMILSON, no fornecimento de fotos da época. Ao corpo jurídico de meus sobrinhos DR. FABRICIO E DR. JULIANO LOPES DA LUZ, no sentido da exigência e do cumprimento da nossa Carta Magna quanto à assistência à saúde, arcando com quaisquer doenças e seus custos, o Governo Federal. Completando o quadro jurídico, DR. CONSTANTINO JR., meu querido irmão tino
, na composição dos requerimentos. Aos doutores Ernei e Edmo PINA e a direção do HEG, pela paciência e pelas considerações na espera dos acontecimentos. A minha irmã MARIA AUGUSTA, minha santinha, e seu esposo ILMAR (BÁ), pela assistência até mesmo quando eu não tinha consciência alguma das coisas que fazia ou falava, ao Dr. João Ricardo, outro irmão querido, Cirurgião pediatra, que desloca de sua área no sentido de aplicar novas técnicas de recuperação e pela sua experiência e amor, desdobrou-se para que as realizações dessem bons resultados. Ao meu irmão caçula Adolfo (dofinho) e sua esposa Maribel, pela dedicação e transporte, além da prontidão em acolher-me, com um lar e apetrechos de uso doméstico, se fiquei como vim ao mundo, nu e sem nenhum patrimônio. Aos meus filhos JEAN/ROSIMONE E MARY/MATIAS, seus filhos. à minha irmã MARIA CRISTINA e seu esposo NILSON DANTAS, PASTORES PROFETAS DO REINO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, bem como suas filhas CLAUDIA, CRISTIANE e CARLA, da tribo de LEVI, seus esposos e filhinhos, frutos prometidos à Graça de nosso DEUS, que em pensamentos e orações fui atendido, Pastor ELIEZER HONORATO E sua esposa WÂNIA SABINO. Outros parentes que deram assistência de corpo presente, pedindo desculpas pelos maus tratos ou desconsiderações se eu não era dono de meus pensamentos e nem de meus atos. Aos meus próximos Roberto e Sindevaldo, que, mesmo sem nenhuma afinidade a mais, carregou-me nos braços, deu-me banho, como parente fosse. A todos aqueles outros, parentes E amigos que me alcançaram em pensamentos, e DEUS, tendo ouvindo-os, resgatou-me da cova. Aos meus mestres, sendo a primeira dona LUIZINHA SOUZA, EM 1956 - Colégio Couto Magalhães e, posteriores, os poetas escritores, Drs. RUI E ROMEU DE OLIVEIRA LOPES, que seguraram minhas mãos nos primeiros passos nos exemplos rumo a essa jornada. A minha mãe querida, que suportou com aperto no coração, ver um filho seu arrastando pelo chão, talvez sem esperanças de esboçar um novo sorriso ou dizer: mamãe, te amo
. Em especial, ao meu sobrinho e irmão em fé FABRICIO, o qual me levou até a igreja IBNA-Anápolis-Go, em seus dias de cura e libertação, onde, além, da reconciliação com a igreja e irmãos que tanto oraram por mim, recebi o perdão, a misericórdia e a graça de ser curado totalmente, estando na peleja o meu pastor Edilson e sua esposa, minha sobrinha Geovana. Agradeço, com saudades e tristezas, ao meu velho pai, CONSTANTINO LOPES MENDES, o qual sempre me escutava e contentava, com feitos positivos; com ele repartia todas as minhas alegrias e, mesmo depois de sua partida, foram muitas as vezes que, nas madrugadas, quando considerava uma poesia bonita e diferenciada, procurava-o para pedir sua opinião ou repartir o meu contentamento. Este recado é um grão de mostarda, que em terra boa foi lançado, esperando encontrar os consórcios do sofrimento.
Um amor enganoso
Àqueles que nunca acreditaram em mim, deixo-vos o meu perdão, pedindo que nunca deixem de acreditar no agir do poder do NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
A festa da vida:
aqui morto não entra
Música suave, depois de certo tempo, começa a esquentar,
Aparecem os convidados, alguns nunca chegará a conhecer.
Tim-tim pra cá, dim dim pra lá, não é preciso economizar.
Abraços queridos, outros fingidos, está lá pra receber.
Algum tempo, os empurrões, nada que impõe.
Peça favores, faça favores, tentando ajudar.
A disputa é braba, nada que a calma não mostre soluções.
Uma hora é o riso, outra hora é a lágrima, a canção vai ditar.
O presente é o presente, nada ficando pra depois,
O tempo vai ficando na história, sem retórica pra responder.
Das antigas tem o exemplo, nada importa vigiar, pois
Cautela e canja de galinha só vêm aquecer.
A festa vai chegar ao seu fim, o fôlego virou suspirar,
Os cacos são os retratos daquilo que a gente pensa.
Cada um com seu momento, cuidando do seu talento, AMAR!
Se esta é a festa da vida, morto, aqui ninguém entra.
Sexta-Feira Santa
– o perigo
Quaresma, na quarentena, diz a lenda que o demônio está solto, acidentes acontecem, o coisa ruim
, sabendo que está derrotado, aparece, às vezes como rosas, enfurecido como um touro bravo, e quer aumentar sua legião. Para muitos religiosos, é dia de tristeza profunda; é lembrar-se da morte com pesar de um velório presente do SER maior, morto sem razão, como padecido. É ficar em jejum, com a cara amarrotada pela tal perda sem ação nenhuma, lenta como uma lesma.
Eu, com meus 16 anos, na flor da idade, adolescente, com jeito angelical, alheio se era santa ou não, mesmo contrariando a vontade de meu pai, juntei um bando de outros jovens da mesma idade, talvez uns mais velhos e outros mais jovens, e combinamos de ir tomar banho, onde o sol, feliz da vida, brilhava mais e mais em um poço, distante uns cinco quilômetros de nossas casas. Um lugar denominado Fazenda Velha.
À hora marcada, num determinado local, nos reunimos e conseguimos somar uns quinze seguidores. No caminho, e entre os toc–toc dos andares, vinham as brincadeiras, as escolhas de apelidos, as anedotas, causos variados.
Era perto das três horas da tarde. Havia chovido pela manhã e nisso ficaram restolhos de poças d’água, um aqui, outro acolá, como um bolo formigueiro. Durante os papos, surgiam revelações de quem era bom nisso ou naquilo, surgindo a conversa de quem saberia nadar melhor e estórias diversas sobre natação. Fui claro, declarando ser um machado sem cabo, tinha medo até de chuveiro.
Nessa conversa toda, fiquei distraído e acabei pisando dentro de uma dessas poças d’água e molhando a barra das calças até o joelho, de modo que, ao andar, fazia suap-suap. Continuamos no papo e eu preocupado com minhas vestes molhadas, pingando como pintos molhados. Ainda tínhamos que andar uns trezentos metros até o poço, um beicinho de pulgas
, exclamou um deles, o lugar onde iríamos nadar.
Chegando à beirada do barranco, avistamos o poço, que ficava a uns vinte metros até chegar às águas, embrulhado como um presente de Grego. O jeito mais apropriado para chegar até lá era por uma escadinha tipo trieiro sinuoso serpentino, que me fazia lembrar dos garimpeiros na serra pelada, os operários da ganância. Eu poderia esperar por todos, descer a escada do barranco e me deliciar com toda aquela água convidativa, ressaltando, mais uma vez, que não sabia nadar.
Enquanto alguns dos rapazes procuravam um jeito mais fácil de escalar ao contrário aquela montanha, eu resolvi acabar com aquela agonia de ter as pernas e calças molhadas, tirei as calças, mas, ao invés de seguir a trilha rumo ao tanque, encostei no barranco, dizendo pra mim mesmo: agora acabo com esse flagelo
. Como eu estava muito próximo do barranco tentando torcer aquela meleca, ao invés de lavá-la, o barranco cedeu, e lá vou eu, vestido de passarinho, mas sem saber onde iria parar. Não demorou mais do que milésimos de segundos, o que para mim era uma eternidade. Senti o impacto de meu frágil corpo entrar em